O Futuro da Distribuição de Energia Elétrica

Transcrição

1 O Futuro da Distribuição de Energia Elétrica Luis Henrique Ferreira Pinto Vice Presidente de Operações Reguladas Maio de 2018

2 O modelo de negócios das distribuidoras é sujeito ao contrato de concessão e aos regulamentos Embora possa fornecer serviços diferentes para a manutenção e expansão da rede, não há incentivo para o distribuidor operar nesse modelo de negócios. O atual modelo de negócios das distribuidoras não é capaz de atender às demandas futuras dos consumidores. 2

3 As tarifas de energia elétrica devem cobrir os custos não gerenciáveis (Parcela A) e os custos gerenciáveis (Parcela B) Receita Parcela A Custos não Gerenciáveis Parcela B Custos Gerenciáveis Atualmente, a remuneração das distribuidoras está vinculada aos investimentos na rede e na operação e manutenção dos ativos elétricos. Compra de Energia Encargos e Transporte COR Custos Operacionais Receitas Irrecuperáveis EBITDA Remuneração do Capital (Taxa de Retorno) As atividades acessórias realizadas pelas distribuidoras são majoritariamente destinadas à modicidade tarifária ¹. Cota de Depreciação 3 1) Na média, ocorre o compartilhamento de 60% da receita bruta com consumidores, reduzindo a Parcela B.

4 O modelo de negócio das distribuidoras deve ser aprimorado para atender as demandas futuras dos consumidores Como as distribuidoras ajudarão os consumidores no futuro para o uso consciente da energia elétrica? 4 Como as distribuidoras poderão praticar esses novos serviços sem reduzir ou destruir sua própria receita?

5 Qual o futuro da rede de distribuição? A rede do futuro será viabilizada com modernização e inovação tecnológica O Setor Elétrico de Distribuição passa por uma transformação Maior poder do cliente Define produtos (prosumer) Cobra qualidade A regulação tem que se antecipar às mudanças, mas essas alterações deverão ser implementadas de forma gradativa. Sustentabilidade Energia renovável Consumo consciente Fluxos bidirecionais Tecnologias disruptivas Redes inteligentes Maior automação 5

6 O futuro pode ser extremamente promissor para as empresas de distribuição Distributed Energy Resources (DERs) Geração Distribuída Eficiência Energética Big Data Smart Grid Resposta a Demanda Armazenamento de Energia Mobilidade Distributed System Platform (DSP) Elétrica 6

7 Outras tendências ainda têm um impacto indefinido, mas um claro potencial para mudar o mercado de distribuição, colocando em xeque o atual modelo de negócios e criando novos modelos Consumidores / Tecnologia Institucional / Regulatório Geração Distribuída: Risco para a distribuidora devido a queda na demanda de energia Liberalização: Veículo Elétrico: Aumento no consumo de energia e pico de cargas Armazenamento: Menor dependência na rede se usada com GD Demand-side Management: Diminuição no consumo de energia Smart Home: Aumento no consumo de energia Distribuição Crescimento do mercado livre; necessidade de rever o modelo de remuneração para investimentos das distribuidoras e decoupling tarifário; oportunidade para um novo modelo de negócio Qual o papel das distribuidoras nesse novo cenário? Por outro lado, existem quatro pontos principais que devem ser abordados pelas distribuidoras... Foco na rede? Tornar-se uma Multiutility? O que mais? Qualidade do fornecimento de energia Relacionamento Digital com o Cliente Smart Grids Complexidade da Rede 7

8 O futuro das distribuidoras está diretamente associado com Smart Grids No futuro, a quebra do paradigma da remuneração pelo ativo abre espaço para a remuneração pelo serviço. A tecnologia elevará a capacidade de monitoramento da rede de distribuição, provendo qualidade e novas oportunidades comerciais. O smart grid proverá diversas informações que poderão ser utilizadas de forma inovadora para a operação da rede e fornecimento de serviços pela distribuidora. O P&D Energia na Cidade do Futuro Projeto 2030 endereçou o tema do Smart Grid 8

9 A conexão entre o Smart Grid e o consumidor do futuro abre uma janela de oportunidade para a geração de valor nas empresas de distribuição, através do Distributed System Platform (DSP) O consumidor do futuro demandará serviços de rede e participará ativamente no processo de fornecimento de energia, potencializando os Distributed Energy Resources (DERs): 1. Eficiência Energética; 2. Geração Distribuída; 3. Armazenamento; e 4. Resposta à Demanda. O DSP tem o objetivo criar valor para os consumidores e concessionárias 9

10 A mobilidade elétrica deve estar na agenda estratégica das cidades, empresas e governos Internet / Portal do consumidor Unidades com sistemas eficientes Comunicação & Smart Grid Geração Distribuída & Armazenamento de energia Renováveis Controle de sistemas dinâmicos/ Gerenciamento de dados Conectividade com smartphone Carregamento/ Interface de controle 10 O Setor Elétrico Brasileiro terá um papel fundamental no desenvolvimento da mobilidade elétrica, criando as bases para a massificação desta tecnologia.

11 Existem muitas oportunidades para a utilização do armazenamento de energia no Setor Elétrico Brasileiro Requisitos de armazenamento de energia REQUISITOS MARKET DRIVERS BAIXO CUSTO/kWh MARKET DRIVERS SUBUTILIZAÇÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO CONSTRUÍDA PARA ATENDER AO PICO AUMENTO DOS CUSTOS DE ENERGIA INCENTIVA A AUTOGERAÇÃO VIDA EXTREMAMANTE LONGA ALTA DENSIDADE DE ENERGIA ALTA EFICIÊNCIA GERAÇÃO RENOVÁVEL VARIÁVEL CAUSA INSTABILIDADE NA REDE VEÍCULOS ELÉTRICOS REQUEREM BAIXO CUSTO, BATERIA DE LONGA DISTÂNCIA 100% SEGURO 11

12 A medição inteligente e o Big Data serão chaves para o futuro das redes de distribuição de energia elétrica Leituras remotas e monitoramento de rede Redução de perdas e controle de fraudes Taxas dinâmicas e gerenciamento de carga na Otimização do planejamento e análise do perfil de ponta Redução de deslocamentos improcedentes consumo No médio prazo, o uso de dados de medidores inteligentes pelas distribuidoras permitirá a obtenção de ganhos de eficiência operacional e modelagem de novos serviços 12

13 As regiões como maior concentração de Geração Distribuída nas unidades consumidores do Grupo B do Brasil, são as regiões Sudeste e Sul, respectivamente UNIDADES CONSUMIDORAS COM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA abr-18 A quantidade de novas solicitações de acesso deve crescer nos próximos anos. Esse procedimento deve ser realizado equilibrando quantidades de horas de profissionais qualificados e risco de não atendimento de requisitos de qualidade do serviço. PG&E (Califórnia) realiza uma nova conexão a cada 50 minutos (dados de 2016): sistemas CPFL Paulista tem uma conexão a cada 70 minutos (dados jan-abr/2018): ~540 sistemas 13

14 A Geração Distribuída causa impactos técnicos na rede de distribuição, afetando o planejamento da operação e expansão das concessionárias PA3012: Projeto Telhados Solares simulação de inserção massiva de GD Principais impactos técnicos causados pelo aumento do nível de penetração de microgeração: Impactos Prioritários que demandam maior atenção Perfil de tensão de atendimento Desequilíbrio de tensão Carregamento de cabos Perdas elétricas Transitórios de nuvens Impactos menos Prioritários Distorção harmônica Fluxos de correntes de curtocircuito (proteção) Transitórios de tensão Carregamento de transformador 14

15 A Tarifa Binômia separa as receitas de volume e transporte da energia vendida, garantindo a correta remuneração das distribuidoras pela operação e investimentos realizados Proposta do Grupo CPFL: Tarifa Binômia pelo Fator de Carga TUSD TRANSPORTE FIO A Demanda [R$/kW] FIO B PERDAS ENCARGOS SETORIAIS Energia [R$/MWh] O fator de carga pode ser obtido em faixas de consumo a partir das informações da campanha de medidas realizada pela distribuidora para a RTP. Cobrança análoga ao que era feito para o Grupo A, diferindo apenas na forma de apuração da demanda máxima do consumidor que se daria a partir do consumo medido e fator de carga. 15

16 Propostas para o futuro da rede de distribuição? Medidas para incentivar / viabilizar investimentos na modernização e inovação A segregação da tarifa entre fio e energia (tarifa binômia) é condição para viabilizar a distribuidora do futuro. ALTERNATIVAS PARA O INCENTIVO / VIABILIZAÇÃO DA REDE DO FUTURO Plano de investimentos submetido ex-ante para análise e aprovação da Aneel, evitando discussões futuras sobre o reconhecimento dos ativos. Contando a partir do registro contábil, carência de 10 anos na consideração da modicidade tarifária dos resultados dos investimentos com atributos de inovação. Incentivo regulatório para os investimentos em modernização e smart grid, podendo se dar por: Valor adicional a ser acrescido ao Custo de Capital utilizado para a remuneração dos investimentos realizados; Consideração de um valor percentual que considere a depreciação acelerada dos ativos; Blindagem do Custo de Capital vigente no momento do investimento. Aprimoramento da regulamentação para o desenvolvimento do conceito multiutility, permitindo que as distribuidoras prestem outras atividades sem respectiva captura das receitas para a modicidade tarifária. Tratamento dos investimentos como atípicos, com reconhecimento intraciclo e de valor adicional dos custos iniciais para implantação de TI. 16

17 OBRIGADO Luis Henrique Ferreira Pinto