A POLIFONIA NO DISCURSO DE UM CASO DE DESVIO FONOLÓGICO
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- Gustavo Guimarães
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1 A POLIFONIA NO DISCURSO DE UM CASO DE DESVIO FONOLÓGICO Gabriele Donicht 1 1. Introdução Neste trabalho serão utilizados pressupostos teóricos apontados por Oswald Ducrot. Serão aplicados os conceitos da Teoria da Argumentação na Língua (TAL) ao estudo do discurso. Atualmente, essa teoria encontra-se em sua terceira forma, sendo utilizado para o presente artigo a Teoria da Polifonia (DUCROT, 1988) que seria relativa à segunda forma da TAL. A partir do conceito de polifonia, objetivou-se analisar a construção da argumentação no discurso, observando os possíveis enunciadores presentes nos enunciados e como esses enunciados orientam o movimento argumentativo. Analisou-se, a partir dessa proposta, a narrativa de uma estória por uma criança com desvio fonológico. A escolha do tema e da teoria partiu do interesse pela fala de crianças, a fim de observar-se a construção de discursos por elas e a utilização de elementos que podem ajudar a construir o sentido. O artigo é composto de três partes. Na primeira parte do texto, serão apresentados conceitos relevantes para o entendimento das teorias. Após, será analisada a narrativa do sujeito com desvio fonológico e, em seguida, serão feitas considerações finais. 1 Fonoaudióloga, Doutora em Letras Linguística PUCRS. Bolsista PRODOC-CAPES, em estágio pósdoutoral junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade Federal de Pelotas (UFPel). 141 P á g i n a
2 2. Fundamentação teórica Teoria da Argumentação na Língua (TAL) Por volta da década de 80, a Teoria da Argumentação na Língua (TAL) ou Semântica Argumentativa foi criada por Oswald Ducrot e Jean-Claude Anscombre, tendo como principal pressuposto que a argumentação está inscrita na própria língua. A TAL teve como pressupostos teóricos as ideias difundidas pelas concepções saussurianas e pelo estruturalismo. Essa teoria permite-nos analisar a argumentação produzida pela linguagem, admitindo a diversidade e o dinamismo linguísticos inerentes ao uso, opondo-se à concepção tradicional de que a argumentação está nos fatos, na mera descrição da realidade. Dois segmentos são necessários para que o discurso seja considerado argumentativo: o argumento e a conclusão. O argumento seria um fato passível de ser julgado verdadeiro ou falso, independentemente da conclusão. Porém, para Ducrot não temos o sentido completo das palavras sem antes tirarmos conclusões delas. Portanto, para Ducrot, um argumento não pode ser entendido independentemente de sua conclusão. A argumentação está marcada na própria língua, e não fora dela. Não somente as dinâmicas discursivas, mas também o léxico e a própria estrutura semântica profunda da língua comportam um valor argumentativo. A TAL é uma teoria semântica que tem por objetivo dar conta da forma como os enunciados constroem a continuação do discurso. Cada enunciado favorece alguns encadeamentos discursivos e impede outros, em função de seu significado linguístico inerente. Três formas da TAL foram desenvolvidas: a forma Standard; a segunda forma, composta pela Teoria dos Topoi e pela Teoria da Polifonia; e a atual forma, conhecida como Teoria dos Blocos Semânticos. 142 P á g i n a
3 Alguns conceitos se fazem necessários para melhor entendimento sobre a teoria em estudo. Seguem os conceitos básicos. Frase e enunciado, texto e discurso Segundo Ducrot (1984), a enunciação é a realização linguística da qual resultam unidades linguísticas de nível elementar frase e enunciado e também de nível complexo texto e discurso, sendo que a frase e o texto são unidades abstratas, e o enunciado e o discurso são unidades concretas. O locutor utiliza a frase e o enunciado como materiais linguísticos para a produção da linguagem. A frase é uma entidade teórica, abstrata, e tem a propriedade de fornecer instruções que levam a descobrir aquilo a que o enunciado se refere, sendo construída pelo linguista para explicar uma infinidade de enunciados. Já o enunciado é uma realidade empírica, observável, concreta, sendo uma das muitas realizações possíveis de uma frase. O texto e o discurso diferenciam-se de frase e enunciado pelo ato de enunciação. Sendo o texto e o discurso unidades de nível complexo, eles são compostos por frases/enunciados sucessivos. A simples sucessão de dois enunciados não é condição única para formar o discurso, já que se faz necessária uma relação entre ambos. Da mesma maneira, para que um texto não seja considerado uma simples sequência de frases e sim um texto, é preciso que a realização dessa sequência dê lugar à realização de um discurso. Ducrot (1984) afirma que todo discurso está constituído por uma sucessão de enunciados e tendo um discurso D, este pode fragmentar-se nos enunciados E1, E2, E3, etc, sendo cada enunciado a realização de uma frase representando diversos pontos de vista, com os quais ele pode discordar, concordar ou se identificar. 143 P á g i n a
4 Significação e sentido Conforme Ducrot (1984), os valores semânticos atribuídos às unidades linguísticas são a significação e o sentido. A significação é o valor semântico da frase e do texto e se constitui em um conjunto de instruções para construir um sentido a partir da situação enunciativa. Já o sentido é o valor semântico atribuído ao enunciado e ao discurso e é o resultado da articulação entre os sentidos dos enunciados e a organização desses enunciados no discurso. Ducrot, em 1988, reafirma que significado é o valor semântico atribuído à frase, e é constituído por diretrizes, as quais fornecem instruções para a interpretação do enunciado. O significado é essencialmente aberto, dizendo o que se deve fazer para encontrar o sentido. O sentido é o valor semântico atribuído ao enunciado e tem uma concepção polifônica, já que consiste na presença de certo número de enunciadores. Portanto, para Ducrot um texto ou discurso não é apenas a justaposição de frases ou enunciados. É necessário que os enunciados tenham uma relação de interdependência, que se apoiem uns aos outros, para que se possa construir um todo carregado de sentido e um movimento argumentativo coerente. Teoria da Polifonia Neste momento, faz-se importante a apresentação da Teoria da Polifonia. Ducrot (1988) refere que é através de um certo número de personagens colocados em cena que o autor de um enunciado se expressa. Então, o sentido de um enunciado surge do confronto dos diferentes sujeitos que aparecem no enunciado. Os sujeitos presentes no enunciado possuem status linguísticos diferentes e remetem a três funções diferentes no discurso. Na função de sujeito empírico (SE) está o autor do enunciado, nem sempre fácil de determinar. Na função de locutor (L) está a pessoa a quem se atribui a responsabilidade da enunciação no próprio enunciado, deixando marcas no 144 P á g i n a
5 enunciado, como as de primeira pessoa. O L e o SE podem ser totalmente diferentes. A função de enunciador (E) é onde estão as origens dos diferentes pontos de vista apresentados no enunciado, não sendo pessoas, mas pontos de perspectiva abstratos. Há três possibilidades de posicionamento do locutor: primeira, se impõe o ponto de vista do enunciador com o qual se identifica (identificação); segunda, se concorda com o enunciador, mesmo que o enunciado não tenha o objetivo de impor o ponto de vista de tal enunciador (concordância); terceira, se rejeita, opondo-se a um enunciador (rejeição). Portanto, sempre ocorre o posicionamento do locutor em relação aos pontos de vista que são apresentados, sendo o sentido de um enunciado subjetivo ou argumentativo. A linguagem não descreve diretamente a realidade, mas o faz por meio de aspectos subjetivos e intersubjetivos, chamados por Ducrot, valores argumentativos dos enunciados. O valor argumentativo de uma palavra é a orientação que essa palavra dá ao discurso, é o papel que a palavra pode desempenhar no discurso. A Teoria da Polifonia, através do locutor e do enunciador, permite a descrição semântica dos enunciados em suas mais variadas formas como a interrogação, a refutação, a negação, a causa, a hipótese, a conclusão etc. Portanto, a teoria auxilia-nos a apreender o argumento da situação. Desvios fonológicos Além dos conceitos apresentados anteriormente, julga-se importante a conceituação de desvio fonológico, já que a análise envolverá a narração de uma estória por uma menina com desvio fonológico em sua fala. Ingram (1976), pioneiramente, caracterizou as desordens de fala como uma dificuldade em estabelecer, de forma adequada, o sistema fonológico padrão da comunidade linguística da criança, desconsiderando o pressuposto de ser um distúrbio articulatório de ordem puramente motora. 145 P á g i n a
6 Para Lamprecht (2004), dentro do conceito de desvio fonológico deve-se notar que desvio é um afastamento de uma linha e não um distúrbio ou perturbação, já que há um sistema, embora inadequado. A autora ainda menciona que o desvio ocorre em um dos componentes da linguagem (fonológico) e não no nível articulatório, e durante o desenvolvimento da criança. A etiologia do desvio é desconhecida, embora haja trabalhos envolvendo possíveis fatores influentes. O desvio fonológico pode ser caracterizado quanto à gravidade, bem como quanto às características presentes no sistema fonológico destes sujeitos. Pioneiros no estudo da gravidade do desvio fonológico, Shriberg & Kwiatkowski (1982) propuseram uma análise quantitativa para verificar o grau de gravidade do desvio fonológico. Esta análise baseia-se no cálculo do Percentual de Consoantes Corretas (PCC), o qual é obtido através da divisão do Número de Consoantes Corretas (NCC) pelo Número de Consoantes Corretas (NCC) adicionado ao Número de Consoantes Incorretas (NCI), multiplicado por cem. A partir do resultado do PCC, o desvio fonológico pode ser classificado como grave (PCC < 50%), moderadamente-grave (50% < PCC < 65%), levemente-moderado (65% < PCC < 85%) e leve (85% < PCC < 100%). 3. Metodologia O discurso analisado é a narrativa de uma estória contada por uma menina com desvio fonológico de grau de gravidade leve (96,36%) com idade de 6 anos e 9 meses. A criança faz parte do banco de dados do projeto de dissertação de mestrado desta autora, intitulado Correlação entre a Inteligibilidade da Fala e o Grau de Severidade do Desvio Fonológico a partir da Análise de Três Grupos Distintos de Julgadores, registrado no CEP da Universidade Federal de Santa Maria sob nº 106/ P á g i n a
7 Além da avaliação fonológica, a qual avaliou a nomeação e a fala espontâneas, foi aplicada, através de gravuras temáticas, retiradas da Nova Dimensão em Produção de Textos (ALMEIDA, 1993), uma prova narrativa a fim de se obter uma amostra de fala espontânea para análise dos julgadores daquela pesquisa. Para a coleta da narrativa foram utilizadas três sequências lógicas apresentadas cada uma em três quadros de cenas. As figuras foram apresentadas para a criança, que deveria colocar na sequência correta de eventos, e, após, foi solicitado que inventasse uma história ou relato sobre as sequências de figuras. Neste estudo, será utilizada apenas uma das narrativas produzidas pela criança. A estória analisada neste trabalho gira em torno de uma família de patos que se envolve em uma briga com um cachorro e acaba sujando a roupa que havia sido lavada pela dona da casa (Figura 1). Figura 1 Figuras temáticas para a produção narrativa pela criança 147 P á g i n a
8 Os dados coletados foram gravados, transcritos foneticamente e analisados, sendo que os dados da fala do sujeito desta pesquisa foram verificados e julgados por três fonoaudiólogas. Neste trabalho serão aplicados os conceitos da Teoria da Argumentação na Língua (TAL) ao estudo do discurso da criança com desvio fonológico. Durante a análise, serão apontados os enunciadores possíveis para cada enunciado produzido pelo locutor. 4. Análise NARRATIVA Primeru a tinta tava ela tava passeandu cum us patinhu dela. Depois u cachorrinhu tava brabu. Depois eli quiri a mulhé tava lavandu a ropa. I depois ela tava colocandu as ropa pa secá num poti. I depois a tinta tava de pé. I depois u cachorrinhu brigô cum patinhu otu patinhu fuchiu i a mulher viu u patinhu correnu i viu u cachorru latindu brigandu cum patinhu i ti daí virô a tinta u cachorrinhu tava suju i us patim daí sujô toda a ropa de novo. A mulher tinha qui lavá de novo. I daí a pata ficô furiossa. I daí us patinhu ficaram feliz. A partir da narrativa apresentada acima, em que o sujeito presente no enunciado remete à função de sujeito empírico (SE), já que é o autor do enunciado, pode-se perceber que o posicionamento do SE é de identificação, já que se identifica com os pontos de vista do enunciador. Esse posicionamento pode ser observado pelos exemplos que seguem abaixo, em que se apresenta o enunciado produzido pela criança (SE) e os possíveis enunciadores. Conforme Ducrot (1980), o enunciado contém instruções em que o interpretante deve buscar na situação de discurso um tipo de informação com o intuito de reconstruir o sentido que o locutor quer transmitir, e é isso que foi feito, como segue abaixo, através do apontamento de enunciadores. 148 P á g i n a
9 Enunciado: Ela estava passeando com os patinhos dela. E1 = passeando com os patinhos dela e não os de outra pata. Enunciado: O cachorrinho estava bravo. E2 = o cachorrinho não estava manso. Enunciado: A mulher estava lavando a roupa. E3 = a mulher estava lavando a roupa, portanto ela não estava lavando outra coisa. E4 = a mulher estava lavando, portanto ela não estava exercendo outra ação. Enunciado: E depois ela estava colocando as roupas para secar em um pote. E5 = antes ela não estava colocando as roupas para secar. E6 = ela estava colocando as roupas para secar em um pote e não em outro lugar. Enunciado: E depois a tinta estava em pé. E7 = a tinta não estava caída. Enunciado: E depois o cachorrinho brigou com o patinho, outro patinho fugiu. E8 = o cachorrinho brigou com um dos patinhos, não com todos. E9 = o cachorrinho não brigou com aquele patinho que fugiu. E10 = um patinho conseguiu fugir, mas outro brigou com o cachorrinho. Enunciado: e a mulher viu o patinho correndo. E11 = a mulher viu que havia alguma movimentação dos patinhos. Enunciado: e viu o cachorro latindo brigando com o patinho. E12 = viu que o cachorro não estava calmo. Enunciado: e que daí virou a tinta. E13 = provocou um acidente virando a tinta. 149 P á g i n a
10 Enunciado: o cachorrinho e os patinhos estavam sujos. E14 = a tinta sujou os patinhos e o cachorrinho. E15 = a tinta não limpa os patinhos e o cachorrinho, ela suja. Enunciado: daí sujou toda roupa de novo. E16 = a roupa que havia sido lavada sujou novamente. Enunciado: A mulher tinha que lavar de novo. E17 = a roupa que foi suja pela tinta que os animais viraram deve ser limpa. E18 = a roupa já havia sido lavada antes pela mulher. Enunciado: E daí a pata ficou furiosa. E19 = a briga com seus filhotes fez com que a pata ficasse furiosa. E20 = a pata estava calma antes. E21 = não se deve brigar com os patinhos para que a pata não fique furiosa. Enunciado: E daí os patinhos ficaram felizes. E22 = antes os patinhos não estavam felizes agora os patinhos ficaram felizes. Conforme Ducrot (1971), cada enunciado tem somente de fornecer pontos de referência, que permitam localizar a significação. Na narrativa produzida pela criança com desvio fonológico desta pesquisa, pode-se observar que os enunciados possibilitaram a identificação da significação. Nota-se, a partir das informações contidas na narrativa, a preocupação e a vontade de informar do sujeito. Ducrot (op.cit.) afirma que a organização da língua está pressuposta na determinação de seus elementos, sendo que para Saussure um elemento é aquilo que os outros não são. Cada enunciador exposto acima, é aquilo que os outros não são. Observa-se que a ordem e a disposição dos enunciados imitaram a organização do pensamento da criança com desvio fonológico, a qual pôde 150 P á g i n a
11 contar com a ajuda das figuras para a organização da narração dos eventos. Para Ducrot (op.cit.), a língua é vista como uma organização própria, regular e ordenada, a qual estabelece correspondências entre os morfemas, sendo que o arranjo desses morfemas parece um epifenômeno em cada língua. Segundo Ducrot (1980), a descrição linguística de uma frase implica que o sentido de seus enunciados seja diferente de acordo com a situação de discurso, e que possa haver múltiplas leituras para um dado enunciado. Através do apontamento dos possíveis enunciadores de cada enunciado produzido pelo sujeito da pesquisa, pôde-se realizar diferentes leituras de cada um dos enunciados. 5. Considerações finais Conforme a concepção da TAL, a argumentação está na língua e a função dessa é argumentar. O objetivo do artigo foi utilizar os conceitos da Teoria da Polifonia na tentativa de explicar como a argumentação se constrói no discurso. Sabe-se, conforme admite Ducrot, que há uma organização dos termos em uma língua e que essa organização é própria. A língua, para ele, é utilizada por nós como instrumento de transmissão de informações uns aos outros. Através da análise da narrativa de uma criança com desvio fonológico, observou-se que seu discurso é organizado e transmitiu as informações necessárias para seu entendimento. A Teoria da Polifonia ajudou-nos a compreender o sentido do discurso produzido pela criança, já que puderam ser observados os movimentos argumentativos presentes em sua narrativa. Portanto, há possibilidade de análise de outras produções orais, como a narrativa de estórias produzidas por crianças com graus mais graves de desvio fonológico, já que se mostrou efetiva a utilização dos conceitos da Teoria da Polifonia. 151 P á g i n a
12 Referências bibliográficas ALMEIDA, Z. Nova Dimensão em Produção de Textos. Belo Horizonte: Editora Dimensão, DUCROT, O. Linguagem e Comunicação. In.: Estruturalismo e Lingüística. São Paulo: Editora Cultrix, Analyse de textes et linguistique de l énonciation. Paris: Minuit, Enunciação. In.: Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, Polifonía y argumentación. Conferencias del Seminario Teoría de la Argumentación y Análisis del Discurso. Cali: Universidad del Valle, INGRAM, D. Phonological disability in children. London: Whurr Publishers Limited, LAMPRECHT, R.R. Sobre os Desvios Fonológicos. In.: LAMPRECHT, R.R. (Org.) Aquisição Fonológica do Português: perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, SHRIBERG, L.D. & KWIATKOWSKI, J. Phonological disorders I: A diagnostic classification system. Journal of Speech and Hearing Disorders, v.47, p , P á g i n a
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