EXTENSIVO PLENO Direito Internacional Prof. Diego Pereira Machado
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- Rosa Aranha Peixoto
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1 MATERIAL DE AULA NACIONALIDADE Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado, permitindo que ele (nacional) desfrute de direitos e submeta-se a obrigações. Princípio da atribuição estatal da nacionalidade. Nacionalidade não se confunde com cidadania. Conforme Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, art. 15, a nacionalidade é um direito humano, ou seja, um direito fundamental. Há dois tipos de nacionalidade: 1 primária, originária ou involuntária; e 2 secundária, adquirida ou voluntária. PRIMEIRO TIPO: NACIONALIDADE PRIMÁRIA. SÃO OS BRASILEIROS NATOS, são todas as hipóteses do inciso I do art. 12 da CF. - Artigo 12, I, a : trás a regra, que é a do jus solis. - Artigo 12, I, b : aqui é a exceção, em que o vínculo é o ius sanguinis. - Artigo 12, I, c : Ver EC 54/2007. SEGUNDO TIPO: NACIONALIDADE SECUNDÁRIA. Um estrangeiro pode adquirir a nacionalidade dum país com o casamento ou com a naturalização. No Brasil o casamento não funciona. Esse tipo de naturalização, que é expressa, divide-se em dois tipos: ordinária e extraordinária. A naturalização ordinária possui quatro tipos: - 1
2 a) estrangeiros não originários de países de língua portuguesa (art. 12, II, a, primeira parte). Requisitos: art. 112 do E.E. b) originários de países de língua estrangeira (art. 12, II, a, segunda parte). Requisitos: residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral. c) portugueses (art. 12, parágrafo 1). Naturalização extraordinária ou quinzenária: Requisitos: a) Residência a mais de 15 anos ininterruptos; b) Não haja condenação penal. Esta cria direito público subjetivo, preenchidos os requisitos o ato de concessão é vinculado. Radicação precoce e conclusão de curso superior. São duas forma de naturalização legais, previstas no EE em seus arts. 115 e 116. Perda da nacionalidade. Está prevista de forma taxativa no art. 12, parágrafo 4 da CF. Não há perda da nacionalidade por renúncia. Eu não posso ir à Justiça e dizer quero renunciar à minha nacionalidade brasileira. REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA PERDIDA: 1 Cancelamento da naturalização: como o cancelamento é por sentença judicial, nesse caso para readquirir é só por ação rescisória; 2 Aquisição de outra nacionalidade: para readquirir a nacionalidade brasileira nesse caso tem que fazer um pedido ao Presidente da República. O ex-brasileiro, que quer readquirir a nacionalidade, tem que estar residindo no Brasil (conf. Lei 818/49). - 2
3 Com qual posição volta o sujeito que conseguiu a reaquisição, vamos seguir a doutrina majoritária (Pontes de Miranda, Mirtô Fraga, José Francisco Rezek e Valério): entende que a pessoa não volta com o mesmo status. Se era brasileiro nato, volta como naturalizado, não podendo concorrer aos cargos privativos a brasileiros natos. Se era naturalizado, volta como renaturalizado, e assim sendo, ele pode ser extraditado, deportado ou expulso. É um processo mais facilitado, não precisando passar por um procedimento judicial. Distinção entre brasileiro nato e naturalizado. Regra: A lei não pode distinguir entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nas hipóteses da CF (art. 12, parágrafo 2). Porém a própria CF trás algumas hipóteses em que permite tal discriminação, são elas: 1) Para o exercício de alguns cargos, art. 12 parág. 3º da CF; 2) Para o exercício de função, art. 89, VII; 3) Extradição, art. 5º, LI; 4) Direito de propriedade, art. 222; 5) Cancelamento da condição de nacional em razão da prática de atividade nociva ao interesse nacional, art. 12, parág. 4º, I. CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO EXPULSÃO - É o ato pelo qual o estrangeiro, com entrada ou permanência regular no Brasil, é obrigado a abandonar o País. Isso ocorre quando ele atentar contra a segurança nacional, a ordem pública ou social, a tranqüilidade ou a moralidade pública e a economia popular, ou quando seu procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. A expulsão não é uma pena, mas sim medida administrativa. Ato discricionário (jurídico-político) do Presidente da República (mediante Decreto). Somente são expulsos estrangeiros com permanência regular no país. O expulso não poderá retornar ao Brasil, somente no caso de revogação do Decreto de expulsão do Presidente da República. Eventual ingresso do expulso fora dessa situação poderá submetê-lo a julgamento, segundo o Código Penal, art. 338: Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena reclusão de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. - 3
4 DEPORTAÇÃO - É o processo de devolução de estrangeiro com permanência irregular no Brasil ou que incorra nos casos do art. 57 do Estatuto do Estrangeiro (ex.: aquele que, com visto de trânsito ou de turista, ou temporário como estudante, exercer atividade remunerada no Brasil). Ele compulsoriamente deve retornar para o seu Estado ou para aquele de onde proveio. É deportado o estrangeiro que se encontra com visto de permanência vencido ou que entra no país sem visto válido. EXTRADIÇÃO: EXTRADIÇÃO NO BRASIL: ART. 5 da CF: LI divisão: 1 regra: nenhum brasileiro será extraditado; 2 o brasileiro nato nunca será extraditado; 3 o brasileiro naturalizado será extraditado em duas hipóteses: quando praticar crime comum antes da naturalização e quando estiver envolvido em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. 4 é possível a entrega de nacionais ao TPI. Art. 5 da CF: LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Caso Pinochet. Entendimentos JURISPRUDENCIAIS do STF: - EXT. 766/00 - O fato do extraditando possuir domicílio no Brasil, não é causa impeditiva da extradição (Lei nº 6.815/80, art. 77); EXT. 897/05 - "O Supremo Tribunal Federal não deve autorizar a extradição, se se demonstrar que o ordenamento jurídico do Estado estrangeiro que a requer não se revela capaz de assegurar, aos réus, em juízo criminal, os direitos básicos que resultam do postulado do due process of law (...)"; - EXT. 855/05 - "Extradição e prisão perpétua: necessidade de prévia comutação, em pena temporária (máximo de 30 anos), da pena de prisão perpétua revisão da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em obediência à Declaração Constitucional de Direitos (CF, art. 5º, XLVII, b). A extradição somente será deferida pelo Supremo Tribunal Federal, tratando-se de fatos delituosos puníveis com prisão perpétua, se o Estado requerente assumir, formalmente, quanto a ela, perante o - 4
5 Governo brasileiro, o compromisso de comutá-la em pena não superior à duração máxima admitida na lei penal do Brasil (CP, art. 75), eis que os pedidos extradicionais considerado o que dispõe o art. 5º, XLVII, b da Constituição da República, que veda as sanções penais de caráter perpétuo estão necessariamente sujeitos à autoridade hierárquico-normativa da Lei Fundamental brasileira. Doutrina. Novo entendimento derivado da revisão, pelo Supremo Tribunal Federal, de sua jurisprudência em tema de extradição passiva." CRÍTICA DE MUITOS: INCENTIVO À IMPUNIDADE! - E quanto à pena de morte? Aí há previsão expressa do Estatuto do Estrangeiro, art. 91, III, em que diz que não pode ser efetivada a entrega do extraditando sem que o Estado requerente assuma o compromisso de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação (caso de guerra declarada.) - EXT. 1104/08 - Preso preventivamente. Detração no cumprimento da pena. Cabe ao Poder Executivo exigir a detração, comutação prévia. Requisito para a entrega do extraditando/concernido. - EXT. 688/97 - A extradição não será concedida, se, pelo mesmo fato em que se fundar o pedido extradicional, o súdito reclamado estiver sendo submetido a procedimento penal no Brasil, ou já houver sido condenado ou absolvido pelas autoridades judiciárias brasileiras. Ninguém pode expor-se, em tema de liberdade individual, à situação de duplo risco. Essa é a razão pela qual a existência de situação configuradora de double jeopardy atua como insuperável causa obstativa do atendimento do pedido extradicional. Trata-se de garantia que tem por objetivo conferir efetividade ao postulado que veda o bis in idem. EXT. 643/95 - Extradição. Impossibilidade da renúncia ao benefício da lei. A concordância do extraditando em retornar ao seu país não dispensa o controle da legalidade do pedido pelo STF. ; EXT. 524/91 - Não há incompatibilidade absoluta entre o instituto do asilo político e o da extradição passiva, na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo formulado pelo poder executivo na concessão administrativa daquele benefício regido pelo direito das gentes. Disso decorre que a condição jurídica de asilado político não suprime, só por si, a possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas as condições constitucionais e legais que a autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro asilado no Brasil só não será passível de extradição quando o fato ensejador do pedido assumir a qualificação de crime político ou de opinião ou as circunstâncias subjacentes à ação do Estado requerente demonstrarem a configuração de inaceitável extradição política disfarçada. (Ext 524, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 08/03/91). - 5
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