NEWSLETTER. Lei Geral Tributária. Do Princípio da Colaboração. Este principio sofreu importantes alterações que se repercutem por três áreas:
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- Ana Júlia Cabral Furtado
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1 NEWSLETTER Orçamento do Estado para 2009 A Lei do Orçamento do Estado para o ano de 2009 (de ora em diante OE 2009) prevê alterações em matéria fiscal, sintetizando-se nesta informação a alteração subordinada ao tema da Justiça Tributária. SUMÁRIO: Justiça Tributária Lei Geral Tributária Do Princípio da Colaboração Este principio sofreu importantes alterações que se repercutem por três áreas: a) Publicações electrónicas: Passa a prever-se neste âmbito que a Administração Tributária disponibilize por via electrónica, nos termos da nova redacção dos ns.º 5 e 6 do artigo 59º da LGT: Informação pública regular sobre os direitos e obrigações dos contribuintes; Orientações genéricas sobre a interpretação das normas tributárias; Informações vinculativas; Esclarecimentos que preste sobre interpretação e aplicação de normas tributárias; Publicação dos benefícios fiscais; Publicação dos códigos e demais legislação tributária actualizada. A presente alteração é apenas uma concretização do que já vem sido praticado pela Administração Tributária nos últimos anos. b) Orientações genéricas: Porto Edifício Scala Rua de Vilar, n.º 235 2º andar Porto Tel: Fax: geral@horwath.pt Lisboa Avenida Miguel Bombarda, 21-3º esquerdo Lisboa Tel: Fax: admin@horwath.pt A nova redacção da alínea b) do n.º 3 do artigo 59º da Lei Geral Tributária vem reduzir para 30 dias o prazo (que actualmente está fixado em seis meses) para a publicação das orientações genéricas sobre a interpretação e aplicação das normas tributárias. O novo artigo 68º-A, relativo às orientações genéricas, estabelece que a Administração Tributária deve proceder à conversão das informações vinculativas ou de outro tipo de informações prestadas aos contribuintes em circulares administrativas, quanto tenha sido colocada uma questão de direito A informação constante desta newsletter é de natureza geral, pelo que não deve ser aplicada a casos ou entidades concretas. Ainda que procuremos providenciar informação precisa e tempestiva não podemos garantir que essa mesma informação seja precisa à data em que for recebida ou que continue a ser precisa no futuro. Ninguém deverá actuar com base nesta informação, sem antes obter um aconselhamento profissional adequado, depois de uma análise completa da situação em concreto Horwath Internacional 1
2 relevante e esta tenha sido apreciada no mesmo sentido em três pedidos de informação, ou se preveja que assim o venha a ser. c) Informações vinculativas O regime das informações vinculativas foi profundamente alterado, passando o seu regime a estar, essencialmente, previsto no artigo 68º da LGT. Desde logo, passa-se a distinguir entre informações vinculativas não urgentes e urgentes. Quanto ao seu escopo, este mantém-se inalterado, isto é, a Administração Fiscal está obrigada a prestar a informação vinculativa solicitada pelos contribuintes, quer quanto a situações de facto já ocorridas, quer relativamente a situações que ainda não ocorreram, mas que o contribuinte possa considerar como concretizáveis, devendo o requerimento, segundo o n.º 1 do artigo 68º da LGT, ser dirigido ao dirigente máximo do serviço, acompanhado da descrição dos factos cuja qualificação jurídico-tributária se pretenda obter. Porém, os pedidos de informação vinculativa não podem dizer respeito a factos que estejam a ser abrangidos por procedimento de inspecção tributária cujo inicio tenha sido notificado antes do pedido de informação apresentado. Um outro requisito que impede a prestação da informação vinculativa, é a pendência ou a possibilidade de apresentação de reclamação, recurso ou impugnação judicial que abranja os factos objecto do pedido de informação. Conforme estava estabelecido no regime anterior, o pedido de informação vinculativa pode ser apresentado pelos sujeitos passivos, outros interessados ou representantes legais, bem como advogados e outras entidades habilitadas ao exercício da consultoria fiscal, passando também a referir a possibilidade de apresentação de pedido de informação por parte de solicitadores, revisores e técnicos oficiais de contas, sendo que estes terão que identificar os seus clientes e o resultado do pedido de informação será também comunicada a estes últimos. Para além do anteriormente mencionado, é fixado novo prazo máximo de 90 dias para a Administração Fiscal se pronunciar acerca do pedido do contribuinte. Caso a Administração Fiscal não se pronuncie dentro deste prazo, a responsabilidade do contribuinte ficará limitada à divida do imposto, excluindo a responsabilidade por coimas, juros e outros acréscimos legais, desde que a actuação do contribuinte seja pautada por um critério de interpretação plausível e de boa-fé da lei. 2
3 Deve ainda a Administração Fiscal, durante a análise do pedido, pautar-se por uma conduta de colaboração mútua com o contribuinte, conforme se pode evidenciar nas alterações a seguir descritas. Assim, caso os elementos apresentados pelo contribuinte se revelem insuficientes para a análise do pedido, deve a Administração Fiscal notificar o requerente para suprir a falta no prazo de 10 dias, sob pena de arquivamento do processo. A Administração Fiscal deve ainda, quando entender conveniente, proceder à audição do requerente, ficando suspensos os prazos para a resposta. Para além disso, conforme já estabelecido no regime ainda em vigor, a Administração Fiscal, em relação ao objecto do pedido, não pode a posteriori proceder em sentido diverso da informação prestada, a não ser nos casos em que actue em cumprimento de uma decisão judicial. É ainda previsto que as informações vinculativas caduquem, em caso de alteração superveniente dos pressupostos de facto ou de direito em que assentaram. Passa a prever-se ainda que as informações vinculativas possam ser revogadas, após um ano a contar da sua prestação, precedendo de audição do requerente, com salvaguarda dos direitos e interesses legítimos anteriormente constituídos. Informações vinculativas urgentes: Como já referido anteriormente, o n.º 2 do artigo 68º da LGT passa agora a distinguir-se entre informações vinculativas urgentes e não urgentes. As informações vinculativas urgentes, serão solicitadas pelo requerente, devendo ser prestadas no prazo máximo de 60 dias, desde que: o pedido seja acompanhado de uma proposta de enquadramento tributário e os actos ou facto a ser objecto de análise tem que ser anteriores ao pedido. Porém, para a prestação de informações vinculativas com carácter de urgência será necessário o pagamento de uma taxa a fixar entre 25 e 100 unidades de conta, isto é, entre 2.400,00 e 9.600,00, valor este que será fixado conforme a complexidade da matéria em causa. 3
4 Para além disso, nos casos de um pedido de informação vinculativa com carácter de urgência, a Administração Tributária terá que notificar o contribuinte do reconhecimento ou não do carácter de urgência, no prazo máximo de 15 dias. Caso a urgência seja reconhecida, será fixado o valor da taxa, que deverá ser paga no prazo de 5 dias. Caso todas estas formalidades sejam cumpridas, a informação será prestada num prazo de 60 dias. De referir ainda que a ausência do pagamento da taxa, ou no caso de a urgência não ser reconhecida, implica que a informação seja prestada não no prazo de 60 mas de 90 dias, isto é, no prazo geral estabelecido no n.º 4 do artigo 68º da LGT. Se, porém, a Administração Fiscal não cumprir o prazo de 60 dias para prestar a informação, será esta cominada com deferimento tácito, sendo que os efeitos deste deferimento apenas se projectam nos actos e factos identificados no pedido e ao período de tributação em que os mesmos ocorram. De referir ainda que este efeito de deferimento tácito só produzirá efeitos em relação aos pedidos de informação vinculativa apresentados a partir de 1 de Setembro de 2009, conforme estabelecido no n.º 1 do artigo 110º do OE Ainda de acordo com o regime transitório, as informações vinculativas vigentes à data da entrada em vigor do OE (1 de Janeiro de 2009) caducam no prazo de 4 anos após esta data, salvo se o contribuinte solicitar a sua renovação. 4
5 Do Sigilo Bancário A nova alínea c) do n.º 1 do artigo 63º-B da LGT, prevê uma situação de acesso directo, isto é, sem o prévio consentimento do titular, às informações ou documentos bancários, nos seguintes casos: Quando existir uma divergência não justificada de, pelo menos, um terço entre os rendimentos declarados e o acréscimo de património ou consumo evidenciados pelo sujeito passivo, no mesmo período de tributação. Deve estabelecer-se neste caso uma conexão com o estabelecido no n.º 2 do artigo 87º da LGT, que preceitua que a Administração fiscal deve recorrer à avaliação indirecta quando se verifiquem, simultaneamente, os pressupostos da alínea d) e da alínea f) do n.º 1 do artigo 87º da LGT. Quando os rendimentos declarados em sede de IRS se afastarem significativamente, para menos, sem justificação, dos padrões de rendimento que razoavelmente possam permitir as manifestações de riqueza evidenciadas pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 89º-A da LGT. 5
6 Código de Procedimento e Processo Tributário Informações vinculativas: Estabelece-se no artigo 57º do CPPT que a resposta ao pedido de informação vinculativa tem que incluir obrigatoriamente a informação ou parecer em que a Administração Fiscal se baseou para a prestação dessa mesma informação vinculativa. Aplicação das normas anti-abuso: O n.º 3 do artigo 63º do CPPT alargou o prazo para a instauração do procedimento de liquidação dos tributos com base em quaisquer disposições antiabuso, prevendo que este pode ser aberto no prazo de 3 ano a contar do início do ano civil seguinte ao da realização do negócio jurídico objecto da aplicação das disposições anti-abuso. O n.º 8 do artigo 63º do CPTT veio reduzir para 90 dias o prazo a partir do qual se determina a inaplicabilidade das disposições anti-abuso, quando o contribuinte tiver solicitado à Administração Fiscal informação vinculativa e esta não tiver respondido naquele prazo. Garantias: O n.º 5 do artigo 199º do CPPT veio a estabelecer que no cálculo do valor da garantia, os juros de mora passam a ser contados até à data do pedido, com o limite máximo de cinco anos, sem prejuízo do previsto no n.º 2 do artigo 44º da LGT. Assim a garantia será prestada pelo valor da dívida exequenda, juros de mora e custas na totalidade, acrescida de 25% da soma daqueles valores. Correcção dos erros das autoridades tributárias (novos artigos 95º -A, 95º - B e 95º -C): No CPPT foi aditado ao Título II o Capítulo VIII, através da introdução dos artigos 95º -A, 95º -B e 95º -C, que consagram um novo procedimento de correcção dos erros da Administração Tributária, com vista à correcção de erros materiais ou manifestos ocorridos no procedimento tributário ou no processo de execução fiscal. Este procedimento deve ser solicitado, segundo o disposto no novo artigo 95º - B, no prazo de 10 dias a contar do conhecimento do acto lesivo, sendo apresentado perante o dirigente máximo da Administração Tributária, devendo ser decidido no prazo de 15 dias. 6
7 Este regime é ainda caracterizado pela dispensa de formalidades essenciais (ns.º 4, 6 e 7 do artigo 95º -C) e pela simplicidade dos termos, conforme estabelecido no n.º 3 do artigo 95º -A. Contudo, não prejudica o decurso dos demais prazos de reacção, bem como não prejudica a possibilidade de utilização, no prazo legal de outros meios de reacção procedimentais ou processuais (n.º 4 do artigo 95º -A). 7
8 Regime Geral das Infracções Tributárias Concurso de contra-ordenações Passa a estipular-se, no artigo 25º do RGIT que a prática de várias contraordenações é punida com uma coima cujo limite máximo resulta da soma das várias coimas completamente aplicadas às infracções em concurso. Porém, este montante não poderá exceder o dobro do limite máximo mais elevado das contra-ordenações em concurso, nem poderá ser inferior à mais elevada das coimas concretamente aplicadas às varias contra-ordenações. Trata-se da aplicação do cúmulo jurídico, igualmente aplicável ao Regime Geral das Contra-Ordenações. Abuso de confiança fiscal Passa a estabelecer-se no n.º1 do artigo 104º do RGIT que só é punível criminalmente, como abuso de confiança fiscal, a não entrega, total ou parcial, do imposto deduzido nos termos da lei e que o contribuinte era obrigado a entregar, em montante superior a 7.500,00. Introdução irregular no consumo Passará a considerar-se também ilícito contra-ordenacional, segundo o estabelecido na nova alínea b) do artigo 109º do RGIT, não só o desvio dos produtos tributáveis do fim pressuposto no regime fiscal que lhes é aplicado, mas também a utilização dos mesmos em equipamentos não utilizados. Falta da entrega da prestação tributária A nova redacção da alínea a) do n.º 5 do artigo 114º do RGIT passou a prever explicitamente a punibilidade, como ilícito contra-ordenacional, da falta e da entrega, total ou parcial, do imposto devido que tenha sido ou que devesse ter sido liquidado em factura ou documento equivalente, para além da punibilidade já prevista da falta de liquidação, liquidação inferior à devida ou liquidação indevida de imposto em factura ou documento equivalente. 8
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