GRUPO I (Leitura e escrita)
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1 ESCOLA BÁSICA INTEGRADA COM JI DE PIAS 6.º Teste de Avaliação Sumativa Versão 1 9.º Ano de Escolaridade Teste de Avaliação Sumativa Língua Portuguesa Ano Letivo 2011/ de maio de º A Duração: 85 minutos Identifica claramente, na folha de respostas, a versão do teste (1 ou 2) a que respondes. Todas as questões devem ser respondidas na folha de respostas (folha de teste da escola), com caneta azul ou preta. As questões cuja resposta for dada no enunciado não serão alvo de correção. Não é permitido o uso de dicionário. Não é permitido o uso de corretor. Lê o texto, com atenção. GRUPO I (Leitura e escrita) PARTE A Internet em casa, não na escola Os alunos portugueses estão acima da média no uso da internet em casa mas abaixo da média no seu uso na escola, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) apresentado hoje (21 de junho de 2011), em Paris. O documento indica, no entanto, que Portugal, entre 70 países, tem uma das percentagens mais elevadas de alunos com acesso à internet na escola. Os dados fazem parte das conclusões do novo relatório PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes) sobre as novas tecnologias e o desempenho dos alunos, que atualiza o estudo de 2009 realizado pela OCDE. Portugal ocupa o primeiro lugar em percentagem de alunos que afirmam poder realizar uma apresentação multimédia, «com som, fotografias e vídeo», tendo registado uma duplicação deste indicador em relação a 2003, para uma percentagem (acima de 70) que mais do que triplica o valor médio dos países que participam no PISA. O relatório constata grandes disparidades entre países, do acesso quase universal à internet em casa em países como a Noruega e a Finlândia, a menos de metade no México e a apenas 10% na Indonésia. São também grandes as diferenças entre alunos socialmente favorecidos e alunos provenientes de meios sociais com dificuldades, realça o relatório PISA. No entanto, em países como Portugal, «o uso da internet na escola compensa a falta de disponibilidade de computador em casa» e são os alunos mais desfavorecidos «que têm maior inclinação para usar o computador na escola». Apenas 0,4% dos cerca de 6200 estudantes portugueses inquiridos para este estudo indicaram que nunca usaram um computador, uma das percentagens mais baixas neste indicador entre os membros da OCDE. Entre os alunos portugueses inquiridos para o PISA 2009, 98% responderam dispor de computador em casa. O número de estudantes nestas condições aumentou 41% em Portugal de 2000 para O PISA avalia as competências e conhecimentos dos alunos no nível de ensino correspondente aos 15 anos de idade, com atenção à leitura, matemática e ciências. 6.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 1 de 7
2 30 O programa completou a quarta série de estudos, analisando sucessivamente cada uma das áreas de interesse em 2000, 2003, 2006 e Este último relatório marca o regresso à análise das competências de leitura, permitindo um estudo comparativo com os dados de 2000 e introduzindo uma atenção especial ao uso e apreensão do texto digital. (texto adaptado) Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. 1. Seleciona, para responderes a cada item (1.1. a 1.4.), a opção que permite obter a afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção que escolheres O texto mostra-nos que, através do relatório mais recente da OCDE, se chegou à conclusão de que (A) a maioria dos alunos tem acesso à internet em casa, em cada um dos setenta países envolvidos no estudo. (B) o acesso dos alunos à internet está condicionado por fatores sociais. (C) todos os alunos portugueses têm acesso à internet em casa. (D) os alunos com mais dificuldades económicas não conseguem usar o computador na escola A percentagem de alunos portugueses que, no relatório mais recente, admite saber realizar uma apresentação multimédia (A) é o dobro da registada dois anos antes. (B) é semelhante à média dos restantes países que participam no programa internacional. (C) supera a percentagem de todos os outros países participantes no PISA. (D) decresceu em relação à percentagem registada em Após a leitura do texto, podemos concluir que o título remete para a ideia de que (A) poucas escolas portuguesas dispõem de serviço de internet. (B) os alunos portugueses apenas utilizam a internet em casa. (C) os alunos portugueses utilizam mais a internet em casa do que na escola. (D) a internet deve ser utilizada preferencialmente em casa O relatório da OCDE apresentado em Paris refere-se (A) às competências dos alunos de setenta países ao nível da matemática, das ciências e da leitura. (B) às competências dos alunos portugueses no nível de ensino correspondente aos 15 anos de idade. (C) às competências de leitura dos alunos de setenta países no nível de ensino correspondente aos 15 anos de idade. (D) às competências da matemática, das ciências e da leitura dos alunos de setenta países no nível de ensino correspondente aos 15 anos de idade. 2. Transcreve do texto a expressão a que se refere o determinante «seu» em «no seu uso» (linha 2). 6.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 2 de 7
3 PARTE B Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado Acabo de sofrer uma das maiores humilhações da minha vida. Ainda por cima aqui no meu bairro, as pessoas a olharem para mim com aquele sorriso de meia boca, género «coitadinha, não liguem». Ia eu, muito pacificamente pela rua acima, deitar umas cartas no marco do correio, quando oiço estalar uma gargalhada a acompanhar o vozeirão do meu amigo Fernando, que ali, em altos berros, para toda a gente ouvir, me reduzia à insignificância de ainda precisar de usar um objeto tão obsoleto 1 e anacrónico 2 (a expressão, obviamente, é dele). Olhei em roda à procura do tal objeto, que eu não descobria em parte nenhuma, mas ele não parava de falar e de rir, que há não sei quanto tempo não via uma pessoa servir-se daquilo, que se tivesse ali uma máquina fotográfica até registava o momento, se eu não sabia que havia uma coisa chamada computador e outra coisa chamada , e ria, e ria, e as pessoas passavam, olhavam, e riam com ele, e eu ali, finalmente a perceber que era do pobre marco do correio que ele falava. Lembrei-me, então, de outra vez em que uma coisa semelhante se tinha passado comigo, embora não tão ostensivamente 3 humilhante, coisa bem mais pacata 4 e silenciosa. Estava eu nessa altura de férias no Luso, a tentar escrever alguma coisa à mesa do café. Faltou-me a tinta e rapo de um tinteiro pequeno que tinha acabado de comprar e, logo ali, encho a caneta. É então que uma das empregadas se especa 5 à minha frente, mãos espalmadas na barriga, e murmura: «Jasus! Desde o tempo da minha escola primária que eu não via uma pessoa fazer isso!» Pois é. Eu escrevo cartas. À mão. Com caneta. Com tinta. E o que ainda torna tudo muito pior gosto muito. E tenho muita pena de que esse prazer se esteja a perder. Às vezes penso que o progresso e os avanços (tecnológicos e não só) estão a fazer desaparecer alguns dos grandes prazeres da nossa vida. Para já, a enorme loucura da pressa com que sempre andamos fez-nos perder o prazer de ter tempo para perder tempo. Come-se em pé no balcão da esquina, e a correr, porque atrás de nós estão mais dois ou três à espera do lugar. [ ] E depois há o telemóvel para resolvermos negócios enquanto estamos a atravessar o passeio, para não perdermos alguns minutos, e quando nos enfiamos no comboio nem sequer olhamos para a paisagem, porque ligamos imediatamente o nosso PC portátil e fazemos da carruagem a extensão do nosso escritório, perdendo todo o prazer da viagem. E escrever cartas. O prazer de tocar no papel, de sentir o aparo 6 deslizar, de saborear as palavras que se vão alinhando, o prazer de escrever cartas de amor ridículas, cartas de adeus desesperadas, cartas banais da pequena intriga familiar. Cartas enormes como as que escrevíamos na nossa adolescência, quando os amigos nos faziam tanta falta e os dias eram desmesuradamente 7 grandes. E olho para as prateleiras da estante, com aqueles volumes de correspondência de escritores, que sabe tão bem ler, e penso que tudo isso vai acabar também; e as cartas, e os selos, e os bilhetes-postais, e os marcos-de-correio-de-portinha-ao-centro, e as canetas e os tinteiros vão transformar-se muito rapidamente em peças de museu para mostrarmos aos netos dizendo «a avó ainda usou isto», e eles a olharem para nós e a não acreditarem. Alice Vieira, «Peças de Museu», Pezinhos de Coentrada, 1.ª ed., Cruz Quebrada, Casa das Letras/Editorial Notícias, º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 3 de 7
4 GLOSSÁRIO: 1 obsoleto: desusado, ultrapassado. 2 anacrónico: fora dos usos e costumes de certa época. 3 ostensivamente: intencionalmente, de modo a ser notado. 4 pacata: tranquila, sossegada. 5 se especa: fica parada. 6 aparo: peça metálica, fixada na extremidade de uma caneta, ou aplicável nas antigas canetas de madeira, com a qual se escreve. 7 desmesuradamente: excessivamente, exageradamente. Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem. 3. Apresenta um dos motivos que levaram a autora a considerar a situação que relata nos dois primeiros parágrafos (linhas 1-13) como «uma das maiores humilhações» da sua vida. Justifica a tua resposta com uma expressão do texto. 4. Na sequência do que é narrado no início do texto, a autora recorda, no terceiro parágrafo (linhas 14-20), um outro episódio. Atribui um título adequado ao episódio narrado no terceiro parágrafo, justificando-o por palavras tuas. 5. Indica três dos prazeres que, segundo o texto, se foram perdendo, em virtude dos avanços tecnológicos. 6. Transcreve do sétimo parágrafo (linhas 32-34) uma expressão que desperte uma sensação tátil. 7. Explica de que forma o excerto «O prazer de tocar no papel, de sentir o aparo deslizar, de saborear as palavras» (linhas 32-33) ajuda a descrever o prazer de escrever. 8. No final do texto, a autora refere-se a alguns objetos como «peças de museu» (linha 40). Explica o sentido da expressão «peças de museu». Exame Nacional do Ensino Básico, Prova Escrita de Língua Portuguesa, ª Chamada (adaptado) 6.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 4 de 7
5 PARTE C Lê as estrofes 122 e 123 do Canto III de Os Lusíadas, a seguir transcritas, e responde, de forma completa e bem estruturada, ao item 9. Em caso de necessidade, consulta o glossário que é apresentado a seguir ao texto. 5 De outras belas senhoras e Princesas Os desejados tálamos 1 enjeita 2, Que tudo, em fim, tu, puro amor, desprezas Quando um gesto suave te sujeita. Vendo estas namoradas estranhezas, O velho pai sesudo, que respeita O murmurar do povo, e a fantasia Do filho, que casar-se não queria, Tirar Inês ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso, Crendo c o sangue só da morte indina 3 Matar do firme amor o fogo aceso. Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do furor Mauro 4, fosse alevantada Contra ũa fraca dama delicada? Luís de Camões, Os Lusíadas, ed. preparada por António José Saraiva, 2.ª ed., Porto, Livraria Figueirinhas, GLOSSÁRIO: 1 tálamos: leitos nupciais ou conjungais. 2 enjeita: rejeita. 3 indina: indigna. 4 Mauro: mouro. Redige um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicites o conteúdo das estrofes 122 e 123. O teu texto deve incluir: uma parte introdutória, em que identifiques o episódio a que pertencem as estrofes e as personagens históricas nelas mencionadas; um desenvolvimento, no qual indiques a decisão referida na segunda estrofe e as razões que, segundo o narrador, motivaram essa decisão; uma parte final, em que refiras o sentimento expresso pelo narrador com a interrogação final e a razão que originou esse sentimento. Se não mencionares ou se não tratares corretamente o primeiro tópico, a tua resposta será classificada com zero pontos. Observações relativas ao item 9: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2012/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados (um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras), há que atender ao seguinte: a um texto com extensão inferior a 23 palavras é atribuída a classificação de 0 (zero) pontos; nos outros casos, um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (até um ponto) do texto produzido. Exame Nacional do Ensino Básico, Prova Escrita de Língua Portuguesa, ª Chamada (adaptado) 6.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 5 de 7
6 GRUPO II (Funcionamento da Língua) Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. 1. Associa cada uma das palavras sublinhadas na Coluna A à única classe de palavras da Coluna B que lhe corresponde. Escreve o número de cada um dos elementos da Coluna A e a letra relativa ao elemento da Coluna B que lhe corresponde. Utiliza cada número e cada letra apenas uma vez. Coluna A (1) As pessoas olhavam para mim com aquele sorriso de meia boca. (2) Todos acharam que eu era uma coitadinha. (3) Gosto muito de escrever cartas à mão. (4) Penso que as cartas em papel vão acabar. Coluna B (a) Adjetivo (b) Advérbio (c) Preposição (d) Conjunção (e) Determinante (f) Pronome (g) Nome 2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1. e 2.2.), a única opção que permite obter uma afirmação correta. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida A frase complexa que contém uma oração subordinada adverbial comparativa é (A) As canetas e os tinteiros serão como peças de museu. (B) A narradora escreve cartas enormes, como as que escrevia na adolescência. (C) Como estava sol, foi escrever para a esplanada. (D) Estava tão concentrada, que inicialmente nem deu pela presença da empregada Considerando a frase «A narradora confirmou aos seus netos que, no ano anterior, ainda tinha escrito cartas à mão.», uma representação correta, em discurso direto, da fala da narradora é (A) «-Meus netos, confirmo-vos que, no ano passado, ela ainda escreveu cartas à mão.» (B) «-Sim, meus netos, este ano ainda escrevi cartas à mão.» (C) «-Meus netos, confirmo-vos que, este ano, ainda escrevo cartas à mão.» (D) «-Sim, meus netos, no ano passado ainda escrevi cartas à mão.» 3. Reescreve as frases seguintes, substituindo os complementos indicados nas alíneas pelas formas adequadas dos pronomes pessoais. Procede às alterações necessárias. a) Complemento direto A empregada do café recorda, com admiração, os velhos tinteiros. b) Complemento indireto Ele nunca escreveu uma carta aos avós. 6.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 6 de 7
7 4. Identifica o fenómeno fonético ocorrido na evolução da palavra «alevantada». alevantada > levantada 5. Lê a frase seguinte. Luís de Camões escreveu a epopeia Os Lusíadas. Reescreve a frase na voz passiva, respeitando o tempo e o modo verbais. GRUPO III (Escrita) De acordo com o texto da Parte A, 99,6% dos estudantes portugueses inquiridos para o PISA 2009 já usaram um computador. A narradora do texto da Parte B afirma que «o progresso e os avanços (tecnológicos e não só) estão a fazer desaparecer alguns dos grandes prazeres da nossa vida». Redige um texto, adequado a um jornal escolar, em que expresses a tua opinião sobre o uso do computador e das novas tecnologias pelos jovens e sobre a sua contribuição, ou não, para o desenvolvimento de hábitos de vida menos saudáveis. O teu texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras. Observações relativas ao Grupo III: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2012/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras, há que atender ao seguinte: a um texto com extensão inferior a 60 palavras é atribuída a classificação de 0 (zero) pontos; nos outros casos, um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (até dois pontos) do texto produzido. FIM 6.º Teste de Avaliação de Língua Portuguesa Versão 1 Página 7 de 7
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