Wigold B. Schäffer Núcelo Mata Atlântica e Pampa Diretoria de Conservação da Biodiversidade Secretaria de Biodiversidade e Florestas Ministério do
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- Ana do Carmo Santiago Barreto
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1 Wigold B. Schäffer Núcelo Mata Atlântica e Pampa Diretoria de Conservação da Biodiversidade Secretaria de Biodiversidade e Florestas Ministério do Meio Ambiente Fone: wigold.schaffer@mma.gov.br
2 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Relação Áreas frágeis ou áreas de risco X Áreas de Preservação Permanente Áreas sujeitas a inundação Áreas sujeitas a desbarrancamento ou deslizamento Áreas sujeitas a erosão A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de rios e córregos existe para proteger o solo da erosão provocada por chuvas, permite a alimentação dos lençóis d água e a manutenção de nascentes e rios, e evita que a água da chuva provoque inundações rápidas (enxurradas). A construção de habitações e estradas sem respeitar a distância de segurança dos cursos d água acaba se voltando contra essas construções como um bumerangue, levando consigo outras infraestruturas, como foi o caso do gasoduto. Esse é um dos componentes da tragédia. Por outro lado, o grande problema de ocupar encostas é fazer cortes e morar embaixo ou acima deles. Há certas encostas que não podem ser ocupadas por moradias, principalmente as do vale do Itajaí, onde o manto de intemperismo, pouco resistente, se apresenta muito profundo e com vários planos de possíveis rupturas (deslizamento), além da grande inclinação das encostas. Fonte: Criação do código ambiental catarinense: uma reflexão sobre as enchentes e deslizamentos - Artigo das Professoras Lucia Sevegnani e Beate Frank, especialistas em biodiversidade e recursos hídricos - publicado em Disponível em:
3 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Código anti-ambiental do Estado Em Santa Catarina a insensatez de construir em áreas de preservação permanente e de arrancar as florestas de proteção de montanhas e de cursos d'água resultou, recentemente, em morte e sofrimento de seres humanos que talvez não soubessem que estavam ocupando áreas que deveriam (estar) protegidas. Isso porque os órgãos públicos, que deveriam informar sobre tal proteção e fiscalizar as atividades urbanísticas e agrícolas, não agiram. Aprovar legislação que permite construções em áreas de grande declividade e à beira de rios ou nascentes é bem mais do que falta de bom senso: é assumir a responsabilidade pelas vidas que poderiam ter sido salvas e que se perderam. Analucia Hartmann Procuradora da República em Florianópolis a idéia do código é manter o pequeno produtor rural no campo, para evitar que ele abandone sua propriedade por não ter condição econômica, e migre para as cidades as recentes enchentes que castigaram o estado, não tiveram relação alguma com desmatamentos a Lei federal foi feita para a Amazônia...precisamos de uma Lei que considere a realidade de Santa Catarina, que é diferente... Jorginho Mello, Presidente da Assembléia Legislativa de Santa Catarina
4 Conceito Área coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de: * preservar os recursos hídricos * a paisagem * a estabilidade geológica * a biodiversidade * o fluxo gênico de fauna e flora * proteger o solo * assegurar o bem-estar das populações humanas
5 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Código anti-ambiental do Estado Propriedades com até 50 ha: 1. 5 metros para os cursos de água inferiores a 5 metros de largura; metros para os cursos de água que tenham de 5 até 10 metros de largura; metros acrescidos de 50% da medida excedente a 10 metros, para cursos de água que tenham largura superior a 10 metros; Propriedades acima de 50 ha; metros para os cursos de água que tenham até 10 metros de largura; e metros acrescidos de 50% da medida excedente a 10 metros, para cursos de água que tenham largura superior a 10 metros; Nascentes, qualquer que seja a sua situação topográfica, com largura mínima de 10 metros, podendo ser esta alterada de acordo com critérios técnicos definidos pela EPAGRI e respeitando-se as áreas consolidadas; OBS: Nascente intermitente (temporária) não é considerada nascente em Santa Catarina Pergunta-se, o valor de uma nascente d água em Santa Catarina é menor do que o de uma nascente na Amazônia? A água em Santa Catarina é menos importante e menos vital do que no resto do Brasil? As nascentes e a água em pequenas propriedades são menos importantes e menos necessárias do que nas médias e grandes propriedades?
6 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Código anti-ambiental do Estado Segundo o IBGE (2000), 81,25% da população brasileira mora em áreas urbanas. As APPs devem garantir o bem estar de toda a população e não apenas da parcela da população que vive no meio rural. Permitir que a população rural suprima ou degrade as APPs resultará em prejuízos ambientais como a diminuição da qualidade e quantidade de água dos rios. A proximidade extrema das áreas de cultivo junto aos corpos d água potencializa os efeitos negativos da erosão sobre a hidrologia do córrego, ao mesmo tempo em que reduz sua capacidade de vazão, a qualidade e a quantidade de água disponível para consumo Sarcinelli, O. et al. (2008) O bem estar das populações humanas somente estará assegurado se estas populações não estiverem sujeitas aos riscos de enchentes, desbarrancamentos, falta d água, poluição, secas ou outros desequilíbrios ambientais e puderem desfrutar de uma paisagem harmônica e equilibrada.
7 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Por que as Leis Estaduais devem respeitar os parâmetros mínimos de APPs, estabelecidos na regra geral de caráter nacional? Os bens ambientais são naturalmente indivisíveis, o que significa afirmar que não se repartem, sem que isso represente uma alteração das suas propriedades ecológicas. Os bem ambiental não encontra fronteiras espaciais e territoriais. Em razão da interligação química, física e biológica dos bens ambientais, não é possível ao ser humano estabelecer limites ou paredes que isolem os fatores ambientais. Impossível admitir que a proteção de um rio seja feita com uma extensão mínima de faixa de vegetação protetora numa dada margem, e na outra, pelo simples fato de localizar-se em outro Estado, seja reduzida. A defesa de um interesse difuso como é a garantia a um ambiente ecologicamente equilibrado, não pode ser relativizada e muito menos fragmentada, com regras simplificadoras ou flexibilizadoras, sob pena de gerarmos legislações absolutamente contraditórias em relação ao mesmo bem ambiental, em estados vizinhos.
8 Sobre os parâmetros das APPs previstos na Legislação Federal Existe quem defende que a definição das faixas e parâmetros de APPs deva ser feita caso-a-caso, levando em conta aspectos de textura e permeabilidade do solo, declividade, etc. Mesmo que cientificamente isso seja possível, é absolutamente inviável do ponto de vista prático. Isso implicaria em custos elevados para se determinar as metragens para garantir a proteção de cada uma das diferentes funções das APPs e, ao final, implicaria em estabelecer um parâmetro médio. Além disso, geraria uma insegurança jurídica tremenda. Numa simulação realizada por Oliveira e Daniel (1999) na microbacia Conde do Pinhal, São Carlos (SP), para remover amônia e fósforo constatou-se que: para remover 90% de amônia foram necessárias larguras de mata ciliar da ordem de 10 a 50 metros. Para manter o mesmo nível de remoção de 90% para o fósforo foram necessárias larguras de mata ciliar da ordem de 50 a 280 metros. Em função da indivisibilidade dos bens ambientais protegidos e da importância estratégica de tais espaços territoriais especialmente protegidos (APPs), para a proteção da biodiversidade, regulação do clima, proteção dos recursos hídricos e do bem estar das populações humanas, a existência de parâmetros métricos mínimos nacionais é necessária. Os atuais parâmetros são pertinentes visto que conciliam de forma coerente e razoável o caráter técnico/científico com as características diversas da realidade, inclusive regional, além de proporcionarem a necessária segurança jurídica em razão da sua fácil compreensão e aplicação. A técnica legislativa adota parâmetros numéricos precisos em muitas normas: ex. velocidade no trânsito.
9 Fonte: Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente Itaipu Binacional Nenhum grande rio nasce grande, depende de milhares de nascentes que formam pequenos cursos d água, os quais vão se juntando até formarem rios do tamanho do rio Paraná, por exemplo. Os recursos hídricos adquirem importância estratégica para diferentes políticas nacionais, como a política energética, por exemplo, sendo, portanto, de interesse nacional. Tal fato, por si só, já justifica a existência de norma geral de caráter nacional para a preservação das APPs. Fonte: Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente Itaipu Binacional
10 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Custos: Perdas de Vidas Humanas e prejuízos econômicos Em 1974, chuvas fortes na região sul do Estado provocaram uma tragédia na cidade de Tubarão, contabilizando-se a época, 199 mortos e desabrigados. Em 1983, dessa vez na cidade de Blumenau, as cheias provocaram 8 mortes e desabrigados. O mesmo fenômeno voltou a assolar a cidade no ano seguinte, 1984, dessa vez deixando um saldo de 16 mortes e desabrigados. Florianópolis e outras cidades da região sul, em 1995 contabilizaram 69 mortes em decorrência das cheias. Em 2004 o inédito furacão Catarina deixou um rastro de destruição na região sul do Estado, com saldo de 11 mortes e desabrigados. A tragédia mais recente, com as cheias de 2008, afetou mais de pessoas, causando a morte de 135 catarinenses e deixando mais de desabrigados. Só nesse último caso o Governo Federal precisou, emergencialmente, repassar ao Estado 2 bilhões de reais para o atendimento as vitimas e auxílio na reconstrução. Somente o reparo na infra-estrutura de distribuição elétrica exigiu o repasse de 60 milhões de reais da Eletrobrás para a CELESC, a agencia de eletricidade do Estado de Santa Catarina.
11 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Região de SC atingida pela catástrofe de 2008 Morro do Baú Ilhota
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27 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Custos: Perdas de Vidas Humanas e prejuízos econômicos
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30 Desastres Ambientais nas Cidades: O Caso de Santa Catarina Fonte: Relatório sobre o levantamento dos deslizamentos ocasionados pelas chuvas de novembro de 2008 no complexo do Morro do Baú município de Ilhota, Gaspar e Luiz Alves 2009 Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural e Epagri.
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38 Conceito Preservar a paisagem
39 Conceito Assegurar o bem-estar das populações humanas
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42 Conceito proteger o solo
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51 Conceito preservar a biodiversidade
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62 Conseqüências da ocupação ilegal de APPs Prejuízos Econômicos e perda de vidas humanas Fonte: Época
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64 A transição do uso ilegal para o uso legal e sustentável da terra Fonte
65 A transição do uso ilegal para o uso legal e sustentável da terra Área de Preservação Permanente Apenas uso indireto Reserva Legal 20%, 35% ou 80% Conforme a Região Atividades ou obras comuns a quase todas as propriedades Acesso gado à água, estradas e pontes, captação de água, trilhas Pecuária Fora das APPs Agricultura Fora das Apps SAFs Recuperação de APPs Em Pequena Propriedade Piscicultura Fora das APPs Infra-estrutura Fora das APPs Ecoturismo,Apicultura Na RPPN, RL e APPs Fonte
66 A transição do uso ilegal para o uso legal e sustentável da terra em região montanhosa Fonte
67 A transição do uso ilegal para o uso legal e sustentável da terra em região montanhosa Fonte
68 A transição do uso ilegal para o uso legal e sustentável da terra, considerando a microbacia Fonte
69 A transição do uso ilegal para o uso legal e sustentável da terra, considerando a microbacia Fonte
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73 Conceito preservar a biodiversidade
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75 Agricultura Familiar em APP Perda da lavoura por enxurrada
76 Grande Produtor - Plantio sem respeitar APP: erosão, açoreamento, comprometimento recursos hídricos
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79 Remanescentes de Mata Atântica Área: km2 15% do território brasileiro Situação atual 27% de cobertura vegetal nativa Inclui todos os tipos de vegetação nativa 20% são florestas Inclui Florestas primárias e em estágio avançado de regeneração SOS/INPE: 7,91% = km2 fragmentos acima de 100 hectares, ou 1km2 distribuídos em polígonos Hoje existem fragmentos acima de 3 hectares, que totalizam km2 = 11,41% de cobertura vegetal nativa. 22 mil polígonos são menores do que 5 hectares. Situação Desejável 35% e 40% de cobertura vegetal nativa (20% de Reserva Legal + 8% de Áreas de Preservação Permanente + 10% Unidades de Conservação)
80 Wigold B. Schäffer Núcelo Mata Atlântica e Pampa iretoria de Conservação da Biodiversidade Secretaria de Biodiversidade e Florestas Ministério do Meio Ambiente Fone: wigold.schaffer@mma.gov.br otos: Wigold B. Schaffer, Miriam Prochno, Edegold Schaffer Relátório Epagri/Ciram: Luiz F. N. Viana e Juliana M. Souza Divulgação fotos da internet
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