DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

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1 CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO EVENTO: Audiência Pública N : 0651/09 DATA: 20/05/200 9 INÍCIO: 15h07min TÉRMINO: 17h10min DURAÇÃO: 02h03min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 2h03min PÁGINAS: 45 QUARTOS: 33 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO CARLOS ARTHUR NUZMAN - Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro COB. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Diretor de Relações Internacionais do COB. SUMÁRIO: Apresentação sobre a candidatura da cidade do Rio de Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de OBSERVAÇÕES

2 O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) - Vamos retomar a nossa reunião e agradecer a compreensão de todos. Damos, neste momento, início à nossa reunião de debate, em que será relatada a apresentação sobre a candidatura da nossa cidade do Rio de Janeiro à sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Na qualidade de Presidente da Comissão de Turismo e Desporto, declaro aberta a presente reunião. Estamos aqui, neste momento, na presença do Dr. Carlos Arthur Nuzman, Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Atrasamos um pouco o início desta reunião em função de o Presidente Michel Temer ter feito questão absoluta de receber S.Sa., dada sua importância e o apoio que já vem declinando todo o Congresso Nacional. Por ocasião da presença do Comitê Olímpico Internacional no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de acompanhar o Dr. Nuzman, que também foi referendado no encontro que tivemos há pouco com nosso Presidente Michel Temer. Também está conosco o Dr. Carlos Roberto Osório, Secretário-Geral da Rio 2016, a quem agradecemos a presença. Cumprimentamos nosso atleta Bernardo, também membro do Comitê, com atuação destacada em todas as atividades. Saudamos a Sra. Isabel Magalhães, Gerente de Comunicações do COB, responsável, no dia a dia, pela interlocução com nossa Comissão, parceira nas iniciativas. Ainda presentes encontram-se Karina Almeida, Assessora de Imprensa e o Deputado Eugênio Rabelo, nosso Vice-Presidente. Composta a Mesa, informo aos Deputados muitos tiveram de se retirar, mas já estão retornando que vamos disponibilizar uma lista de inscrição para perguntas. A palavra será concedida, por 20 minutos, com tolerância de até 10 minutos, dada a importância do tema, ao Presidente Carlos Nuzman. Depois, a concederei ao Sr. Carlos Roberto Osório, também com possibilidade de ampliação do tempo de exposição. 1

3 Cada um dos Parlamentares inscritos disporá de 3 minutos para seus questionamentos. Por ocasião de nossa primeira ida ao COB, no Rio de Janeiro, manifestamos a vontade desta Comissão de ouvir aqui o Presidente Nuzman para que nos informasse das boas notícias, de como recebeu o Comitê Olímpico Internacional, toda a organização que demonstramos de forma exitosa, como pude testemunhar percebi que saíram absolutamente impressionados com nossa organização e a resposta em relação também às informações solicitadas sobre a sede no Rio das Olimpíadas e Paraolimpíadas em Dou esse testemunho porque ele é verdadeiro e também porque acompanhei, em nome de nossa Comissão, o nosso Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, o Presidente Lula, cuja participação, cuja argumentação me pareceu complementar todos os esforços que o Brasil vem fazendo, sobretudo o Estado do Rio de Janeiro, por meio do Comitê Olímpico Brasileiro. Sem mais demora, passo a palavra ao Sr. Carlos Arthur Nuzman. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - Exmo. Sr. Presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, Deputado Afonso Hamm; caro Deputado Eugênio Rabelo, companheiro da tocha pan-americana, se assim me permite dizer; demais Sras. e Srs. Deputados aqui presentes, desportistas. Quero inicialmente agradecer ao caro Presidente ter estado presente no Rio de Janeiro durante a visita da Comissão de Avaliação do Comitê Olímpico Internacional, representando o Presidente da Casa, Deputado Michel Temer. Melhor ainda foi que S.Exa. esteve presente ao que foi, talvez, um dos discursos mais épicos do Presidente Lula pena que tenha sido proferido em circuito fechado. V.Exa. teve o privilégio de assistir a um pronunciamento que deixou todos nós emocionados e, mais do que isso, deixou a Comissão de Avaliação muito impressionada. Agradeço, novamente, pela oportunidade de voltarmos a esta Casa. Sempre que aqui volto, gosto de lembrar que tanto o Comitê Olímpico Brasileiro quanto as comissões organizadoras dos Jogos Pan-americanos e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos estiveram, estão e estarão à disposição desta Comissão, quando convidados para vir aqui. É um privilégio estarmos aqui. Esta integração já dura 2

4 anos e só pode trazer benefícios à construção da relação do esporte com a Casa Legislativa de nosso País. Isso era algo que eu queria deixar muito claro. Vou procurar abreviar minha apresentação em favor de maior interatividade relativamente ao projeto. Começo dizendo que o projeto da Candidatura Rio 2016 a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos foi aprovada pelo Comitê Olímpico Internacional. (Pausa.) Fiz essa breve pausa para que reflitam sobre o que acabo de dizer. O projeto foi debatido, discutido e aprovado. Foram 17 temas e, ao final, a Presidenta da Comissão de Avaliação e o Deputado Afonso Hamm estava lá ratificou a aprovação, afirmando que nenhuma pergunta ficara sem resposta, incluindo todos os níveis de apresentadores e participantes, tanto do Governo Federal quanto do Governo Estadual e do Governo Municipal, como também da candidatura e do esporte propriamente ditos. Essa foi a primeira vez na história em que uma cidade brasileira foi incluída como finalista e são apenas 4 finalistas. A partir deste momento, o Rio de Janeiro entra no processo eleitoral de conquista de votos. Esse processo V.Exas. conhecem melhor do que nós pode ser comparado à eleição das Mesas, em que já se conhece o eleitor, já se sabe quem ele é, e a visita é importante, como são importantes o debate e a discussão. Estamos muito contentes pela integração dos 3 níveis de Governo, Federal, Estadual e Municipal, bem como com a atuação do Presidente Lula e do Ministro Orlando Silva, além dos demais Ministros, do Presidente do Banco Central e dos presidentes de empresas que estiveram presentes ao evento. Igualmente contentes ficamos com a atuação do Governador Sérgio Cabral e seus Secretários e do Prefeito Eduardo Paes e seus Secretários. Mais de 100 pessoas que se apresentaram em 17 temas, mais de 100. É um número extraordinário. Quero dizer que foi motivo de muito orgulho para todos nós estarmos no mesmo grupo de uma cidade americana como Chicago, de uma japonesa como Tóquio, que foi a Olimpíada de que participei em 1964, e de uma espanhola como Madri. Estarmos 3

5 nesse seleto grupo e sermos aprovados é realmente um passo gigantesco. A partir de agora é um processo eleitoral como outro qualquer. Gostaria de ganhar tempo na apresentação. Gostaria, Carlos Roberto, de entregar ao Presidente da Comissão o dossiê da candidatura, o qual vai ser comentado. São quase 600 páginas, que foram entregues em fevereiro logicamente V.Exas. têm um sumário. Está no site também. Nós vamos disponibilizar os disquetes. Mas esse foi um trabalho impressionante.. Quero dizer também isso vai ser apresentado pelo Carlos Roberto que tivemos 2,5 metros de documentos de garantias. Eu vou até ficar de pé. Eu tenho 1,85 m de altura. Ele vem até aqui, daqui ao chão de garantias que foram entregues ao Comitê Olímpico Internacional. Então, eu queria, caro Presidente, deixar essa parte inicial e passar a palavra ao Carlos Roberto aí vamos interagir dentro disso. Toda a parte técnica está no Volume 2. Todas as instalações esportivas estão no Livro 2, instalações e vila olímpica. Por favor, Carlos Roberto. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Obrigado, Presidente Nuzman. Sr. Presidente da Comissão de Turismo e Desporto, Deputado Afonso Hamm, demais Deputados... O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - Carlos Roberto, o Presidente está me cobrando que eu fale mais. Mas na verdade eu queria fazer essa apresentação técnica e mostrar as questões. Nós iremos interagindo. Eu queria apenas chamar a atenção no bom sentido porque esse é um tema importante: o Comitê Olímpico Internacional divide os orçamentos em 2: o orçamento do comitê organizador e o orçamento do comitê que não é o organizador, que é o que trata de infraestrutura e todas as questões ligadas a obras públicas, porque essas não pertencem ao comitê organizador. Então, vai haver um quadro em que nós vamos mostrar isso. Vamos seguindo adiante, Deputado. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Deputado, vamos passar então à apresentação. Nós temos uma apresentação que vai ser exibida na tela da Comissão. O objetivo é fazer um resumo desse projeto do Brasil que foi aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional e trazer os detalhes à consideração dos 4

6 Deputados. Depois, obviamente, em conjunto com o nosso Presidente Nuzman, responderemos a qualquer tipo de questionamento ou pedido de esclarecimento dos senhores Deputados. (Segue exibição de imagens.) Vamos inicialmente posicionar esse processo de candidatura do Brasil a um processo de 2 anos. Nesse quadro que os senhores estão vendo, esse processo começou em setembro de 2007 e se encerra em outubro de É um processo dividido em 2 fases. Na primeira fase, o COI recebeu a aplicação de 7 cidades, de 7 países, e fez uma análise preliminar. Cada cidade apresentou um questionário em janeiro de Esse questionário foi analisado por um painel de experts de todos os 17 temas. Em julho de 2008, foram anunciadas as 4 cidades finalistas. Ao anunciar essas cidades, o Comitê Olímpico Internacional diz: entendemos que tecnicamente qualquer uma dessas 4 cidades está apta a pleitear a sede dos Jogos Olímpicos. A partir desse momento historicamente tivemos a vitória de classificar o Brasil num grupo seleto, Japão, Estados Unidos e Espanha, um país da União Europeia, passamos a trabalhar no detalhamento do projeto, o chamado dossiê de candidatura, entregue ao Comitê Olímpico Internacional em fevereiro deste ano. No início de maio, com a presença do nosso Deputado Afonso Hamm, o Comitê Olímpico Internacional avaliou o projeto. Ele veio ao Rio de Janeiro e foi às nossas 3 concorrentes para sabatinar a Organização, descer aos detalhes de cada um dos pontos apresentados e verificar se o que foi apresentado no papel correspondia à realidade e se as garantias efetivamente eram sólidas e davam respaldo ao Comitê Olímpico Internacional. A conclusão que o Presidente Nuzman trouxe na abertura da fala dele foi a de que o projeto do Brasil foi aprovado. Pudemos responder a todas as perguntas elaboradas. Agora vamos para a última fase, a fase eleitoral. Estamos trabalhando na busca dos votos. Temos um grande evento no mês que vem na Suíça, onde as 4 cidades vão fazer uma apresentação técnica aos eleitores. Posteriormente, a última apresentação, no dia 2 de outubro, o dia da decisão, em Copenhague, Dinamarca. Estamos nos aproximando da fase final da campanha. 5

7 Com muita satisfação, chegamos a esta casa do Congresso Nacional dizendo que o Brasil cumpriu com todos os requisitos, apresentou um projeto considerado apto em todos os seus aspectos e está em igualdade de condições para disputar a eleição e brigar pelo direito de trazer os Jogos Olímpicos pela primeira vez para a América do Sul. Seria importante darmos conhecimento aos senhores do que é esse documento que o Deputado, em nome de todos os Deputados do Brasil, acabou de receber aqui hoje. Nosso dossiê de candidatura é o projeto de organização dos Jogos Olímpicos. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - É até bom explicar. Diferentemente de outras ações ou modalidades, o Comitê Olímpico Internacional trabalha conhecendo o dossiê do projeto antes, com as suas garantias. Ele discute e aprova. A partir daí, esse é o projeto que, se nós ganharmos esperamos ganhar, será executado. Não esperaremos vencer para fazer o projeto, complementá-lo e promover as articulações necessárias. Ele está pronto. Se eleito no dia 2 de outubro, o Rio, no dia 3, já terá condições de começar a implementação. Com uma outra vantagem: teremos 7 anos para organizar, e não metade, quase, do tempo, que foi o que tivemos para organizar o Pan-Americano. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Exatamente. É importante dizer que esse processo de candidatura de 2 anos é considerado internacionalmente podese fazer até uma referência aqui a maior concorrência do mundo e a mais complexa. É um processo de concorrência de 2 anos, em que se inscrevem cidades dos países interessados, em que se disputa no mais alto nível. Esse projeto aqui é um projeto executivo da organização de um evento que envolve a maior operação de logística da humanidade em tempos de paz. Envolve a mobilização de milhares de atletas, espectadores, investimentos vultosos, na cidade e no país-sede, tudo condensado em cada um dos itens, com as garantias e com todas as questões apontadas. Esse dossiê tem 538 páginas, como disse o Presidente Nuzman, dividido em 17 temas. Tratamos aqui dentro de 300 questões técnicas em detalhes, quase 100 conjuntos de garantias individuais apresentados, que, conforme o Presidente Nuzman mostrou é verdade, somam quase 2,5 metros de altura de papeis de 6

8 garantias de todos os níveis de governo, entidades privadas, todos contratos e garantias firmes. Agora... O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - Uma curiosidade: o local de treinamento, por exemplo, de qualquer clube, seja de futebol ou não, tem que ter o estatuto do clube, tem que ser aprovado na assembleia-geral e a diretoria tem que sancionar a permissão do uso da instalação para o momento de Só isso é um conjunto. Os hotéis. Assinei 150 contratos com os diversos hotéis que estão dentro disso. Só para os senhores terem uma idéia de como é complexa a apresentação desse dossiê. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Bom, a participação dos 3 níveis de Governo. É muito importante destacar que recebemos um grande apoio para a execução desse projeto. Não é possível fazer um projeto dessa envergadura sem o total comprometimento dos 3 níveis de governo. É importante dizer que o Presidente Lula criou um comitê gestor das ações federais, presidido pelo Ministro dos Esportes, que congregou um conjunto de mais de 12 Ministérios, diversos órgãos, autarquias, que trabalharam de maneira articulada na elaboração do projeto e na entrega das garantias. Da mesma forma, o Governador Sérgio Cabral criou no Estado uma força-tarefa com 15 Secretarias, todos os órgãos e autarquias necessários para trabalhar todas as questões em âmbito estadual. O Município do Rio de Janeiro criou uma Secretaria Especial só para tratar desse tema, com a responsabilidade também de fazer a articulação entre todas as áreas. Foram montadas comissões especiais, com a participação de todos esses órgãos, de modo, Deputado, que mais de 500 pessoas trabalharam na formatação desse projeto. É motivo de orgulho para o Brasil ter podido articular um conjunto de atores dessa qualidade, desse gabarito para entregar um projeto que, para nosso orgulho, foi aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional. Vamos ao projeto em si. Conceito do projeto nos jogos do Rio de Janeiro. Baseamos o nosso conceito em 3 pilares: primeiro, excelência técnica para todos os aspectos dos jogos. O Brasil disse ao COI que, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos sendo realizados em nosso País, entregaremos excelência técnica em todas as áreas. Não há nenhum tipo de acomodação, o Brasil vai apresentar o que há de melhor, garantindo a melhor 7

9 condição para a realização dos Jogos, instalações, tecnologia, segurança, todos os aspectos técnicos dentro do padrão internacional, sem nenhum tipo de ajuste. O Brasil garante qualidade, excelência técnica dos Jogos no Brasil, o mesmo nível de qualidade que teriam se realizados no Japão, nos Estados Unidos ou na Espanha. O segundo ponto, muito importante: desenvolvemos o nosso projeto para garantir uma experiência única para cada um dos participantes dos Jogos. Qual é o objetivo? Analisamos os principais clientes dos Jogos. Pegamos os atletas, por exemplo. Analisamos a experiência do atleta nos Jogos Olímpicos e desenvolvemos um projeto para garantir que o atleta, vindo ao Rio de Janeiro e ao Brasil, tenha uma experiência única desde o momento em que chegar ao aeroporto, seu transporte para a vila, as condições de hospedagem na vila, condições de treinamento e de competição, dentro de um padrão internacional, agregando o carisma e as peculiaridades do nosso País, de modo que, quando esse atleta voltar ao país de origem, vai poder levar consigo uma experiência única daquele momento que é o topo de sua carreira. O mesmo vale para a imprensa, para os espectadores, para os dirigentes. Para cada um dos nossos clientes desenvolvemos atividades especiais de modo a garantir Jogos excepcionais no Rio de Janeiro. O terceiro pilar é garantir a transformação de uma cidade, de um País. Procuramos incorporar ao projeto todos os aspectos para maximizar o legado potencial dos Jogos no Rio de Janeiro e no Brasil, pensando no legado social, o legado das instalações, a preocupação com o uso futuro dessas instalações, enfim, aproveitando a realização desse grande evento para maximizar o seu potencial em todas as dimensões: social, econômica, esportiva, de modo que o Brasil colha o maior número de benefícios possível e, obviamente, a cidade do Rio de Janeiro também. Vamos seguir. Premissas que foram levadas em conta para a elaboração do projeto. Primeira premissa: utilização plena do legado dos Jogos Pan-Americanos. Todos os investimentos feitos para os Jogos Pan-Americanos estão incluídos no projeto olímpico do Rio de Janeiro, aproveitamento total do legado dos Jogos Pan- Americanos, uma grande vantagem que o Rio de Janeiro carrega por ter feito já esse investimento. 8

10 Segunda premissa: alinhamento do projeto com planejamento de longo prazo da cidade do Rio de Janeiro. Uma preocupação muito grande na organização do projeto em conjunto com a Prefeitura, o Governo do Estado e o Governo Federal, foi a de não criar pontos artificiais de investimento no Rio de Janeiro. Procuramos montar um projeto que obtivesse excelência técnica para operação dos Jogos em si, mas que atendesse e fosse em linha com o objetivo de longo prazo da cidade. Ou seja, na distribuição das instalações esportivas, nos requerimentos dos transportes, todos os investimentos importantes dos Jogos são importantes para os Jogos sim, mas respondem à necessidade da cidade do Rio de Janeiro e representarão legado duradouro para a frente, de modo que não se criem investimentos que não sejam necessários e se potencialize o investimento para gerações futuras e para o desenvolvimento de longo prazo das cidades. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - É importante destacar que o Comitê Olímpico Internacional tem essa preocupação, ele controla e fiscaliza essas ações e as necessidades e os legados que vão ser efetivados. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - O próximo ponto, também muito importante para nós, é garantir a viabilidade e a sustentabilidade de todos os investimentos a longo prazo. Essa é uma preocupação importante para nós. Não queremos no nosso projeto do Rio de Janeiro elefantes brancos depois dos jogos. Essa foi uma discussão bastante profunda e uma determinação do próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conduzindo o projeto no âmbito do Governo Federal, que todos os projetos tivessem um estudo de viabilidade e sustentabilidade a longo prazo, de modo a garantir a sua utilização futura. Tudo que não tiver passado por esse crivo da sustentabilidade vai ser feito para uso temporário, montado e desmontado. O que vai ser construído será um legado, e está previsto quanto custará depois a manutenção, quais os atores que estarão envolvidos, de modo a garantir a utilização plena do legado. O próximo ponto, muito importante, é a integração entre Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. É importante dizer, e os senhores sabem bem, que nós somos candidatos a organizar dois grandes eventos, os Jogos Olímpicos e, imediatamente depois, os Jogos Paraolímpicos. Dentro do conceito do Rio de Janeiro e do Brasil, os 2 jogos serão realizados no mesmo padrão, com a mesma qualidade, com a 9

11 mesma equipe, garantindo uma perfeita sinergia entre ambos os eventos, redução de custos e, mais importante, os Jogos Paraolímpicos terão a mesma qualidade e as mesmas condições dos Jogos Olímpicos. Os 3 últimos pontos são: aproveitar também, de maneira plena, esse projeto para a inserção e a transformação sociais. Um projeto como o dos Jogos Olímpicos mobiliza a sociedade, mobiliza a juventude e pode e deve isso está bastante presente garantir a inserção social e a difusão do esporte em todos os aspectos do projeto. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - Só para dar uma resposta ao Presidente: a proposta é realizar os Jogos Olímpicos de 5 a 21 de agosto e os Jogos Paraolímpicos, a partir de 7 de setembro, dia da Independência, até o dia 18, se não me falha a memória. Haverá 2 semanas de intervalo entre um e outro para podermos adaptar o que for necessário e saírem as delegações e chegarem as outras. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Outro ponto importante é o aproveitamento máximo do potencial que dos Jogos para a promoção e divulgação internacional do Brasil e do Rio de Janeiro. Nós vemos esse projeto dos Jogos Olímpicos não como um projeto isolado, que acontece só em O esporte brasileiro vê isso como um caminho que vem sendo construído desde 2002, quando o Brasil organizou os Jogos Sul-Americanos, passando pela organização dos jogos Pan-Americanos em Em 2011 o Brasil vai organizar os jogos mundiais militares no Rio de Janeiro, um evento de quase 8 mil atletas. Em 2013 sediaremos a Copa das Confederações da FIFA. Em 2014 a Copa do Mundo de Futebol, culminando esse esforço do Brasil com a organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em Então, a visão dos Jogos Olímpicos não é a visão de um evento daqui a 7 anos, e sim da construção da marca Brasil, da projeção internacional do nosso País, utilizando os grandes eventos como plataforma para essa promoção e divulgação, atração de negócios, investimentos, promoção do turismo, que é um ponto muito importante para essa Comissão por isso, acho, a felicidade desta Comissão, que é 100% Jogos, porque turismo e esporte andam de mãos dadas num evento dessa magnitude. 10

12 É importante dizer que todos os aspectos de divulgação, de potencialização da marca Brasil estão inseridos nesse projeto, e também a sinergia com a organização da Copa do Mundo de Futebol. Um ponto fundamental e diferenciador da nossa candidatura é que o Brasil é o único entre os 4 concorrentes que tem a organização da Copa do Mundo 2 anos antes assegurada, o que dá uma vantagem competitiva grande: vamos ter aeroportos reformados, vamos ter investimentos em praças esportivas, vamos ter investimentos em tecnologia e telecomunicações para a Copa do Mundo, que 2 anos depois serão utilizadas novamente para os Jogos Olímpicos. O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) - O Rio certamente será a sede, e esses investimentos haverão de estar potencializados e atendendo aos Jogos Olímpicos, dentro desse planejamento. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Exatamente, Deputado. E é importante dizer também que o projeto dos Jogos Olímpicos inclui o Rio de Janeiro e 4 sedes adicionais da competição olímpica de futebol. Então, são 5 cidades brasileiras num todo. E, obviamente, os grandes aeroportos de entrada no Brasil, o aeroporto de Guarulhos, o aeroporto do Galeão, incluídos no processo. Toda a parte de telecomunicações e toda a parte de segurança para a Copa do Mundo serão aproveitadas nos Jogos Olímpicos. Então, há uma grande sinergia. E o investimento que o Brasil está fazendo e fará na Copa do Mundo potencializa-se com um evento adicional 2 anos depois. E uma coisa interessante, Deputado: no início da campanha, a nossa oposição, a concorrência batia no fato de ser muito o Brasil organizar 2 eventos no espaço de 2 anos. E hoje a realidade é: o Japão, a Espanha e os Estados Unidos são candidatos à Copa de O Brasil é o único onde a Copa acontece antes. Então, essa é uma grande vantagem que nós temos a apresentar para o Comitê Olímpico Internacional. O último ponto é a própria experiência única para todos os clientes de que já falamos. Vamos ao projeto em si agora. A visão dos Jogos Olímpicos no Brasil abrange 5 pontos principais: integração da juventude nos Jogos, a transformação social através do esporte, parceria com outras regiões os Jogos Olímpicos 11

13 acontecem no Brasil, mas nossa ideia é mobilizar e envolver toda a região da América do Sul, que nunca teve essa oportunidade; o Brasil tem fronteira terrestre com quase todos os países da América do Sul. Na verdade, nossa proposição é em nome do Brasil, mas abrange nossos vizinhos da América do Sul. Estrategicamente esse posicionamento do Brasil como um dos líderes da nossa região é muito importante. E os outros 2 pontos: promoção global do Rio de Janeiro e do Brasil e entrega dos Jogos com sucesso absoluto. Agora vamos mostrar como os Jogos vão se realizar de uma maneira geral. Vamos adiantar a apresentação. O plano diretor dos jogos. Esse é um mapa do município do Rio de Janeiro, você pode dar 4 cliques que vão aparecer as 4 regiões onde os Jogos serão concentrados. Voltemos ao tema e ao objetivo de atender de uma maneira geral ao plano diretor da cidade. Quando se propõe a organização dos Jogos Olímpicos tem-se que trabalhar 2 dimensões. Primeira: para a organização dos Jogos, a concentração dos Jogos em uma determinada região é muito importante porque isso simplifica a operação dos Jogos e facilita a vida dos desportistas e de todos os envolvidos. E nós obtivemos isso com uma concentração importante na Barra da Tijuca, que é a região de crescimento natural da cidade do Rio de Janeiro, a região onde existem os grandes espaços para ocupação urbana e na qual há demanda de conexão com as outras regiões da cidade. Porém, nós também levamos os Jogos para todas as demais regiões da cidade, a Zona Oeste, que é a região mais populosa e que tem uma demanda social e carência de investimentos grandes, em Deodoro; a região da Zona Norte, que chamamos região do Maracanã, que vai passar por uma série de investimentos; e a própria Zona Sul do Rio de Janeiro. Com isso nós balanceamos a necessidade de concentração com a de pulverização dos investimentos, e acreditamos que encontramos um balanço ótimo em nossa proposição. E, com muita satisfação, esse projeto foi aprovado e foi elogiado pelo Comitê Olímpico. Vamos mostrar um pouco das instalações esportivas. Essa é uma grande fortaleza do Rio de Janeiro. Graças aos Jogos Pan-Americanos, 54% das nossas 12

14 instalações propostas são existentes. Estão lá, existem e foram inspecionadas pelo Comitê Olímpico Internacional. Trata-se, basicamente, de um legado dos Jogos Pan- Americanos, em que se construiu, em nível olímpico, um conjunto de instalações novas e se reformou o parque de instalações do Rio de Janeiro, como o Estádio do Maracanãzinho, por exemplo, que é um estádio de 30, 40 anos que foi colocado em padrão internacional hoje. Nós vamos construir 26%. Um quarto das instalações necessárias serão novas e construídas e têm um plano de legado já assegurado. E 20% das instalações serão temporárias... O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) Existentes significa prontas? O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Prontas. Existentes são prontas. Vinte e seis por cento são instalações a construir, e 20% são instalações temporárias. Claro que todas as instalações prontas receberão o acabamento, o chamado overlay, para a organização dos jogos, mas a estrutura física dessas instalações está pronta para recebê-los. Essas instalações, como disse, estão distribuídas em 4 regiões da cidade, e temos proposição para sedes do futebol. O Comitê Olímpico Internacional nos exigiu apontar as sedes do futebol. Pedimos ao COI para aguardar a decisão da FIFA, e ele disse que não, que temos de apresentar, e com a salvaguarda de que se uma dessas cidades não for escolhida pela FIFA, teremos o direito de trocá-la, porque o Brasil não fará novo investimento numa praça e utilizará as praças da Copa do Mundo de Futebol. A proposição para sedes do futebol, além do Rio de Janeiro, são São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Distrito Federal. A lógica que norteou a seleção dessas cidades é a conexão direta e a proximidade física com o Rio de Janeiro e porque são as bases populacionais maiores do nosso País. Esses foram os critérios que levaram à seleção dessas 4 cidades como sedes olímpicas da competição de futebol. Na região da Barra da Tijuca, coração dos jogos, no Rio de Janeiro, haverá a concentração da Vila dos Atletas, o Parque Olímpico, com 50% das instalações, a mídia e também o centro de imprensa e de televisão. 13

15 Mostraremos algumas imagens que contam detalhes do projeto. O Parque Olímpico do Rio, grande legado dos jogos, que é o Centro Olímpico de Treinamento, na região do Autódromo do Rio de Janeiro. Aí haverá a utilização da Arena Olímpica do Rio existente, o Parque Aquático Maria Lenk, enfim, um conjunto de instalações que existem na Barra, mais a construção do Parque Olímpico do Rio. Núcleo da Praia de Copacabana. Na Barra da Tijuca, todos os atletas morando lá; o centro de mídia, com a mídia inteira morando lá, a walking distance anda-se do local de mídia e de hospedagem, vai-se a pé até o centro de mídia; é uma oportunidade que nenhum dos nossos concorrentes pôde oferecer, por conta dos espaços que existem na Barra; nós temos, sem dúvida nenhuma, a melhor proposição para os atletas e para a mídia ; e 50% das modalidades esportivas sendo realizadas na Barra, com um centro de treinamento dentro da Vida Olímpica, garantindo que os atletas terão pouco deslocamento para fazer seus treinamentos. Região de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Estabelecemos que, em Copacabana, dentro do objetivo de comunicar e divulgar o Rio de Janeiro e o Brasil no exterior, todas as provas ao ar livre serão nessa região, que contempla os cartões postais do Rio de Janeiro. Na Praia de Copacabana, haverá o vôlei de praia, o triathlon esta é a imagem do triathlon no Rio de Janeiro. Por algum motivo houve uma incompatibilidade com nosso computador, e saiu um x. A Lagoa Rodrigo de Freitas, uma das grandes áreas de remo e canoagem do mundo, localizada na região central da nossa cidade. Região do Maracanã. O Estádio do Maracanã será reformado para a Copa do Mundo de Futebol e também o Sambódromo do Rio de Janeiro. Nós apresentamos uma solução que foi muito criativa e que gerou um impacto enorme no Comitê Olímpico Internacional. Propusemos que a largada e chegada da maratona e as competições de tiro com arco, o popular arco e flecha, aconteçam no Sambódromo, num ambiente extraordinário, que coloca 50 mil pessoas alinhadas para acompanhar a largada e a chegada da maratona e o tiro com arco, num formato completamente diferente, que encantou os delegados de todas as federações internacionais. 14

16 Esta é a visão do Maracanã, já no formato da Copa do Mundo de Futebol, é o Projeto da Copa do Mundo, que está em licitação pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, que incluiu no Projeto da Copa todos os requerimentos para os Jogos Olímpicos. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - É até bom, Carlos Roberto, explicar que os projetos dos 5 estádios foram apresentados no dossiê e nos foram entregues pelas administrações de cada uma das cidades. Explico isso somente para dizer o porquê fizemos essa apresentação ao Comitê Olímpico Internacional. Nós não temos nenhuma influência nos projetos. Eles estão diretamente ligados às Prefeituras e aos Governos dos Estados de cada uma das cidades. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - É importante dizer que os requerimentos da FIFA para a Copa do Mundo de Futebol atendem perfeitamente aos requerimentos do COI para o Torneio Olímpico de Futebol, tanto que não há necessidade de nenhum tipo de adaptação. O estádio que estiver apto para a Copa do Mundo estará apto para a Competição Olímpica de Futebol, e não há necessidade de investimentos adicionais. Isso vale para o Maracanã e para as outras 4 praças onde haverá competições de futebol. Esta é a vista do Sambódromo, durante a competição de tiro com arco, e haverá realmente uma ação espetacular do tiro com arco e da maratona. Todos os projetos, com detalhes, estão aqui para os senhores. Os senhores poderão ver qual é o acesso, como funciona cada um desses projetos. O Estádio João Havelange, o Engenhão, legado principal esportivo do Pan, foi construído para 45 mil pessoas, já prevendo sua expansão para 60 mil pessoas, será a sede do Atletismo Olímpico. Já foi aprovado pela Federação Internacional de Atletismo. Esse é o único estádio na América Latina, Classe A, para competições olímpicas e mundiais de atletismo, que terá simplesmente, atrás de cada um dos gols, a construção de mais um lance, do segundo lance de arquibancadas, que levará a capacidade a 60 mil, o mínimo exigido pelo Comitê Olímpico Internacional. Isso já estava previsto no projeto do Pan. Ele foi construído pensando-se já nos Jogos Olímpicos. O Rio de Janeiro é a única das cidades-sedes que já tem o estádio do atletismo, o mais complexo dos jogos, pronto e homologado pela 15

17 Federação Internacional de Atletismo. Houve até um GP de atletismo aqui, na semana passada. O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) - Permite-me, sem atrapalhar. Nós estivemos lá. Também está previsto o Engenhão agora ser a sede dos Jogos Militares, os jogos de integração mundial, efetivando sua utilização e dizendo que o estádio realmente está preparado para a competição, dentro desse nível, em relação ao atletismo. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - É verdade, Deputado. Nesse último fim de semana, realizamos Grand Prix Internacional da EAF, no Engenhão, no Rio, quando 150 atletas e 7 campeões olímpicos estiveram no Rio de Janeiro competindo. O estádio é espetacular, foi construído para o atletismo, com uso para o futebol. Nesse estádio é simplesmente aumentar sua capacidade, e ele está pronto, homologado, enfim, é um palco excepcional para as competições olímpicas do atletismo e está aprovado pelas federações. A pergunta do Deputado até nos permite dizer que todo esse projeto que estamos apresentando já foi aprovado individualmente pelas respectivas federações internacionais, dentro da modelagem do COI. Não podemos apresentar e incluir no nosso trabalho um projeto que não seja previamente homologado pela respectiva federação. Ele foi discutido com cada uma das 26 federações, foi debatido e está rigorosamente aprovado e apto para a organização dos jogos, toda a proposição do Rio de Janeiro. Vamos a Deodoro. É uma região importante para nós, nos jogos, porque é na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, é a região de maior adensamento populacional, com o maior percentual de população jovem da nossa cidade e que tem carência de atividades de lazer, entretenimento e esporte. Em Deodoro existe a Vila Militar do Rio de Janeiro, que pertence ao Exército Brasileiro. É uma área de 4 milhões de metros quadrados, nos quais nós construímos, o Governo Federal construiu para os Jogos Pan-Americanos um centro hípico, de âmbito mundial; um centro de tiro, atualmente considerado um dos mais 16

18 importantes do mundo, e fez investimentos para o pentathlon moderno e para o hóquei sobre a grama. Nós utilizaremos plenamente esse legado. Essas são as instalações. Exibiremos uma a uma. Em Deodoro, haverá a construção, para os Jogos Mundiais Militares, de uma arena multiuso, com 5 mil lugares, que será aproveitada para os Jogos Olímpicos de Construiremos o que estamos chamando de Parque Radical do Rio. Essa é uma questão muito interessante e importante. Os Jogos Olímpicos atualmente têm um grande desafio: a audiência de televisão no mundo desenvolvido está envelhecendo, e o movimento olímpico, os esportes olímpicos precisam buscar uma reconexão com a juventude, principalmente no mundo desenvolvido. Então, o Rio de Janeiro fez uma proposta pioneira ao COI. Foi a única cidade que fez essa proposta, que foi muito bem recebida, de concentrar num único local os esportes considerados radicais do movimento olímpico: o ciclismo BMX; o mountain bike e a canoagem slalom, criando um parque da juventude, que terá um visual diferente, música diferente e dará um colorido e uma rejuvenescida ao movimento olímpico. Isso fica como um grande legado para a Zona Oeste da cidade, acrescendo-se outras modalidades esportivas depois dos Jogos Olímpicos, um grande parque para a comunidade, numa área que será cedida pelo Exército Brasileiro, que atualmente não está em utilização. Esse é um grande diferencial que temos. O Centro Nacional de Hipismo nosso está pronto. Basta aumentar a capacidade de hospedagem de cavalos, mas o local já está demarcado; e aumentar a capacidade pública, com estruturas temporárias. É uma instalação também pronta, que será complementada por instalações temporárias. O próximo é o nosso Centro Nacional de Tiro, que também está pronto. Nós, depois do Pan, realizamos aqui a 1ª Copa do Mundo de Tiro da América do Sul. Temos a única instalação que é possível organizar, a instalação foi aprovada, essa não precisa mexer também em nenhum tijolo, ela está homologada e pronta para receber as competições de tiro dos Jogos Olímpicos. O nosso projeto de transporte, Deputado, muito rapidamente, pegamos 2 pontos, apenas para exemplificar o projeto. 17

19 Na área de transporte podemos dar alguns cliques, essa é a linha de redes de trens suburbanos do Rio de Janeiro, a nossa linha metroviária, e a construção de 3 grandes intervenções na área de transporte. Qual é o projeto de transporte dos jogos? Transporte é o maior desafio para qualquer organizador de Jogos Olímpicos. Nenhuma cidade fica impune quando se joga 200 mil, 330 mil pessoas, que têm de circular a tempo e a hora, em cima dela. Então, o Rio de Janeiro está utilizando o investimento na área de transporte para solucionar problemas crônicos e históricos do transporte de alta capacidade e garantir a mobilidade durante os jogos. O que será feito? Expansão da rede de trens suburbanos e investimento na expansão do Metrô do Rio de Janeiro e a criação de 3 corredores de BRT, Bus Rapid Transit, que é aquele corredor expresso de ônibus, fazendo com que o Rio de Janeiro tenha um transporte de alta capacidade, um anel de transporte de alta capacidade interligado, que dá mobilidade aos jogos e garante o transporte público de longo prazo da cidade. Finanças. Deputado, o investimento que se requer para organizar os Jogos Olímpicos, como é de conhecimento público, são substanciais. E nós desenvolvemos um orçamento com extremo critério, que foi aprovado pelo COI. O primeiro o Presidente Nuzman já comentou com os senhores. O Comitê Olímpico Internacional exige que o orçamento dos jogos seja dividido em 2 partes separadas e bastante bem delimitadas. O orçamento do Comitê Organizador dos Jogos, ou seja, o custo de organização e implementação dos jogos, que é chamado de orçamento COJO Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, é um jargão que o Comitê Olímpico Internacional usa, e o orçamento que eles chamam de não COJO, que é o investimento de infraestrutura necessário para receber os Jogos Olímpicos. É muito importante que haja essa diferenciação do que é o custo da organização dos jogos e do que são investimentos naturais de infraestrutura para viabilizar a organização dos jogos, e que são legados para a cidade e o País que recebem esses jogos. Como foi feito esse orçamento? Formamos uma grande equipe para montar o orçamento que envolvia uma equipe de técnicos especializados, contratados pelo 18

20 Comitê Organizador, com experiência na organização de Jogos Olímpicos. A participação de técnicos dos 3 níveis de governo, avaliando e valorando todas as intervenções públicas necessárias para os jogos, utilizando preços de referência, licitações públicas em andamento, os projetos do PAC, todo esse cabedal de informações foi agregado para a montagem desse orçamento. Foram contratados consultores internacionais para validar custos internacionais ligados aos jogos. Foi feita uma engenharia de custos, de modo a garantir a sinergia e a utilização ótima dos recursos aprovados. A Fundação Getúlio Vargas foi contratada para gerenciar todo esse processo de formatação do orçamento, o Ministério dos Esportes contratou diretamente e disponibilizou a Fundação Getúlio Vargas para coordenar a montagem do orçamento, e foi contratada uma auditoria internacional, a PricewaterhouseCoopers, para auditar o orçamento. E nós tivemos a felicidade de contratar a Pricewaterhouse, que foi responsável pela auditagem e pela parte financeira dos Jogos Olímpicos de Pequim. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - É que hoje eles têm sob contratação o Diretor Financeiro dos Jogos Olímpicos de Pequim, da própria Pricewaterhouse. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Eles trouxeram os números reais da organização dos jogos. Com isso, foi montado o orçamento dos jogos completamente aberto, dividido e definido. Vamos às composições. Comitê Organizador dos Jogos. O Comitê vai ter a seguinte composição de receitas: o Comitê Olímpico Internacional... O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - Desculpa interrompê-lo. Essa divisão, essa distribuição, os nomes que aí estão são obrigatórios pelo Comitê Olímpico Internacional para todas as cidades. Nós não criamos elementos de despesas com os nomes que entendíamos ser necessários. Somos obrigados a fazer como todas as cidades, tanto que o custo de organização dos jogos são similares uma cidade a outra. A diferença é o que não é do Comitê Organizador. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Com relação ao Comitê Organizador, o Comitê Olímpico Internacional informou as 4 cidades, deu esse número, um valor de contribuição financeira para a organização dos jogos, que são recursos provenientes da venda de direitos de televisão internacional e da venda de 19

21 patrocínio internacional que ele faz. Esses valores são da ordem de 1 bilhão de dólares. Então, existe um cheque, que dá em torno de 1 bilhão de dólares, que é entregue ao organizador dos jogos como participação e apoio do COI, na organização dos jogos, que montam 31% desse orçamento. Além disso, o Comitê Organizador dos Jogos tem direito a uma série... O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Como é aportado esse dinheiro? O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - O Comitê Olímpico Internacional vai informar, depois da cidade adjudicada, assinado o contrato de cidade-sede, que existe um cronograma de desembolso anual até a organização dos jogos. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - De acordo com o que propusemos ao Comitê Organizador e do qual prestamos contas ao Comitê Olímpico Internacional. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Então, é um cronograma anual de desembolso. O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) - Deputado Sílvio e demais colegas, sei que o debate está ficando bom. O palestrante deverá encerrar dentro de 3 a 4 minutos. Depois vamos abrir para o debate, para que sejam feitos os esclarecimentos, e finalizaremos a primeira parte das apresentações. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - Quarenta e cinco por cento, na nossa estimativa, são os recursos que serão captados no mercado brasileiro. Esses recursos serão provenientes de que fonte? Bilheteria dos jogos, licenciamento e o programa de marketing em comunicação. O Brasil adotou uma estratégia extremamente conservadora na estimativa desses recursos. Por quê? Para garantir ao Comitê Olímpico Internacional que esses números são exequíveis; e, segundo, levando em consideração o momento de crise internacional que o mundo vive. Então, uns 3 níveis de governo chegaram a um consenso e optaram para que fôssemos extremamente conservadores na projeção da receita privada. Isso significa, e esses números são públicos, tanto os do Rio de Janeiro como os das outras cidades, que temos, de longe, a menor projeção de recursos privados. Estamos projetando capitais de recursos privados. Para terem ideia, menos da metade do que Chicago e Tóquio estão projetando e bem menos do que Madri está projetando. Porque tomamos uma decisão deliberada de sermos extremamente 20

22 conservadores para darmos as garantias ao Comitê Olímpico Internacional. Isso significa que temos um potencial de superar essas metas bastante grande. O terceiro componente da nossa receita é a participação direta dos 3 níveis de governo, com algo em torno de um quarto dos investimentos necessários para os jogos, que dão a garantia ao Comitê Olímpico Internacional de que poderemos começar a trabalhar desde o momento inicial e que temos as condições de garantir que o nosso orçamento será integralmente realizado. O nosso orçamento, por exigência do COI, é apresentado em dólares são 2,8 bilhões de dólares e está em linha com os orçamentos das outras cidades. Esse orçamento operacional não varia muito de cidade para cidade. Ele é similar ao orçamento de Madri; é inferior aos orçamentos de Chicago e Tóquio, mas todos os orçamentos estão mais ou menos dentro da mesma ordem de grandeza. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN - Carlos Roberto, só para não termos confusão, esses valores estão transformados em reais com 1 dólar previamente estabelecido, 2 reais. Então, esses valores podem ser em reais superiores ou inferiores aos apontados em reais. É bom que isso fique cravado para não termos dúvidas amanhã. O SR. CARLOS ROBERTO OSÓRIO - O orçamento oficial que está no livro é em dólar, por exigência do Comitê Olímpico Internacional. Hoje estamos com 2 e 3, mas já foi mais, já foi menos. A segunda parte do orçamento é o do não COJO, que é o orçamento de investimento de capital, que significa todo o investimento da parte pública. Desse investimento, optamos também por incluir todos os investimentos necessários aos jogos. Temos 34% desse orçamento que são obras já em andamento no Rio de Janeiro, obras do PAC, investimentos em transporte. Por exemplo, está nesse número o custo da ampliação do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, que vai ser feito para a Copa do Mundo, mas que colocamos no projeto para dar a garantia e a transparência ao COI. Então, um terço desse orçamento são obras já em andamento, com recursos sendo empregados, independente da realização ou não dos jogos. Nós temos um conjunto de 35% de investimentos planejados, ou seja, que estão na previsão da cidade, e acontecerão com ou sem os jogos; e nós temos 21

23 investimentos incrementais, adicionais para os jogos, da ordem de 27%, que somente acontecerão se o Rio de Janeiro for sede dos jogos. Então, é importante dizer que dois terços desse orçamento são investimentos que ou já estão sendo feitos, ou que serão feitos de toda maneira. E apenas um terço do orçamento são orçamentos que serão feitos especificamente para a organização dos jogos no Brasil. Sr. Presidente, pelo adiantado da hora, essas são as informações mais importantes. Temos aí, no próximo slide, o valor total dos investimentos, que também foi publicado em dólar. São 11 bilhões 600 e milhões de dólares, incluindo os 4 bilhões dólares já em andamento hoje. Um terço são obras do PAC, obras de saneamento, obras do aeroporto, obras de transporte; um terço já planejados; e um terço incrementais. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) Agradecemos, então, ao Dr. Carlos Osório. Ainda teremos uma participação do Presidente Nuzman e em seguida abriremos o debate. O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN Eu só queria completar, porque essa pergunta certamente poderá vir, e antes que ela venha, eu já quero antecipá-la. O orçamento que não é do comitê organizador, a proposta feita é de ser criada uma autoridade pública olímpica nos moldes dos jogos olímpicos de Sidney e agora de Londres. O nosso modelo de organização é o modelo de Londres. Tanto que quando o Presidente Lula visitou as instalações olímpicas, S.Exa. foi recebido pelo comitê organizador e pela autoridade pública olímpica. Essa autoridade é criada por lei federal e é escolhida pelos 3 níveis de Governo, o seu seu Diretor-Geral. Então, para deixar claro que essas obras e a sua formatação são independentes do comitê organizador, e as contas são controladas e prestadas por esta autoridade. Eu só queria dar essa informação, porque isso certamente será levado aos senhores pelo Governo. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) Bom, nós... 22

24 O SR. CARLOS ARTHUR NUZMAN Desculpe. Eu vou aproveitar e fazer um convite a V.Exa. e aos demais Deputados que gostariam de fazer o que foi feito nos Jogos Pan-americanos. Convido a Comissão para visitar as instalações do Rio, percorrer o que a Comissão de Avaliação do COI fez, fazer o mesmo périplo e fazer uma reunião no Rio, onde nós poderemos, talvez, fazer uma apresentação mais detalhada. Imaginem: nós levamos 4 dias apresentando tudo e aqui o fizemos em meia hora. Então, nós temos muito mais ainda para acrescentar. E o convite está feito. O SR. PRESIDENTE (Deputado Afonso Hamm) Agradecemos o convite. E com esse reforço feito pelo nosso Presidente Nuzman, temos a certeza de que são oportunas e importantes a naturalidade e a responsabilidade com que estamos tratando este debate. Pretendemos ser uma forma de compartilhar, de ajudar, de fazer o papel de acompanhamento, o papel de também colocar, como está sendo feito aqui, as questões com transparência plena, o que é muito importante, na medida em que há investimentos públicos, investimentos privados e toda uma condição de infraestrutura. E nosso País está de parabéns. Eu queria ainda registrar a presença do nosso Deputado, Presidente do Flamengo, do Rio de Janeiro, Márcio Braga, um amigo que tem compartilhado conosco e nos acompanha neste momento. Também... (Risos.) O Fluminense manifestou aqui, o Deley, né? (Risos.) Mas é em apoio, é em apoio. Mas o Deley estava com ciúmes. É só para esclarecer: o Deley estava... não com ciúmes, ele fez o comentário de que eu tenho ido muito ao Botafogo, lá no Engenhão. Temos ido bastante lá. E agora ele se manifestou em relação ao Flamengo, não é? (Risos.) Eu sou Colorado. Temos vários registros de presença, mas quero registrar a presença da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis ABIH; do Dr. Fabrício, de um segmento importante dentro da cadeia também do do turismo, associado aos grandes eventos que temos a satisfação de, como brasileiros, sermos sede. Queria ainda registrar, como é de praxe a presença dos nossos Deputados, as presenças dos Deputados Arnon Bezerra, Carlos Eduardo Cadoca, Deley, Edinho Bez, Eliene Lima, Eugênio Rabelo, Fernando Lopes, Jackson Barreto, Jilmar Tatto, José Airton Cirilo, Lupércio Ramos, Marcelo Teixeira, que está conosco como Vice- 23