Coordenação-Geral de Tributação

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1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Consulta nº Data 21 de setembro de 2017 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Código NCM Mercadoria: Bebida com teor alcoólico de 16,5% em volume, constituída pela mistura de álcool etílico potável, açúcar, leite condensado, extrato natural de cacau, corante caramelo 150d e água potável, apresentada em garrafas de 900 ml, denominada comercialmente coquetel de álcool etílico potável e extrato de cacau. Dispositivos Legais: RGI 1 (textos da Nota 3 do Capítulo 22 e da posição 22.08) e RGI 6 (texto da subposição ) da TEC, aprovada pela Resolução Camex nº 125, de 15 de dezembro de 2016, e da Tipi, aprovada pelo Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de 2016, e subsídios extraídos das Nesh, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 1992, e atualizadas pela IN RFB nº 807, de 2008, e alterações posteriores. Relatório Fundamentos Identificação da mercadoria: 3. Trata-se de bebida com graduação alcoólica de 16,5% em volume, constituída pela mistura de álcool etílico potável de origem agrícola retificado, açúcar, leite condensado, extrato natural de cacau, corante caramelo 150d e água potável, denominada comercialmente coquetel de álcool etílico potável e extrato de cacau. Classificação da mercadoria: 4. Os processos administrativos de consulta sobre classificação de mercadorias são disciplinados segundo o disposto na IN RFB nº 1.464/2014, com aplicação das Regras Gerais Interpretativas para o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de 1

2 Fls. 2 Mercadorias (RGI-SH), constantes do Anexo à Convenção Internacional de mesmo nome, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 71, de 11 de outubro de 1988, e promulgada pelo Decreto nº , de 23 de dezembro de 1988, com posteriores alterações aprovadas pelo Secretário da Receita Federal do Brasil, por força da competência que lhe foi delegada pelo art. 2º do Decreto nº 766, de 3 de março de 1993, bem assim como das Regras Gerais Complementares (RGC) à Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), constante da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex nº 125, de 15 de dezembro de 2016, e da Tabela de Incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (Tipi), aprovada pelo Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de A classificação fiscal de mercadorias deve, igualmente, seguir as orientações e esclarecimentos fornecidos pelas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (Nesh), internalizadas no Brasil pelo Decreto nº 435, de 27 de janeiro de A versão atual das Nesh foi aprovada pela Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil (IN RFB) nº 807, de 11 de janeiro de 2008, atualizada pelas IN RFB nº 1.072, de 30 de setembro de 2010, nº 1.260, de 20 de março de 2012 e nº 1.667, de 4 de novembro de 2016, por força da delegação de competência outorgada pelo art. 1º da Portaria MF nº 91, de 24 de fevereiro de Ainda que não constituam instrumento legal para a classificação fiscal de mercadorias, as Nesh são elemento subsidiário fundamental para interpretação da Nomenclatura do SH e correta classificação fiscal de uma determinada mercadoria. 6. Conforme referido no parágrafo anterior, as Nesh, mesmo constituindo elemento subsidiário fundamental para a classificação fiscal de mercadorias, não possuem força legal nesse sentido, fazendo-se sempre necessário o recurso às RGI-SH e às RGC da NCM para atribuição do código correto de um produto específico. A RGI 1 determina que a classificação de mercadorias é feita pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo, só se fazendo recurso às demais RGI quando não for possível o enquadramento por aplicação dessa RGI, bem como nos casos de produtos com características específicas. Por seu lado, a RGI 6 aplica às subposições as mesmas Regras utilizadas ao nível de posição, enquanto que as RGC são utilizadas ao nível da NCM. A análise e aplicação das Regras de classificação e os subsídios fornecidos pelas Nesh irão, desse modo, definir o código correto para classificação das mercadorias. 7. No caso em exame, verifica-se que o Capítulo 22 da NCM é destinado às bebidas, aos líquidos alcoólicos e aos vinagres, enquanto a Nota 3 deste Capítulo diz: 3.- Na acepção da posição 22.02, consideram-se bebidas não alcoólicas as bebidas cujo teor alcoólico, em volume, não exceda 0,5 % vol. As bebidas alcoólicas classificam-se, conforme o caso, nas posições a ou na posição (grifei) 8. Dentre as posições válidas para a classificação das bebidas alcoólicas do Capítulo 22, tem-se que a posição é uma posição fechada que compreende apenas as cervejas de malte, e que as posições 22.04, e não podem acomodar a mercadoria objeto da presente consulta, conforme seus próprios textos abaixo transcritos: Vinhos de uvas frescas, incluindo os vinhos enriquecidos com álcool; mostos de uvas, excluindo os da posição Vermutes e outros vinhos de uvas frescas aromatizados por plantas ou substâncias aromáticas. 2

3 Fls Outras bebidas fermentadas (por exemplo, sidra, perada, hidromel); misturas de bebidas fermentadas e misturas de bebidas fermentadas com bebidas não alcoólicas, não especificadas nem compreendidas noutras posições. 9. Deste modo, uma vez que a mercadoria em análise não é uma bebida fermentada, uma mistura de bebidas fermentadas, tampouco uma mistura de bebidas fermentadas com bebidas não alcoólicas, não corresponde ao texto da posição e não há como nesta posição classificar-se como pretende o Interessado. 10. Uma vez afastada a pretensão classificatória da consulente, resta, em consonância com a segunda parte da Nota 3 desse Capítulo, a posição 22.08, a qual, ao desdobrar-se em subposições, reclama a incidência da RGI-6, que estabelece que a classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para os efeitos legais, pelos textos dessas subposições, sendo comparáveis apenas subposições do mesmo nível Álcool etílico não desnaturado, com um teor alcoólico, em volume, inferior a 80 % vol; aguardentes, licores e outras bebidas espirituosas Aguardentes de vinho ou de bagaço de uvas Uísques Rum e outras aguardentes provenientes da destilação, após fermentação, de produtos da cana-de-açúcar Gim e genebra Vodca Licores Outros 11. De modo a definir a subposição mais adequada a alocar a mercadoria em análise, recorremos às Nesh da posição que dizem: Esta posição abrange, qualquer que seja o seu teor alcoólico: A) As aguardentes, que se obtêm (sem adição de qualquer aromatizante) por destilação de líquidos fermentados naturais, tais como o vinho, a sidra, ou ainda de frutas, bagaços, sementes e outros produtos vegetais semelhantes, previamente fermentados; caracterizam-se por conservarem um buquê ou aroma particular, devido à presença de constituintes aromáticos secundários (ésteres, aldeídos, ácidos, álcoois superiores (voláteis), etc.), inerentes à própria natureza da matéria destilada. B) Os licores, que são bebidas espirituosas (alcoólicas) adicionadas de açúcar, de mel ou de outros edulcorantes naturais e extratos de essências (por exemplo, as bebidas espirituosas (alcoólicas) obtidas seja por destilação, seja por mistura de álcool etílico ou de destilados espirituosos (alcoólicos) com um ou vários dos produtos seguintes: frutas, flores ou outras partes de plantas, extratos, essências, óleos essenciais ou sucos, mesmo concentrados). Entre esses produtos, podem-se citar os licores que contêm cristais de açúcar, os licores de sucos de frutas, os licores à base de ovos, os licores à base de ervas, de bagas e aromatizantes, os licores de chá, de chocolate, de leite e de mel. C) Todas as outras bebidas espirituosas (alcoólicas) não incluídas em qualquer outra posição deste Capítulo. (...) (grifei) 3

4 Fls O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define licor como: bebida alcoolizada, espessa, açucarada e não fermentada que é preparada por destilação, maceração ou pela adição de essências. 13. Assim, com o uso da RGI 6 e com o auxílio das Nesh acima citadas, verifica-se que o produto, obtido pela mistura de álcool etílico potável, açúcar, leite condensado, coco e água potável, uma bebida açucarada e cremosa (constatado pelos teores de açúcar e leite condensado), enquadra-se perfeitamente na definição de licores compreendidos pela subposição , que não possui desdobramentos regionais. 14. Estes são os fundamentos legais. Conclusão 15. Com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado RGI 1 (textos da Nota 3 do Capítulo 22 e da posição 22.08) e RGI 6 (texto da subposição ) constante da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução. Camex nº 125, de 15 de dezembro de 2016, e da Tipi, aprovada pelo Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de 2016, e subsídios extraídos das Nesh, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 1992, e atualizadas pela IN RFB nº 807, de 2008, e alterações posteriores, a mercadoria bebida com teor alcoólico de 16,5% em volume, constituída pela mistura de álcool etílico potável, açúcar, leite condensado, extrato natural de cacau, corante caramelo 150d e água potável, apresentada em garrafas de 900 ml, denominada comercialmente coquetel de álcool etílico potável e extrato de cacau CLASSIFICA-SE no código NCM Ordem de Intimação Aprovada a Solução de Consulta pela Comitê constituído pela Portaria RFB n.º 1.092, de 30 de maio de 2014, e nº 1.921, de 13 de abril de 2017, à sessão de 14 de setembro de Divulgue-se e publique-se nos termos do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 1.464, de 8 de maio de Remeta-se o presente processo [informação sigilosa] para ciência do Interessado e demais providências cabíveis. CARLOS HUMBERTO STECKEL Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil DANIELLE CARVALHO DE LACERDA Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil LUIZ HENRIQUE DOMINGUES Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil CLAUDIA ELENA FIGUEIRA CARDOSO NAVARRO Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil Relatora Presidente do Comitê 4

5 Fls. 5 5