O Valor da Tecnologia e a Inovação

Transcrição

1 Formação Livre II O Valor da Tecnologia e a Inovação IST MEE (1º ano curricular) 2012/2013, 1º semestre Prof. responsável António S. Carvalho Fernandes 1

2 Conhecimento, trabalho e valor 1. Conhecimento O que é e como actua 2. Trabalho - O que é e a sua importância 3. Valor A sua origem e as suas formas 2

3 Conhecimento o que é e como actua O conhecimento humano é aqui tratado como um sistema dinâmico de dados e informação, residente fundamentalmente nas células da mente humana. É portanto um atributo humano pertencente ao indivíduo, não quantificável. 3

4 O conhecimento é entendido como um sistema biológico, ainda mal conhecido mas certamente de natureza fisiológica, cuja dinâmica tem duas faces importantes: uma interna, que corresponde a um número enorme e simultâneo de novos arranjos dos dados em memória, formas de análise e novas sínteses dando eventualmente origem a nova informação, novos significados e novo conhecimento; a outra, entre a mente e o exterior, correspondendo à gestão da comunicação e memorização dos dados recebidos através dos sentidos humanos. 4

5 Conhecimento o que é e como actua Do exterior para a mente, a dinâmica corresponde ao contínuo fluxo de dados que estimulam os sensores e são levados ao cérebro, dando origem a imagens virtuais da realidade que cerca o indivíduo, as quais são, por sua vez, fruto das estruturas que as recebem preexistentes no cérebro e restante sistema nervoso. 5

6 Da mente para o exterior, a dinâmica do sistema corresponde à acção, onde se inclui a observação, e portanto ao discurso e ao trabalho. É precisamente esse trabalho que representa e expressa o conhecimento, do ponto de vista económico. 6

7 Conhecimento e Trabalho O conceito operacional de conhecimento apresentado tem já um carácter que explicitamente reflecte um interesse económico, característica que permite indirectamente e proporcionalmente a sua qualificação, a quantificação e a valorização. Essa característica que o reflecte é o trabalho que lhe está associado. 7

8 Trabalho e acção Ligado directamente ao conhecimento está a acção (volitiva). Essa acção expressa o conhecimento. A acção tem como unidade J x s, ou seja é a energia de 1 Joule exercida durante 1 segundo A unidade do trabalho é também Joule, como a energia. Assim, o trabalho é a força exercida de 1 Newton ao longo de 1 metro, ou seja, a acção por unidade de tempo. Assim, o trabalho expressa também o nosso conhecimento por unidade de tempo. 8

9 2 Tipos fundamentais de Trabalho Trabalho de manutenção e aprendizagem do conhecimento e da tecnologia existentes na sociedade. Trabalho de criação de novo conhecimento e nova tecnologia. 9

10 Trabalho O que faz Expressa o nosso próprio conhecimento, num certo tempo: na manutenção do conhecimento individual existente, na aprendizagem de conhecimento socialmente existente (tecnologia) e na criação de novo conhecimento e novas formas tecnológicas. 10

11 Valor Valor é uma métrica. Como tal, compreende: um critério e uma escala. O que são os critérios? Quais são as escalas? 11

12 A origem do valor Os determinismos elementares constituem um factor primordial que informa e qualifica a noção de valor. 12

13 A origem do valor As plantas crescem à procura da luz e as raízes distribuem-se na terra para encontrar água e nutrientes. Trata-se de desenvolvimento natural, determinado geneticamente, influenciado pelo fenótipo mas sem uma inteligência como a que nos caracteriza. Este exemplo ilustra uma forma de determinismo local, por outras palavras, ilustra um determinismo genético. 13

14 A origem do valor A necessidade de água e da radiação do Sol, para as plantas como para os humanos e outros animais, são parâmetros que valorizamos. Quando se afirma que a água e a energia do Sol são essenciais, identifica-se factores que pertencem ao nível mais profundo da teoria do valor, o do quadro do desenvolvimento natural das espécies. 14

15 A origem do valor Este quadro constitui-se numa seta apontada para o futuro, tem a ver com os genes dos organismos e não depende, no que lhe é essencial, da nossa inteligência e vontade. Esse quadro genético é ainda completado com o fenótipo e o ambiente através de macro estruturas orgânicas que não funcionam independentemente dos determinismos elementares. Estes também se enunciam pelo segundo princípio da termodinâmica. 15

16 Interpretações do valor VALOR significado etimológico: Do latim valore (ser forte) Das línguas Indo-Europeias wal (sufixo) Ser forte, mas também ter poder e governar Vamos então averiguar as interpretações do VALOR, 1. Na axiologia/filosofia 2. Na economia 16

17 O Valor na Axiologia A dualidade primordial (ser ou não ser) A necessidade (numa escala de vital a acessória) O indivíduo e o grupo (os dois pólos que se tenta equilibrar) O direito, a justiça e os códigos A ética, a moral (as religiões) e a estética O bem e o mal 17

18 O Valor nos códigos * Código Visigótico da Península Ibérica, livro I, nº II (século VII) A lei é definida como ambicionando ser equivalente à divindade, como sendo o oráculo da religião, a fonte da instrução, o braço do direito, a defensora e promotora da boa moral, o leme do estado, a mensageira da justiça, a companhia da vida, a alma da política. 18

19 O Valor na Axiologia A geometria do valor A alegoria do Sol (A Caverna de Platão) O eixo das virtudes (A Divina Comédia de Dante) 19

20 O Valor na Axiologia Michelangelo, 1510 O valor ligado a divino (Escolástica, até ao fim da Idade Média) O valor ligado ao humano (O renascimento e o Humanismo) Descartes, c O valor ligado à racionalidade (Descartes) Empiricismo, c a 1700 Leonardo da Vinci, 1519 O valor ligado à observação e experimentação (John Locke) 20

21 O Valor na Axiologia Nietzsche (-1900) A recusa do divino e o niilismo Os utilitaristas e pragmáticos John Dewey (-1952) O relativismo e pós-modernismo Jaques Derrida (-2004) O racionalismo crítico de Karl Popper Karl Popper (-1994) 21

22 O Valor na Axiologia Os critérios essenciais de valor: (1) a necessidade e o interesse individual, que reflectem o determinismo elementar genético e o conhecimento acumulado, o qual é o primeiro responsável pelos avanços pontuais do conhecimento social. (2) o interesse do grupo, social, que reflecte o equilíbrio conjuntural da partilha, que é responsável pela difusão e distribuição do conhecimento social. 22

23 Em resumo: O Valor na Axiologia O conhecimento de tudo o que facilita a continuação e desenvolvimento do ser individual e do ser colectivo, no melhor equilíbrio possível, é classificado como bem, como virtude e, assim, é-lhe atribuído maior valor. O mal aparece como a ausência do bem, tal como o frio é a ausência do calor. 23

24 O valor aparece então como uma métrica ontológica do conhecimento, uma métrica que tem critério mas não tem uma escala simples e linear. O maior valor é atribuído ao bem e o menor valor (ou o valor negativo) é atribuído ao mal. 24

25 O Valor na Economia A ECONOMIA é uma ciência que interpreta e modela o comportamento e as consequentes acções das pessoas e suas sociedades no que se refere à utilização dos recursos (escassos?) e à produção, troca e utilização dos bens a que têm acesso, sejam naturais ou produzidos. 25

26 O Valor na Economia Numa próxima aula, reflectiremos sobre o valor económico e como se quantifica. 26