UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICANÁLISE MESTRADO. Pesquisa e Clínica em Psicanálise

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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICANÁLISE MESTRADO Pesquisa e Clínica em Psicanálise MARIA ANGELA MÁRSICO DA FONSECA MAIA SINTOMA COMO ACONTECIMENTO DE CORPO OS TEMPOS DE CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Dissertação de Mestrado RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2008

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3 SINTOMA COMO ACONTECIMENTO DE CORPO OS TEMPOS DE CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO MARIA ANGELA MÁRSICO DA FONSECA MAIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requesito parcial para obtenção do Título de Mestre em Psicanálise. Orientadora: Márcia Mello de Lima RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2008

4 In memoriam, aos entes queridos que recentemente ganharam outros caminhos. Em vida, aos que acompanham minha caminhada. iii

5 Meus agradecimentos àqueles que me deram o melhor de si. À Márcia Mello de Lima orientadora desta Dissertação. À Heloisa Caldas e Vera Besset colaboradoras da banca deste Mestrado. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ. Aos colegas do Mestrado. Aos colegas da Escola Brasileira de Psicanálise. iv

6 Resumo Maia, Maria Angela. O sintoma como acontecimento de corpo. Os tempos de constituição do sujeito. Rio de Janeiro, 2008, 113 p. Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicanálise Mestrado. Pesquisa e Clínica em Psicanálise. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A proposta desta Dissertação é investigar o sintoma como acontecimento de corpo consoante à expressão repetitiva de marcas. Para tal, discriminamos diferentes temporalidades de formação de marcas e de sintomas. Investigamos e concluímos que o sintoma opera como ponto de tangência entre a teorização inicial e final de Lacan. Assim como, entre as concepções de Freud sobre o sintoma formado a partir do trauma ou da fantasia. Desenvolvemos o caráter de insistência, de repetição do sintoma, e os tempos de constituição do sujeito, que culminam no estudo sobre os tempos de urgência subjetiva. Ressaltamos que o sujeito do inconsciente não se faz presente no dispositivo analítico em muitas situações clínicas. A clínica psicanalítica se orienta para a leitura das marcas que constituem o sujeito, ou ainda, para propiciar novas inscrições. Résumé La proposition de cette Dissertation c'est enquêter le symptôme comme événement de corps, seconde l expression répétitive de marques. Pour tel, nous discriminons différentes temporalités de formation de marques et de symptômes. Nous enquêtons et concluons que le symptôme opère comme point de tangence entre la théorisation initiale et finale de Lacan. Ainsi comme, parmi les conceptions de Freud sur le symptôme formé à departir du traumatisme ou fantaisie. Nous développons le caractère d'insistance, de repetición du symptôme, et des temps de constitution du sujet, qui culminent dans l'étude sur les temps d'urgence subjective. Nous rejaillissons que le sujet do inconscient ne se fait pas présent dans le dispositif analytique dans beaucoup de situations cliniques. La clinique se guide pour la lecture das marques qui constituent le sujet, ou encore, pour derendre propice nouvelle inscription. v

7 Resumen La propuesta de esta Disertación es investigar el síntoma como acontecimiento de cuerpo, según la expresión repetitiva de huellas. Para esto, separamos diferentes temporalidades de formación de huellas y de sintomas. Investigamos y concluímos que el síntoma opera como punto de tangencia entre la teoria inicial y final de Lacan. De la misma manera, entre las concepciones de Freud acerca del trauma o de la fantasia. Desarollamos el carácter de insistir, de repetir del sintoma, y los tiempos de formación del sujeto, los cuales culminan en el estúdio acerca de los tiempos de urgencia subjetiva. Enfatizamos que el sujeto del inconciente no se presenta en el dispositivo de análisis en ciertas situaciones clínicas. La clínica psicoanalítica se orienta para la lectura de las huelllas que constituyen el sujeto, o favorecer nuevas inscriciones. vi

8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO 1 Os tempos do sintoma como acontecimento de corpo 1.1 Formulações iniciais O corpo e os tempos lógicos O Projeto freudiano: uma releitura necessária Da afasia à lalíngua: uma articulação possível? Alguns conceitos complementares O tempo lógico e a constituição das marcas O está escrito em dois tempos Uma vinheta clínica 29 CAPÍTULO 2 Sintoma, trauma, fantasia 2.1 Sintoma e trauma O sintoma: a questão em Miss Lucy O sintoma e o eu Um retorno ao Projeto : do trauma à angústia e ao eu-inibição Formação do sintoma a partir do trauma 54 vii

9 2.2 Sintoma e fantasia Formação do sintoma a partir da fantasia O sintoma como parceiro necessário A generalização do trauma 67 CAPÍTULO 3 Os tempos de constituição do sujeito 3.1 Os tempos da repetição O Uno e a teoria dos traços Os três modos de gozo Real-Ich e sujeito do inconsciente Os tempos de urgência subjetiva 93 CONSIDERAÇÕES FINAIS 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 102 viii

10 1 Introdução Deixemos o sintoma no que ele é: um evento corporal. 1 Esta Dissertação visa discutir a frase em epígrafe. A prática clínica e a teoria em psicanálise sempre consideraram mudanças de paradigmas, de quebra de valores que impiedosamente vêm ocorrendo no âmbito da cultura. Atualmente, o corpo é cada vez mais o lugar privilegiado de inúmeras sintomatologias. Antigos desafios à práxis tornam-se mais agudos. Esse tema surgiu como efeito de minha prática clínica, na qual percebo que os sintomas corporais vêm assumindo um lugar preponderante nas falas dos sujeitos. Que formas de linguagem falam os sintomas de nossos pacientes? Freud fundou a psicanálise na busca de apreender a linguagem corporal do sintoma histérico, em contraposição à medicina que não o considerava, porque não reconhecia sua linguagem. Além de comprovar de onde provém a fala dos histéricos, a teoria do inconsciente fornece um vasto instrumental para reconhecermos suas modalidades sintomáticas. Aceitar o desafio lançado por Freud é o mesmo que se manter no âmago da psicanálise, reconhecendo, tal como ele, os diferentes estatutos de linguagem. Muitas vezes, os psicanalistas recebem pacientes em consultas que, devastados pelo encontro com o real, apenas por meio de ínfimos sinais conseguem se expressar. São casos graves de anorexia, bulimia, toxicomanias e alcoolismo, ou então de angústia difusa, enfim, 1 Lacan, J.- Joyce, o sintoma (1976). In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003, p. 565.

11 2 casos em que os sujeitos não conseguem circunscrever o sintoma como mensagem a ser decifrada. Sustentar o lugar de sujeito suposto saber em um caldo de cultura que oferece tantos objetos para colmatar qualquer questão, é, muitas vezes, um árduo trabalho. O analista não ocupa mais o lugar que lhe fora oferecido como um dado a priori na experiência: fale e o sujeito suposto saber se instaurará. Vivemos uma época não tão amena para a pesca do dizer que fica escondido atrás do que se ouve. 2 Contudo, a sessão analítica, em seu espaço e tempo, favorece a construção de uma topologia do savoir-y-faire em que o psicanalista pode vir a enlaçar uma questão, ou mesmo uma não-questão que toca o registro do real. A conexão entre psicanálise e arte tem demonstrado que o corpo deve ser uma preocupação constante para o psicanalista. Um exemplo precioso foi fornecido por Lacan ao pinçar na obra de James Joyce 3 um episódio em que o artista, sob o impacto de um acontecimento traumático, sente sua pele se desprender de seu corpo. Outro exemplo Lacan foi buscar na obra de Marguerite Duras 4, no qual a artista revela acontecimentos em seu corpo diante de uma cena traumática. Esses exemplos não serão desdobrados nesta Dissertação. Eles são mencionados para corroborarmos a importância que tem, para Lacan, o conceito de sintoma como acontecimento de corpo. A modalidade de sintoma que nos instiga explorar é fundeada em inscrições corporais primordiais, cujas manifestações têm dado margem às imprecisões diagnósticas, tais como as categorias borderline e neurose narcísica, além da fenomenologia descrita nos manuais psicopatológicos, tão criticados por Lacan. A questão sobre o diagnóstico se revela importante. Ela percorre a classificação estrutural neurose, psicose, perversão, também os tipos de sintomas que correspondem a essas estruturas clínicas, e ainda, sintomas que, embora pertençam a uma mesma estrutura clínica, têm para cada sujeito sentidos estritamente particulares. 2 Lacan, J.- O aturdito (1972). In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003, p Joyce J.- Retrato do artista quando jovem (1916). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, pp Duras, M.- O deslumbramento (Le revissement de Lol V. Stein). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

12 3 Exatamente por isso escolhemos como primeira parte do título desta Dissertação Sintoma como acontecimento de corpo uma fórmula não referida aos fenômenos corporais, e sim a acontecimentos de gozo. É o que encontramos na definição de sintoma que nos ocupa e que trazemos agora em sua forma completa. Deixemos o sintoma no que ele é: um evento corporal, ligado a que: a gente tem, a gente tem ares de, a gente areja a partir do a gente tem. Isso pode até ser cantado, e Joyce não se priva de fazê-lo. 5 No original em francês l'on 1'a, l'on l'a de l'air, l'on l'aire, de l'on 1'a percebemos facilmente uma homofonia na canção joyciana. Uma melodia sem sentido, na qual estão presentes os termos ter, e ter o ar de, tão adequados para expressar a questão do falasser ter um corpo e do sujeito evanescente ter o ar de. Essa questão converge, então, para a segunda parte do título desta Dissertação, segundo a terminologia de Lacan 6 Os tempos de constituição do sujeito. Consideramos a conceituação de Lacan sobre o tempo lógico suficientemente conhecida e estudada, uma vez que ela sustenta o que se entende, na psicanálise de orientação lacaniana, sobre a temporalidade, assim como, reorganiza a obra de Freud. Cada temporalidade tem sua particularidade e a passagem de uma para outra se dá por ruptura, corte e não por continuidade. Ao lado disso, há coexistência das temporalidades. Como metodologia, utilizaremos o legado de Freud; a teorização de Jacques Lacan; os desdobramentos de Jacques-Alain Miller, responsável pelo estabelecimento da publicação da obra de Lacan, em concessão do próprio Lacan; e outros autores. No primeiro capítulo buscaremos um ponto de tangência entres os momentos iniciais e finais da obra de Lacan. A princípio, Lacan confere primazia ao significante, em que o Um exige articulação, valendo como significante em uma relação binária a outro 5 Lacan, J.- Joyce, o sintoma, p Lacan, J.- O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1990, p. 238.

13 4 significante, S 2, com o qual faz sistema. Existe um sujeito que deseja, se endereça ao Outro, efeito da articulação própria à estrutura da linguagem. O axioma que podemos extrair daí é: há o Outro. No final de seu ensino o signo adquire primazia, o Um é um signo fora da cadeia significante. Ele apresenta esse significante como Um-corpo que sustenta traços 7 signos bizarros inscritos no corpo e que produzem sintomas. Existe o gozo de um corpo que goza sozinho, em que o lugar de endereçamento não é dado a priori. A linguagem assume um valor secundário, e a lalíngua é pensada por Lacan como primária. O axioma desse momento é: há o Um 8. É nesse contexto que alicerçaremos nossa hipótese de o sintoma como acontecimento de corpo ser o ponto de tangência entre esses momentos, devido a sua característica de expressão insistente de marcas corporais. Para atendermos aos tempos lógicos de inscrição das marcas será necessário uma releitura do texto freudiano Projeto de psicologia. No que diz respeito a expressões das marcas, contrastaremos o estudo de Freud sobre as afasias ao conceito de lalíngua. Introduziremos ainda uma vinheta clínica para ilustrar o escrito para ser lido, e o escrito para não se ler. Essas duas concepções de escrito correspondem às diferentes conceituações de Lacan sobre o sintoma como verdade e como gozo que abordaremos no segundo capítulo. Partiremos da obra freudiana, da qual resgataremos duas vertentes de formação do sintoma uma a partir do trauma e outra da fantasia. Em nossa hipótese, ambas contemplam a inscrição de marcas. A análise freudiana do caso Miss Lucy conduzirá nossa investigação a relacionarmos formação de sintoma e inibição do eu. A diferenciação entre sintoma como verdade e sintoma como gozo dará margem ainda para corroborarmos a concepção de sintoma como necessário. O terceiro capítulo dará continuidade ao caminho trilhado nos anteriores ao mesmo tempo em que acrescentará os três tempos de constituição do sujeito. O Real-Ich freudiano e dois tempos para o sujeito do inconsciente a partir da teorização de Lacan. Incluiremos também as concepções da unariedade e unicidade de Lacan, às quais atrelaremos uma teoria 7 Sirvo-me do equívoco produzido por Lacan a partir da expressão En-corps, encontrada in: Le Séminaire, livre XX, Encore ( ). Paris: Seuil (1975), p Lacan, J.-... ou pire ( ). Inédito, aula de 17/ 05/ 1972.

14 5 dos traços que Jacques-Alain Miller destaca na obra de Lacan. Partiremos da suposição de que esses três tempos são de crucial importância para a clínica. Principalmente nas situações em que, ao vacilar a máscara da fantasia, surge a angústia. Diferenciaremos três modos de gozo e dois tempos de urgências subjetivas. Em determinadas situações, nas quais prevalece a insistência da repetição de gozo, sem que o sujeito consiga uma retificação, é o caso de pensar a incidência da marca e o tempo de sua constituição. Por isso, insistiremos, mais ainda, na implicação entre sintoma como acontecimento de corpo e a inscrição de marcas. Para concluir, expomos a temporalidade lógica desta Dissertação em três capítulos. Na primeira, tratamos os tempos de constituição das marcas; na segunda, os tempos do sintoma; e na terceira os tempos de constituição do sujeito.

15 6 Capítulo 1 Os tempos do sintoma como acontecimento de corpo 1.1 Formulações iniciais Neste capítulo, partimos da hipótese relativa à articulação entre o conceito de sintoma como acontecimento de corpo e o de tempo lógico. Para tal é preciso pensar essa modalidade de sintoma segundo expressões de inscrições anímicas, que se diferenciariam por ocorrerem em temporalidades diversas. Essas expressões adquiririam a qualidade de sintoma por guardarem o caráter de repetição. Como segunda hipótese propomos que o sintoma como acontecimento de corpo poderia operar como ponto de tangência entre os momentos iniciais e finais do ensino de Lacan. Para cumprirmos nosso objetivo precisamos, em primeiro lugar, mapear o termo acontecimento na obra de Lacan. Inicialmente, quando se dedica a estudar o caso clínico freudiano O Homem dos Lobos, Lacan diferencia os termos realidade do acontecimento e historicidade do acontecimento 1. Este último é algo decisivo, foi uma impressão no sujeito necessária para explicar a continuação de seu comportamento. Em seguida, encontramos o termo acontecimento psíquico que concerne a diversos modos de assunção do vivido pelo sujeito. 2 1 Lacan, J.- El Hombre de los Lobos ( ). Escuela Freudiana de Buenos Aires. Inédito. 2 Lacan J.- Le Séminaire, livre VI:Le désir et son interpretation ( ). Inédito.

16 7 Logo após, Lacan discrimina duas ordens no mundo que o significante introduz: a verdade e o acontecimento 3. As relações do homem com a dimensão da verdade supõem a ação nachträglich do significante. Com o acontecimento são pontuais: um presente instantâneo. O essencial não é saber se houve ou não um acontecimento, e sim descobrir como o sujeito pôde articulá-lo como significante. Em outras palavras, como a verdade do sintoma pôde ser relacionada na lógica significante. O valor traumático de um acontecimento é devido ao lugar que ele ocupa na estrutura 4. Lacan ressalta ser essa orientação que Freud visa quando busca datar a cena primária para o Homem dos Lobos : ele trabalha com ressubjetivações do acontecimento que lhe parecem necessárias para explicar a reestruturação do sujeito em suas várias voltas em torno do acontecimento traumático. Lacan esclarece que Freud anula os tempos para compreender em prol dos momentos de concluir, que precipitam a mediação do sujeito rumo ao sentido a ser decidido do acontecimento original. 5 Em contrapartida, durante os chamados acontecimentos políticos desencadeados a partir de maio de 68 em Paris, Lacan se vale da terminologia acontecimento de discurso 6. Estamos no tempo da formulação lacaniana dos quatro discursos do mestre, da universidade, da histérica, do analista e de sua busca de um discurso que não seja semblante, isto é, que possa dizer o próprio real. Lacan propõe que a essência da psicanálise é um discurso sem fala. O acontecimento de discurso corresponde a um dizer que não é de alguém em particular, sendo assim, o sujeito é secundário. Lacan considera que sua publicação Scilicet é um acontecimento de discurso. Pois ele elabora seus volumes sob a forma de coletânea de textos sem a assinatura dos autores, logo, qualquer autor poderia ser substituído por outro, melhor dizendo, cada autor poderia ocupar o mesmo lugar de outro. 3 Lacan J.- O seminário livro 7: a ética da psicanálise ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1988, p Lacan, J.- O seminário livro 8: a transferência ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1992, p Lacan, J.- Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953). In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999, p Lacan, J.- Le Séminaire, livre XVI: D un Autre à l autre ( ). Paris: Seuil, 2006, p. 83.

17 8 O acontecimento de discurso é relativo à estrutura e ao acento posto na distribuição, nos deslocamentos de alguns termos. 7 Neste ponto introduzimos a precisa articulação que Jacques-Alain Miller efetua entre os termos acontecimento de discurso e acontecimento psíquico para definir o conceito de sintoma que nos interessa investigar. Trata-se sempre, com efeito, de acontecimentos de discurso, que deixaram traços no corpo. E estes traços desorganizam o corpo. Fazem sintoma nele, mas na medida em que o sujeito em questão esteja apto a ler esses traços, decifrá-los. Isto, finalmente, tende a reduzir-se a que o sujeito encontre os acontecimentos que estes sintomas traçam. 8 Traços, marcas, que também ocorrem no animal doméstico e de laboratório, para os quais é transmitido um saber do qual eles não têm necessidade. São esboços de sintomas por meio dos quais eles falam com seus corpos, porque dispõem da fala enquanto endereço de signos de presença 9. Lacan já havia dito que sua cadela Justine tinha a fala na medida em que se fazia compreender, mas que isso não queria dizer que tinha a linguagem. 10 Jacques-Alain Miller nos fornece o testemunho dessa postulação de Lacan 11. Era particularmente vedado a Justine entrar no escritório de Lacan. Durante a semana, Justine vivia com os caseiros de Lacan em Guytrancout: ela era amável e os reconhecia como amos. Nos fins-de-semana, com a presença de Lacan, Justine lhes mostrava os dentes. 7 Lacan, J.- Le Séminaire, livre XVIII: D un discours que ne serait pas du semblant (1971). Paris: Seuil, 2006, p Miller, J.-A.- Biologia lacaniana e acontecimentos de corpo. In: Opção Lacaniana, nº 41. São Paulo: Eolia, 2004, p Idem, ibidem. 10 Lacan, J.- Le Séminaire, livre IX: L identification ( ). Inédito, aula de 29/11/ Miller, J.-A.- Pièces détachées ( ). Curso de orientação lacaniana III, 7. Inédito, aula de 20/04/2005.

18 9 Miller conclui que Justine compreendia muito bem que Lacan era o mestre dos mestres, e assim não obedecia aos caseiros, senão a Lacan, seus familiares e amigos. Quando excepcionalmente era permitido a Justine entrar no escritório de Lacan, ela o percorria uma, duas, três vezes e, finalmente, se deitava com tal ar de dignidade e satisfação que não podia enganar e, então, respirava profundamente para mostrar que tinha compreendido muito bem que se tratava de um favor excepcional. Como Justine não tinha a linguagem ela não fazia semblante de estar contente. Sua compreensão tinha um caráter imediato, de fala sem linguagem, sem metáfora e metonímia. Ele esclarece que Justine é introduzida no momento em que a diferença entre fala e linguagem é operatória no ensino de Lacan. De um lado a nebulosa afetiva, emocional, inteligente Lacan defendia explicitamente a tese de a inteligência ser uma faculdade animal, de outro, o valor essencial, irredutível da estrutura de linguagem, que é algo dado, que está aí, não sendo possível reconstituir o nascimento progressivo de sua estrutura. Acrescenta que essa concepção binária é reconsiderada no momento do ensino de Lacan em que a função da fala é depreciada ao estatuto de blá-blá-blá na medida em que a fala é gozo. No lugar de uma dicotomia, passa a haver certa continuidade entre o homem e o animal. Ele toma o ronronar do gato como o exemplo de Lacan para mostrar que o gozo transita, passa, eventualmente, à totalidade do corpo e, principalmente, para mostrar sua analogia à fala para o homem. Quanto ao homem, parafraseando Lacan, ele já havia dito em outro lugar: falar com seu corpo é o que caracteriza o falasser. 12 Cabe aqui um parêntese sobre o termo falasser, tradução para o português do vocábulo parlêtre criado por Lacan. É preciso ter em conta que o sentido de ser pela letra, marca, traço, presente no termo francês não é contemplado nessa tradução. Em outra direção, Miller percebe, no caráter imediato de compreensão da fala sem linguagem, sem metáfora e sem metonímia, que Justine expõe, certa aproximação ao que o cognitivismo concebe como percepção do mundo. Em contrapartida, enfatiza que, nessa direção, é preciso avançar com muita precaução. Do ponto de vista do ronronar do animal a 12 Miller, J.-A.- Biologia lacaniana e acontecimentos de corpo, p. 51.

19 10 estrutura de linguagem não está em primeiro plano, o gato não tem a estrutura da linguagem, contudo, ela não é anulada, eliminada, para o homem. 1.2 O corpo e os tempos lógicos O experimento de Pavlov é paradigmático para as teses comportamentalistas e exemplar para as neurociências. Jacques-Alain Miller observa 13 que a sustentação de tal experimento é localizada no contexto político da época, segundo a pedagogia de Skinner: ensinar como se aprende o controle do self, o que reflete a meta de controle da opinião democrática pelos engenheiros da alma. Assim, o individualismo moderno, a liberdade de escolha do sujeito, o poder fazer teoricamente o que se quer, encontra em Skinner um mestre que organiza tudo para que o sujeito possa, então, fazer a boa escolha. E Miller ainda questiona: como ensinar o que não se ensina? Aqui nos parece necessário apresentar a discussão desenvolvida por Miller 14 no que diz respeito ao mestre nos dias atuais. Vivemos em uma época na qual há um eclipse, ou mesmo o desaparecimento total do mestre, do significante Um, S 1, e o regime da homogeneidade tenta quantificar tudo, a vida emocional, os hábitos, e outros. Existe a idéia de que é possível agir sobre a quantidade, aumentar a porcentagem de dopamina, baixar a de serotonina, eletrodos podem modificar a atividade elétrica do cérebro, o amor, por exemplo, pode ser medido. Doravante, a quantificação garante o ser, pois se acredita apenas na existência de algo cifrado, traduzido em números. Na ausência do heterogêneo, adota-se o estilo da série que não se forma a partir do Um. Lacan se refere ao experimento de Pavlov em vários momentos de sua obra, da qual tomaremos algumas referências. A primeira ressalta que o desejo do experimentador interfere na ordem da necessidade do animal. Para o animal trata-se de significantes que são do próprio experimentador, pois é ele quem os traduz em uma espécie de equivalência. A 13 Miller, J.-A. Pièces détachées, aulas de 12/01/2005, de 23/03/2005 e de 20 /04/ Miller, J.-A. Curso de orientação lacaniana III, 10 ( ). Inédito, aula de 16/01/2008.

20 11 equivalência dos significantes permite apontar o realismo do número, a título de pura freqüência para aquele que a conta. Na verdade, o experimentador não vai além da percepção, o que permitiu o posicionamento contrário de Lacan 15. A questão concerne a um modo de gozo cuja fixação decorre da interferência do desejo sobre a necessidade. Anos mais tarde, Lacan situa a ordem do número como uma inscrição no corpo em uma de suas frases mais conhecidas: o corpo se deixa levar a escrever algo que é da ordem do número. 16 Um esclarecimento no que se refere ao termo francês nombre número. Este é utilizado quando se trata de ordem numérica, e não de um número específico. Neste último caso é usado o termo chiffre algarismo, número. Outra referência trata do estatuto do aparelho psíquico. Nela, Lacan nos leva a perceber que os textos de Freud e a totalidade do pensamento analítico só podem se sustentar colocando na defasagem, no intervalo entre os elementos aferente e eferente do arco reflexo, esse famoso sistema psi dos primeiros escritos freudianos. 17 Entendemos que aceitar a existência no homem de algo da ordem animal exige viabilizar um pensamento que permite conceber a constituição de um aparelho anímico anterior, em uma perspectiva lógica, ao que especifica a relação do humano com a linguagem. Nossa preocupação concerne aos tempos lógicos. Esse aspecto é importante, pois estamos supondo que a incorporação da estrutura da linguagem pelo homem ocorre por meio de um processo, cuja finalização implica a incorporação da estrutura significante, definida pela relação entre dois significantes, S 1 -S 2, em sua estrutura mínima. A linguagem, anterior à existência de cada ser humano, nele se inscreve sem que ele tenha conhecimento dos elementos básicos que constituirão sua história de vida. A ordem simbólica é o lugar dos diferentes signos arbitrariamente codificados e constituintes da língua. 15 Lacan, J. O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964). Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1990, pp Lacan, J.- Conferência em Genebra sobre o sintoma (1975). In: Opção Lacaniana, n 23. São Paulo: Eolia, 1998, p Lacan, J.- O seminário, livro 15: o ato psicanalítico ( ). Inédito, aula de 15/11/1967.

21 12 A língua ao afetar o ser humano converge para inserir o signo lingüístico dissociado de suas imagens, as quais assumem rumos distintos. A possibilidade de a imagem acústica se libertar do vínculo arbitrário que a liga ao conceito, imagem visual, pode ser compreendida como a maneira pela qual a Vorstellung, a representação freudiana, ao afetar o ser humano, torna-se uma Darstellung, uma apresentação 19. Esta última possibilita a deflagração de um processo que afeta o ser humano pelo quantum que há na apresentação, constituindo inscrições em seu corpo. Dando um salto na teorização que estamos articulando, é preciso lembrar que Lacan aborda essa questão em Lituraterra 20, ilustrando-a com a imagem da chuva. Chuva de significantes, entendidos como matéria em suspensão que deixa traços, sulcos, marcas, no deserto gelado da Sibéria. Os significantes que produzem efeitos materiais sobre o solo são, no entanto semblantes. Em Radiofonia, Lacan rende uma homenagem explícita aos estóicos por eles terem assinalado de forma pertinente a relação entre o simbólico e o corpo 21. Podemos interpretar que para os estóicos é possível diferenciar o que existe o corpo, estado de coisa do que não existe, portanto, ex-siste o incorporal. O estado de coisa é dado pela mistura dos corpos, quando um corpo penetrando em outro, produz como efeito o incorporal, ou seja, um atributo lógico da coisa. Consideramos pertinente incluir integralmente a orientação de Lacan. Volto primeiro ao corpo do simbólico, que convém entender como nenhuma metáfora. Prova disso é que nada, senão ele, isola o corpo, a ser tomado no sentido ingênuo, isto é, aquele sobre o qual o ser que nele se apóia não sabe que é a linguagem que lho confere, a tal ponto que ele não existiria, se não pudesse falar. O primeiro corpo faz o segundo, por se incorporar nele. Daí o incorpóreo que fica marcando o primeiro, desde o momento seguinte à sua incorporação. Façamos justiça aos estóicos, por terem sabido, com esse 19 Sklar, S.- O Espaço imanente - Um estudo psicanalítico sobre a arte em Freud e Lacan. Rio de Janeiro: Imago, 1989, p Lacan, J.- Lituraterra (1971). In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003, pp Lacan, J.- Radiofonia (1970), op. cit., pp

22 13 termo o incorpóreo, assinalar de que modo o simbólico tem a ver com o corpo. Incorpórea é a função, que faz da matemática realidade, a aplicação, de igual efeito na topologia, ou a análise, em sentido amplo, na lógica. Mas é incorporada que a estrutura faz o afeto, nem mais nem menos, afeto a ser tomado apenas a partir do que se articula do ser, só tendo ali ser de fato, por ser dito de algum lugar. No que se revela que, quanto ao corpo, é secundário que ele esteja morto ou vivo. 22 Estimamos essa referência de Lacan de crucial importância porque nela se encontram algumas pontuações que sustentam esta dissertação de Mestrado. Lacan parte da idéia da existência de dois corpos. Conforme percebemos na citação, o primeiro é o corpo do simbólico, entendido literalmente, sem qualquer sentido metafórico, o qual demarca o segundo, o corpo do falasser. É preciso delimitar que o sujeito do significante, da falta-aser, se apóia a posteriori no falasser. Este, não existiria se não pudesse recorrer à fala, e para tal às próprias marcas que lhe permitem falar. 23 Encontramos na citação acima a indicação de Lacan de como ele irá abordar, em seu pequeno e denso texto, Joyce, o Sintoma, a relação do falasser com seu corpo 24. Neste escrito, ele define o falasser segundo ter um corpo e, por isso, falar com seu corpo. Por sua vez, define o termo ter da seguinte maneira: ter é poder fazer alguma coisa com 25. Disso decorre sua conclusão de que o natural para o homem é ter um corpo, é falar com o corpo que tem, e que esse natural o homem só o toca como sintoma. Joyce, o Sintoma é contemporâneo ao Seminário 23, no qual Lacan se refere ao fato de o homem ter seu corpo como se este fosse um móvel 26. Destacamos o termo móvel meuble que tem em francês, assim como em português, a conotação de substantivo e de adjetivo. Apreciamos que Lacan trabalha nessa passagem com a polissemia para discriminar seus conceitos de sujeito e de falasser. Como adjetivo, o termo móvel trata da mobilidade do sujeito, o que demarca sua inconstância, sua variabilidade, na medida em 22 Idem, ibidem, pp Idem, ibidem, pp Lacan, J.- Joyce, o Sintoma (1975). In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p Idem, ibidem. 26 Lacan, J.- O seminário, livro 23: o sinthoma ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007, p. 150.

23 14 que o sujeito é definido como representado por um significante junto a outro significante. 27 Como substantivo, móvel é uma peça de mobília, algo que veste a casa, a morada. Daí interpretarmos se tratar das vestimentas do falasser. Nossa interpretação encontra apóio na indicação de Lacan de que a única relação que o falasser tem com seu corpo é a crença: o falasser adora seu corpo, porque crê que o tem. Na realidade, ele não o tem, mas seu corpo é sua única consistência, consistência mental, é claro, pois seu corpo sai fora todo instante, contudo, não se evapora. 28 Tomamos então a liberdade de introduzir, na citação de Radiofonia, alguns colchetes explicativos para confrontar Lacan com o próprio Lacan. O primeiro corpo [corpo do simbólico] faz o segundo [corpo do falasser], por se incorporar nele. Daí o incorpóreo que fica marcando o primeiro [corpo do simbólico], desde o momento seguinte à sua incorporação [no corpo do falasser]. 29 Essa formulação abre duas vias que, segundo nossa leitura, indicam a imbricação dos conceitos de incorporal e corporal. A primeira ressalta a incorporação, pois o corpo do falasser se constitui pela incorporação do corpo do simbólico. A segunda, o incorpóreo que se eleva a partir do corpo marcado, sulcado, do falasser. Portanto, o incorpóreo se faz pela incorporação do corpo simbólico no corpo do falasser. O que poderia se tornar uma questão nesta Dissertação é a direção tomada por Lacan no desenvolvimento da segunda via, quando afirma ser secundário o corpo estar vivo ou morto. Ao explorá-la, demonstra que a sepultura é o lugar onde se afirma a espécie humana, porque o cadáver da espécie humana tem a característica de corpse, de preservar o que fornecia ao vivente o seu caráter de corpo. Permanece como corpse, não se transforma 27 Idem, ibidem. 28 Lacan, J.- O seminário, livro 23: o sinthoma, p Lacan, J.- Radiofonia, pp

24 15 em carniça, [permanece como] o corpo que era habitado pela fala, que a linguagem corpsificava 30. Lacan explicita ainda mais, dizendo que isso não ocorre com toda carne, mas apenas com aquelas que são marcadas pelo signo que as negativiza, e assim elevamse por se separem do corpo biológico. 31 Porém, ao lado dessa asserção temos outra que demarca a presença do corporal: O corpo, a levá-lo a sério, é, para começar, aquilo que pode portar a marca adequada para situá-lo numa seqüência de significantes. A partir dessa marca, ele é suporte da relação, não eventual, mas necessária, pois se subtrair dela [da marca] continua a ser sustentá-la. 32 Portanto, o cadáver corpse em seu aspecto incorporal, continua a sustentar a marca adequada para situá-lo em uma seqüência de significantes, ou seja, a sustentar a marca da incorporação da estrutura da linguagem. Assim fica esclarecido porque Lacan, ao dizer que o Menos-Um designa o lugar do Outro, mostra que é pelo Um-a-Menos, que fazse a cama para a intrusão que avança a partir da extrusão: é o próprio significante. 33 Convém retomarmos a distinção operada por Lacan entre função incorpórea e incorporação da estrutura. O real próprio ao incorporal é sustentado pela lógica, pela topologia e pela matemática. A incorporação da estrutura da linguagem tem como efeito produzir afeto no ser, enquanto falta-a-ser. Contudo, para haver ser é preciso que ele seja dito, referenciado pelo falasser. Em síntese, reunimos os seguintes desdobramentos em tempos lógicos: a) o falasser é prévio, na medida em que há um corpo material, corpo marcado, inscrito, cifrado; b) com a incorporação da estrutura é demarcado o ser, a falta-a-ser; c) só há falasser porque ele pode ser dito no a posteriori do ser; 30 Idem, ibidem, p Idem, ibidem. 32 Idem, ibidem. 33 Idem, ibidem.

25 16 d) mesmo quando o falasser se transforma em corpse, ele continua ex-sistindo como incorpóreo, mas apenas se puder ser dito, falado. E para haver fala é preciso o corpo de, pelo menos, um falasser. Jacques-Alain Miller propõe o termo corporização para o que considera estar presente de forma marcante no final do ensino de Lacan por meio da entrada do significante no corpo, que afeta o ser falante 34. Ele enfatiza a semelhança ao que Lacan nomeará como efeito corporal do significante para mostrar que o significante, além do efeito de significado, tem efeito de afeto no corpo gozo e não apenas efeitos semânticos 35. Em outras palavras, o efeito do significante é se corporizar como afecção, e essa afecção é gozo O Projeto freudiano: uma releitura necessária. A proposta que vamos viabilizar agora nesta Dissertação é articular os conceitos de corporização desenvolvido no ensino de Miller e o de inscrição de marcas formulado por Freud. Teremos oportunidade de nos embrenharmos nas alamedas sinuosas, muitas vezes escarpadas, de um texto nada simples de Freud: o Projeto de psicologia que ele próprio relegou ao limbo, quem sabe por ter se afastado da terminologia que utilizou nesse escrito. Contudo, o que nos importa é encontrar no cerne desse texto o germe dos futuros desenvolvimentos teóricos de Freud. Cabe um esclarecimento. Embora a nomenclatura freudiana seja importada da neurologia; embora alguns autores interpretem a presença, nesse escrito, de um desejo de Freud de explicar o anímico em bases neurológicas; embora isso tenha levado alguns pósfreudianos a sustentarem a psicanálise conforme uma psicologia do eu, e outros, em incorporá-la aos avanços da neurobiologia e introduzi-la nas neurociências; mesmo assim é fácil perceber, em uma leitura superficial do texto freudiano, a inadequação dessas leituras. 34 Miller, J.-A. Biologia lacaniana e acontecimentos de corpo, p Idem, ibidem, p Idem, ibidem, p. 67.

26 17 Nossa proposta não é essa. Exploraremos o Projeto 37 visando extrair ferramentas conceituais que corroborem nossa hipótese de vinculação entre sintoma e marca. Valendo-se da ciência da natureza de sua época, na qual os fenômenos do mundo são pensados em termos de quantidade de energia e de massas em movimento, Freud pensa o homem. O faz a partir de suas observações clínicas referidas a representações excessivamente investidas como na histeria e na neurose obsessiva 38. Ele propõe duas teses fundamentais que sustentam a concepção de uma base material para o psiquismo. A primeira, a concepção quantitativa, acompanha as leis gerais da física para o movimento. A quantidade QN, cuja magnitude é intercelular, se desloca entre os neurônios, assim como, pode se acumular em um neurônio ou em um grupo de neurônios. Ressaltamos tratar-se de uma quantidade não mensurável, embora sua magnitude sofra acréscimos somas, diminuições e descarga. Freud formula, como um princípio fundamental da atividade neuronal, o princípio de inércia, isto é, os neurônios procuram se liberar de qualquer quantidade a cessação da estimulação. 39 A segunda tese compõe a própria teoria dos neurônios, segundo as descobertas da histologia sobre o sistema nervoso ser composto por elementos distintos, embora com morfologia idêntica, que se ramificam e conectam entre e si. O aparelho neuronal é formado pela conjunção de três sistemas. O sistema fi, φ, é o responsável pela apreensão das sensações perceptivas externas que chegam ao corpo. O sistema psi, Ψ, pelas marcas da memória, ou seja, pelos traços mnêmicos que aí se fixam como inscrições. E o sistema ômega, ω, pela percepção daquelas sensações na consciência. Lacan entende que é obvio que esse aparelho é essencialmente uma topologia da subjetividade [...] edificada e construída na superfície de um organismo. 40 Em relação ao funcionamento, podemos dizer que o sistema fi é permeável, recebe a quantidade dos estímulos exógenos e a descarrega por duas vias: no exterior, pelo mecanismo do arco reflexo, e no interior, no sistema psi, pelo mecanismo de complicação. 37 Passaremos a nos referir ao texto de Freud Projeto de psicologia como Projeto. 38 Freud, S.- Proyeto de psicología {1985} In: Obras Completas. Buenos Aires: Amorrortu editores, vol. II, (1989), p Idem, ibidem, pp Lacan, J.- O seminário livro 7: a ética da psicanálise, p. 55.

27 18 Este último sistema é impermeável, recebe a quantidade dos estímulos exógenos e endógenos e a retém. O sistema ômega é permeável às pequenas quantidades que recebe diretamente dos estímulos exógenos. Por outro lado, recebe também o período, a qualidade do estímulo externo, sem qualquer mediação dos dois outros sistemas, o sensorial perceptivo fi, e o da memória psi. Segundo Freud, os estímulos exógenos são filtrados através de aparelhos nervosos terminais, localizados na frente do sistema fi, diminuindo, assim, a quantidade da excitação que neles incide 41. Uma parte da quantidade é descarregada pelo mecanismo do arco reflexo. A restante sofre nova filtragem, devido à conformação particular das vias de condução dos neurônios fi. Estas se ramificam e se complexificam em vias de grossura variável, de acordo com a magnitude da quantidade que a elas chegam: quanto maior, maior ainda será o número de neurônios psi da memória investidos. Freud esclarece que a quantidade das sensações se expressa sob a forma de qualidade no sistema da memória. 42 Essa é uma questão de base desta Dissertação, pois demarca dois pontos fundamentais. Em primeiro lugar a distinção entre a quantidade e a qualidade. Depois a possibilidade de inscrição de marcas qualitativas. Lacan salienta, inclusive, que no cabo desse processo a quantidade, uma vez transposto certo limite, transforma-se completamente quanto à sua estrutura quantitativa, e nos faz ver que para Freud a noção de estrutura é fundamental. Ele [Freud] distingue nesse aparelho Ψ seu Abfuhr [estrutura], reter a quantidade, e sua função, que é a de descarregá-la, die Funktion der Abfhur. A função não é mais simplesmente de circuito e de escoamento, ela parece, nesse nível, como que desdobrada Freud, S.- Proyeto de psicología, p Idem, ibidem, p Lacan, J.- O seminário livro 7: a ética da psicanálise, p. 55.

28 19 Dessa forma, acreditamos ser possível encontrar o desdobramento da função de descarregar, a qual Lacan se refere, no enunciado freudiano de transformação da excitação em qualidade escoar a quantidade que resta no sistema, a despeito do mecanismo do arco reflexo. As notícias da descarga reflexa se produzem porque cada movimento, em virtude de suas conseqüências colaterais, dá ocasião para novas excitações sensíveis (da pele e dos músculos) que resultam em Ψ uma imagemmovimento. 44 Cabe ressaltar que temos, em tais condições, a geração de qualidade a partir de um novo acúmulo interno de quantidade, expresso por Freud pela produção da modalidade de inscrição que ele nomeia com o termo imagem-movimento. Reafirmamos que se trata da produção de inscrição, de marca, que decorre de uma descarga que aumenta ainda mais a tensão interna. Ao lado dessa modalidade de inscrição há outra que também decorre da estimulação exógena, ou melhor, o que dela resta após sua descarga via arco reflexo. O que a diferencia da imagem-movimento é seu enlace à apresentação de um objeto da percepção, constituindo, assim, o que Freud considera ser uma marca mnêmica. 1.4 Da afasia à lalíngua: uma articulação possível? Após demarcarmos dois modos de inscrição de marcas, podemos desdobrar nossa hipótese e relacionar as expressões das imagens-movimento e marcas mnêmicas freudianas às dimensões da língua, da linguagem e da lalíngua para Lacan. Nessa mesma direção, entendemos que o estudo crítico de Freud sobre as afasias será exemplar. 44 Freud, S.- Proyeto de psicología, p Las noticias de la descarga refleja se producen porque cada movimiento, en virtud de sus consecuencias colaterales, deviene ocasión para nuevas excitaciones sensibles (de piel y músculos), que dan por resultado em Ψ uma imagen-movimiento.

29 20 Freud mantém ali uma perspectiva crítica aos autores que restringem a proveniência dos fenômenos afásicos à ocorrência de lesões orgânicas. Os sintomas afásicos decorrem de lesões localizadas no lóbulo central do cérebro, o centro de Broca, responsáveis pela perturbação na elocução e que afeta a mensagem, mesmo que a vinculação ao código se mantenha intacta. Ou então de lesões localizadas no lóbulo temporal, o centro de Wernicke, responsáveis pela perda da vinculação ao código, embora as articulações entre as palavras sejam preservadas. Ao demonstrar a existência de sintomas afásicos independentes de lesões cerebrais, Freud formula uma hipótese sobre o campo da linguagem, que se inclui como um ponto importante nesta Dissertação. A linguagem é apresentada como um território demarcado por associações e transmissões de imagens. Assim, pode existir uma afasia proveniente de lesões que suspendem o encadeamento dessas associações. Como também, interrupções que, não sendo decorrentes de quaisquer lesões, atestam a existência de uma lógica intrínseca a esse campo. O lapso, o ato falho e mesmo o esquecimento indicam nos adultos outros acontecimentos que não lesões orgânicas, particularmente, quando tomados pelo estado de cansaço. Lógica também revelada pelas crianças ao não associarem de imediato a imagem visual do objeto à imagem acústica a ela correspondente. Dessa forma, Freud constrói um modelo teórico para o aparelho de linguagem em que há duas modalidades de formação de imagens: a representação de objeto Objektvorstellung e a representação de palavra Wortvorstellung. 45 Cabe aqui pararmos um pouco e verificarmos que quase uma década após, quando teorizar sobre os sonhos e se perguntar sobre o caráter estranho da formação sintomática na esquizofrenia, Freud passará a utilizar a terminologia representação-coisa no lugar de representação-objeto. Teríamos que modificar agora: o investimento das representações-palavra dos objetos se mantém. O que pudemos chamar a representação-objeto {Objektvorstellung} consciente se decompõe agora em representação-palavra 45 Freud, S.- A interpretação das afasias (1891). Lisboa: Edições 70, 1997, pp

30 21 {Wortvorstellung} e em representação-coisa {Sachevorstellung} que consiste no investimento, senão na imagem mnêmica direta da coisa, ao menos de marcas mnêmicas distanciadas, derivadas dela. 46 O lado disso, quando estiver ocupado em desvendar o processo constituinte da melancolia, Freud retomará seu texto A interpretação dos sonhos com as seguintes palavras: a representação (-coisa) {Dingvorstellung} inconsciente do objeto é abandonada pela libido. Porém, na realidade esta representação se apóia em incontáveis representações singulares (suas marcas inconscientes). 47 Poderíamos perguntar sobre a diferença entre representação-coisa Dingvorstellung e representação-coisa Sachevorstellung. Lacan esclarece que o termo a Coisa tem diferentes conotações em alemão: die Sache e das Ding. Ao usar die Sache Freud ressalta a articulação significante que fornece a verdadeira estrutura do inconsciente. 48 A Sache é justamente a coisa, produto da indústria ou da ação humana enquanto governada pela linguagem. [...] é da ordem do pré-consciente, ou seja, de algo que nosso interesse pode fazer vir à consciência, com a condição de prestarmos bastante atenção a ela, de a notarmos. A palavra encontra-se aí em posição recíproca, visto que se articula, que vem aqui se explicar com a coisa [...] das Ding não está na relação [...] que faz o homem colocar em questão suas palavras como se referindo às coisas que, no entanto, elas criaram. Há outra coisa em das Ding Freud, S.- Lo inconsciente {1915} In: Obras Completas. Buenos Aires: Amorrortu editores, vol. XIV, II, (1989), pp Tendríamos que modificarlo ahora: la investidura de las representaciones-palabra de los objetos se mantiene. Lo que pudimos llamar la representación-objeto {Objektvostellung} conciente se nos decompone ahora en la representación-palabra {Wortvorstellung} y en la representación-cosa {Sachvorstellung}, que consiste en la investidura, si no de la imagen mnémica directa de la cosa, al menos de huellas mnémicas más distanciadas, derivadas de ella. 47 Freud, S.- Duelo y melancolia {1915} In: Obras Completas. Buenos Aires: Amorrortu editores, vol. XIV, (1989), p Cf. nota 7, in Freud, S.- Lo inconsciente, p la representación (-cosa) {Dingvorstellung} inconciente del objeto es abadonada por la libido. Pero em realidad esta representación se apoya em incontables representaciones sigulares (sus huellas inconcientes). 48 Lacan, J.- O seminário, livro 7: a ética da psicanálise, p Idem, ibidem, p. 61.

31 22 Podemos relacionar as duas referências de Freud datadas de 1900 e de Objektvorstellung consistiria no investimento de marcas mnêmicas derivadas da coisa, enquanto Sachevorstellung é da ordem da articulação significante. Como veremos a seguir, Freud trabalha, na construção de seu aparelho de linguagem, também com a associação de marcas, logo, com Sachevorstellung. Depois desta localização que precisamos realizar, gostaríamos de voltar ao texto das afasias para analisarmos, enfim, as modalidades de representação ali propostas por Freud Objektvorstellung e Wortvorstellung assim como, o vínculo que ambas mantém com as hipóteses que estão sendo encaminhadas nesta Dissertação. A representação de objeto Objektvorstellung é formada por imagens visuais, táteis, acústicas, sinestésicas e outras. Apenas ao se associarem por contigüidade e semelhança, constituem a modalidade de linguagem que Freud nomeia como linguagem assimbólica, aberta a novas associações, uma vez que o homem encontra-se imerso em um mundo de estímulos que o afetam a todo o momento. 50 Nesse sentido, nossa hipótese é que as Objektvorstellung freudianas corresponderiam ao que Lacan designa como enxame de S 1, isto é, a dimensão de lalíngua 51. Lalíngua é proveniente da precipitação de significantes no corpo do infans como se fossem aluviões, letras, restos com os quais o infans entrou em contato antes mesmo de ser capaz de discernir suas significações. 52 Além disso, propomos uma homologia entre a linguagem assimbólica freudiana e a formulação lacaniana de linguagem como uma elucubração de saber sobre lalíngua. 53 Por outro lado, a representação de palavra freudiana Wortvorstellung é concebida como o resultado da associação da representação de objeto visual com a representação de objeto acústica. Tal associação expressa o próprio código lingüístico e, portanto, o signo lingüístico. A associação de representações de palavras constitui para 50 Freud, S.- A interpretação das afasias, pp. 72 e Lacan, J.- Le Séminaire, livre XX: Encore ( ). Paris: Seuil, 1975, p Lacan, J.- Lituraterra, pp Lacan, J.- Le Séminaire, livre XX: Encore p Le langage sans doute est fait de lalange. C est une élucubration de savoir sur lalangue.

32 23 Freud a modalidade de linguagem que se caracteriza por sua dimensão fechada, a qual nomeia com o termo linguagem simbólica. 54 Fig. 3 Esquema psicológico da representação da palavra. 55 Cabe ressaltar que Freud sustenta dois diferentes estatutos de representação acústica. O primeiro refere-se à representação de objeto: signo que, servindo de signo para outro signo pode produzir, em função da vivência do falante, um sentido desvinculado do código. O segundo como representação de palavra: signo cujo significado produz sentido em função de sua vinculação ao código lingüístico. A vinculação das representações de palavra ao código lingüístico implica uma delimitação no campo da linguagem, em que algumas representações de objeto permanecem não submetidas ao código. Estas, ao irromperem na língua, interrompem as associações que compõem a linguagem simbólica. 54 Freud, S.- A interpretação das afasias, pp Idem, ibidem, p. 71.

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