Compromisso da Psicologia com a Visibilidade e Notificação da Violência contra as Mulheres. Valeska Zanello
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- Maria das Dores Antunes
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1 Compromisso da Psicologia com a Visibilidade e Notificação da Violência contra as Mulheres Valeska Zanello
2 Especificidades da violência contra a mulher
3 Várias portas de entrada dos casos de violência, mas sobretudo na saúde e na SAÚDE MENTAL. Violência física deixa marcas visíveis, na saúde mental podem ser invisibilizadas e lidas como sintoma psiquiátrico. Psiquiatrização de respostas plausíveis: medicalização, não notificação (nem comunicação) e não referência à rede.
4 Pesquisa, exemplos de fala dos profissionais psi sobre a relação profissional com a violência sofrida pela paciente: Psiquiatra: em relação à conduta médica, medicamentosa, havendo ou não violência, eu vou medicar para o quadro depressivo. Se é motivado ou não, se o motivo é ou não a violência, não vai mudar minha conduta (Pedrosa & Zanello, 2016, p.3). Psicóloga do CAPS: nem sempre eu puxo (perguntas sobre a violência sofrida); na verdade, a gente vai levando assim, até porque nem é muito meu papel (...) ficar puxando a questão assim (Pedrosa & Zanello, 2016, p. 4).
5 Psicóloga: é... primeiro o que é violência para a pessoa né? Não sou eu que vou dizer que ela tá sofrendo uma violência, porque, bom, ela viveu isso a vida inteira, então, às vezes, ela não tá se sentindo violentada, não é nada disso. Então, o momento em que ela sentiu que está sendo uma violência, que eu também tenho muita reserva para falar desse assunto. Primeiro, porque eu não tenho muita propriedade para falar deste conceito, porque eu acho que é um conceito a violência né? E também porque não é o foco do trabalho, né? Eu não parto daí, ela faz parte (profissional da área psi5).
6 E que, às vezes, as mulheres usam a Maria da Penha, eu digo assim, que tinha que ter o João da Penha também, porque as mulheres usam isso de uma forma distorcida, para ter esse poder assim: ela não consegue sair do jogo da violência, mas vai lá e usa a Maria da Penha [risada]. É difícil, é delicado também. Acho que não é garantido que a mulher que tá lá na Maria da Penha, que ela tá realmente sofrendo violência e não está violentando ninguém, ou tá realmente havendo um trabalho para ela sair dai. Hm... é basicamente isso que eu conheço (profissional da área psi5).
7 Fala sobre a notificação É... é... e sinceramente as que a gente preencheu não foram pra lugar nenhum, por que nenhuma delas teve um processo resolutivo de proteger alguém, então... aí tem esses dois lados que faz desistir, que dá muito trabalho, de não ter tempo pra isso sempre e outro que não dá em nada. (...) por que eu pessoalmente acho que as notificações servem pra proteger, mas eu acho que assim, a gente tem que... é o que eu falo: denuncia, criminalização é importante, mas é um papel muito reduzido, eu acho, do que a gente pode fazer nesse caso. (...) Eu denunciei. E não ajudou de nada. Foi o que eu falei no dia, eu tinha falado antes: gente, é... pode adiantar pra dizer que eu me amparei como psicólogo, que eu fiz a notificação, que eu sei que é verdade, então pensando na, no meu não indo pra reta, é ótimo notificar, que se a mulher morre eu falo: notifiquei. Então pensando em mim é ótimo, mas pensando em vínculo terapêutico, em negociação de tudo o que eu falei antes cara... cagou o caso. Acabou mesmo, lascou tudo. Mas a gente conhece a ficha, mas a gente quase não preenche. A gente tem as fichas, inclusive, no nosso armário. Eu acho ela super complicadas... elas super...
8 Notificação não é comunicação externa
9 O que deveria ser feito? tornar compulsórias matérias específicas sobre gênero, violência contra as mulheres, desdobramentos na saúde física e mental, notificação e comunicação externa, nos cursos de graduação relacionados à saúde; adoção, nos serviços de saúde mental, de um protocolo de triagem, no qual os casos de violência possam ser detectados, de preferência, precocemente; treinamento continuado sobre gênero, violência contra as mulheres, rede de serviços e apoio a mulheres vítimas de violência, formas de acolhimento, etc. criação de grupos de mulheres em sofrimento psíquico, vítimas de violência doméstica e/ou por parceiros íntimos. Por estimular fatores terapêuticos grupais, esse tem sido um instrumento bastante utilizado nas intervenções. Trata-se também de politizar um drama pessoal, levando à consciência de gênero;
10 Prevenção. Segundo Koss (1990), dois aspectos são aqui fundamentais: fortalecer a capacidade individual de estratégias de enfrentamento (para diminuir a vulnerabilidade), mas também, intervir de forma planejada, para provocar mudanças sociais. Aqui os dados epidemiológicos são essenciais para o delineamento das ações, as quais podem ser de diferentes ordens, tais como campanhas publicitárias educativas, projetos nas escolas, programas de promoção de igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, etc. Comunicação externa em casos de sério risco de feminicídio. Nota técnica e minuta de resolução.
QUERIDO(A) ALUNO(A),
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