EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE FLORIANÓPOLIS/SC.

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE FLORIANÓPOLIS/SC. Autos nº PAULO ROBERTO DE BORBA, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu Advogado adiante assinado, vem respeitosamente, tendo em vista serôdia e inoportuna petição da OAB/SC, alegando interesse em atuar como assistente de acusação e que pretende interpor Recurso expor e requer: 01. Em judiciosa decisão, este r. juízo cassou recebimento de denúncia manifestamente abusiva e ilegal, tendo recebido implicitamente aplausos do MPF, que além de expressar seu desejo de não recorrer, renunciou ao prazo, momento em que ganha estabilidade a decisão judicial, não admitindo mais assistente de acusação que por óbvio não pode atuar em feito extinto. 02. Ainda que assim não fosse, nosso ordenamento jurídico não admite a alegação futura de que pretende interpor recurso em sentido estrito, deixando transcorrer in albis, o

2 prazo para sua interposição, não havendo que se falar em reabertura de prazo para as razões de recurso que não foi interposto. 03. As únicas exceções que prevê o prazo de 15 dias para assistente de acusação não habilitado estão previstas no artigo 584, 1 o, do CPP: Art Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. Art Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público. 04. Ainda que assim não fosse, o artigo 268 do CPP permite que o ofendido - sujeito passivo da ação penal, que deve ser entendido como aquele cujo bem jurídico é

3 atingido pela conduta penalmente típica-, ou, seu representante legal (artigo 31 do CPP), intervenha como assistente de acusação, nas ações penais públicas, situação não vislumbrada na espécie, em que o objeto é a FÉ PÚBLICA. 05. Sim, pois, o ilícito penal em questão atinge exclusiva "vitimização difusa", em face do qual não se vislumbra um sujeito passivo personificado, diretamente atingido pela conduta típica, inexistindo a possibilidade de que alguém venha a habilitar-se como assistente de acusação. 06. Ou seja, na espécie o sujeito passivo da infração é a coletividade, não sendo possível a intervenção de assistente de acusação, no caso a OAB/SC, ainda que haja eventual prejuízo. 07. Nesse sentido, o ensinamento de Vicente Greco Filho: Ofendido tem sentido técnico penal; é o sujeito passivo da infração. Nas infrações em que não há ofendido determinado, em que o sujeito passivo é a coletividade, não pode haver assistente, ainda que tenha havido um prejudicado. Por exemplo, no caso de crime de tráfico de entorpecentes, um dos núcleos do tipo é "ministrar". Alguém foi prejudicado com o ato de ministrar, mas não poderá ingressar como assistente, porque o crime do art. 12 da Lei n /1976 é de perigo contra a saúde pública, sendo o sujeito passivo a coletividade. O mesmo pode

4 ocorrer, entre outras hipóteses, com crimes contra a fé pública, nos quais pode haver um prejudicado com a falsidade. No caso de contravenção penal, também, não há ofendido" Repita-se, não há ofendido/vítima determinado. E como não há ofendido, não é possível legitimar pessoa física ou jurídica como assistente de acusação. 09. Com efeito, não se pode socorrer do amplo alcance que deve ser dado ao instituto da assistência à acusação para admiti-la em processos cujos crimes não autorizam esta intervenção. 10. Ademais, está-se diante de um processo cujo MPF não restou inerte, pois manifestou expressamente a renúncia do prazo processual, porquanto eventual deferimento do pedido de assistência, nessa fase é ineficaz, na medida em que o órgão acusatório entendeu pela rejeição da denúncia, não possuindo, portanto, a OAB/SC legitimidade recursal de uma ação penal que se tornou obsoleta. 12. Dessa forma, requer-se seja CERTIFICADO o trânsito em julgado, remetendo essa ignomiosa e torpe acusação, urdida por interesses escusos que induziram o digno 1 GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 223.

5 Procurador da República em erro, para o limbo do arquivo judicial, por ser medida de JUSTIÇA. Termos em que, Pede-se deferimento. Florianópolis, 08 de novembro de CLÁUDIO GASTÃO DA ROSA FILHO OAB/SC n.º 9.284