REDUZIR A MAIORIDADE PENAL: SOLUÇÃO OU PROBLEMA?
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- André Benke Cordeiro
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1 REDUZIR A MAIORIDADE PENAL: SOLUÇÃO OU PROBLEMA? Esther Cruz Silva Graduando no Curso de Direito Universidade de Ribeirão Preto UNAERP, Campus Guarujá esthercruz144@gmail.com Grazielli da Cruz Campos Graduando no Curso de Direito Universidade de Ribeirão Preto UNAERP, Campus Guarujá Cindy Sthefhany Viana Soares Graduando no Curso de Direito Universidade de Ribeirão Preto UNAERP, Campus Guarujá RESUMO: O artigo científico abordará a atual proposta de redução da maioridade penal no Brasil, mostrando a evolução dos direitos das crianças até a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, apresentado a realidade do sistema prisional brasileiro e apresentando os argumentos contra e a favor da reforma. Palavras-chave: Redução; Maioridade Penal; ECA. Área do conhecimento: Humanas 1. Introdução. O tema abordado trata da redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos. Atualmente, segundo a Constituição Federal, sabemos que o menor de 18 anos não comete crime, comete infração, e é encaminhado para a Fundação Casa onde será reabilitado para ser reinserido na sociedade. Justificando a realização deste artigo, a necessidade de elucidar para todos e de forma clara este tema que é muito abordado pelos brasileiros, mostrando os malefícios e os benefícios, com o objetivo principal de atrair a atenção do público para a possibilidade de redução da maioridade penal. O artigo tem como objetivo analisar a eficácia da lei disciplinadora sobre a reinserção dos menores infratores na sociedade, como a ineficácia de uma possível redução da maioridade penal. A metodologia utilizada para a formação do artigo com o tema citado é a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental.
2 2. Desenvolvimento. 2.1 A Evolução dos Direitos da Criança e do Adolescente. O direito da criança e do adolescente no Brasil sofreu algumas alterações com o decorrer dos anos, passando a proteger e assegurar cada vez mais os direitos fundamentais do infanto-juvenil. Essas mudanças positivas tiveram influências de documentos internacionais, tais como a Declaração dos Direitos Humanos e a Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente Âmbito Internacional. O principal documento internacional que influenciou os princípios fundamentais vigente no atual Direito da Criança e do Adolescente foi a Declaração dos Direitos Humanos, criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, que hoje influência e reconhece a Declaração dos Direitos da Criança. A Convenção dos Direitos da Criança é o maior tratado internacional de direitos humanos já aprovado na história. A necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial foi enunciada na Declaração de Genebra de 1924 sobre os Direitos da Criança e na Declaração dos Direitos da Criança adotada pela Assembleia Geral em 20 de novembro de O texto normativo internacional trás as garantias de proteção a criança e o adolescente, complementando as normas anteriores. Desde então a Criança e o Adolescente subiram ao patamar de sujeitos de direitos, sendo ouvidos e suas opiniões sendo consideradas Estatuto da Criança e do Adolescente. A Declaração de Genebra (1924) determina a necessidade de uma proteção especial á criança, assim como a Declaração dos Direitos Humanos (1948) expressa a necessidade de medidas de proteção. Sendo assim a Constituição Federal Brasileira no seu art. 227 passou a assegurar os direitos fundamentais á criança e ao adolescente, instituindo a chamada prioridade absoluta.
3 Com base no art. 227 da Constituição Federal, o Código de Menores foi substituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n 8.069/90), original, específico e voltado a proteção integral dos direitos da criança e do adolescente Ato Infracional. A imputabilidade penal começa apenas aos 18 anos, ficando sujeito á aplicação de medida socioeducativa por meio de sindicância o adolescente que comete infração penal. Sendo assim, a conduta delituosa da criança e do adolescente denomina-se ato infracional, abrangendo tanto o crime como a contravenção (fato típico, antijurídico e culpável). Segundo Ishida (2014, p. 247) a criança e o adolescente podem vir a cometer crime, mas não preenchem o requisito de culpabilidade (imputabilidade), pressuposto de aplicação de pena, pois aplica-se ao infrator a presunção absoluta da incapacidade de entender e determina-se, adotando o critério biológico Medida Socioeducativa. A medida socioeducativa é a providência aplicada a adolescentes (entende-se como adolescente os jovens de 12 á 18 anos) autores de atos infracionais, podendose, excepcionalmente, estender a sua aplicação á jovens com até 21 anos incompletos. Originada da sentença do juiz da infância da juventude mediante devido processo legal de natureza educativa, atualmente também de natureza ratificadora em resposta ao ato infracional cometido por adolescente. O art. 112 do ECA reproduz as medidas cabíveis que têm certa semelhança com as aplicadas na esfera penal, são elas: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços á comunidade; liberdade assistida; regime de semiliberdade; internação em estabelecimento educacional e ainda medidas de proteção. Todas as medidas aplicadas ao adolescente levarão em conta a capacidade de cumpri-las, as circunstâncias e a gravidade da infração.
4 2.2 Causas da Criminalidade Juvenil. Geralmente ouve-se falar do jovem infrator que ele deve ser punido porque tem consciência de seus atos e que, se é capaz de cometer infrações é capaz de ser punido mais severamente. Mas é preciso saber as causas que levam os jovens a cometerem essas infrações, se eles tiveram uma infância com todos os seus direitos garantidos como prevê o ECA, se tiveram acesso a uma educação de qualidade e qual o ambiente em que foram criados. A violência e o delito na adolescência suburbana podem ser entendidos como respostas ao desprezo ou à indiferença a que estão submetidos os adolescentes moradores do outro lado da cidade e, neste caso, são manifestações de esperança, pois mesmo que seja por arrombamento, eles buscam inventar outro espaço, outras regras de deslocamento de lugar. (OLIVEIRA, 2001 apud SILVA; OLIVEIRA, 2015, p. 14) A exclusão social faz com que os jovens busquem alternativas para chamar a atenção, para serem vistos pela sociedade Sistema Prisional Brasileiro. Falar do sistema prisional brasileiro é lembrar das masmorras da Idade Média. A situação é precária, muitos prisioneiros contraem doenças graves; falta de higiene; superlotação, lugares com capacidade para quatro pessoas, são ocupados por 20 ou mais; falta de atividades que contribuam na reabilitação do preso para entrar em contato com a sociedade, e que possam conseguir emprego ao saírem de lá, o que é um dos fatos mais importantes para a reinserção. 2.3 Proposta de Reforma para a Redução da Maioridade Penal. A redução se baseia numa forma de segurança para a população, fazendo os jovens infratores menores de 18 anos pagarem por seus crimes. Hoje em dia, não se pode dizer que o adolescente não está apto para responder por seus atos, pois com tanta tecnologia e informação que temos, eles sabem distinguir o que é certo e errado.
5 Contudo, essa reforma é muito discutida por ferir a constituição e o ECA que protege esse adolescente, tendo em vista essa proteção o menor infrator não está preocupado com as consequências, pois quando cometer um crime, será encaminhado para a Febem, logo ele é reeducado para estar na sociedade Base Legal e Doutrina. A doutrina da proteção integral aparece mais claramente no artigo 227 da Constituição, que fala sobre a obrigação da família, da sociedade e do Estado de assegurar, com prioridade absoluta, os direitos fundamentais da criança, do adolescente e do jovem. Por tudo isso, antes de completar 18 anos de idade, uma pessoa não pode ser responsabilizada como um adulto no Brasil Principais Propostas. A principal proposta é reduzir a maioridade penal de 18 anos para 16 anos para os casos de crimes graves. A proposta reduziria a maioridade penal para 16 anos em crimes hediondos como estupro, latrocínio e homicídio qualificado (quando há agravantes) Possíveis Consequências. Prender os jovens por qualquer crime não é solução, visto que a cadeia não vai trazer a educação necessária que é preciso para estar novamente na sociedade, misturar jovens com adultos só afetaria o processo de desenvolvimento mental do indivíduo Não Adeptos a Redução. Em audiência pública, dia 11 de agosto de 2016, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), especialistas criticaram as propostas de emenda à Constituição (PECs) que tramitam conjuntamente na comissão em favor da redução da maioridade penal. A maioria dos participantes afirmou que as propostas são
6 inconstitucionais e ferem também tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. O sistema carcerário do Brasil é muito falho, inserir jovens nesse sistema não resolverá a situação deles, só fará com que os mesmos, dentro das celas, possam se unir com pessoas mais perigosas e assim, saindo de lá piores do que quando entraram. Sobretudo, qualquer modificação da Maioridade penal é inconstitucional por ferir a cláusula pétrea da Constituição. De acordo com dom Leonardo Ulrich Steiner, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), muitas crianças e adolescentes do país vivem na fratura das relações, ou seja, em relações familiares e éticas quebradas. Para ele, diminuir a maioridade penal ou aumentar o tempo de internação do adolescente é não levar em consideração o sentido da pessoa humana e criar uma fratura ainda maior. É quase descartar essas pessoas da nossa sociedade. Não é isolando as pessoas que nós conseguimos construir uma sociedade mais justa e mais fraterna disse. Na mesma linha de dom Leonardo, a secretária especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, Flávia Piovesan, afirmou-se contrária à cultura do encarceramento e disse que é necessário humanizar o sistema carcerário do país. Não basta combater o crime, começando pelos jovens, o combate tem que ser feito onde já tem pessoas agentes desse mundo, o sistema do Brasil é rígido, condições desumanas vivem os carcereiros. É nesse lugar que querem inserir os menores? Adeptos a Redução. Em defesa da redução da maioridade penal, o deputado Laerte Bessa (PR-DF), policial civil aposentado, afirmou que o menor infrator perigoso é irrecuperável e, por isso, os que cometem crimes hediondos e ou são reincidentes devem ser julgados
7 como adultos. Bessa afirma ter tido acesso, à época da relatoria, a pesquisas demonstrando que 87% da população são favoráveis à redução da maioridade penal. Ele foi o relator da PEC 171/1993 na Câmara, cujo teor foi absorvido pela PEC 33/2012, no Senado. Com base na afirmação do Deputado, a sociedade por ver menores infratores praticando crimes e nada ser feito em razão disso, tornou-se a redução da Maioridade Penal a única solução para esses jovens, onde o clamor público se tornou generalizado. 3. Considerações Finais. A obra em questão buscou esclarecer bibliograficamente as principais propostas de redução da maioridade penal, com o intuito de conscientizar a população à forma como essas alterações poderão modificar as leis e a sociedade. Procuramos ressaltar e assegurar os Direitos da Criança e do Adolescente, item de suma importância para o tema aqui abordado, e apresentar os motivos que tornam um jovem infrator. Em suma, apresentamos argumentos usados pelos adeptos e não adeptos à redução da maioridade penal, levando em conta a importância de expor para a sociedade os dois lados dessa questão antes de se ter um posicionamento final. Conclui-se então, com este artigo, que este tema extremamente delicado e atual deve ser exposto com mais clareza para maior conhecimento da sociedade, sabendo-se que a possível aprovação da proposta de redução mudaria vidas. 4. Referências. BRUNO, André Blume. Sete Argumentos a favor e contra a redução da maioridade penal. Disponível em: Acesso em: 08/05/2018.
8 MOURA, Helberte de Sena. Análise da proposta de redução da maioridade penal. Disponível em: a_caderno=3 Acesso em: 14/05/2018 AB, Dyego. Inconstitucionalidade na redução da maioridade penal. Disponível em: Acesso em: 18/05/2018. SILVA, E. R. A. da; OLIVEIRA, R. M. de. O Adolescente em Conflito com a Lei e o Debate sobre a Redução da Maioridade Penal: esclarecimentos necessários. Brasília: IPEA, 2015 p ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2014.
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