X-Annes-Brasil-1 CONTABILIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA UMA FERRAMENTA PARA A PRODUÇÃO MAIS LIMPA/SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
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- Lucas Gabriel Mascarenhas Fonseca
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1 X-Annes-Brasil-1 CONTABILIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA UMA FERRAMENTA PARA A PRODUÇÃO MAIS LIMPA/SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Autora: Jacqueline B. Annes - Engenheira Civil graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Ufrgs - Especialista em Mecânica dos Solos e Fundações pela Universidade Politécnica de Madrid e Cedex - Especialista em Gerenciamento Ambiental pela Universidade Luterana do Brasil Ulbra - Mestre em Engenharia Ambiental ênfase Tecnologias Limpas Ufrgs;Doutoranda Engenharia - Ufrgs - Autora do livro: Manufatura Ambientalmente Consciente Endereço: Rua Doutor Timóteo, 600/502, cep Porto Alegre, Rio Grande do Sul Brasil Fone/Fax: (51) / (51) jacque@portoweb.com.br RESUMO A Contabilidade Ambiental ao reunir e avaliar dados permite aos gestores identificar oportunidades para poupar custos. Essa pode trazer grandes economias na gestão dos resíduos, pois o manuseio e deposição dos mesmos são relativamente fáceis de definir a produtos específicos. A maior parte dos custos ambientais refere-se ao valor de compra dos materiais do resíduo final. O resíduo é um sinal de produção ineficiente. Assim ao calcular os custos ambientais, atende-se não só às taxas de deposição final, como também ao valor de compra dos materiais desperdiçados aos quais se adicionam os custos de produção de resíduos e emissões. A Contabilidade Ambiental aponta elementos importantes para a tomada de decisões internas da empresa e também para a comunicação e divulgação externa do desempenho da mesma. A nível interno os procedimentos da Contabilidade Ambiental incluem: medições físicas balanços de materiais e energia, fluxos e deposição final, avaliação monetária de custos, poupanças e receitas relacionadas com atividades que apresentam potenciais impactos ao Meio Ambiente. A Contabilidade Ambiental apóia a Produção mais Limpa e ao Sistema de Gestão Ambiental e as tomadas de decisões na empresa. A substituição de matérias-primas de fonte não renovável por matéria-prima de fonte renovável ou reciclada; Minimização do consumo de energia e/ou substituição por formas alternativas de energia menos poluentes; Otimização das técnicas de produção; Minimização na geração de resíduos; Minimização do consumo de água e reaproveitamento desta água no próprio processo produtivo entre outras são medidas que caracterizam a busca da sustentabilidade. A Contabilidade Ambiental acompanha a implantação destas medidas. Este trabalho apresenta um Balanço do consumo dos óleos que tem a finalidade de demonstrar a validade do controle do uso deste insumo, quanto a minimização de consumo do mesmo e a substituição do mais agressivo pelo mais correto ecologicamente. PALAVRA-CHAVE: Contabilidade Ambiental, Produção mais Limpa, Sistema de Gestão Ambiental, Balanço Ambiental
2 1- INTRODUÇÃO Para uma empresa industrial questões ambientais devem estar fundamentadas em seu Planejamento Estratégico, que deve conter seus objetivos de natureza econômica, ambiental e social ser sustentável. As empresas industriais devem fundamentar sua política industrial em algumas premissas que darão suporte ao estabelecimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, tais como: o uso responsável dos recursos; a otimização do processo produtivo; a minimização dos efeitos do produto sobre o Meio Ambiente; a segurança dos colaboradores, da comunidade local e da sociedade.a Gestão Ambiental é determinante para o Desenvolvimento Sustentável, garantindo produtos compatíveis com o Meio Ambiente. Cresce a aplicação da auditoria contábil ambiental nos processos de fusão e aquisição de empresas. A incorporação da variável ambiental, nos balanços contábeis de empresas de capital aberto potencialmente poluidoras, vem se tornando comum nos países mais desenvolvidos. São avaliados contabilmente os custos ambientais que a empresa possa ter mais adiante e seu grau de compromisso com as pendências ambientais em geral. A Contabilidade Ambiental com sua estrutura onde Ativo e Passivo devem ser devidamente relacionados e com os acompanhamentos ano a ano para fins de comparação representa uma importante ferramenta de Produção mais Limpa, uma vez que procura através do acompanhamento dos valores anuais buscar a minimização das entradas e das saídas do processo produtivo. o Balanço Ambiental pode servir de importante fonte de informação referente ao impacto ambiental de produtos e processos. 2- CONTABILIDADE AMBIENTAL A Contabilidade Ambiental pode servir de instrumento para a otimização e melhoria de produtos e processos. Um exemplo a ser citado é o Ecodesign de produto industrial, que facilita a aplicação do conceito de Produção mais Limpa. A Contabilidade Ambiental ao reunir e avaliar dados permite aos gestores identificar oportunidades para poupar custos. Essa pode trazer grandes economias na gestão dos resíduos. Mas grande parte dos custos ambientais refere-se ao valor de compra dos materiais, que resultam em resíduo final. O resíduo é um sinal de produção ineficiente. Assim ao calcular os custos ambientais, atendese não só às taxas de deposição final, como também ao valor de compra dos materiais desperdiçados aos quais se adicionam os custos de produção de resíduos e emissões. A Contabilidade Ambiental aponta elementos importantes para a tomada de decisões internas da empresa e também para a comunicação e divulgação externa do desempenho da mesma. É importante assegurar que todos os custos ambientais significativos e relevantes sejam considerados na tomada de decisões da empresa. A nível interno os procedimentos da Contabilidade Ambiental incluem: medições físicas do consumo de materiais e energia, fluxos e deposição final, avaliação monetária de custos, poupanças e receitas relacionadas com atividades que apresentam potenciais impactos ao Meio Ambiente. Segundo Juchem (1995), a otimização econômica e ambiental deve ser buscada, pois esta representa um dos principais caminhos para evitar, reduzir, reciclar, reutilizar ou melhorar o uso de: energia, matéria-prima, insumos, água, solo e embalagens. Para otimizar a utilização da matériaprima e energia empregada no processo, é feito um levantamento de custos e dos desperdícios resultantes destes custos, evitando ou minimizando a geração de resíduos sólidos, de efluentes líquidos e de emissões gasosas no processo. Muitos gastos e desperdícios só são notados depois de feito um levantamento. No levantamento detalhado das atividades da empresa está inserido o Balanço Ambiental da mesma. Este permite que se visualize com clareza os dados coletados e reunidos, referentes aos consumos de matérias-primas, energia, água e se compare com a quantidade produzida e as sobras do processo. A empresa, após a realização do Balanço Ambiental, buscará
3 otimizar o processo produtivo, reduzindo suas emissões, reutilizando seus rejeitos de matérias-primas e tornando o mesmo o mais racional possível. O controle faz com que não só diminuam as agressões ao Meio Ambiente, como também o custo final do produto seja menor, tornando a empresa mais competitiva. As empresas devem ser competitivas e isto se consegue minimizando os custos de seu processo produtivo, que não deve agredir a natureza e colocando no mercado produtos que apresentem mais qualidade. Devem ser observados os consumos de diferentes matérias-primas empregadas no processo produtivo e a substituição gradativa das mais agressivas ao homem e à natureza, por outras menos agressivas e que preservem o Meio Ambiente e a racionalização ou substituição de matériasprimas retiradas da natureza e que possam vir a ser extintas (recursos naturais não-renováveis). O uso responsável dos recursos significa buscar constantemente novas técnicas para um emprego sempre mais eficiente dos recursos e adotar soluções produtivas que reduzam o consumo de energia e matéria-prima não-renováveis. Bureau Veritas (1996), coloca que para a indústria em geral, a Contabilidade Ambiental pode servir como ponto de partida para a avaliação de impactos ambientais. Essa fornece dados de entrada e saída de uma determinada unidade de produção Entradas e Saídas no Processo Produtivo Fontes de Recursos O uso responsável dos recursos significa o emprego de novas tecnologias com um emprego sempre mais eficiente dos recursos e a adoção de novas soluções produtivas, tais como a redução do consumo de energia e da utilização de matéria-prima de fonte não renovável. A minimização do consumo de energia pode trazer uma vantagem econômica significativa. Novas políticas de gestão dos recursos energéticos prevendo o emprego de fonte de energia conveniente para as empresas industriais devem ser adotadas. Técnicas cada vez mais novas e um emprego cada vez mais eficiente dos recursos devem ser buscados, adotando soluções que reduzam o consumo de energia e de matéria-prima nãorenovável. De acordo com Reis (1995), os efeitos ambientais de um produto são determinados de forma ampla pelos insumos utilizados e pelas saídas geradas durante todos os estágios do seu Ciclo de Vida. A alteração de um dos insumos, ou seja, mudar os materiais ou a energia utilizada, ou influenciar uma única saída, pode afetar os demais insumos e saídas. A Figura 1, abaixo identifica um Sistema (fases do ciclo de vida de um produto) com a identificação de suas entradas e saídas. Figura 1 - Sistema Objeto de uma Análise de Ciclo de Vida Entradas SISTEMA Saídas Materiasprimas Energía Fonte: A autora Aquisição de materiasprimas Produção Uso/Manutenção Reciclagem Gestão de resíduos Emissões atmosféricas Lançamentos Residuos sólidos Subprodutos Outros
4 2.2- Contabilidade Ambiental e Ações Preventivas Ambientais A Contabilidade Ambiental é ferramenta auxiliar na busca de Processos e Produtos Limpos. Através da Contabilidade Ambiental podem ser identificadas as demandas de processo produtivo e de produto e com a implantação de Tecnologias Limpas tornar a empresa mais competitiva. Uma Gestão Ambiental Preventiva pode constar especificada no Planejamento Estratégico da empresa onde Política, Objetivos, Organograma, Estratégias e Instrumentos como a Contabilidade Ambiental são identificados. Conforme Annes (2005), o planejamento de estratégias ambientais de desenvolvimento dentro das áreas de Administração Organizacional, Design de Produto e Processo atendendo à área de Produto e Manufatura, procedimentos de compras e de matéria-prima ou utilização de matériaprima reciclada, e auditorias ambientais podem ter como ponto de partida a Contabilidade Ambiental da empresa com o registro das entradas (matérias-primas, insumos, etc.) e saídas (produtos, resíduos, emissões, etc.), estratégias de marketing com a definição de selos verdes, educação ambiental, treinamento de mão-de-obra, etc. A Contabilidade Ambiental pode ser uma ferramenta para a promoção de Produção mais Limpa na empresa industrial. Um esquema de Gestão Ambiental Preventiva onde a Contabilidade Ambiental é apontada como ferramenta pode ser observado no Quadro 1, abaixo. Quadro 1: Gestão Ambiental Preventiva Conceito Sistema Gestão Ambiental Preventiva Política/Objetivos/Estratégias/Instrumentos Sistema de Gestão Ambiental Monitoramento/Coleta/Processo/Estoque/Apresentação de relatório/distribuição Tecnologias Limpas Processos limpos Produtos Limpos Abastecimento- Produção -Uso-Disposição Ferramentas Avaliação de Avaliação da Concepção de Ciclo Impacto Ambiental Minimização de de Vida Análise de Risco Saúde resíduos e Contabilidade Proteção do Ciclo de Vida Segurança Ambiental Avaliação do Ciclo Ambiental Balanço de de Vida Preparação da massa e energia Avaliação de Risco revisão Ambiental Análise de fluxo de químicos Revisão da de massa e Avaliação de custos Energia Auditoria Ambiental energia do Ciclo de Vida Aplicações Melhorias Ecodesign Eco-rótulo Declaração do produto Resultados Concordância Competitividade Resultados Econômicos Fonte: Annes, (2005) apud Christiansen et al., (1995) Procedimento 1-planejamento 2-Inventário 3-Avaliação 4-Ação 5-Follow-up A Contabilidade Ambiental tem sua aplicação no Sistema de Gestão Ambiental de uma empresa industrial onde contribui para: reduzir custos, reduzir o Passivo Ambiental, aumentar a satisfação dos clientes, melhorar o desempenho e a imagem da empresa, conquistar novos mercados, aumentar a permanência do produto no mercado. De acordo com a Divisão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (2001), a base para a melhoria do desempenho ambiental é o registro dos Fluxos de Materiais, segundo uma análise de entradas e saídas. A empresa pode ser definida como um sistema de Fluxos de Materiais, conforme, verifica-se, na Figura 2, abaixo. Isto inclui, por outro lado, os fluxos clássicos de materiais ao longo da cadeia de valor, desde a entrada de produtos, através de vários níveis de processo, até à distribuição dos produtos ao consumidor/cliente. Também inclui, por outro lado,
5 todas as perdas de materiais incorridas nas várias etapas ao longo da cadeia logística (por exemplo, rejeições, perdas, defeitos, destruições de produtos expirados ou danificados), que depois saem da empresa como resíduos, econômica e ambientalmente não desejados (resíduos sólidos e emissões). O balanço de massa ao nível da empresa é dividido pelos vários níveis de produção. Figura 2: A Empresa Vista segundo o Fluxo de Materiais FORNECEDOR DE MATERIAL ARMAZENAMENTO DAS ENTRADAS PRODUÇÃO ARMAZÉM DE PRODUTO FINAL PRODUTOS E EMBALAGENS CLIENTES SIST. DE GESTÃO DOS RESÍDUOS RESÍDUOS E EMISSÕES DISPOSIÇÃO FINAL Fonte: Divisão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, Com referência ao acompanhamento do Fluxo de Material e Energia pode-se verificar: - Redução dos custos e benefícios ambientais (redução dos resíduos e redução na utilização dos materiais no produto); - Redução das quantidades de materiais e energia utilizadas; - Incentivos ao desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e procedimentos; - Desenvolvimento de novos produtos e embalagens que necessitem menos materiais; - Redução de perdas de materiais (devoluções, produtos danificados) e dos respectivos resíduos; - É instrumento da implementação de Sistema de Gestão Ambiental - SGA na empresa. Com o aumento dos custos em gestão dos resíduos e em cumprimento da legislação ambiental, e a necessidade de melhorar a eficiência dos materiais utilizados em mercados competitivos, o registro dos Fluxos de Materiais em toda empresa tem sido a ferramenta mais importante na procura de melhorias, quer na prevenção de resíduos, quer na aplicação de uma Produção mais Limpa. A Produção mais Limpa para o produto é trabalhada através do Ecodesign, que tem sua aplicação efetiva com a Análise do Ciclo de Vida do mesmo. Figura 3: Relação entre os conceitos de Produção mais Limpa, Ecodesign e Análise do Ciclo de Vida Produção mais Limpa Fonte: Autora Ecodesign do Produto Análise do Ciclo de Vida Produto Produção Mais Limpa para produto se faz com o auxílio do conceito de Ecodesign e que utiliza a Análise do Ciclo de Vida do produto no levantamento dos impactos ambientais. O balanço de massa se baseia no princípio de que tudo que entra terá que sair ou ficar armazenado. Num balanço de massa, será registrada toda a informação sobre materiais utilizados e a correspondente quantidade de produtos, resíduos e emissões. Todos os itens, que incluem materiais, água e energia utilizadas, são medidos em termos de unidades físicas de massa (kg, t), de volume (l, m 3 ) ou energia (kwh). O consumo do que foi comprado é comparado com as quantidades produzidas e vendidas, assim como com as emissões e resíduos. O objetivo é o melhoramento da eficiência na gestão dos materiais em termos econômicos e ambientais.
6 Um balanço de massa poderá ser feito para um conjunto específico de materiais ou processos, ou para todos os materiais e resíduos de uma empresa. O objetivo do balanço aos processos é o registro dos materiais utilizados na empresa. Figura 4: Relação entre os Conceitos de Produção mais Lima, Contabilidade Ambiental e Balanços de Materiais Energia e Fluxo de Materiais Produção mais Fonte: Autora Limpa Fonte: Autora Contabilidade Ambiental Balanços de Massa e Energia Fluxos de Materiais A contabilidade ambiental realiza um acompanhamento das entradas (materiais e insumos) e saídas (resíduos, efluentes e emissões, além do produto final), aplicando os conceitos de Balanço Ambiental e Fluxo de Matérias. Alguns impactos apontados na Contabilidade Ambiental podem ser minimizados através do Ecodesign do produto. Os balanços de massa podem ser arranjados de forma a indicarem a quantidade de matéria comprada que é efetivamente incorporada no produto final e a quantidade que é desperdiçada como resíduo e emissões, líquidas ou gasosas. O desenvolvimento dos balanços de massa é geralmente efetuado em quilogramas e acompanhado por balanços de energia em kwh e balanços de água em m 3. O Quadros 2 e o Quadro 3 indicam as entradas e as saídas resultantes no processo produtivo. Quadro 2 - Entradas e Saídas indicativas no Processo Produtivo Entradas Saídas Emissões gasosas Produto Matérias-primas e Matérias Secundárias Resíduos Efluentes Líquidos Quadro 3 - Entradas e Saídas indicativas no Processo Produtivo Desdobradas Entradas (kg/kwh) Saídas (kg) Matérias-primas Produto Matérias Secundárias Produto principal Embalagens Outros produtos Materiais Secundários Resíduos Componentes Resíduos domésticos Energia Resíduos reciclados Gás Resíduos perigosos Carvão Águas residuais Fuel Emissões atmosféricas Outros Combustíveis Renováveis (Biomassa, madeira..) Solar, Eólica, Hídrica Água Rede de água Água subterrânea Águas pluviais, superficiais Fonte: Divisão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, Contabilidade Ambiental como Ferramenta de Gestão Ambiental A Contabilidade mede os fatos que evidenciam a situação patrimonial e sua evolução e demonstra, de forma clara, como a organização está interagindo com o ambiente em que se situa, informando os investimentos realizados, as despesas e as obrigações assumidas em benefício do Meio Ambiente, no sentido de evitar sua degradação e ou gastos efetuados para recuperar agressões práticas contra a natureza e o Meio Ambiente, auxiliando no Sistema de Gestão Ambiental.
7 A Contabilidade Financeira Ambiental passou a ter status de um novo ramo da ciência contábil em fevereiro de 1998, com a finalização do relatório financeiro e contábil sobre passivo e custos ambientais pelo Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas e Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios (ISAR) United Nations Intergovernamental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting. Segundo Kraemer, 2002 (apud Bergamin Jr., 1999) a avaliação da utilidade da Contabilidade Ambiental deve ser realizada tendo em vista o atendimento das finalidades que pretende atingir, que são: a) expor o progresso da empresa no gerenciamento das questões ambientais de forma comparada com empresas-pares e durante o decorrer do tempo; b) apresentar o nível de sua exposição ao risco ambiental para a comunidade de negócios (instituições financeiras, fundos de pensão, seguradoras e potenciais parceiros de negócios) e para a sociedade em geral; c) demonstrar a capacitação gerencial da empresa na administração de questões ambientais, e apresentar a forma como a mesma integra essas questões a sua estratégia geral de longo prazo. A contabilidade pode contribuir muito com a sociedade e com o governo, buscando soluções para os problemas sociais Balanço Ambiental/Patrimonial A poluição pode ser reduzida consideravelmente pela implementação de sistema de medição organizacional e técnico, como por exemplo, com a energia consumida. Esta energia pode ser minimizada com a introdução de medições de acompanhamento. Uma porcentagem de redução no consumo de energia pode ser estabelecida e a economia decorrente desta redução pode ser calculada, antecipando o benefício resultante desta minimização do consumo. Instrumentos que controlam o consumo ecológico dos recursos (economia de energia, utilização de métodos para produtos ambientalmente corretos, proteção da natureza) devem ser utilizados. A análise do Fluxo de Material e Energia e do Balanço Ambiental de uma empresa industrial localiza os problemas de poluição e assim medidas de proteção ambiental podem ser tomadas O Balanço Ambiental no Sistema de Gestão Ambiental A ênfase principal do desenvolvimento de um Sistema de Gestão Ambiental pode ser a análise do Fluxo de Material e do Fluxo de Energia, seguidos pela construção do Balanço Ambiental. Esta requer levantamento de dados com informações dos Fluxos de Material e Energia, que influem no Balanço Ambiental Balanço Patrimonial de uma Empresa A função da Contabilidade Financeira é constituir uma base de dados da empresa e de preparar a demonstração financeira. As Demonstrações Financeiras anuais consistem no Balanço, na Demonstração de Resultados, nos anexos às contas e no Relatório de Gestão que dão uma explicação dos fatos. Quadro 4: Terminologia da Contabilidade Financeira Contabilidade Financeira Balanço Ativo Passivo Demonstração de Resultados Despesas Categorias de Despesas Receitas O Balanço Patrimonial de uma empresa industrial deve estar incluído das informações relativas ao Meio Ambiente. Estas devem estar destacadas e importante que seja um hábito das empresas sua publicação. O modelo deste Balanço pode apresentar o modelo abaixo do Quadro 5. Quadro 5: Balanço Patrimonial de Uma Empresa Industrial
8 ATIVO CIRCULANTE Circulante Financeiro Caixas e Bancos Clientes Estoques Circulante Ambiental Estoques REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Longo Prazo Financeiro Títulos a Receber Longo Prazo Ambiental Estoques PERMANENTE Permanente Financeiro Investimentos Financeiros Ações de outras Cias. Imobilizado Financeiro Máquinas e Equipamentos Veículos e Acessórios (-) Depreciação Acumulada Diferido Financeiro Despesas de Exercícios Seguintes Permanente Ambiental Imobilizado Ambiental Máquinas e Equipamentos Instalações (-) Depreciação Acumulada Diferido Ambiental Fonte: Kraemer, M. E. P., (2002) PASSIVO CIRCULANTE Circulante Financeiro Fornecedores Títulos a pagar Circulante Ambiental Fornecedores Financiamentos Longo prazo Ambiental Financiamentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio Líquido Financeiro Capital Social Reservas de Capital Reservas de Lucros Lucros (Prejuízos) Acumulados Patrimônio Líquido Ambiental Reservas para Preservação do Meio Ambiente Segundo a Divisão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (2001), os principais custos advindos do Passivo Ambiental de uma empresa são: Multas, taxas e impostos a serem pagos face à inobservância de requisitos legais; Custos de implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitem o atendimento às não conformidades; Dispêndios necessários à recuperação da área degradada e indenização à população afetada. Os dados reunidos na Contabilidade Ambiental são amplamente aplicáveis na: Avaliação anual dos custos/despesas em ambiente; Preço dos produtos; Elaboração de orçamentos; Avaliação de investimentos, cálculo das opções de investimento; Cálculo dos custos, poupanças e benefícios de projetos; Design e implementação de Sistema de Gestão Ambiental SGA; Avaliação do desempenho ambiental; Estabelecimento de metas quantificadas de desempenho; Produção mais Limpa, prevenção da poluição, gestão da cadeia de fornecedores e projetos de Ecodesign; Divulgação ao exterior de despesas, investimentos e responsabilidades em ambiente; Relatório externo na área do ambiente ou da sustentabilidade; Outras comunicações de dados ambientais para organismos de estatísticas e autoridades locais. 3- ESTUDO DE CASO UTILIZAÇÃO DOS ÓLEOS MINERAL, VEGETAL E SINTÉTICO Considerações a cerca da Saúde e Segurança do Trabalhador não podem ser esquecidas quando se trata o tema ambiental dentro de empresas industriais. Com a relação à saúde dos operários da fábrica e que estão mais diretamente expostos aos óleos utilizados, se deve pensar nas lesões e doenças ligadas ao trabalho dentro das metas de organização da empresa. Todo o problema de origem Ambiental exige também considerações de natureza Econômica e Social. Pensar na preservação do Meio Ambiente ao mesmo tempo, em que se pensa na questão econômica de redução e de substituição de insumos e matérias-primas, atendendo a premissas referentes à Produção mais Limpa. Da mesma forma, o atendimento às questões associadas à saúde e segurança dos trabalhadores deve ser considerado.
9 Neste Estudo de Caso, ocorreu a minimização na utilização dos óleos mineral, vegetal e sintético e a substituição do óleo mineral por óleo vegetal ou sintético. Depende do tipo de óleo o efeito que o mesmo pode ter sobre a Saúde do Trabalhador ou sobre o Meio Ambiente: Minerais- Os óleos minerais são cancerígenos; Sintéticos- Seu efeito nocivo depende da concentração em que são utilizados. Podem provocar reações sobre a pele, respiração, olhos, sendo por isto recomendado o uso de Equipamentos de Proteção Individual EPIs; Vegetais- Não apresentam risco aos seres vivos e ao Meio Ambiente Situação Trabalhada Esta situação foi trabalhada na Empresa X, onde são fabricados componentes para máquinas agrícolas e outras e onde os produtos são seriados (helicóides, facas). A empresa não tinha implantado um plano de controle definido quanto à utilização dos óleos, nem quanto à troca dos óleos ou à complementação e com cuidados para não transbordar ou respingar no chão e também com a designação dos responsáveis por esta tarefa, ou seja, várias pessoas e sem um controle racional, tinham acesso às latas de óleo e poderiam repor ou complementar sem obedecer a períodos de tempo pré-determinado e sem o devido registro do mesmo. Desde um trabalho de conscientização dos operários do chão de fábrica em suas responsabilidades quanto ao Meio Ambiente até o estabelecimento de planilhas de controle e a identificação dos responsáveis. Dois objetivos foram colocados bastante claros: - A minimização do consumo dos óleos; - A substituição do óleo mineral por vegetal ou sintético, quando possível, levando em conta custos e eficiência no processo ou na ação do óleo em seu emprego. Os objetivos tinham como principais justificativas: - Proteger a saúde dos operários em contato com óleo mineral; - Preservar o Meio Ambiente natural; - Reduzir custos resultantes de desperdícios. Esta forma de controle ficaria registrada em planilhas que fariam parte de material referente à Contabilidade Ambiental da empresa e que seria apresentada em seu material de marketing informativo aberto à comunidade e aos possíveis interessados na aquisição de seus produtos e com exigências ambientais de Produção Limpa e de um produto Ambientalmente Correto Metodologia de Trabalho A Metodologia para a análise da Contabilidade Ambiental do Consumo dos óleos consistiu em: Coleta de dados de consumo dos óleos e do aço por este ser a principal matéria-prima e que vai conseguir mostrar a relação entre o consumo/produção e consumo dos óleos; Sempre uma análise depende de registro de dados de pelo menos 3 anos consecutivos para se ter uma realidade de consumo estabelecida. Para tanto foi necessário: Mapear os pontos onde a utilização dos óleos acontece; Registrar as quantidades utilizadas dos óleos mineral, vegetal e sintético e do aço relativos a quatro anos consecutivos em planilhas; Traçar comparativo entre os consumos das matérias-primas acima relacionadas no decorrer dos últimos quatro anos; Arrolar medidas com vistas à racionalização de consumos de insumos e matérias-primas; Garantir a eficácia das mudanças implantadas; Garantir a Melhoria Contínua desta medida Medidas Implantadas A orientação quanto às medidas a serem implantadas a fim de que as metas fossem atingidas ficou a cargo do engenheiro ambiental e de segurança da empresa assessorado pelo gerente de produção. Contudo foi solicitada a contribuição de todos os envolvidos mais diretamente com o processo produtivo da empresa. Todos foram chamados a contribuir. A empresa não arcou com custos adicionais para a implantação das medidas.
10 Minimização do Consumo dos Óleos A empresa observou passos ou etapas para o processo de implantação de medidas. O primeiro passo foi conscientizar os operários da importância em minimizar os consumos dos óleos. À seguir, foi trabalhada proposta de planejamento de ações, que pode ser observada na Tabela 1 à seguir. Foi necessário fazer uma análise do abastecimento em cada ponto na área de produção da empresa, planejar abastecimentos prevendo o intervalo entre os mesmos em cada ponto relacionado, definir os responsáveis por esta ação, definir as quantidades aproximadas para cada ponto com os limites à serem observados e estabelecer as metas a serem alcançadas. Inicialmente, foi constatada uma redução de aproximadamente 15% no consumo de óleo. Tabela 1: Planejamento para a Minimização do Consumo de óleos O que: Minimizar Consumo de Óleo Por que: Reduzir Custos, Diminuir contato do operário com produto tóxico Onde Quanto Quando Quem Equipamentos Sem excesso (lubrificação) (15%) Periodicamente X Peças (Proteção) Sem excesso Periodicamente Y Peças (tratamento térmico) Sem excesso Permanente Z Nos banhos de Tratamento Térmico, a água é acrescentada ao óleo sintético. A perda de água é por arraste. Cada peça carrega um pouco quando é retirada do banho. A água é reposta a cada quinze dias aproximadamente e o descarte é feito uma vez por ano. Na Lubrificação de equipamentos é utilizado o óleo mineral para a manutenção preventiva nos bancos hidráulicos, nos barramentos das prensas, para acerto de nível a cada sessenta dias e a troca a cada seis meses. Na proteção de peças são utilizados óleo vegetal ou sintético e a perda é por arraste. Não tem descarte. Só tem reposição. Foi confeccionado Manual de Procedimentos, indicando para cada setor, de acordo com os requisitos do Sistema de Qualidade, os itens de controle do processo e da qualidade do produto Substituição do Óleo Mineral por Óleo Vegetal ou Sintético A tabela 2 abaixo mostra o consumo dos óleos conforme as medidas racionalização de consumo. Tabela 2: Consumo Total de Aço/Ferro e óleos Matéria-prima Un. Ano Óleo Mineral L Óleo Vegetal/Sintético L Total Óleos L Aço/Ferro kg Comparando-se as quantidades totais consumidas de óleo nos quatro anos consecutivos, verificase que houve uma redução de 16,70% do ano 2 em relação ao ano 1, de 14,70% do ano 3 para o ano 2 e de 8,5% do ano 4 para o ano 3. O percentual que havia sido definido para a redução do consumo de óleo por ano de 15% foi superior no primeiro período (ano 1-2), no segundo período (ano 2-3) foi aproximado a 15% (14,70%). Mas se deve considerar o aumento da produção tendo em vista os valores de aço consumidos nos períodos. O consumo de aço/ferro aumentou aproximadamente 14% do ano 1 para o ano 2, 15% do ano 2 para o ano 3 e 18,80% do ano 3 para o ano 4. Houve um aumento da produção. Acompanharam as medidas de substituição ao óleo mineral por vegetal ou sintético, tomando como exemplo o uso do óleo como protetivo de peças produzidas, testes da eficiência do produto utilizado em substituição. Um exemplo a ser citado é o de um óleo vegetal hidrossolúvel para
11 proteger peças, que provocou a oxidação das mesmas. O óleo protetivo utilizado é vegetal hidrossolúvel na proporção 1 de óleo para 10 de água. O monitoramento de entradas e saídas deve ser periódico. Muitas vezes as medidas implantadas não representam grandes investimentos por parte da empresa, mas os resultados são bastante satisfatórios com economia que reverte em um produto mais competitivo nos mercados interno e externo. Ser competitiva é uma forma da empresa se manter viva. 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1-ANNES, Jacqueline. Manufatura ambientalmente consciente. Santa Cruz, Edunisc, BUREAU VERITAS. Curso de interpretação e aplicação da norma de gestão ambiental ISO Rio de Janeiro, JUCHEM, Peno Ari. Introdução à gestão ambiental para empresas. Curitiba, FAE Faculdade Católica de Economia e CDE Centro de Desenvolvimento Empresarial, REIS, Maurício J. L. ISO Gerenciamento ambiental - um novo desafio para a competitividade, Rio de Janeiro, Editora Qualitymarket, KRAEMER,M. E. P. Contabilidade como instrumento de gestão ambiental. Disponível em: 6-DIVISÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS NAÇÕES UNIDAS. Contabilidade da Gestão Ambiental Procedimentos e Princípios. Nações unidas, Nova Iorque, 2001.
SGA. Sistemas de gestão ambiental. Sistemas de gestão ambiental. Sistemas de gestão ambiental 07/04/2012
Sistemas de gestão ambiental SGA Um sistema de gestão ambiental pode ser definido como uma estrutura organizacional que inclui responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos necessários
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