IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 2139
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1 Página 2139 QUIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) ARMAZENADAS 1 Givanildo Zildo da Silva¹; Joel Martins Braga Júnior¹; Riselane de Alcântara Bruno¹; Cibele dos Santos Ferrari¹; Fernando dos Santos Araújo¹; Mauro Nóbrega da Costa¹ 1 Universidade Federal da Paraíba, Areia - PB; givanildozildo@hotmail.com RESUMO A manutenção da qualidade fisiológica de sementes durante seu armazenamento é dependente da temperatura e umidade relativa do ambiente, bem como do tipo de embalagem em que é acondicionada. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de diferentes embalagens e do tempo de armazenamento sobre a qualidade fisiológica de sementes de mamona. Sementes de mamona cultivar BRS Nordestina, coletadas no campo experimental da EMBRAPA algodão na Estação de Barbalha/CE e conduzidas ao LAS do CCA/UFPB, foram armazenadas na geladeira em saco de papel kraft, saco plástico (polietileno) e alumínio, durante 27 dias. Antes do armazenamento e a cada 9 dias, procederam-se as determinações de teor de água e avaliações da porcentagem de germinação, primeira contagem e IVG. Para a análise estatística, foi utilizado o programa WinStat. A análise dos dados demonstrou um efeito significativo para todas variáveis analisadas, observando-se aumento no vigor e viabilidade das sementes ao longo do armazenamento em geladeira, podendo este aumento ser explicado devido a desuniformidade de maturação das sementes. Conclui-se que sementes de mamona cv BRS Nordestina mantém sua qualidade fisiológica após 27 dias de armazenamento em geladeira, embaladas em papel Kraft, plástico polietileno ou alumínio. Palavras-chave viabilidade; vigor; conservação; oleaginosas. INTRODUÇÃO A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta rústica, heliófila, resistente à seca, pertencente à família das Euforbiáceas, encontrada por diversas regiões do globo terrestre. Esta expansão se deu principalmente devido a sua adaptação a diferentes condições ambientais e às diversas possibilidades do óleo extraído das sementes (AMORIM NETO et al., 21). A conservação de sementes por longos períodos pode ser alcançada com o uso de técnicas adequadas durante o armazenamento, pois possibilita a manutenção da sua viabilidade. (AZEVEDO et al., 23). Um armazenamento adequado de sementes recém coletadas possibilita a redução do 1 Pesquisa financiada pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) com projeto intitulado de Multiplicação de sementes básicas de mamona em áreas zoneadas do nordeste.
2 Página 214 processo de deterioração. Portanto, o principal motivo para o armazenamento de sementes é o de controlar a velocidade de deterioração, visto que evitar este processo não é possível (VILLELA e PEREZ, 24). Além do controle da temperatura e umidade relativa do ar no ambiente de armazenamento, a conservação da qualidade fisiológica de sementes é influenciada pelo tipo de embalagem utilizada (FERREIRA e BORGHETTI, 24). Assim, a escolha da embalagem depende da espécie, do teor de água das sementes, das condições e período de armazenamento (MARCOS FILHO, 25), como também devem ser consideradas a modalidade de comercialização, disponibilidade e características mecânicas das embalagens (CARVHO e NAKAGAWA, 2). Desta forma, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes embalagens e do tempo de armazenamento na manutenção da qualidade fisiológica de sementes de mamona. METODOLOGIA As sementes de mamona cultivar BRS Nordestina utilizadas nesta pesquisa são oriundas do campo experimental da EMBRAPA na Estação de Barbalha/CE. O experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Centro de Ciências Agrárias/UFPB. As sementes foram beneficiadas e armazenadas em geladeira (5,9 ± 2ºC e UR 27,9%), nas embalagens saco de papel kraft, saco plástico (polietileno) e alumínio, durante um período de 27 dias. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições, em fatorial 3 x 4 (3 embalagens e 4 períodos de armazenamento). Antes do armazenamento e a cada 9 dias, procederam-se as seguintes avaliações: Teor de água: determinado pelo método da estufa a 15 ± 3 C por 24 horas, em quatro subamostras de 1 gramas (BRASIL, 1992); Germinação: 4 repetições de 5 sementes por tratamento formam semeadas em papel germitest embebido em água destilada, na proporção de 2,5 vezes se peso seco, e levadas ao germinador com temperatura alternada de 2 3ºC. A primeira contagem foi realizada no sétimo dia após a semeadura, computando-se as plântulas normais e a contagem final, no décimo quarto dia, de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992), com resultados expressos em porcentagem; Índice de Velocidade de Germinação (IVG): determinado mediante contagem diária do número de plântulas normais durante o teste de germinação, de acordo com Maguire (1962); Para a análise estatística, foi utilizado o programa WinStat.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Página 2141 Na Figura 1A, observa-se o decréscimo do teor de água das sementes em todas as embalagens ao longo do armazenamento, sendo mais acentuado em papel (), provavelmente devido à alta permeabilidade deste e a baixa UR do ambiente de geladeira. A análise da porcentagem de germinação (figura 1B), representada pela regressão polinomial para embalagem papel e linear para embalagens plástico e alumínio, demonstrou que os 27 dias de armazenamento foram suficientes para superar a possível dormência dessas sementes. Dados semelhantes foram encontrados para sementes da cultivar Guarany 22 em tempo superior a três meses de armazenamento (MACHADO, 27). Segundo Silva et al. (27), em cultivares de mamona de porte médio, como a BRS Nordestina, a floração tem início entre 7 e 9 dias após a emergência e o ponto de maturação ocorre por volta de 6 a 9 dias após a emissão da inflorescência; desta forma, no momento da coleta das sementes, pode ocorrer determinado percentual de sementes com maturação incompleta. Pela análise de regressão, os dados de primeira contagem (figura 2A) ajustaram-se a um modelo linear para as sementes embaladas em papel e plástico, e polinomial para aquelas em alumínio. Para o IVG (figura 2B), a regressão polinomial apresentou significância e um acréscimo a cada período avaliado. De acordo com análise destas variáveis, houve um aumento do vigor das sementes ao longo do armazenamento. Em alguns casos, o armazenamento por mais de seis meses é favorável à germinação, devido à superação da dormência, como foi constatado para as sementes de racemos de algumas cultivares desta espécie (LAGO, 1979). CONCLUSÃO Sementes de mamona cv BRS Nordestina mantém sua qualidade fisiológica após 27 dias de armazenamento em geladeira, embaladas em papel Kraft, plástico polietileno ou alumínio. Pode-se observar aumento da viabilidade em relação ao período inicial de armazenamento dependendo do grau de uniformidade de maturação das sementes no momento de sua coleta.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Página 2142 AMORIM NETO, M.S.;ARAÚJO, A.E.;BELTRÃO, N.E.M. Zoneamento agroecológico e época de semeadura para a mamoneira na região nordeste do Brasil. Revista brasileira de agrometeorologia, Passo Fundo, n.3, v.9, p , 21. AZEVEDO, M. R. Q. A.; GOUVEIA, J. P. G.; TROVÃO, D. M. M.; QUEIROGA, V. P. Influência das embalagens e condições de armazenamento no vigor de sementes de gergelim. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, n. 3, v. 7, p , 23. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. CLAV/DNDV/SNDA/MA, Brasília, p. 365, CARVHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, p. FERREIRA, A.G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, p. LAGO A. A. et al. Dormência em sementes de três cultivares de mamona. Bragantia, Campinas, v. 38, p , MACHADO, C.G. Posição do racemo, do fruto e armazenamento na qualidade de sementes de mamona (Ricinus communis L.) f. Disertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Estadual de São Paulo, Botucatu, 27. MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedlig emergence and vigor. Crop Science, Madson, v.2, n. 1, p , MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEQ, p. SILVA, O. R. R. F. da.; SEVERINO, L. S.; CARTAXO, W. V.; JERヤNIMO, J. F. Colheita, Descascamento e Extração de óleo, In: AZEVEDO, D. M. P.; BELTRテO, N. E. de M. (Ed.). O Agronegócio da Mamona no Brasil, 2. ed. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília, DF: Embrapa Informa 鈬 o Tecnológica, 27. p VILLELA, F. A.; PERES, W. B. Tecnologia de sementes - Coleta, beneficiamento e armazenamento. Germinação - do básico ao aplicado, Porto Alegre, cap.17, p , 24.
5 Primeira Contagem (%) IVE Teor de água (%) Germinação (%) IV Congresso Brasileiro de Mamona e Página A Linear () Linear () Linear () Ypp= 5,375x² - 13,75x + 81,175 R²= 85,44 Ypl= 3,3x + 77,8 R²= 94,28 Yal= -2x² + 7,8x + 9,55 R²= 88,83 B Polinômio () Linear () Polinômio () 1 1 Tempo de Armazenamento (dias) Figura 1 Teor de água (A) e Germinação (B) de sementes de mamona cultivar BRS Nordestina Ypp= 8,65x + 59,65 R²= 66,25 Ypl= 9,7x + 6,7 R²= 93,95 Yal= -3,375x ² + 17,775x + 59,775 R²= 84,29 A Linear () Linear () Polinômio () 3,5 3, 2,5 2, 1,5 1,,5 Ypp=,1419x² -,264x + 2,6959 R²= 76,1 Ypl=,182x + 2,6132 R²= 98,81 Yal= -,112x² +,4297x + 2,6372 R²= 1 B Polinômio () Polinômio () Polinômio (), Figura 2 Primeira contagem (A) e Índice de Velocidade de Germinação (B) de sementes de mamona cultivar BRS Nordestina.
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