Autoras. Alice Bianchini Mariana Bazzo Silvia Chakian CRIMES CONTRA. Mulheres. Lei Maria da Penha Crimes Sexuais Feminicídio

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1 Autoras Alice Bianchini Mariana Bazzo Silvia Chakian CRIMES CONTRA Mulheres Lei Maria da Penha Crimes Sexuais Feminicídio 2019

2 2 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DE GÊNE- RO E BREVE HISTÓRICO DA LEGISLA- ÇÃO DE ENFRENTAMENTO A CRIMES CONTRA A MULHER NO BRASIL O presente capítulo inicia-se com o conceito de violência de gênero, cuja definição é imprescindível para a compreensão e interpretação das leis de cunho penal que tratam das questões voltadas ao gênero feminino. 2.1 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO Os Estudos de Gênero surgiram nas décadas de 60/70 do século XX, tendo como objeto problematizar os diferentes valores culturalmente atribuídos às mulheres e aos homens, determinantes dos comportamentos e das expectativas sobre o papel de cada um dos gêneros em nossa sociedade. As pesquisas foram impulsionadas, dentre outras contribuições, a partir da relevante obra O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, na qual a noção de gênero é erigida como construção social, definindo-se que não é o corpo que determina o lugar social, mas sim as construções culturais, sociais e políticas que ordenam essas diferenças: não se nasce mulher, torna-se mulher. Quando se verificam diferenças, quem tem o poder de estabelecê-las toma-se por referência neutra, e o diferente torna-se objeto de controle, para ser eliminado ou inferiorizado, incidindo sobre ele

3 20 CRIMES CONTRA MULHERES Alice Bianchini / Mariana Bazzo / Silvia Chakian a violência considerada eficiente para tal objetivo. Em se tratando de controle da mulher, essa violência pode alcançar dimensão de controle total, dada a situação de afeto, intimidade, convivência (em muitos casos) e continuidade, que caracteriza a relação de poder desigual decorrente do sistema de desigualdade de gêneros. Como bem esclarece BARREDA (2012, p. 101), gênero pode ser conceituado como: [...] uma construção social e histórica de caráter relacional, configurada a partir das significações e da simbolização cultural de diferenças anatômicas entre homens e mulheres. [...] Implica o estabelecimento de relações, papéis e identidades ativamente construídas por sujeitos ao longo de suas vidas, em nossas sociedades, historicamente produzindo e reproduzindo relações de desigualdade social e de dominação/subordinação. Nesse sentido, a concepção de gênero para SCOTT (1995, p. 21) compreende dois importantes aspectos: no primeiro, gênero é recebido como elemento constitutivo das relações sociais, baseado nas diferenças percebidas entre os sexos; no segundo, gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder. A violência de gênero, por sua vez, envolve uma determinação social dos papéis masculino e feminino. Toda sociedade pode atribuir diferentes papéis ao homem e à mulher. Até aí tudo bem. Isso, todavia, adquire caráter discriminatório quando a tais papéis são estabelecidos pesos e importâncias diferenciados. Quando a valoração social desses papéis é distinta, há desequilíbrio, assimetria das relações sociais, o que pode acarretar violência. No caso da nossa sociedade, os papéis masculinos são supervalorizados em detrimento dos femininos, trazendo prejuízos para as mulheres que, em sua dimensão mais acentuada, chegam à violência contra a mulher. Considerando a magnitude da questão, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher Convenção de Belém do Pará, ratificada pelo Brasil em , promulgada pelo Decreto nº 1.973/1996, caracteriza violência de

4 Cap. 2 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO E BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO 21 gênero como ofensa à dignidade humana e manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens. Em complementar acepção, TELES e MELO (2002, p. 22) indicam que a violência de gênero representa: [...] uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher. Demonstra que os papéis impostos às mulheres e aos homens, consolidados ao longo da história e reforçados pelo patriarcado e sua ideologia, induzem relações violentas entre os sexos. Os papéis sociais atribuídos a homens e a mulheres são acompanhados de códigos de conduta, verdadeiros modelos de comportamento, introjetados pela educação diferenciada que outorga o controle das circunstâncias ao homem, o qual as administra com a participação submetida por cultura mas ativa das mulheres, o que tem significado ditar-lhes e elas aceitarem e cumprirem rituais de entrega, contenção de vontades, recato sexual, vida voltada a questões meramente domésticas, priorização da maternidade. Acaba tão desproporcional o equilíbrio de poder entre os sexos, que sobra não interdependência, mas hierarquia autoritária. Tal quadro cria condições para que o homem sinta-se (e reste) legitimado a fazer uso da violência, bem como permite compreender o que leva a mulher vítima da agressão a ficar muitas vezes inerte, e, mesmo quando toma algum tipo de atitude, acabe por se reconciliar com o companheiro agressor, após reiterados episódios de violência. Corrobora essa afirmativa pesquisa da Fundação Perseu Abramo indicando que não é incomum as mulheres sofrerem agressões físicas, por parte do companheiro, por mais de dez anos. 1 Em relação a esse fato, diversos estudos demonstram que tal submissão decorre de condições concretas (físicas, psicológicas, sociais e econômicas) a que 1. De acordo com a pesquisa, entre 6% e 17% das entrevistadas que afirmaram ter sofrido violência física disseram ter permanecido mais de dez anos com seus companheiros. Os percentuais das entrevistadas que mantiveram o relacionamento com o agressor variam de acordo com o tipo de violência relatada. (FPA, 2010)

5 22 CRIMES CONTRA MULHERES Alice Bianchini / Mariana Bazzo / Silvia Chakian a mulher se encontra submetida/enredada, exatamente por conta do papel que lhe é atribuído socialmente. No que tange a esse papel de submissão, imprescindível destacar que se configura um processo de coisificação da mulher, o qual afronta diretamente a dignidade da pessoa humana, como salienta SOUZA (2009, p. 50) ao abordar o assunto: Mas há que se frisar que o legislador procurou, principalmente, firmar a posição de que a violência de gênero não se confunde com as demais formas de violência, porque ela caracteriza-se principalmente na cultura machista do menosprezo pela mulher, bem como na ideia de perpetuação da submissão da mulher ao mando do homem, autorizando a equivocada e nefasta disseminação da inferioridade do gênero feminino em relação ao masculino, permitindo a coisificação da mulher, numa afronta direta à doutrina da dignidade da pessoa humana, consolidada já na filosofia kantiana e expressamente inserida no art. 1º, inc. III, da CRFB. No mesmo sentido, PIOVESAN (2009, p. 229) apresenta lição complementar: [...] a violência contra a mulher constitui ofensa à dignidade humana, sendo manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens. [...] Vale dizer, a violência baseada no gênero ocorre quando um ato é dirigido contra a mulher porque é mulher, ou quando atos afetam as mulheres de forma desproporcional. Dos conceitos supramencionados, destacam-se algumas importantes características da violência de gênero: 1) Ela decorre de uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher. 2) Esta relação de poder advém dos papéis impostos às mulheres e aos homens, reforçados pela ideologia patriarcal, os quais

6 Cap. 2 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO E BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO 23 induzem relações violentas entre os sexos, já que calcados em uma hierarquia de poder. 3) A violência perpassa a relação pessoal entre homem e mulher, podendo ser encontrada também nas instituições, nas estruturas, nas práticas cotidianas, nos rituais, ou seja, em tudo que constitui as relações sociais. 4) A relação afetivo-conjugal, a proximidade entre vítima e agressor (relação doméstica, familiar ou íntima de afeto) e a habitualidade das situações de violência tornam as mulheres ainda mais vulneráveis dentro do sistema de desigualdade de gênero, quando comparado a outros sistemas de desigualdade (classe, geração, etnia). Na jurisprudência, em inúmeras ocasiões, o termo violência de gênero foi objeto de definição, conforme se pode conferir dos seguintes excertos: [...] A violência baseada em gênero ocorre sempre que o agressor utiliza a violência como instrumento social de imposição à mulher de um papel social de submissão e obediência, com o especial fim de privá-la de seus direitos sociais, de sua paz, intimidade, liberdade e de seu livre desenvolvimento familiar e afetivo. (TJ/DFT, Câmara Criminal, CCR , Relator Desembargador Jesuino Rissato, j , DJE , p. 92) [...] A violência de gênero contra a mulher é precipuamente marcada pela sedimentação de relações de poder no âmbito familiar, nas quais o homem busca reduzir a mulher, com uso de violência física e moral, a um papel social de submissão e obediência, com o especial fim de privá-la de seus direitos sociais, de sua paz, intimidade, liberdade, e de seu livre desenvolvimento afetivo. (TJ/DFT, Câmara Criminal, CCR , Relator Desembargador Jesuino Rissato, j , DJE , p. 37) [...] A violência baseada em gênero é uma manifestação da distribuição historicamente desigual de poder nas relações sociais entre

7 24 CRIMES CONTRA MULHERES Alice Bianchini / Mariana Bazzo / Silvia Chakian homem e mulher, e ocorre sempre que o agressor utiliza a violência como instrumento social de imposição à mulher de um papel social de submissão e obediência, com o especial fim de privá-la de seus direitos sociais, de sua paz, intimidade, liberdade e de seu livre desenvolvimento familiar e afetivo. (TJ/DFT, Terceira Turma Criminal, APR , Relator Desembargador Jesuino Rissato, j , DJE , p. 261) [...] Se o suposto delito de lesão corporal praticado pelo sobrinho contra a sua tia não caracterizou violência baseada no gênero, no sentido de oprimi-la por ser mulher, não cabe a aplicação da Lei nº / Não incidindo, no caso, a Lei Maria da Penha, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é absolutamente incompetente para a apreciação do feito, impondo-se a decretação de sua nulidade e a remessa dos autos para um dos Juizados Especiais Criminais. 3. Recurso conhecido e provido. (TJ/DFT, Terceira Turma Criminal, APR , Relator Desembargador Jesuino Rissato, j , DJE , p. 136) A partir das considerações apresentadas nas decisões judiciais acima colacionadas, percebe-se que a violência baseada em gênero aparece como: instrumento social de imposição à mulher de um papel social de submissão e obediência; marcada pela sedimentação de relações de poder no âmbito familiar; manifestação da distribuição historicamente desigual de poder nas relações sociais entre homem e mulher; instrumento de opressão. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) em várias situações foi instado a tratar do assunto, valendo destacar o seguinte julgado, do ano de 2008, no qual não se reconheceu a existência de violência de gênero em crime envolvendo duas irmãs:

8 Cap. 2 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO E BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO 25 CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. JUIZADO ESPE- CIAL CRIMINAL E JUIZ DE DIREITO. CRIME COM VIO- LÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA MULHER. CRIME CONTRA HONRA PRATICADO POR IRMÃ DA VÍTIMA. INAPLICABILIDADE DA LEI Nº /06. COM- PETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. 1. Delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de incidência da Lei nº /06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em condições de hipossuficiência ou inferioridade física e econômica. 2. Sujeito passivo da violência doméstica, objeto da referida lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade. 2. No caso, havendo apenas desavenças e ofensas entre irmãs, não há qualquer motivação de gênero ou situação de vulnerabilidade que caracterize situação de relação íntima que possa causar violência doméstica ou familiar contra a mulher. Não se aplica a Lei nº / Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do Juizado Especial Criminal de Governador Valadares/MG, o suscitado. (STJ, Terceira Seção, CC /MG, Relator Ministro Og Fernandes, j , DJe , destaque nosso) Também é interessante colacionar uma decisão do mesmo tribunal (STJ) que, no ano de 2012, afastou a aplicação da Lei Maria da Penha em relação à agressão praticada por um irmão contra a sua irmã por entender que no contexto apresentado não se vislumbrava violência baseada no gênero. Confira-se: O Juiz de Direito da 3ª Vara do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher declinou da competência para um dos Juizados Especiais Criminais de Brasília/DF, conforme os seguintes fundamentos: [...] Inicialmente, deixo registrado, que embora tenha a princípio, com o advento da Lei Maria da Penha (11.340/06) entendido tratar-se da competência dos Juizados de violência doméstica todos os casos em que figura-se a vítima própria: Mulher em situação

9 26 CRIMES CONTRA MULHERES Alice Bianchini / Mariana Bazzo / Silvia Chakian de risco no contexto familiar ou doméstico. Todavia, mudei meu convencimento, filiando-me à corrente jurisprudencial que entende haver necessidade do plus em relação à vítima, qual seja a hipossuficiência ou inferioridade física/mental/econômica da mulher em relação a seu ofensor/ofensora, no contexto familiar ou doméstico. [...] Dessa forma, entendo que no presente caso, tratando-se de irmãos onde não há qualquer indício de que o suposto crime envolva motivação de gênero, ou seja, fragilidade da vítima mulher, incompetente este Juízo para processar e julgar o feito [...] (fls. 130/131) O Tribunal a quo manteve a decisão, nos seguintes termos: De fato, compulsando os autos, verifica-se que o autor é irmão da vítima, tem comportamento agressivo, e quer que ela preste contas do dinheiro que envia, a título de pensão, todo mês para sua mãe. Consta da denúncia, fls. 2-3, que a vítima foi ameaçada verbalmente diversas vezes, pessoalmente e por mensagens via telefone celular, de ser lesionada e ter seu apartamento quebrado, chegando o acusado a atirar uma pedra em seu carro. Vê-se, diante do quadro fático, que as ameaças verbais foram em decorrência da disputa de controle financeiro da pensão da mãe de ambos, que é recebido por outra irmã, conforme declarações da vítima à fl. 14. Assim, não houve qualquer demonstração de dominação ou subordinação por parte do agressor em relação à vítima. [...] Verifica-se que não há convivência entre a vítima e agressor. O motivo da agressão foi o controle do pagamento da pensão da mãe, que poderia estar sendo disputado por qualquer um dos irmãos, homem ou mulher. As ameaças sofridas pela vítima não foram motivadas com a intenção de oprimi-la, que é o fundamento de aplicação da Lei Maria da Penha, mas de afastá-la do controle financeiro da pensão, não havendo qualquer motivação de gênero ou situação de vulnerabilidade que caracterize hipótese de incidência da referida lei, como se constata do depoimento acima transcrito. [...] Assim, não havendo incidência da Lei nº /06, uma vez que as agressões contra a vítima foram geradas em virtude de desavenças motivadas pela disputa do controle financeiro da pensão da mãe, a competência para processar o feito é do Juizado Especial Criminal de Brasília.

10 Cap. 2 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO E BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO 27 (STJ, Quinta Turma, REsp /DF, Relatora Ministra Laurita Vaz, j , DJe , destaque nosso) No âmbito internacional, o principal instrumento normativo a ser destacado é a Recomendação nº 19 do Comitê CEDAW Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Anexo A), de 1992, oriundo da Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Anexo B), que foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 18 de dezembro de 1979, e ratificada pelo Brasil em 01 de fevereiro de Ali se preconiza que: 1. A violência baseada no género é uma forma de discriminação que inibe a capacidade das mulheres de gozarem os direitos e liberdades numa base de igualdade com os homens. [...] 7. A violência baseada no género, a qual prejudica ou invalida o gozo pelas mulheres dos direitos humanos e liberdades fundamentais em virtude do direito internacional ou das diversas Convenções de Direitos Humanos, é considerada discriminação, de acordo com a definição do artigo 1º da Convenção. Estes direitos e liberdades incluem: a) O Direito à vida; b) O Direito a não ser sujeita à tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; c) O Direito à igualdade de protecção, de acordo com as normas humanitárias em tempo de conflito armado interno ou internacional; d) O Direito à liberdade e à segurança pessoal; e) O Direito à igualdade perante a lei; f) O Direito à igualdade na família; g) O Direito ao mais alto nível de saúde física e mental; h) O Direito a condições de trabalho justas e favoráveis. A Recomendação nº 19, anteriormente citada, foi atualizada, no ano de 2017, pela Recomendação Geral nº 35, que trata especificamente sobre violência de gênero contra as mulheres. Antes dela, no

11 28 CRIMES CONTRA MULHERES Alice Bianchini / Mariana Bazzo / Silvia Chakian entanto, merece, ser mencionada a existência da Recomendação Geral nº 33, que traz uma enorme contribuição ao tema relativo ao acesso das mulheres à justiça (2015). Mas, em termos de direito internacional, foi somente no ano de 1994 que se elaborou um instrumento internacional normativo específico para o tema da violência contra a mulher: a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994, na qual ficou estabelecido: Artigo 1. Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. Artigo 2. Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica: a. ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência, incluindo-se, entre outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual; b. ocorrida na comunidade e cometida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais, serviços de saúde ou qualquer outro local; e c. perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra. Esses conceitos de violência de gênero servem de base para a presente obra, e serão sempre tidos por referência na análise da interpretação realizada pelos órgãos julgadores brasileiros sobre a legislação especializada referente ao combate aos crimes cometidos contra mulheres. Por serem instrumentos internacionais dos quais o Brasil é signatário, o Poder Judiciário, no momento de elaborar suas decisões, deles não pode prescindir.

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