MAQUETES DAS CIDADES-ESTADOS DA GRÉCIA ANTIGA
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- Esther Bruna Martinho Abreu
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1 MAQUETES DAS CIDADES-ESTADOS DA GRÉCIA ANTIGA MARA CRISTINA GONÇALVES DA SILVA* Resumo A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização. Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da Feira Cultural e Cientifica da escola e são registradas no blog: assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos no desenvolvimento do projeto. E também foi o caminho que escolhemos para debater conhecimento e democracia contra os argumentos da escola sem partido ou escola livre que questionam o conhecimento e atividades de estudo. Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro. E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de um livro paradidático: (VAN ACKER, 1994). Outra atividade desenvolvida foi a apresentação de um roteiro de análise de objetos elaborado pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP cada grupo escolher um objeto da exposição: "Pólis - Viver na cidade Grega Antiga". -
2 2 Professora de História da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade da PUC SP. No ano de 2016 tivemos uma novidade que foi a visita de uma equipe do MAE/USP a nossa escola, essa visita está presente no documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga" com a direção de Cleberson Moura e André Cury. O documentário pode ser visto no link: Todas essas atividades também são ferramentas para o debate sobre a democracia na Grécia Antiga e na atualidade, debate cada vez mais necessário pela difusão de valores autoritários que negam a importância do debate histórico. Introdução Neste texto problematizamos e relatamos o ensino de Grécia Antiga no Ensino Médio. Leciono a aproximadamente dezenove anos na Educação Básica o componente curricular de História e há dez anos no Ensino Médio na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo. A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização. E desenvolver as seguintes competências: organizar informações e conhecimentos disponíveis de forma a argumentar consistentemente; selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações, trabalhando-os contextualizadamente para enfrentar situações-problema e para construir e aplicar conceitos das diferentes áreas do conhecimento de modo a investigar e compreender a realidade. Para concretizar que a aprendizagem sobre a Grécia Antiga seja significativa escolhemos o tema sobre as Cidades-Estados da Grécia Antiga através da execução de maquetes destas cidades em grupos de estudantes do primeiro ano do Ensino Médio. No ano de 2016 realizamos esse projeto em sala de aula um pouco diferente do que fazíamos desde 2008 na mesma escola.
3 3 O motivo foi uma crítica feita em 2015 por um estudante do terceiro ano do Ensino Médio, com características ligadas aos argumentos da escola sem partido, como: só apresentar uma versão dos fatos históricos, normalmente a interpretação ligada ao pensamento marxista, como na Revolução Francesa sem aprofundar sobre a nobreza ou a Revolução Russa sem explicar sobre o exército branco. Associando a pouca dedicação de explicações sobre as classes sociais derrotadas nessas revoluções com uma postura autoritária da professora por "impor" uma interpretação especifica, ligada ao pensamento com critérios de interpretação marxista. Foi um debate duro na sala de aula, ainda mais porque estava pedindo ajuda, se haveria algum aluno (a) que poderia me ajudar a digitalizar um livro paradidático sobre a Revolução Russa (REIS Fº, 1989), a proposta não se concretizou e a leitura do livro paradidático também não se concretizou, demonstrando que esse (s) aluno (s) usam esses argumentos para não estudar. E algumas semanas depois um membro da gestão reproduziu as mesmas afirmações e questionamentos, o diálogo foi intenso, pois o mesmo cobrou que apresentasse as versões cobradas pelo estudante que havia comunicado esse membro da gestão. Disse-lhe que não estudaria francês ou russo para ler os documentos da extrema direita de cada um desses países e a derrota dessas classes sociais em (na França) e em 1917 (na Rússia) abriram um novo período de realizações inovadoras para a humanidade e isso é mais importante de ser estudado do que o mofo das aristocracias desses países. Decidi que em 2016 deveria superar essa discussão sobre os conhecimentos com um aprofundamento sobre democracia (s). Em 2017 estive afastada por motivos de saúde, mas nesse ano os argumentos desses alunos são que o conteúdo não se relacionam a política, então como não posso me aborrecer por orientação médica, propus como atividade extra uma redação sobre os episódios do programa Roda Viva do canal de televisão TV Cultura a partir de 07 de maio de 2018 com os pré-candidatos à presidência da República e estou aplicando minha programação de leituras de paradidáticos. E na Grécoa Antiga, na primeira aula sobre Grécia Antiga registramos na lousa os conhecimentos prévios que os estudantes possuem sobre o tema de forma ampla, normalmente
4 4 são citados: as Olimpíadas, o nascimento da Filosofia, História, Democracia, Cidadania, Arquitetura e Escultura. O debate sobre democracia é fundamental para responder aos argumentos daqueles que são contrários que os estudantes compreendam outras experiências históricas de convívio político. Aprofundamos a comparação entre democracia representativa e democracia direta. O levantamento do conhecimento prévio não é apenas para dar voz aos estudantes em aula e constatar o quanto o Ensino Fundamental II os preparou, mas concordamos com Tauhyl (2012), "Trabalhar essas "heranças" é uma forma de ligar as situações do presente ao estudo do passado. Mais do que detectar os pontos de conexão da nossa realidade com o mundo antigo, entender o porquê dessa permanência é uma grande possibilidade de exercitar o pensamento crítico do aluno". A partir disso estabelecemos a linha do tempo da Grécia Antiga, da influência minoica e micênica, períodos pré-homérico, homérico, arcaico, clássico e helenístico. E as cidadesestados de Atenas e Esparta como modelos. Esse conteúdo do livro didático é comparado com a linha do tempo da obra: "Siracusa - Leituras de uma Cidade Antiga" do LABECA - Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. A disponibilização aos estudantes de duas linhas do tempo sobre o mesmo período histórico tem por objetivo propiciar a possibilidade de comparação entre a linha do tempo fornecida pelo livro didático: curta, resumida; e a linha do tempo elaborada pelo LABECA que é baseada em objetos encontrados em escavações arqueológicas e essa linha do tempo possui mais características, fruto dessas descobertas, esses objetos formam parte da cultura material do período estudado. Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da Feira Cultural e Científica da escola e são registradas no blog:
5 5 assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos do projeto. Como expectativa geral de aprendizagem temos que os estudantes construam maquetes que representem cidades-estados da Grécia Antiga no dinamismo de sua civilização através da interdisciplinaridade necessária para a pesquisa e construção das maquetes, através de conhecimentos sobre a geografia, arquitetura, mitologia/literatura grega, teatro, proporções matemáticas, religiosidade, funcionamento político e a organização das cidades-estados e a historicidade dessas localidades através de características econômicas, culturais e políticas. As aprendizagens especificas se relacionam em os estudantes conseguirem com suas pesquisas e maquetes observarem as diferenças de planejamento e funcionamento das cidades-estados da Grécia Antiga com as nossas cidades atualmente, se a organização das cidades-estados se aproximam mais de um funcionamento democrático ou aristocrático. Desenvolvimento O trabalho pedagógico sobre a Grécia Antiga segue o encadeamento do livro didático intercalado com o material pedagógico do LABECA e as orientações para pesquisa sobre a cidade-estado escolhida pelo grupo, em cada sala não há cidade-estado repetida e a leitura do livro paradidático. Um exemplo é a pesquisa feita sobre Mileto em 2016 pelo Gabriel, Gustavo, João Pedro, Lucas Eduardo e Wendell; eles constataram que a cidade-estado de Mileto produzia uma lã de qualidade e possuía um grande comércio com dois portos com grande destaque para o funcionamento democrático com três ágoras, as praças de debate político. Além de outras edificações culturais e esportivas, nessa pesquisa eles utilizaram fotografias dos sítios arqueológicos, de planta baixa e demonstraram o dinamismo desta cidade-estado. Uma fotografia da maquete de Mileto de das outras em exposição na Feira Cultural em 2016, como Siracusa, Micenas, Atenas e Olímpia entre outras neste link: maquetes-sobre-a-greciaantiga/.
6 Para uma observação mais detalhada da maquete de Mileto e ouvir uma explanação da mesma acesse o link: É o audiovisual MILETO que participou do V Festival de Audiovisual da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro. O documentário pode ser visto neste link: O uso do documentário segundo Cordeiro pode ser "tanto como instrumento de registro documental, mas principalmente enquanto processo de estudo e exercício crítico, a produção de narrativas audiovisuais, em vídeo, procura estimular o debate de jovens estudantes sobre o modo de vida dito urbano na história". E após a exibição do documentário "Siracusa - Cidade Antiga" em sala de aula cada estudante recebe um tema para aprofundar a pesquisa baseado nos temas para discussão para a exploração do vídeo elaborado pela LABECA. A pesquisa individual para entregar no formato de redação. Um tema é o texto da Larissa Vieira: "Monumentalidade e representação do poder", a estudante destaca as muralhas como monumento de expressão do poder da cidade-estado: "Uma das representações do poder que podem ser notadas no documentário da cidade é o mar. Um fator tão simples e ao mesmo tempo tão importante para Siracusa se tornou um aliado não só econômico quanto militar, pois ao mesmo tempo em que pescadores e outros comerciantes conseguiam seu sustento através dele, os navegadores não precisavam adentrar no território da ilha para atingir a água. Também ligado ao mar, outro exemplo de monumentalidade (característica, atributo do que é ou se mostra monumental) e representação do poder são as embarcações. Os navios eram assimilados com a pólis, seus flancos representavam a muralha da cidade, seu piloto o governante, o marinheiro era visto como o combatente e os cidadãos como exilados. As muralhas presentes na ilha não representam apenas o trabalho do povo e a presença militar, representam também o poder e a monumentalidade da cidade. Elas eram monumentos, ou seja, além de muitas outras definições, eram notáveis pela grandeza ou pela sua magnificência. (...). O documentário "Siracusa Cidade Antiga" buscou fugir do lugar comum das frequentes abordagens sobre a história da cidade e seguir os relatos dos próprios moradores. (...)." 6
7 Um outro tema foi "Pólis e o conceito de cidadania", de Júlia Pelegrino Pimentel, que irá destacar a diferença entre a ásty (área urbana) e khóra (área rural) como expressão do poder de cada pólis. "Quando os gregos começaram a fundar a pólis fora da Grécia, no século VII a. C., eles aproveitaram as rotas comerciais já conhecidas. Na Sicília, que era um entroncamento importante no mar Mediterrâneo, eles aproveitaram os locais que eram habitados pelos nativos da região e fundaram cidade novas onde uma delas era Siracusa, que depois se tornou a maior cidade grega fora da Grécia. As pólis, uma forma inovadora e autônoma de organização social não submetida a um poder centralizado, eram divididas em duas áreas: a ásty, mais adensada, "urbana" e menor, que abrangia seu núcleo fundador, onde os cidadãos, habitantes livres do sexo masculino ali nascidos, exerciam a atividade política; e a khóra, setor rural, de maior extensão, dedicado à pratica da agricultura, pecuária, e extração de madeiras. As fronteiras de uma pólis eram definidas pelos limites de sua khóra. O papel da khóra, área disputada pelas pólis nas guerras em razão de sua importância estratégica como fonte de alimentos e expressão de poder político, é o eixo central que articula as pesquisas da equipe do Labeca nos últimos quatro anos. Os arqueólogos do MAE realizaram viagens de campo a sítios gregos na Europa mediterrânica. Boa parte dos trabalhos feitos desde o século XIX priorizam a área "urbana" das antigas cidades gregas como se ela representasse toda a pólis. (...). De acordo com as circunstancias, alianças eram feitas para combater outras cidades gregas ou enfrentar inimigos externos, como os persas, fenícios ou cartagineses. Siracusa chegou a ser a segunda maior pólis grega no século V a. C. e derrotou Atenas em guerras". E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de um livro paradidático (VAN ACKER, 1994). Temos a iniciativa de usar literatura paradidática para complementar o tema retratado no capítulo do livro didático e também exercitar a leitura, o fichamento bibliográfico e/ou o resumo, o debate sobre a obra lida, as informações mais detalhadas sobre o período histórico que se está estudando. Como por exemplo o fichamento bibliográfico realizado pela Ana Paula (trechos): 7 Nº Citação página 17 Em toda cidade-estado grega havia espações comuns a todos os grupos sociais e outros reservados aos grupos que eram, de alguma forma, diferenciados. Opinião pessoal Podemos observar, claramente, que havia uma grande desigualdade social, que era facilmente identificada em todos os locais. Aqueles considerados nobres, faziam questão de mostrar seu nível social, e
8 8 17 Todas as pessoas frequentavam o mercado e o teatro. Já a assembleia era reservada apenas aos que eram cidadãos ou seja, homens livres descendentes de pessoas nascidas na cidade (...). (...) (...). As tragédias se diferenciavam das comédias e das sátiras não só pelo sentido do texto, mas pelas máscaras e roupas específicas usadas pelos atores, bem como pela linguagem utilizada (...). (...) queriam deixar claro, os lugares que cada uma devia ir, e onde eram, de certa forma, aceitos. Esse trecho reforça ainda mais o anterior, onde podemos notar, que nem todos da população eram considerados cidadãos, e o Estado limitava os cargos que podiam ou não seguir. Era claramente visível a diferença de inferiores e superiores, ou seja, uma imensa desigualdade social. O teatro surgiu na Grécia, e a tragédia, comédia e sátira, eram práticas teatrais, nas quais, eram transmitidos, valores morais, problemas da sociedade, etc. Ambas tinham funções educativas, porém, elas se diferenciavam no contexto abordado, linguagem, etc., visto que, a comédia permitia o uso, até mesmo, de palavras de baixo calão. 64 A consciência da cidadania se traduzia na obediência às leis, consideradas pelos tribunais a garantia da democracia, e em nome delas os atos do governo não podiam ser desobedecidos (...). Na verdade, eles queriam cidadãos que não fossem contrários às leis, nem contestassem sobre as mesmas. Dessa forma, manteriam o poder, sem qualquer intervenção da sociedade, garantindo maior período de comando. O fichamento bibliográfico completo está no link: Nestes trechos selecionados destacamos como a leitura e as escolhas que a Ana Paula realizou da obra onde ela observa as diferenças sociais e como essas diferenças interferiam no exercício da cidadania, a importância da legislação para o exercício e manutenção do poder e a permanência das reflexões dos filósofos da Grécia Antiga. E compreende a importância do registro histórico para o conhecimento de outros povos e outros períodos históricos. Já a estudante Fabiana realizou um resumo da mesma obra paradidática, destaco alguns trechos de seu resumo: No Período Arcaico é perceptível a mudança de genos para pólis. As pólis são chamadas também de cidades-estados e são basicamente regiões sob o domínio de um chefe, independentes uma das outras (governo próprio). O poder dos reis começou a entrar em declínio e se tornou comum a consulta às
9 assembleias (eclésias), compostas por senhores de famílias influentes. A monarquia foi substituída pela aristocracia (camada da sociedade com maior poder aquisitivo) hereditária. Os gregos passaram a expandir os territórios, formando as colônias (apoikia). Essas colônias eram politicamente e economicamente independentes, mas unidas pelo laço sentimental e religioso com a metrópole (cidade-mãe). Os motivos da colonização podem ser tanto comercias quanto demográficos, algo que é um tanto incerto para os historiadores. (...) Espaços comuns na pólis Apesar da descentralização dos territórios da Hélade ocorria um forte fator cultural, composto na esfera linguística e religiosa, que permitia alguns aspectos comportamentais parecidos em todas as regiões. Em toda cidade-estado haviam espaços comuns e espaços dedicados a membros especiais da sociedade. O mercado e o teatro, por exemplo, eram frequentados por todas as pessoas. As assembleias eram ocupadas apenas para aqueles considerados cidadãos e os tribunais, aos cidadãos eleitos. Os estádios, locais reservados para os esportes, eram frequentados por cidadãos homens com mais de doze anos. Esses locais estavam localizados na parte baixa das cidades, conhecida como ágora. Na parte mais alta da cidade, na acrópole, estavam localizados os templos". Destacamos os trechos acima pois eles expressam o entendimento da Fabiana sobre uma parte da linha do tempo da história da Grécia Antiga e sua periodização, em particular, sobre o período denominado de Arcaico, importante porque é o período a partir do século VIII a.c. com o fim dos genos e da propriedade coletiva para o surgimento da pólis e da propriedade privada nessas comunidades, e vão desenvolver regras para o viver junto com valorização da vida em comum com espaços dedicados ao debate para se viver coletivamente. E nos outros trechos discute o papel histórico de outros espaços como o mercado, o teatro e os templos, edificações do espaço urbano. O resumo completo pode ser lido no link: Outra atividade desenvolvida foi a apresentação de um roteiro de análise de objetos elaborado pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP cada grupo escolher um objeto da exposição "Pólis - Viver na cidade Grega Antiga". O roteiro de análise de observação de objeto é uma ferramenta que ajuda a educar o olhar e a reflexão sobre os diferentes aspectos que compõem quaisquer objetos. Os objetos são os instrumentos do nosso dia a dia, desde um recipiente para acondicionar líquidos e/ou alimentos, até diferentes tecidos e/ou couros para cobrir a nossa pele, enfim, são necessários para atingir e satisfazer as necessidades cotidianas dos seres humanos e criar esses objetos depende das relações que os homens e as mulheres estabelecem entre cada um deles, e também desses grupos humanos com 9
10 10 o meio ambiente onde vivem. Esses objetos representam a realidade cultural desses grupos humanos. O objeto tem a característica de poder ser lido como um documento histórico, como fonte histórica. E como toda e qualquer fonte histórica pode e deve ser questionado a partir de sua própria materialidade como o seu formato, a matéria-prima, as dimensões, a técnica de confecção do objeto, as funções de uso, o manuseio, o valor econômico para diferentes grupos sociais como para quem o faz e para quem o utiliza. Fotografia 1 - Elmo, coleção do MAE/USP. Quanto às características físicas: Qual é a cor? É um preto meio esverdeado (bronze oxidado). Tem cheiro? Qual? Não tem cheiro. Tem som? Qual? Não tem som. Quais são suas dimensões? Podemos ver que o elmo tem um tamanho relativamente pequeno para a cabeça de um homem adulto. Presumiu-se que era usado por crianças a partir da idade que conseguiam segurar uma arma. Do que é feito? De bronze. É um material natural ou manufaturado? Manufaturado. É um objeto completo? Foi alterado? Sim, mas agora ele encontra-se um pouco desgastado na parte de trás. Quanto à construção: Como é feito? O bronze foi aquecido e moldado com marteladas em um molde padrão e depois foi acabado com seu polimento. É feito à mão ou à máquina? À mão. Foi feito em molde ou em peças? Molde. Se forem várias peças como elas foram fixadas? É apenas uma peça que faz parte de uma armadura ao todo. Quanto à função/utilização: Para que foi feito? Para proteger a cabeça dos guerreiros durante a guerras. Como o objeto tem sido usado? Ele manteve sua função mas agora é apenas usado para exposição e estudos. Seu uso se modificou? Sim, ele deixou de proteger a cabeça de guerreiros e agora é um objeto de estudos históricos (...). Quanto a sociedade que o produziu: Quem o produziu? Provavelmente um artesão que produzia armaduras para os guerreiros gregos. Quem o utilizou? Os hoplitas, ou chamado de "cidadão guerreiro". (...)".
11 11 Os estudantes Gabriel Marcondes, Gabrielle Mendes, Hector Renato, João Pedro Luan Xavier e Pedro Lizardo escolheram o elmo como objeto e observaram que quem o usava era o cidadão da pólis. Uma atividade muito importante é a visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP pois além de ser uma experiência fora do ambiente escolar, para muitos um passeio, uma outra forma de socialização afetiva, emocional e cognitiva para os estudantes também proporciona o acesso a um bem cultural que normalmente não faz parte do cotidiano desses estudantes até o momento da visita. Os museus são lugares de memórias, portanto, oficialmente responsáveis pela guarda de objetos de diferentes tipos que podem contar como viviam diferentes sociedades em diferentes tempos e espaços. Permitindo que os estudantes tenham contato com "os outros" povos, pessoas, histórias, sociedades, ampliando o universo da diversidade cultural para si e entre eles. No museu é possível essa comunicação com a materialidade da realidade cultural desses povos pois até a organização dos objetos dentro da exposição possuem uma intencionalidade comunicativa. Como espaços dedicados a preservação da memória o encontro das novas gerações com o patrimônio cultural de outras humanidades permite o desenvolvimento de diferentes leituras sobre o mundo em diferentes momentos e qualificar o seu pertencimento ao hoje, permeado pelas permanências e transformações em relação ao ontem. Nossas visitas ao MAE/USP refletiram os esforços de estudo e pesquisa e provavelmente por isso tivemos no ano de 2016 a novidade que foi a visita de uma equipe do MAE/USP a nossa escola na semana posterior a Feira Cultural e eles já haviam conversado com alguns estudantes na visita ao MAE e na visita a Etec conversaram com outros estudantes, mas todos os alunos e todas as alunas do 1º A e B que dialogaram com essa equipe que nos visitou está presente no documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga", com a direção de Cleberson Moura e André Cury. O documentário pode ser visto no link:
12 Neste documentário é possível observar na fala um pouco tímida, mas convicta da Júlia R. Souza sobre o fato das mulheres não participarem da política na Grécia Antiga e ainda hoje também participarem pouco. Avaliação O primeiro ano A em 2016 foi uma sala com mais dificuldades em desenvolver todas as atividades propostas em função de um grupo de aproximadamente quinze estudantes muito reticentes a desenvolverem as leituras e lições de casa, essa foi a principal dificuldade com essa turma; o primeiro ano B foi uma sala excelente, até os estudantes que assumiam que a leitura lhes era uma atividade enfadonha esforçaram-se para lerem o máximo dentro de suas limitações e aceitavam dialogar sobre isso. Os itens avaliados foram para o 1º A: fichamento bibliográfico da obra do livro paradidático: (VAN ACKER, 1994). Redação sobre o documentário: "Siracusa: Cidade Antiga", de Silvio Luiz Cordeiro. Roteiro de análise de observação de objetos (visita ao MAE/USP). Maquete de uma cidade-estado da Grécia Antiga envolvendo: pesquisa escrita, apresentação oral, apresentação visual, folder, e a maquete. Avaliação sobre Grécia Antiga. Nas escolas técnicas estaduais dirigidas pelo Centro Paula Souza possui como critérios de avaliação os conceitos: MB = Muito Bom; B = Bom; R = Regular e I = Insatisfatório. Os resultados alcançados foram: Fichamento VAN ACKER SIRACUSA ROTEIRO OBJETO MB B R I MB B R I MB B R I 1º A º B Apresentação oral e visual Maquete Pesquisa escrita e folder Avaliação MB B R I MB B R I MB B R I MB B R I 1º A º B Tabelas elaboradas por Mara Cristina Gonçalves da Silva em maio de Com esses dados é possível observar que iniciamos parte das atividades extras com o livro paradidático com uma grande resistência, um quarto da turma não fez o fichamento, com a
13 13 redação sobre o documentário um a mais deixou de fazer porque os temas foram individualizados, alguns exemplos, os subtemas ligados ao tema: "Espaço e Sociedade", segue o número da chamada do estudante e o correspondente tema. Espaço e sociedade: Nº Temas para redação sobre analise do documentário de Siracusa 01 A cidade, seu ambiente e a subsistência. 02 Entender e quantificar o espaço: geografia, geologia. 03 O mar e a pesca: viver em uma ilha ontem e ontem. 04 Espaço e sobrevivência: mobilidades humanas; migrações ontem e hoje. 05 Conflitos étnicos e religiosos: diásporas ontem e hoje. Nenhum desses estudantes fizeram a redação correspondente ao seu número da chamada, a única estudante que tem justificativa foi a estudante número 01 pois houve um falecimento na família. E conforme vamos insistindo nas atividades a quantidade de participantes vai aumentando e o desempenho dos que participaram desde o início também vai melhorando, os últimos a se envolverem nas atividades possuem os conceitos mais baixos (Regular e Insatisfatório). Esses resultados demonstram as dificuldades e as principais dificuldades são relacionadas a leitura, os prazos precisaram ser ampliados e foram ampliados para demonstrar minha flexibilidade e interesse que as leituras e pesquisas fossem realizadas adequadamente. Uma outra dificuldade com o 1º A foi para auto sustentar a viagem de visita ao MAE/USP, uma sala com muitos pais ou responsáveis desempregados e/ou a resistência em aprofundar as pesquisas; a quantidade de estudantes que pagaram sua passagem do ônibus fretado não foi suficiente para o custo, os valores que sobejaram no 1º B e uma contribuição minha viabilizaram a visita ao MAE/USP e os alunos e as alunas que não puderam e/ou não quiseram contribuir não foram expostos nem para a gestão escolar e pedagógica. Essa sala, o 1º A foi a mais agitada na visita monitorada, a que mais conversava durante a explicação dos monitores, a que mais precisou de ampliação de prazos para as leituras e apresentação das maquetes, mas no final houve bastante
14 14 capricho da maioria nas maquetes e na maioria das apresentações orais e visuais. As maquetes do 1º A que participaram da exposição na Feira Cultural e Cientifica da escola foram: Delfos, Olímpia, Micenas, Tessalônica e Creta. A maquete de Atenas foi conceito I em todos os aspectos e inclusive é parte do grupo que participou da visita ao MAE e não fez o relatório de análise de observação de objeto; e Poseidonia a apresentação oral e visual foi excelente, mas o grupo de estudantes que organizaram a exposição na sala de Grécia Antiga Feira Cultural da escola não gostaram da aparência da maquete e não permitiram que ela participasse da exposição. Como não se organiza um trabalho desses sozinha aceitei a opinião da maioria. Do 1º B participaram da exposição na Feira Cultural todas as maquetes apresentadas em sala de aula: Esparta; Mileto, Tróia, Atenas, Siracusa e o Palácio de Cnossos em Creta. E 15 estudantes desta sala ajudaram e se responsabilizaram pela sala na Feira Cultural com a colaboração de mais 02 estudantes do 1º A. Os principais meios para realizar as avaliações foram principalmente os textos e as apresentações e o comportamento na visita ao MAE/USP. Acredito que as principais aprendizagens estão relacionadas ao desenvolvimento de pesquisa de forma mais autônoma, escrever textos mais objetivos e explicativos e apresentação oral das pesquisas. E temos a avaliação em Grécia Antiga que no 1º B foi um alto desempenho. Considerações finais Consideramos que quanto mais envolvimento nas atividades, melhor o desempenho cognitivo, inclusive em sua expressão formal, a preparação para o vestibular. Os principais desafios relacionam-se a estimular que as novas gerações desenvolvam hábitos de leitura de forma regular, com uso de dicionário, adquirirem a pratica de fazer resumos, inclusive como metodologia de estudo que é útil para qualquer componente curricular e não apenas História. Outro desafio é através do diálogo a partir das pesquisas é demonstrar aos estudantes que a democracia deve ser cada vez mais ampliada; muitos acham inviável a democracia direta tal qual os gregos antigos viveram. Da experiência das visitas ao MAE/USP e da participação no documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga" foi doado ao Setor Educativo do Mae/USP as maquetes de Mileto,
15 15 Siracusa, Tessalônica e o Palácio de Cnossos e são exemplos para atividades educativas de outros professores. Também consideramos que essa quantidade de atividades aprofundando o estudo da Grécia Antiga, e a democracia é um estudo significativo, evitando a superficialidade muito comum no cotidiano escolar no conhecimento histórico, e é uma forma de combater a mediocridade da ausência de argumentos da escola sem partido. Referências ACKER, Maria Teresa V. Van. Grécia: A vida cotidiana na cidade-estado. São Paulo: Atual, (Coleção História geral em documentos). BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam Becho. HISTÓRIA - Das cavernas ao terceiro milênio. Volume 1 (Das origens da humanidade à expansão marítima europeia), 3ª edição, São Paulo: Moderna, CORDEIRO, Silvio Luiz. A experiência do vídeo em arqueologia e o ensino de história Antiga a partir do estudo da cidade. Revista de História. São Paulo, (164):2011, p FLORENZANO, Mª Beatriz B. O mundo antigo: economia e sociedade 7ª Ed. SP: Brasiliense, HIRATA, Elaine e CORDEIRO, Silvio Luiz (Orgs.). Siracusa - Leituras de uma cidade antiga. São Paulo: Labeca, MAE/USP HIRATA, Elaine. Siracusa - Cidade antiga: explorando o vídeo. Labeca, MAE/USP. s/d. HIRATA, Elaine Farias Veloso. Pólis: Viver em uma cidade grega antiga. Colaboração de Bruna Braga Fontes e Paula Talib Assad. São Paulo: Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca), Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo: FAPESP, Roteiro de análise de objetos - Mediterrâneo e Médio Oriente na Antiguidade - Formas de Humanidades: Pré-História Europeia, Egito e Mesopotâmia. Guia Temático para Professores. Introdução, MAE/USP p. 04.
16 16 Siracusa - Cidade antiga. Diretor: Silvio Luiz Cordeiro. Coordenação científica: Elaine Hirata. Produção: Beatriz Florenzano. Formato original: HDV 16:9 (NTSC). 25 min. São Paulo: Labeca/MAE/USP, REIS Fº, Daniel Arão. A revolução russa ª e, SP: Brasiliense, TAUHYL, Ana Paulo Moreli. Arqueologia e o ensino de História Antiga: novos olhares, novas possibilidades. Anais do XXI Encontro Estadual de História - ANPUH-SP, Campinas, setembro,
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