COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO

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1 COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, COM(2017) 290 final COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO Consequências para o orçamento da União Europeia de 2018 e dos anos seguintes em caso de não adoção da revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual PT PT

2 COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO Consequências para o orçamento da União Europeia de 2018 e dos anos seguintes em caso de não adoção da revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual A proposta da Comissão para o orçamento de , de 30 de maio de 2017, foi apresentada no pressuposto de que a revisão intercalar do quadro financeiro plurianual iria ser aprovada. A presente comunicação analisa as consequências de uma eventual não adoção da revisão. 1. Os desafios para o orçamento da União Europeia A União Europeia (UE) dispõe de um orçamento que, embora limitado (cerca de 1 % do Rendimento Nacional Bruto da UE), constitui um instrumento essencial que lhe permite obter resultados junto dos seus cidadãos. Trata-se essencialmente de um orçamento de investimento, que concentra os recursos nos setores em que a ação da UE faz mais sentido, como por exemplo: melhorar as redes de transportes, de comunicações e de energia em todos os países da UE, proteger o ambiente e desenvolver as zonas rurais, tornar a economia mais competitiva, ajudar os investigadores a formar parcerias transfronteiras e os jovens a estudar no estrangeiro, promover a coesão entre as regiões. O orçamento da UE constitui igualmente um fator de estabilidade e de previsibilidade. Inscreve-se num período de cinco a sete anos com base no Quadro Financeiro Plurianual (QFP), que fixa os montantes máximos que a UE pode despender anualmente nos vários domínios de intervenção. Atualmente, contudo, num mundo cada vez mais complexo e imprevisível, elaborar o orçamento da UE implica ter em conta desafios consideráveis. A União Europeia tem pela frente uma série de importantes desafios a longo prazo. Confrontada com os efeitos da pior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial, a União deve voltar a crescer de forma duradoura e resolver os problemas da exclusão e do desemprego dos jovens. A crise migratória evidenciou não só a necessidade de a UE prestar ajuda humanitária e abrigo aos refugiados, mas também a importância de proteger as suas fronteiras e de combater as causas profundas da migração. Os atentados terroristas que têm abalado as nossas sociedades salientam a necessidade de uma cooperação mais eficaz em matéria de segurança e de informação. O orçamento da UE deveria permitir não apenas concretizar os planos iniciais do QFP, mas também adaptar-se aos novos desafios e obter resultados no terreno rapidamente. Até à data, o orçamento da UE tem sido utilizado ao máximo para fazer face à evolução das circunstâncias: as margens não consumidas e a flexibilidade disponível foram intensamente utilizadas, em especial para a) criar o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE) no âmbito do Plano de Investimento para a Europa; b) fazer face à crise da migração, dos 1 Mapa previsional da Comissão Europeia para o exercício de 2018 (SEC(2017) 250, maio de 2017). 2

3 refugiados e da segurança e c) ajudar a financiar novas iniciativas, tais como a Iniciativa para o Emprego dos Jovens, o Corpo Europeu de Solidariedade, bem como a futura proposta de lançamento do programa europeu de desenvolvimento industrial no domínio da defesa. A capacidade do orçamento da UE para fazer face a acontecimentos imprevistos durante o período está, por conseguinte, seriamente reduzida. 2. Amplo consenso político sobre a revisão intercalar Em setembro de 2016, a Comissão apresentou uma proposta de revisão intercalar do atual Quadro Financeiro Plurianual , que visava principalmente aumentar o financiamento e a flexibilidade disponível para continuar a fornecer uma resposta orçamental adequada às duas grandes prioridades políticas o crescimento e o emprego e a resposta à migração e reforçar a flexibilidade e a capacidade de resposta do orçamento. Após intensas negociações entre as três instituições, em 7 de março de 2017, o Conselho alcançou um acordo por unanimidade e, em 5 de abril, o Parlamento Europeu aprovou um compromisso sobre o pacote de revisão intercalar, que prevê a revisão do Regulamento QFP e uma série de acordos políticos, relativos, nomeadamente, ao reforço de programas específicos. Em conformidade com os procedimentos aplicáveis, o Conselho «Assuntos Gerais» de 25 de abril deveria ter dado a sua aprovação final ao Quadro Financeiro Plurianual intercalar. Todavia, o ponto foi retirado da ordem de trabalhos na sequência de um pedido de última hora do Reino Unido. Os argumentos invocados prendem-se com a obrigação de um período de neutralidade (o período oficial pré-eleitoral, durante o qual o governo não está autorizado a tomar decisões importantes). A adoção formal pelo Conselho está prevista para pouco tempo depois das eleições no Reino Unido de 8 de junho, altura em que o Governo britânico deixa de estar vinculado às normas que regem o período pré-eleitoral. Tendo em conta o amplo consenso político, tanto no Parlamento Europeu como no Conselho, o projeto de orçamento para 2018 já prevê esta adoção formal e incorpora os elementos do pacote de revisão intercalar relativos a O que implica concretamente a revisão intercalar? A importante margem de manobra proporcionada pela revisão intercalar vai permitir à UE dar resposta a novos desafios até Embora os limites máximos orçamentais totais não aumentem, a revisão intercalar permite aumentar as despesas e introduz uma maior flexibilidade em alguns domínios acordados entre o Parlamento Europeu e o Conselho. Dentro do limite máximo global do QFP acordado, a revisão intercalar prevê um aumento potencial das despesas de cerca de 6 mil milhões de EUR no período , em especial nos seguintes domínios: 3

4 - o desemprego dos jovens (1,2 mil milhões de EUR em favor da Iniciativa para o Emprego dos Jovens, acrescidos de um financiamento de montante idêntico do Fundo Social Europeu) - a segurança e a dimensão da migração no interior da UE (2,5 mil milhões de EUR para programas como a Guarda Europeia de Fronteiras e Costeira, a Europol, a Agência da União Europeia para o Asilo, o novo sistema de entrada/saída e o apoio de emergência para os refugiados), - a luta contra as causas profundas da migração (1,4 mil milhões de EUR, destinados principalmente ao novo Quadro de parceria com os países africanos e ao Fundo Europeu para o Desenvolvimento Sustentável (FEDS) no âmbito do plano de investimento externo) - o programa Erasmus + (100 milhões de EUR, destinados também ao novo Corpo Europeu de Solidariedade), - o reforço dos programas de promoção do crescimento que obtiveram bons resultados (775 milhões de EUR para o programa Horizonte 2020, o Mecanismo Interligar a Europa (MIE), COSME, EFSI-2 e Wifi4EU). Além disso, o acordo introduz uma maior margem de flexibilidade para o financiamento de novas medidas de emergência (pelo menos 1,3 mil milhões de EUR disponíveis imediatamente a partir de 2017). Este é um elemento fundamental, na medida em que sem um aumento da flexibilidade, a capacidade de resposta da União Europeia a eventuais situações imprevistas nos próximos três anos seria extremamente limitada. Por último, a revisão intercalar oferece uma maior flexibilidade permitindo transferir para os anos as margens não utilizadas respeitantes aos pagamentos. Obter-se-á assim um nível adicional de segurança que garantirá, durante esse período, que os limites máximos dos pagamentos serão suficientes para pagar atempadamente a totalidade das faturas relativas à execução dos fundos estruturais, sem se criar, como aconteceu no período , uma acumulação de faturas por liquidar, que provocou uma enorme ansiedade no Parlamento Europeu. 4. O que aconteceria se a revisão intercalar não fosse adotada? Alguns elementos da revisão intercalar foram acordados pelo colegislador e já figuram no orçamento de 2017 (principalmente os 750 milhões de EUR destinados ao quadro de parceria com os países africanos) ou estão prestes a ser incluídos através de orçamentos retificativos para 2017 previamente acordados a nível político (a primeira parcela dos 500 milhões de EUR em favor da Iniciativa para o Emprego dos Jovens (IEJ) e os 275 milhões de EUR em favor do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Sustentável). Porém, todos os outros elementos das despesas adicionais acima referidos relativos ao período estariam em risco, uma vez que deixariam de poder ser considerados como previamente acordados a nível político. 4

5 Estariam em causa, principalmente, os 700 milhões de EUR restantes destinados à Iniciativa para o Emprego dos Jovens o que constituiria um sinal negativo da Europa em relação aos jovens que necessitam de apoio bem como outros fundos de apoio à educação, à investigação, ao investimento e ao crescimento. As consequências negativas far-se-iam sentir a nível do Horizonte 2020, que apoia a investigação colaborativa, das PME inovadoras e do MIE-Transportes, que se ocupa da realização das redes transeuropeias. A WIFI4EU, uma proposta que visa o acesso gratuito à Internet sem fios em todos os espaços públicos da União Europeia, enfrentaria um défice de financiamento, o mesmo se verificando com propostas novas como o Corpo Europeu de Solidariedade e o Plano de ação europeu no domínio da defesa. Poderiam igualmente ficar comprometidos os fundos necessários para a resposta da UE à migração e ao controlo das fronteiras externas, dado que algumas das propostas da Comissão não foram ainda adotadas pelo Parlamento Europeu e o Conselho, em especial, o Regulamento de Dublim ou a capacidade de assistência macrofinanceira. Por outro lado, não seria possível dispor de uma maior flexibilidade, o que limitaria seriamente a capacidade do orçamento da UE de responder eficazmente, no plano financeiro, a acontecimentos imprevistos, nomeadamente no domínio da migração, por exemplo no caso de o Conselho Europeu decidir prorrogar o mecanismo em favor dos refugiados na Turquia. No que diz respeito ao projeto de orçamento para 2018, se a revisão intercalar não fosse aprovada, a única flexibilidade disponível para financiar despesas adicionais para a migração, a segurança ou a eventual prorrogação do mecanismo em favor dos refugiados na Turquia implicaria uma redução das margens disponíveis noutros domínios de intervenção, como a agricultura. Um outro exemplo de consequência direta da não adoção da revisão intercalar seria o apoio de solidariedade para catástrofes naturais solicitado pela Itália para fazer face à destruição provocada pelos sismos de Sem a flexibilidade proporcionada pela revisão intercalar, a UE disporia de recursos financeiros muito limitados para intervir neste caso concreto ou em caso de catástrofe natural de grandes proporções, de uma nova crise internacional ou de outro acontecimento imprevisto. Todas estas consequências seriam interpretadas como uma falta de unidade e de capacidade de resposta por parte da Europa em situações de crise inesperadas. 5. Preparar o futuro Conforme salientado no Livro Branco sobre o futuro da Europa, a União Europeia tem feito muito pelos seus cidadãos nos últimos 60 anos. Embora o projeto europeu beneficie atualmente de um forte apoio e haja grandes expectativas quanto à capacidade de a União fazer mais pelo bem comum, existe simultaneamente uma disparidade crescente entre essas expectativas e a capacidade efetiva de a UE as concretizar, em especial devido aos seus limitados recursos financeiros. 5

6 Uma rápida adoção da revisão intercalar constitui um passo fundamental na direção certa. Permitirá melhorar a segurança, gerir os fluxos migratórios, colmatar o défice de investimento decorrente da crise económica e financeira e promover o emprego, em especial o emprego dos jovens. Em contrapartida, uma eventual não adoção da revisão intercalar implicaria um ajustamento imediato do orçamento para 2018 e uma redução da capacidade do orçamento da UE para responder a eventuais novas situações de emergência. 6