PNRS. Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei Nº /2010. (Inciso XVI, do Artigo 3º, da Lei /2010)
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- Lara das Neves di Azevedo
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1 PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei Nº /2010 O que são resíduos sólidos? (Inciso XVI, do Artigo 3º, da Lei /2010) material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
2 Constatação evidente: há necessidade de tomar medidas que viabilizem um ciclo de produção e consumo com reutilização e disposição adequada dos lixos ou resíduos. Com este enfoque, emerge a Lei /2010, que traça definições, princípios, objetivos, metas, ações, diretrizes e instrumentos com vistas ao gerenciamento e gestão integrada dos resíduos sólidos, bem como atribui responsabilidade àqueles que de alguma forma estejam envolvidos com a produção, consumo, gestão ou gerenciamento de materiais e/ou serviços que possam gerar resíduos sólidos. Integra a PNMA e a PNEA, regulada pela Lei 9795, de 7/04/1999 e a PNSB, regulada pela Lei /2007 e com a Lei de 06/04/2005.
3 Lei Nº / Princípios: Princípios Específicos da PNRS (Art. 6º): i. Prevenção e Precaução; ii. Poluidor-pagador e Protetor-recebedor; iii. Visão Sistêmica na Gestão dos Resíduos Sólidos; iv. Desenvolvimento Sustentável; v. Ecoeficiência [(fornecimento + preços) & (qualidade vida + redução impacto ambiental)] vi. Cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; vii. Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; viii. Reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social (gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania); ix. Respeito às diversidades locais e regionais; x. Direito da sociedade à informação e ao controle social e; xi. A razoabilidade e da proporcionalidade.
4 Objetivos da PNRS (Art. 7º): adotando a seguinte ordem de prioridade: Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; Não geração, Redução, Reutilização,Reciclagem,Tratamento (compostagem etc.); e Disposição final (adequada). Estímulo à adoção de padrões sustentáveis Adoção de tecnologias limpas; Redução do volume e periculosidade dos resíduos perigosos; Incentivo à indústria da reciclagem (fomentar o uso de matérias pós-consumo); Gestão integrada de RS; Cooperação técnica e financeira (poder público e empresas) para gestão integrada; Capacitação técnica continuada na área de RS; Estímulo à implementação da AVC (avaliação ciclo vida produto); Estímulo à rotulagem ambiental. Foco - políticas de: coleta seletiva, recuperação e aproveitamento energético.
5 Para alcançar os objetivos a Lei fixa responsabilidades: 1. individual (consumidor disponibilizar os resíduos domésticos); 2. compartilhada (política reversa); 3. solidária (contratação de serviços, não isentam de responsabilidades). as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos, excetuados os rejeitos radioativos, que são regulados por essa legislação específica. ( 1º e 2º, do Art. 1º, da Lei /2010).
6 Síntese da responsabilidade: a. Aos geradores: sobre os resíduos sólidos gerados ou administrados e sobre os respectivos resíduos sólidos reversos, e ainda, garantir a segurança dos processos produtivos; manter informações atualizadas; permitir a fiscalização; recuperar as áreas degradadas/contaminadas sob sua responsabilidade; e, desenvolver programas de capacitação continuada; b. A toda a sociedade: incumbe a responsabilidade pela efetividade das ações que envolvam os resíduos sólidos; c. Ao Distrito Federal e aos Municípios: adotar tecnologias para absorver ou reaproveitar os resíduos sólidos reversos dos sistemas de limpeza urbana e dar disposição final ambientalmente adequada aos rejeitos; e, articular com os geradores a implementação de estrutura necessária para garantir o fluxo de retorno dos resíduos sólidos reversos sob sua responsabilidade;
7 d. aos fabricantes e importadores: adotar tecnologias para absorver ou reutilizar os resíduos sólidos reversos sob sua responsabilidade; coletar os resíduos sólidos sob sua responsabilidade e dar disposição final ambientalmente adequada aos rejeitos; articular com sua rede de comercialização para a implementação de estruturas para o fluxo de retorno dos resíduos sólidos reversos de sua responsabilidade; informar ao consumidor sobre as possibilidades de reutilização e tratamento dos produtos, advertindo dos riscos ambientais resultantes do descarte inadequado; e, divulgar mensagens educativas para combater o descarte inadequado dos resíduos sólidos de sua responsabilidade; e. aos revendedores, comerciantes e distribuidores: receber, acondicionar e armazenar temporariamente os resíduos sólidos do sistema reverso sob sua responsabilidade; criar e manter centros de coleta para garantir o recebimento dos resíduos reversos sob sua responsabilidade; informar ao consumidor a indicação dos pontos de coleta e divulgar por meio de campanhas publicitárias e programas, mensagens educativas de combate ao descarte indevido e inadequado;
8 f. aos consumidores: incumbe acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados, atentando para as práticas que possibilitem a redução da geração de resíduos sólidos e após a utilização do produto, efetuar a entrega dos resíduos sólidos reversos aos comerciantes e distribuidores ou encaminhá-los aos postos de coleta especificados; g. Recuperação de áreas órfãs: Governo Federal sem prejuízo de outras esferas governamentais o fazerem e se, após descontaminação de sítio órfão realizada com recursos do Governo Federal ou de outro ente da Federação, forem identificados os responsáveis pela contaminação, estes ressarcirão integralmente o valor empregado ao poder público.
9 A lei mescla políticas adotadas na Europa e nos Estados Unidos. Na Europa: responsabiliza preponderantemente o poluidor, por meio da responsabilidade estendida ao produtor. Ou seja, ao produzir deve-se pensar no destino que será dado ao produto ao final da sua vida útil. Isso induz à produção e comercialização de produtos que gerem o mínimo de resíduos que necessitarão de uma destinação final. Alemanha, p. ex., é pioneira na adoção de medidas destinadas a equacionar a questão dos resíduos sólidos. De uma política que previa a coleta dos resíduos gerados e a valorização ou a simples disposição desses resíduos, passou a aplicar, essencialmente, os princípios de evitar e valorizar os resíduos antes da eliminação. Nos EUA, observa-se a maior responsabilidade atribuída ao consumidor final, com evidente aplicação do princípio do poluidorpagador, valorizando, especialmente o conceito do ciclo integral do produto.
10 Particularidades da Lei a. Gestão integrada e cooperação entre os entes federados, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; b. Proibições lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos; lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração; queima a céu aberto ou similares, salvo se autorizado. utilização dos rejeitos dispostos como alimentação; catação; criação de animais domésticos; fixação de habitações temporárias ou permanentes; entre outras.
11 c. Criminalizações: Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da existência de culpa, reparar os danos causados, a ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância aos preceitos Lei da PNRS ou de seu regulamento, sujeita os infratores às sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei 9.605/1998. Especificamente criminalizou (aqueles a quem compete): i. de atualizar e disponibilizar informações sobre os planos e destinação dos resíduos; ii. adotar medidas de redução de volume e periculosidade dos resíduos; iii. iv. informar eventuais acidentes relacionados a resíduos perigosos; abandonar os produtos ou substâncias em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; e v. manipular, acondicionar, armazenar, coletar, transportar, reutilizar, reciclar ou dar destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
12 d. Política reversa (falhas): Tem que ter postos de entrega populares, de conhecimento público e notório e de fácil deposição, já que, neste caso, o consumidor não tem incentivo econômico direto para fazer a devolução, como ocorre nos casos de depósitos-reembolsáveis. Também tem que fixar regras rígidas para o fabricante ou importador quanto à exigência da devolução dos resíduos do produto. Preferencialmente combinar com instrumentos econômicos como depósito-reembolsável. e. Catação formalizar em cooperativas ou similares, agregar valor econômico como Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos. Atribuir preço a plásticos, alumínios, vidros, etc. f. Aspecto temporal (A Lei da PNRS é de ): 2 anos a partir da vigência da Lei da PNRS para colocar em vigor os planos estaduais e municipais de RS, considerando horizonte de 20 anos; 4 anos a partir da vigência da Lei da PNRS para implementar a correta disposição final.
13 g. Instrumentos: A lei arrola inúmeros instrumentos, tais como, planos de gestão, inventários e cadastros (anuais), incentivos fiscais e financeiros, tratamento diferenciado conforme a atividade seja Environmental Friends (cooperativas), pesquisas científicas e tecnológicas, educação ambiental, entre outros. Análise dos Instrumentos Econômicos Passíveis de serem aplicados na implementação e regulamentação da Lei /2010: i. Depósito reembolsável; ii. Tributo ambiental: poluidor-pagador; iii. Subsídio: protetor-recebedor; iv. Licença negociável.
14 Planos de Resíduos Sólidos (Art. 14): Nacional; Estaduais; Microregionais e regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; Intermunicipais; Municipais, de gestão integrada de RS; Planos de gerenciamento de RS. Parágrafo Único: É assegurada ampla publicidade ao conteúdo dos planos de RS, bem como controle social de sua formulação e implementação.
15 Estão Sujeitos ao Plano de Gerenciamento de RS (Art. 20): Incisos: I. Geradores de RS previstos nas alíneas e, f, g e k do I do Art 13; II. Os estabelecimentos comerciais e de serviços que: a) Gerem resíduos perigosos; b) Não são perigosos, mas em volume e composição, não são RSU; III. As empresas de construção civil, nos termos das normas do Sisnama; IV. Responsáveis por terminais (portos aeroportos etc), como na alínea j do I do Art. 13; V. Responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido por órgão do Sisnama.
16 Conteúdo Mínimo do Plano de Gerenciamento de RS (Art. 21): Tópicos Principais: 1º O plano de gerenciamento de RS atenderá ao disposto no plano municipal de gestão integrada de RS do respectivo Município. 2º A inexistência do plano de gestão integrada de RS não obsta a elaboração, implementação ou operacionalização do plano de gerenciamento de RS. 3º Serão estabelecidos em regulamento: I. Normas sobre a exigibilidade e conteúdo do plano de gerenciamento de RS relativo à cooperativas e asssociação de catadores; II. Critérios e procedimentos simplificados para MPE e EPP.
17 Considerações Finais Positivas: A política, se bem aplicada permite: a. A atuação na origem da maior parte dos problemas ambientais, especialmente urbanos, evita, p. ex., gastos com políticas nas consequências, a exemplo do abraço ao Rio Cuiabá etc; b. Uma análise custo-benefício pode mostrar que os gastos com coleta seletiva e disposição adequada são menores do que os custos direitos, indiretos e custos de oportunidade.
18 Negativas: a. Ao listar um número infindáveis de instrumentos e deixou de assinalar prioridades, deixando para o executivo regulamentar - O muito é sinônimo de nada; b) Atribuiu responsabilidade meio que genérica a todos, mas não assinalou de maneira clara quem será o responsável por conduzir as mudanças; c) Deixou de assinalar de maneira contundente a possibilidade de se usar instrumentos econômicos, já amplamente utilizados com eficácia e eficiência nos países com comportamento avançado em relação aos resíduos sólidos; d) Carece de percepção de que a correta aplicação da PNRS alterará oferta/demanda, o que pode desestimular os agentes privados.
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