NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA
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- Isabela da Fonseca Vidal
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1 NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA NEWSLETTER CONCORRÊNCIA I 1.º Trimestre 2015 I Destaques Nacionais 2 II Destaques Europeus 4 III Moçambique 6
2 NEWSLETTER CONCORRÊNCIA I DESTAQUES NACIONAIS Tribunal da Relação de Lisboa Tribunal da Relação de Lisboa confirma decisão de condenação da Sport TV por abuso de posição dominante Em 11 de março de 2015, o Tribunal da Relação de Lisboa ( TRL ) confirmou a decisão de condenação da Autoridade da Concorrência ( AdC ) à Sport TV pela prática de abuso de posição dominante no mercado de canais de acesso condicionado com conteúdos desportivos premium. Em 2013, a AdC considerou que a Sport TV aplicou, entre 1 de janeiro de 2005 e 31 de março de 2011, um sistema de remuneração discriminatório nos contratos de distribuição dos canais de televisão Sport TV, celebrados entre esta empresa e as empresas operadoras dos serviços de televisão por subscrição, tendo condenado aquela empresa ao pagamento de uma coima de 3,7 milhões. Em 4 de junho de 2014, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão tinha confirmado o abuso de posição dominante, tendo, contudo, reduzido o montante da coima para 2,7 milhões. O acórdão do TRL julgou totalmente improcedente o recurso apresentado pela Sport TV, mantendo a decisão de primeira instância, confirmando que a empresa abusou da sua posição dominante no mercado de canais de acesso condicionado com conteúdos desportivos premium. Tribunal da Concorrência Tribunal da Concorrência confirma decisão da AdC na ação intentada pela Controlinveste, Zon e PT no âmbito da partilha do capital social da Sport TV Em 28 de janeiro de 2015, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão ( TCRS ) confirmou a decisão da AdC de proibição da operação de concentração, que consistia na aquisição pela Controlinveste Media - SGPS, S.A., pela ZON Optimus, SGPS, S.A. e pela Portugal Telecom, SGPS, S.A., do controlo conjunto das sociedades Sport TV Portugal, S.A., Sportinveste Multimédia, SGPS, S.A. e P.P.TV Publicidade de Portugal e Televisão, S.A.. Em 31 de julho de 2014, a AdC proibiu a referida operação por entender que a mesma poderia criar entraves significativos à concorrência nos mercados de direitos de transmissão televisiva de conteúdos desportivos premium, no mercado de canais de acesso condicionado com conteúdos desportivos premium e nos mercados a jusante destes. As partes notificantes recorreram para o TCRS, tendo requerido a declaração da nulidade da decisão da AdC de passagem a investigação aprofundada da concentração, de 22 de NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA 2/7
3 agosto de 2013, por entenderem que a aprovação da operação se tinha verificado por deferimento tácito. O TCRS considerou agora totalmente improcedente a ação intentada por aquelas três empresas. Autoridade da Concorrência AdC torna obrigatórios compromissos da Peugeot na garantia automóvel Em 23 de março de 2015, a AdC comunicou tornar obrigatório o cumprimento, pela Peugeot Portugal Automóveis ( Peugeot ), dos compromissos por esta apresentados no âmbito do processo de contraordenação relativo a um contrato de extensão de garantia que impedia os consumidores de efetuarem operações de manutenção e reparações em oficinas independentes, sob pena de perderem o direito à garantia do fabricante. Os compromissos apresentados cujo cumprimento por parte da Peugeot será monitorizado pela AdC consistem na (i) alteração de todos os contratos dos quais constasse o impedimento de realização de operações de manutenção ou reparação em oficinas independentes, sob pena de perda do direito à garantia, (ii) devendo tais alterações ser divulgadas pela Peugeot junto da sua rede de concessionários e reparadores oficiais. Para a AdC, estes compromissos estão aptos a eliminar os potenciais efeitos nocivos sobre a concorrência e os interesses dos consumidores. Autoridade da Concorrência AdC adota nota de ilicitude por indícios de abuso de posição dominante no setor de market intelligence Em 24 de março de 2015, a AdC enviou nota de ilicitude a quatro operadores no setor de market intelligence por suspeita de abuso de posição dominante, na forma de esmagamento de margens. As empresas têm agora a oportunidade de exercerem o seu direito de audição e defesa em relação ao ilícito que lhes é imputado e à sanção ou sanções em que poderão incorrer. Autoridade da Concorrência AdC adota Nota de Ilicitude por indícios de prestação de informações falsas, inexatas ou incompletas contra empresa no setor dos transportes Em 25 de março de 2014, a AdC divulgou ter emitido uma Nota de Ilicitude no âmbito de um processo instaurado contra uma empresa no setor dos transportes por indícios de prestação de informações falsas, inexatas ou incompletas, em resposta a um pedido de elementos da AdC. NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA 3/7
4 Este é o segundo processo instaurado no último semestre com base na não prestação de informações ou na prestação de informações falsas, inexatas ou incompletas, ambos no setor dos transportes. A não prestação ou a prestação de informações falsas, inexatas ou incompletas é punida com coimas que podem ir até 1% do volume de negócios da visada no exercício imediatamente anterior ao da sua decisão. II DESTAQUES EUROPEUS Pedido de remessa da análise da concentração Altice / PT apresentado pela AdC à Em 25 de fevereiro de 2015, a Altice notificou a aquisição dos ativos portugueses e húngaros da PT Portugal SGPS à ( Comissão ). Em 5 de março, a AdC apresentou, ao abrigo do artigo 9.º do Regulamento europeu das operações de concentração, um pedido de remessa, por entender ser a autoridade mais bem colocada para analisar a referida operação de concentração. A Comissão que, na presente data, não tinha ainda tornado pública uma decisão quanto à remessa tem recusado remeter para as autoridades de concorrência nacionais a análise de operações de concentração no setor das comunicações eletrónicas, o que torna pouco provável que o processo venha a ser remetido para Portugal. De acordo com informação constante no sítio internet da Comissão, o prazo de avaliação da operação termina em 20 de abril de Comissão envia comunicação de objeções a empresa energética incumbente por suspeita de abuso de posição dominante no mercado do gás natural búlgaro A Comissão enviou uma comunicação de objeções à Bulgarian Energy Holding ( BEH ), a empresa energética incumbente na Bulgária, assim como à sua subsidiária de abastecimento de gás (Bulgargaz) e à sua subsidiária de infraestruturas de gás (Bulgartranz), por suspeita de abuso de posição dominante no mercado do gás natural búlgaro. De acordo com a Comissão, a BEH e as suas subsidiárias terão dificultado o acesso de concorrentes a infraestruturas essenciais para o acesso à atividade, assim como terão reservado capacidade superior às suas necessidades de produção, no gasoduto de importação. Comissão anuncia proposta de inquérito ao setor do comércio eletrónico NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA 4/7
5 Margrethe Vestager, membro da Comissão responsável pela política da concorrência, anunciou a futura proposta de abertura de um inquérito sobre a concorrência no setor do comércio eletrónico. Apesar de serem cada vez mais os produtos e serviços comercializados através da Internet na Europa, o comércio eletrónico transfronteiras no interior da União Europeia regista um crescimento lento, podendo, igualmente, algumas empresas estar a tomar medidas para restringir o comércio eletrónico. Com o inquérito, a Comissão pretende identificar os entraves ao comércio eletrónico que ainda subsistem, a fim de contribuir para a realização de um mercado único digital. Tribunal de Justiça da União Europeia Acórdão do Tribunal de Justiça, de 19 de março de 2015 (C-286/13P) Dole Food c. Troca de informações sensíveis entre concorrentes A 19 de março de 2015, o Tribunal de Justiça da União Europeia ( TJUE ) negou provimento ao recurso interposto pelo importador de bananas Dole do acórdão do Tribunal Geral da União Europeia ( Tribunal Geral ) de 2013, confirmando, assim, totalmente a decisão da Comissão no caso do cartel das bananas por troca de informações sensíveis. Este acórdão vem clarificar o conceito de troca de informações sensíveis entre concorrentes no âmbito do artigo 101.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia ( TFUE ). Em 2008, a Comissão condenou produtores de bananas pela participação numa prática concertada mediante a qual estes coordenavam os preços de referência para as bananas. O Tribunal Geral negou provimento ao recurso da decisão da Comissão interposto pelas partes, tendo o importador de bananas Dole recorrido para o TJUE. Dole alegou, entre outras razões, que a troca de informações ocorrida não era suscetível de eliminar as incertezas quanto ao comportamento previsto pelas empresas em causa em matéria de fixação dos preços reais. Depois de relembrar que a troca de informações entre concorrentes pode ter um objetivo anticoncorrencial quando atenua ou elimina o grau de incerteza sobre o funcionamento do mercado, o TJUE esclareceu que não são apenas as trocas entre concorrentes com efeitos diretos no preço pago pelos consumidores finais que são consideradas práticas concertadas com um objetivo anti concorrencial e, por isso, proibidas. De acordo com o TJUE, as comunicações de pré-fixação de preços e de tendências de preços, ao permitirem reduzir, em cada um dos participantes, a incerteza quanto ao comportamento previsível dos concorrentes, constituem uma prática concertada com o objetivo de restringir a concorrência na aceção do artigo 101. do TFUE. Tribunal de Justiça da União Europeia Acórdão do Tribunal de Justiça, de 5 de março de 2015 (C-93/13 P e C-123/13 P) contra Versalis SpA e Eni SpA e Versalis SpA e Eni SpA contra NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA 5/7
6 Sucessão económica e reincidência A 5 de março de 2015, o TJUE negou provimento aos recursos interpostos por duas empresas condenadas pela Comissão no cartel da borracha de cloropreno. Este acórdão clarifica os conceitos de sucessão económica e reincidência. Quanto à sucessão económica, o Tribunal Geral concluiu que existia uma continuidade económica entre a sociedade cedente envolvida nos cartéis e a sociedade cessionária, empresa que continua a existir. O TJUE afirmou que os casos de responsabilidade de uma sociedade cessionária não se limitam às situações em que uma sociedade cedente, e que cometeu a infração, deixou jurídica ou economicamente de existir. Quando duas entidades constituem uma mesma entidade económica, o facto de a entidade que cometeu a infração continuar a existir não impede, em si mesmo, que a sanção seja aplicada à entidade para a qual transferiu as suas atividades económicas. Em especial, uma tal aplicação da sanção é admissível quando estas entidades estiveram sob o controlo da mesma pessoa e, tendo em conta os laços estreitos que as unem no plano económico e organizacional, aplicaram no essencial as mesmas diretivas comerciais. Quanto à determinação da circunstância agravante da reincidência relativamente à sociedade-mãe, não é necessário que esta tenha sido objeto de um processo anterior na origem de uma comunicação de acusações e a uma decisão, importando, sim, que a declaração anterior de uma primeira infração resultante do comportamento de uma filial com a qual essa sociedade-mãe envolvida na segunda infração constituía, já no momento da primeira infração, uma única empresa na aceção do artigo 101.º do TFUE. De forma a assegurar os direitos de defesa da pessoa coletiva a quem é imputada a reincidência, a referida pessoa coletiva deve ter a possibilidade de se defender no momento em que for acusada de reincidência: a comunicação de acusações dirigida a esta deve demonstrar que a referida pessoa coletiva formava, no momento da primeira infração, uma única empresa com a sociedade relativamente à qual a primeira infração foi declarada. No caso em análise, o TJUE rejeitou a circunstância agravante da reincidência quanto à Eni por entender que as indicações na decisão controvertida não permitem compreender em que qualidade e em que medida a Eni, que não figura nos destinatários das decisões da Comissão, esteve envolvida nas infrações declaradas nessas decisões. III MOÇAMBIQUE Adoção do primeiro regime da concorrência em Moçambique finalizada Na sequência da publicação da Lei da Concorrência de Moçambique (Lei n.º 10/2013, de 11 de abril, conforme pode ler aqui) e do Estatuto da Autoridade Reguladora da Concorrência (Decreto n.º 37/2013, de 1 de agosto), Moçambique publicou o Decreto n.º 97/2014, de 31 de dezembro ( Decreto n.º 97/2014 ), que completa, assim, o conjunto das regras de concorrência moçambicanas. NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA 6/7
7 O Decreto n.º 97/2014 vem definir os critérios de notificação de operações de concentração que, tal como a Lei da Concorrência portuguesa, consistem no critério da quota de mercado (aquisição, criação ou reforço de uma quota de mercado igual ou superior a 50% no mercado nacional ou numa parte substancial deste), no critério do volume de negócios (volume de negócios conjunto das empresas que participam na concentração superior a 900 milhões de meticais em Moçambique) e num critério misto (aquisição, criação ou reforço de uma quota de mercado igual ou superior a 30% mas inferior a 50% desde que o volume de negócios individual de pelos menos duas das partes seja superior a 100 milhões de Meticais em Moçambique). É, igualmente, adotado um regime de clemência (que, não obstante, deverá ser concretizado em diploma posterior) assim como o procedimento para a justificação de práticas restritivas da concorrência que se mostrem capazes de gerar ganhos de eficiência. O legislador moçambicano aproveitou também para densificar alguns conceitos essenciais para o direito da concorrência, como o conceito de posição dominante, de abuso e de dependência económica. CONTACTOS CUATRECASAS, GONÇALVES PEREIRA & ASSOCIADOS, RL Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada LISBOA Praça Marquês de Pombal, 2 (e 1-8º) I Lisboa I Portugal Tel. (351) I Fax (351) cuatrecasasportugal@cuatrecasas.com I PORTO Avenida da Boavista, I Porto I Portugal Tel. (351) I Fax (351) cuatrecasasporto@cuatrecasas.com I A presente Newsletter foi elaborada pela Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL com fins exclusivamente informativos, não devendo ser entendida como forma de publicidade. A informação disponibilizada bem como as opiniões aqui expressas são de carácter geral e não substituem, em caso algum, o aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos, não assumindo a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL qualquer responsabilidade por danos que possam decorrer da utilização da referida informação. O acesso ao conteúdo desta Newsletter não implica a constituição de qualquer tipo de vínculo ou relação entre advogado e cliente ou a constituição de qualquer tipo de relação jurídica. A presente Newsletter é gratuita e a sua distribuição é de carácter reservado, encontrando-se vedada a sua reprodução ou circulação não expressamente autorizadas. Caso pretenda deixar de receber esta Newsletter, por favor envie um para o endereço cuatrecasasportugal@cuatrecasas.com. NEWSLETTER I CONCORRÊNCIA 7/7
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