GUIA GuiA DE BOAS BoAS PRÁTICAS

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1 GUIA GuiA DE BOAS BoAS PRÁTICAS PRáticAS GESTÃO Gestão DE de Faixas FAIXAS DE de PROTEÇÃO Proteção em EM Áreas ÁREAS COM com ESTATUTO estatuto de DE PROTEÇÃO Proteção AMBIENTAL ambiental Medida 23 - Medida financiada no âmbito do Plano de Promoção de Desempenho Ambiental , aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

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3 Indice INDICE DE FIGURAS... 5 INDICE DE TABELAS... 8 INDICE DE QUADROS... 9 I. ENQUADRAMENTO NOTA INTRODUTÓRIA PROPOSTA METODOLÓGICA II. ESTRUTURA DE DESENVOLVIMENTO ESQUEMA METODOLÓGICO BASE REGULAMENTAR BASE ECOLÓGICA Flora Vegetação Potencial Habitats Naturais e Semi-naturais Plantas Invasoras Corredores Ecológicos

4 2.3.6 Fauna INOVAÇÃO E BENEFÍCIOS ADICIONAIS Fogo Controlado Plantação/ Sementeira Carbono DESCRIÇÃO METODOLÓGICA PRINCÍPIOS ORIENTADORES E DIRECTIVAS DE AÇÃO TIPOS DE INTERVENÇÃO (BOAS PRÁTICAS) Formações Vegetais e Tipos de Intervenção Habitats e Tipos de Intervenção Plantas Invasoras e Tipos de Intervenção Planeamento Controlo de Invasoras: Técnicas de Intervenção Síntese Glossário de Técnicas de Intervenção Herbicidas Recomendados (Glifosato) Fauna e Tipos de Intervenção III. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5 Indice de Figuras Figura 1 Esquema metodológico geral Figura 2 Composição da Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) e indicação das áreas alvo deste Manual Figura 3 Âmbito territorial do presente manual, Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental (AEPAs) Figura 4 Alusão ao Projeto-Piloto da Ria Formosa, PPDA EDP Distribuição (Medida 23) Figura 5 - Esquema simplificado da dinâmica da vegetação Figura 6 - Alusão ao Projeto-Piloto da Gardunha, PPDA EDP Distribuição (Medida 23) Figura 7 - Carta simplificada da Vegetação Potencial de Portugal Continental Figura 8 Alusão ao Projeto-Piloto do Açor, PPDA EDP Distribuição (Medida 23) Figura 9 - Árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum), à esquerda, num bosquete de carvalho-alvarinho (Quercus robur), à direita, no Parque Natural de Sintra/ Cascais Figura 10 Mimosa (Acacia dealbata): a) Inflorescência; b) Sementes em maturação; c) Acréscimo ao banco de sementes no solo Figura 11 Mimosa (Acacia dealbata) a) Mancha de mimosa no meio de eucaliptal, visível da estrada que liga Chapinha a Gondramaz (aldeia de xisto); b) Detalhe da flor Figura 12 Acácia-Austrália (Acacia melanoxylon) a) Detalhe das folhas jovens da acácia em regeneração, dois tipos de folhas, umas recompostas, outras reduzidas a filódios); b) Detalhe da flor Figura 13 Acácia-de-espigas (Acacia longifolia) a) Início da floração; b) Exemplar isolado no SIC da Comporta/ Galé Figura 14 Acácia (Acacia saligna) a) Detalhe dos filódios; b) Acacial no SIC do Estuário do Sado

6 Figura 15 Espanta-lobos (Ailanthus altissima) a) Pormenor das folhas; b) Regeneração de espanta-lobos e sementes de mimosa no SIC da Lousã Figura 16 Árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum) a) Indivíduo adulto no Parque Natural de Sintra-Cascais; b) Detalhe das folhas Figura 17 Háquia-picante (Hakea sericea) a) Indivíduo adulto no SIC da Lousã; b) Detalhe das folhas (agulhas) e dos folículos que contêm as sementes Figura 18 Cana (Arundo donax) a) Detalhe da panícula (flores); b) Canavial junto à Ribeira da Samarra no Parque Natural de Sintra/ Cascais Figura 19 Funções ambientais dos corredores ecológicos Figura 20 Alusão aos Projetos-Piloto da Comporta Galé e do Sudoeste Alentejano (Corredor Ecológico de Sines), PPDA EDP Distribuição (Medida 23) Figura 21 Construção de um cercado de reprodução para repovoamento de coelho bravo (Medida de valorização). Alusão ao Projeto-Piloto do Guadiana, PPDA EDP Distribuição (Medida 23) Figura 22 - Construção de maroços para o refúgio e reprodução de coelho bravo (Medida de Valorização). Alusão ao Projeto-Piloto do Guadiana, PPDA EDP Distribuição (Medida 23) Figura 23 - Esquema simplificado do Planeamento de intervenção em FPs perante a presença de plantas invasoras Figura 24 - Técnicas de Intervenção para as seguintes plantas invasoras: Acacia sp., falsa-acácia, árvore-do-incenso e espanta-lobos Figura 25 - Técnicas de Intervenção para a cana Figura 26 - Técnicas de Intervenção para a háquea-picante (Hakea sericea) Figura 27 - Indivíduos jovens de mimosa (A. dealbata) em núcleo isolado sujeito a acções de controlo Figura 28 - Corte de mimosa (A. dealbata) no Projeto-Piloto da Lousã: a) Moto-manual com motorroçadora; b) Moto-manual com motosserra; c) Mecânico com corta-matos de correntes; d) Detalhe do corta-matos em processo de corte e destroçamento

7 Figura 29 - Corte e pincelagem de mimosa (A. dealbata) no Projeto-Piloto da Lousã: a) Corte com foice; b) Pincelagem das toiças com herbicida diluído, c) Herbicida utilizado Figura 30 - a) Detalhe do corte efectuado na técnica de descasque; b) Aspecto final do tronco de mimosa (A. dealbata) após descasque Figura 31 - a) Aspecto dos sobrantes de mimosa (A. dealbata); b) Exemplo de Ação de Fogo Controlado Figura 32 - Golpe/Injecção em mimosa (A.dealbata) no Parque Nacional da Peneda-Gerês: a) Detalhe do tronco; b) Vista geral do acacial Figura 33 - Pulverização de rebentos de mimosa (A. dealbata) no PP da Lousã: a) Operador com pulverizador manual); b) Detalhe da pulverização localizada

8 Indice de Tabelas Tabela 1 Espécies de flora do Anexo B-II b), do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, ocorrentes em apenas 1, 2 ou 3 Sítios no território do Continente. (adaptado de ICN, 2006) Tabela 2 Habitats do Anexo B-I do D.L. nº 140/99, de 24 de Abril, ocorrentes em apenas 1, 2 ou 3 Sítios de Portugal Continental Tabela 3 Distribuição do número de espécies pelo respectivo grupo faunístico Tabela 4 Espécies de fauna (excl. aves) do Anexo B-II a), do D.L. nº140/99, de 24 de Abril, ocorrentes em apenas 1, 2 ou 3 Sítios de Portugal Continental Tabela 5 - Parâmetros de comportamento de fogo potencial após tratamento em esteval

9 Indice de Quadros Quadro 1 - Espécies a privilegiar/plantar consoante a vegetação potencial do território Quadro 2 Tipos de habitats do Anexo B-I do D.L. nº 140/99, de 24 de Abril, com distribuição exclusiva em Portugal ou na Península Ibérica. (adaptado de ICN, 2006) Quadro 3 - Listagem das plantas invasoras contextualizadas no presente Manual e seu risco de invasão Quadro 4 Listagem das espécies de fauna (excl. aves e invertebrados) do Anexo B-II a), do D.L. nº140/99, de 24 de Abril, que são endemismos lusitanos ou ibéricos e seu estatuto de conservação global e Nacional Quadro 5 - Condições de aplicação da plantação e sementeira, com as respectivas vantagens e desvantagens associadas Quadro 6 Listagem de princípios orientadores e correspondentes directivas de Ação Quadro 7 - Matriz descritiva do Tipo de Operações implícitas à relação Formação Vegetal/Tipo de Intervenção na constituição de FPs Quadro 8 - Matriz descritiva do Tipo de Operações implícitas à relação Formação Vegetal/Tipo de Intervenção na manutenção de FPs Quadro 9 Orientações de gestão a considerar na manutenção e constituição das FPs, em benefício dos habitats protegidos aí presentes Quadro 10 Lista de plantas invasoras ou, com comportamento invasor, contextualizadas Quadro 11 - Levantamento das técnicas de controlo disponíveis por planta invasora, de acordo com a situação de invasão Quadro 12 - Lista de herbicidas classificados como isentos, relativamente à toxicidade e (Eco)toxicidade (à data de 07/11/2011) Quadro 13 - Matriz descritiva do Tipo de Operações, para a fauna, susceptíveis de serem aplicados nas FP

10 I. ENQUADRAMENTO 10 10

11 1.1. NOTA INTRODUTÓRIA A conservação da biodiversidade e a valorização do património natural são preocupações de primeira linha, face ao valor que estes recursos representam em termos ecológicos, económicos, sociais, culturais, recreativos, estéticos, científicos e éticos. Como é do conhecimento geral, a perda crescente e sem precedentes da diversidade biológica, tanto a nível global como a nível nacional, tem consequências graves para a manutenção de recursos essenciais à vida na Terra, comprometendo os serviços dos ecossistemas com consequentes impactos ambientais, económicos, na saúde pública e no desenvolvimento social. A definição e a execução de uma política de desenvolvimento sustentável passa pela conciliação do desenvolvimento económico com a conservação da natureza, sendo necessário prestar grande atenção aos ecossistemas mais sensíveis e dispor de um conhecimento tão rigoroso quanto possível dos impactes que os processos produtivos e as atividades económicas, em geral, têm sobre o meio biofísico onde se desenrolam (COMISSÃO EUROPEIA, 2004). O Plano de Promoção do Desempenho Ambiental (PPDA), é um instrumento de regulação que tem como objetivo incentivar a realização de medidas que melhorem o desempenho ambiental das empresas reguladas. No seu âmbito é elegível as medidas que contribuam para a melhoria direta do desempenho ambiental da empresa, ou seja, diminuam ou compensem os impactes ambientais negativos resultantes da atividade da empresa ou potenciem impactes ambientais positivos (Despacho n.º 22282/2008). Este Manual de Boas Práticas em Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental corresponde à concretização de um dos objetivos da Medida 23 do PPDA, desenvolvida através da parceria entre a EDP Distribuição SA e a ONG FloraSul, suportado na informação levantada sobre os valores ambientais presentes nas Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de Alta e Média Tensão e na aplicação-teste experimentada em mais de 50 intervenções/projetos piloto

12 O presente Manual é centrado na compatibilização otimizada entre a correta exploração da rede aérea de transporte e distribuição de energia elétrica e o coberto vegetal presente na sua área de influência, assumindo como contexto de aplicação as áreas nucleares de conservação da natureza e da biodiversidade em Portugal, nomeadamente, Rede Nacional de Áreas Protegidas e Rede Natura 2000, adiante designadas de, Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental (AEPA). As intervenções (Boas Práticas) expostas neste Manual implicam uma implementação gradual e voluntária por parte da EDP Distribuição, de acordo com o Artigo 6.º do Despacho n.º 22282/2008 emitido pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, relativo ao Plano de Promoção do Desempenho Ambiental (PPDA), as referidas Boas Práticas estão enquadradas em medidas voluntárias, ou seja, a sua execução não é obrigatória por qualquer disposição legal ou regulamentar.. O sucesso da aplicação das Boas Práticas enunciadas mais do que o recurso a novos procedimentos técnicos, implica um reforço do acesso expedito à informação sobre os valores naturais proporcionado pela Plataforma FILEPLACE ( e, sobretudo, a manutenção e o aprofundamento das parcerias, formais e informais, estabelecidas com os serviços da administração pública, a comunidade científica e outros stakeholders relevantes, de modo a ultrapassar as dificuldades resultantes da diversidade e complexidade dos contextos de aplicação

13 1.2. PROPOSTA METODOLÓGICA A atribuição de Estatuto de Proteção Ambiental a uma área compreendida dentro de certos limites é justificada pelos valores e recursos naturais específicos que aí ocorrem de forma significativa, ou mesmo exclusiva. O Decreto-lei 140/99, de 24 de Abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto-lei 49/2005, de 24 de Fevereiro refere, no n.º1 do Artigo 9.º que as entidades da Administração pública com intervenção nas ZEC devem, no exercício das suas competências evitar a detioração dos habitats naturais e dos habitats de espécies, bem como as perturbações que atinjam espécies para as quais as zonas foram designadas, na medida em que possam vir a ter um efeito significativo, atendendo aos objetivos do referido diploma. A EDP Distribuição gere mais de Kms de Faixas de Proteção situadas no interior das Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental - AEPAS. As especificidades inerentes à gestão destes espaços tão importantes para a Biodiversidade, carecem da identificação de Boas Práticas para que a manutenção das Faixas de Proteção seja compatível com a proteção e valorização dos valores naturais aí presentes. O objetivo é a melhoria do desempenho ambiental associado à gestão das Faixas de Proteção da rede aérea de transporte e distribuição de energia elétrica da EDP Distribuição, assegurando o cumprimento das condições técnicas a que deve obedecer o estabelecimento e exploração das instalações elétricas dispostas pelo Decreto-Regulamentar n.º1/92. Neste contexto procedeu-se à recolha da informação necessária à caraterização dos valores naturais presentes nas Faixas de Proteção que atravessam as AEPAS, através da execução de cartografias de ocupação do solo - COS, cartografias de habitats e de espécies protegidas, tendo sido consultada a informação disponibilizada pelos serviços da Administração Pública e por diversos stakeholders da comunidade científica

14 Foi elaborado um Relatório de Enquadramento Estratégico que apresenta de forma sistematizada a caracterização das AEPAs e dos valores naturais aí presentes, identificando ainda opções de gestão para a proteção e valorização das espécies e formações de interesse para conservação. Em decorrência foram identificados os Princípios Orientadores a seguir na gestão das Faixas de Proteção e as consequentes Boas Práticas deles decorrentes. Em 30 AEPAs alvo foram elaborados Projetos-Piloto que resultaram em mais de 50 intervenções em que as referidas Boas Práticas foram testadas. Foi ainda desenvolvido um instrumento de informação territorial - FILEPLACE - para permitir o acesso a informação especializada pelos técnicos da EDP Distribuição e um mais fácil relacionamento e cooperação com os stakeholders. O Manual de Boas Práticas aqui apresentado resulta deste conjunto de ações, iniciando, deste modo, um processo de melhoria contínua na gestão ambientalmente compatível com a conservação e fomento dos valores ambientais presentes nas AEPAs

15 II. ESTRUTURA DE DESENVOLVIMENTO 15 15

16 2.1. ESQUEMA METODOLÓGICO O esquema apresentado de seguida (Figura 1) pretende abordar de uma forma sucinta o processo realizado para alcançar os objetivos preestabelecidos, bem como a presença de fluxos de entradas e saídas de informação ao longo de todo o processo

17 - POs - PSRN Linhas Elétricas FPs - APs, SICs e ZPEs Informação Base Relatório de Enquadramento Estratégico COS Carta de Habitats P R O J E C T O S - Sistematização de Boas Prácticas Directivas de Ação Planeamento Medidas de Prevenção Medidas de Minimização Medidas de Valorização Execução Intervenção Tipificada Monitorização Princípios Orientadores P I L O T O Novas Oportunidades de Parcerias e Benefícios Ambientais Adicionais Gestão (Plataforma de Cooperação Estratégica) Figura 1 Esquema metodológico geral

18 2.2. BASE REGULAMENTAR Em Portugal, a Lei n.º 11/87, de 7 de Abril (Lei de Bases do Ambiente), prevê a elaboração de uma Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB) na perspetiva da mesma constituir um instrumento integrador das políticas de Conservação da Natureza com as outras políticas Sectoriais relevantes. A ENCNB foi acolhida na ordem jurídica portuguesa através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro, e aponta dez opções estratégicas para a política de conservação da natureza e da biodiversidade, uma das quais relativa à constituição da Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) e do Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC) e outra, relativa à necessidade de elaboração e aprovação do Plano Sectorial relativo à implementação da Rede Natura O Decreto-Lei n.º 142/2008 de 24 de Julho, que estabelece o novo regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade, cria então a RFCN a qual é composta pelas áreas nucleares de conservação da natureza e da biodiversidade integradas no SNAC e pelas áreas de reserva ecológica nacional, de reserva agrícola nacional e do domínio público hídrico. O SNAC, por sua vez, é constituído pela Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), criada pelo Decreto -Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro (Revogado), pelas áreas classificadas que integram a Rede Natura 2000 e, pelas demais áreas classificadas ao abrigo de compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português. O contexto deste Manual insere-se nas áreas nucleares de conservação da natureza e da biodiversidade em Portugal, aqui designadas por Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental (AEPAs), nomeadamente: Rede Nacional de Áreas Protegidas (Parque Nacional, Parque Natural, Reserva Natural, Paisagem Protegida e Monumento Natural) e, Rede Natura Todavia, os Compromissos Internacionais assumidos pelo Estado Português estão também indiretamente considerados, uma vez que, na sua maioria, englobam áreas coincidentes com áreas protegidas integradas na RNAP ou com áreas que integram a Rede Natura

19 RFCN SNAC (Áreas Nucleares) REN / RAN / DPH (Áreas de Continuidade) RNAP Rede Natura 2000 Compromissos Internacionais assumidos pelo Estado Português Figura 2 Composição da Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN) e indicação das áreas alvo deste Manual. De acordo com o n.º 2 do Artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho, são classificadas como áreas protegidas as áreas terrestres e aquáticas interiores e as áreas marinhas em que a biodiversidade ou outras ocorrências naturais apresentem, pela sua raridade, valor científico, ecológico, social ou cénico, uma relevância especial que exija medidas específicas de conservação e gestão, em ordem de promover a gestão racional dos recursos naturais e a valorização do património natural e cultural, regulamentando as intervenções artificiais suscetíveis de as degradar. Ainda segundo o mesmo Decreto-Lei, Artigo 11.º, as áreas protegidas podem ser de interesse nacional, regional ou local, consoante os interesses que procuram salvaguardar. A gestão das Áreas Protegidas de âmbito nacional compete à autoridade nacional para a conservação da natureza e da biodiversidade, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), enquanto que as de âmbito regional ou local são geridas pelas associações de municípios ou pelos respetivos municípios. Para os Parques Nacionais e Parques Naturais de âmbito nacional é obrigatório a existência de um plano de ordenamento, assim como, para as reservas naturais e paisagens protegidas de âmbito nacional cujo despectivo decreto regulamentar de classificação o exija

20 + = Figura 3 Âmbito territorial do presente manual, Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental (AEPAs). Fonte: ICNB (2007; 2008 e 2009) e IGP (2008) Os planos especiais de ordenamento do território visam a salvaguarda de objetivos de interesse nacional com incidência territorial delimitada, estabelecendo usos preferenciais, condicionados e interditos, determinados por critérios de conservação da natureza e da biodiversidade, de forma a compatibilizá-la com a fruição pelas populações e com uma utilização sustentável do território (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro)

21 Em relação à Rede Natura 2000, trata-se de uma rede ecológica de áreas especiais de conservação para o espaço Comunitário da União Europeia (estatuto de natureza comunitária), que resulta da aplicação das Directivas n.º 79/409/CEE, do Concelho, de 2 de Abril (Directiva Aves), alterada pelas Directivas n. os 91/244/CEE, da Comissão, de 6 de Março, 94/24/CEE, do Concelho, de 8 de Junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 de Junho, bem como da Directiva n.º 92/43/CEE, do Concelho, de 21 de Maio (Directiva Habitats), com as alterações que lhe foram introduzidas pela Directiva n.º 97/62/CE, do Concelho, de 27 de Outubro, transpostas conjuntamente para ordenamento jurídico português pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, retificado pela Declaração de Retificação n.º 10-AH/99, de 31 de Maio e alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro. Segundo o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, a sua criação tem por objetivo contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação ou do restabelecimento dos habitats naturais e da flora e da fauna selvagens num estado de conservação favorável da proteção, gestão e controlo das espécies, bem como da regulamentação da sua exploração, no território europeu dos Estados-membros em que o Tratado é aplicável. A Rede Natura 2000 é formada por: Zonas de Proteção Especial (ZPE) - estabelecidas ao abrigo da Directiva Aves, que se destinam essencialmente a garantir a conservação das espécies de aves, e seus habitats, listadas no seu Anexo A-I, e das espécies de aves migratórias não referidas no Anexo I e cuja ocorrência seja regular e, Zonas Especiais de Conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats, após aprovação da lista de Sítios de Importância Comunitária (SIC), pelos órgãos competentes da União Europeia, com base na lista nacional de Sítios, tendo como objetivo "contribuir para assegurar a Biodiversidade, através da conservação dos habitats naturais (anexo I) e dos habitats de espécies da flora e da fauna selvagens (anexo II), considerados ameaçados no espaço da União Europeia", nas quais as atividades humanas deverão ser compatíveis com a preservação destes valores, visando uma gestão sustentável do ponto de vista ecológico, económico e social. A sua implementação e articulação é estabelecida pelo Plano Sectorial da Rede Natura 2000, adiante designado por PSRN2000, que constitui assim um instrumento de concretização da política nacional de conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização das ZPE e dos Sítios (e respetivas fases posteriores de classificação SIC e ZEC), do território continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas. A sua gestão territorial, ao contrário do que sucede nas áreas protegidas, cabe essencialmente às 21 21

22 próprias autarquias locais, estando o ICNB incumbido de fornecer-lhes a informação técnica disponível que permita apoiar uma adequada gestão territorial. Da ENCNB transcreve-se o seguinte texto: O estatuto próprio dos Sítios da Lista Nacional ou das Zonas de Proteção Especial, integrados no processo da Rede Natura 2000, não se confunde com o estatuto das áreas protegidas, não obstante o elevado número de sobreposições existentes. Quando a totalidade ou parte das áreas da Rede Natura 2000 se localizem dentro dos limites de áreas protegidas, classificadas nos termos da lei, o regime jurídico aplicável é o constante dos respetivos atos de classificação ou planos especiais de ordenamento (quando existentes) das últimas. Com carácter supranacional Portugal integra outras redes com interesse para a conservação (estatuto de natureza internacional), nomeadamente: a) Reservas da Biosfera, criadas ao abrigo do Programa da UNESCO Man and the Biosphere (MAB) Programme, lançado em 1970 ( b) Zonas húmidas, classificadas ao abrigo da Convenção de Ramsar, adotada em Ramsar em 2 de Fevereiro de 1971 e aprovada para ratificação pelo governo Português através do Decreto n.º101/80 de 9 de Outubro ( c) Propriedades do Património Mundial, classificadas ao abrigo da Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural, adotada em Paris em 16 de Novembro de 1972 ( d) Reservas Biogenéticas do Concelho da Europa, Resolução do Comité de Ministros n.º (76) 17 e Áreas Diplomadas do Concelho da Europa, Resolução do Comité de ministros n.º (98) 29; e) Convenção de OSPAR, para a Proteção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste (98/249/CE), adotada em Paris em 22 de Setembro de 1992; f) Geossítios e Geoparques ( da decisão do Concelho Executivo da UNESCO (161 EX/Decisions, 3.3.1), adotada em Paris em

23 Embora não estando considerados no contexto deste Manual, importa ainda mencionar, a Reserva Ecológica Nacional (REN), a Reserva Agrícola Nacional (RAN) e o Domínio Público Hídrico (DPH). Representam, a nível nacional, áreas de continuidade que contribuem para favorecer a conectividade e coerência entre as áreas nucleares de conservação, estabelecem ou salvaguardam a ligação e o intercâmbio genético de populações de espécies selvagens entre as diferentes áreas nucleares de conservação, contribuindo para uma adequada proteção dos recursos naturais e para a promoção da continuidade espacial, da coerência ecológica das áreas classificadas e da conectividade das componentes da biodiversidade em todo o território, bem como para uma adequada integração e desenvolvimento das atividades humanas. As áreas de continuidade fazem parte da abordagem dada pelo segundo Manual de Boas Práticas elaborado no quadro da Medida 23 do PPDA , e cujo contexto são Áreas Sem Estatuto de Proteção Ambiental (ASEPAs)

24 2.3. BASE ECOLÓGICA A importância que Portugal assume relativamente à biodiversidade europeia, nomeadamente no que toca à região Mediterrânica é há muito uma certeza entre a Comunidade Europeia. De facto, tendo em conta a sua pequena superfície, o número de espécies representadas em Portugal não deixa de ser surpreendente. Acresce ainda que, uma grande parte destas espécies, principalmente no que respeita à flora, é exclusiva de Portugal (endemismos lusitanos) ou da Península Ibérica (endemismos ibéricos). Este contexto suscita o interesse da comunidade internacional na conservação destas espécies, atribuindo a Portugal e a todos aqueles que direta ou indiretamente estão ligados à gestão, conservação e ordenamento do território, uma responsabilidade acrescida na preservação da biodiversidade Mundial. A gestão das Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de Alta e Média Tensão oferecem uma oportunidade de mitigar os impactos das mesmas e valorizar a sua contribuição para a concretização dos objetivos de conservação deste património Natural coletivo Flora O PSRN2000 contabiliza um total de 84 espécies de flora de interesse comunitário com ocorrência em Portugal Continental, o que corresponde a uma percentagem significativa (31,7%) das espécies de flora incluídas no Anexo II da Directiva Habitats. Para além de uma grande parte destas espécies ser exclusiva de Portugal, as suas áreas de distribuição são, geralmente, bastante restritas, estando a maioria limitada a 1, 2 ou 3 Sítios

25 Tabela 1 Espécies de flora do Anexo B-II b), do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, ocorrentes em apenas 1, 2 ou 3 Sítios no território do Continente. (adaptado de ICN, 2006) Nº de Sítios Espécies Endemismos lusitanos Nº % Nº % Como consequência desta situação, são espécies particularmente vulneráveis a fatores de ameaça, que poderão vir a constituir a sua extinção global. Por isso, a alínea a) do n.º 1, do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, republicado pelo D.L. nº 49/2005, de 24 de Fevereiro, proíbe, para as espécies vegetais listadas no PSRN2000 constantes dos Anexos B-II, b) e B-IV, b) da Directiva Habitats, A colheita, o corte, o desenraizamento ou a destruição das plantas ou partes de plantas no seu meio natural e dentro da sua área de distribuição natural". A gestão das Faixas de Proteção das Linhas Elétricas pode contribuir para o estabelecimento de uma rede nacional de preservação e fomento das espécies da flora protegida que ocorram nas mesmas, apoiando deste modo implementação da estratégia de conservação destas espécies. Um exemplo de uma gestão compatível e favorável à ocorrência natural de espécies de flora protegidas, raras, endémicas ou ameaçadas dentro dos limites da Faixa de Proteção foi desenvolvido na Área Protegida da Ria Formosa no âmbito do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23)

26 Tuberaria major (Willk.) P.Silva & Rozeira Gestão activa de matos como contributo para um estado de conservação mais favorável da Tuberaria major e do Thymus lotocephalus. Figura 4 Alusão ao Projeto-Piloto da Ria Formosa, PPDA EDP Distribuição (Medida 23). Fonte: FloraSul Das espécies constantes do Anexo II da Directiva Habitats que ocorrem em Portugal continental, o PSRN2000 destaca um conjunto que impõe objetivos de conservação mais exigentes, dado se encontrarem simultaneamente numa situação mais grave de conservação, serem exclusivos de Portugal e possuírem uma distribuição restrita. A referência a estas espécies pode ser consultada na documentação técnica produzida no decurso de elaboração deste Manual

27 O conhecimento sobre as espécies de flora apresenta ainda muitas lacunas, não só a nível Nacional como Europeu. O futuro Livro Vermelho da Flora de Portugal, instrumento essencial para a sua conservação, deverá constituir, quando publicado, uma importante referência bibliográfica. Para que os possíveis impactes negativos, decorrentes da implementação das Faixas de Proteção, sobre as espécies de flora de interesse conservacionista sejam minimizados ou evitados, dado entre outros fatores a obrigação legal da sua preservação, torna-se essencial a troca de informação entre a EDP Distribuição e entidades externas com responsabilidade pela gestão e ordenamento do território nacional como o ICNB, nomeadamente no que respeita à localização e época do ano, fatores que deverão ser tidos em conta quando do planeamento da intervenção

28 2.3.2 Vegetação Potencial A vegetação de um determinado território é o reflexo direto de vários fatores ambientais como a temperatura, precipitação, litologia, geologia, bem como o uso perpetrado pelo homem. A vegetação potencial, por outro lado, materializa o estádio máximo de desenvolvimento da vegetação, igualmente condicionada pelos fatores ambientais, mas em que todas as influências antrópicas cessaram (NETO, et. al., 2008). Assim, a vegetação potencial define-se através de comunidades vegetais que atingiram o seu máximo ecológico estável (clímax), como consequência da sucessão progressiva, de forma a dar resposta eficaz às condições do biótopo (NETO, et. al., 2008; PINTO-GOMES & PAIVA-FERREIRA, 2005). O processo sucessional (Figura 5) corresponde ao conjunto de comunidades vegetais que, num mesmo local, se sucedem no tempo em resultado dos fenómenos dinâmicos entre a vegetação e o meio, e que constituem por isso diferentes etapas de sucessão ou de substituição (arrelvados anuais; matos, ervas altas; matos pré-florestais e bosque). Quando as alterações se dão no sentido de uma maior diversidade, estruturação e complexidade de funcionamento fala-se em sucessão progressiva; quando as modificações se dão em sentido inverso está-se em presença de uma sucessão regressiva; estas últimas embora possam ser devidas a causas naturais, resultam na maioria das vezes das atividades humanas (MOREIRA & DUARTE, 2002). Assumindo que o processo sucessional tem carácter determinístico, é possível prever qual a vegetação de máximo ecológico estável (vegetação potencial) num determinado ponto de um território, partindo da comunidade vegetal que está efetivamente presente no momento da análise (NETO, et. al., 2008)

29 Arrelvados anuais (4ª etapa de substituição) Matos (3ª etapa de substituição) Ervas altas (1) (2ª etapa de substituição) Matos pré-florestais (1ª etapa de substituição) Bosque (Etapa clímax) (1) O estrato das ervas altas desenvolve-se só em condições em que o solo é profundo. Figura 5 - Esquema simplificado da dinâmica da vegetação. (adaptado de Capelo in Costa et al. 1998) Conhecer a vegetação potencial de uma região é primordial para a escolha das espécies que possam contribuir para expandir núcleos de vegetação já existentes, tendo por base essencialmente processos de regeneração natural. O aproveitamento da regeneração é um método de restauração vegetal de baixo custo e com maior taxa de sucesso que possibilita a redução da fragmentação dos habitats, o aumento da conectividade e a manutenção da diversidade genética (LOURO, 2010). Na constituição e manutenção das FPs pretende-se que as intervenções sobre a vegetação sejam feitas de modo a manter ou promover núcleos de vegetação autóctone correspondentes a comunidades de estados de sucessão mais evoluídos, e portanto mais próximos do bosque (clímax)

30 Um exemplo de uma gestão compatível e favorável à manutenção e promoção de vegetação autóctone, dentro dos limites da Faixa de Proteção, foi executado no Sítio de Importância Comunitária da Gardunha, no âmbito do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23). ANTES Situação: FP atravessa um povoamento de eucalipto apresentando uma grande cobertura de fetos e eucalipto. Ação: Gestão seletiva da vegetação com vista ao favorecimento das espécies arbóreas autóctones existentes (carvalho-negral e medronheiro), mantendo núcleos de matos dominados por carqueja (Faixas descontínuas). DEPOIS Figura 6 - Projeto-Piloto da Gardunha, PPDA EDP Distribuição (Medida 23). Fonte: FloraSul 30 30

31 Além de facilitar a escolha das espécies a privilegiar/manter na intervenção em FPs, saber qual a vegetação potencial de um território é útil no processo de escolha das espécies mais adequadas a instalar num determinado local que esteja a ser alvo de um processo de restauro ecológico, como o que pode suceder com áreas anteriormente ocupadas por plantas invasoras, ou que tenham sido afetadas por fogos florestais ou mesmo áreas bastante degradadas, com pouca regeneração natural. Na Figura 7 apresenta-se uma carta de distribuição da vegetação potencial para Portugal Continental que teve com base a consulta da carta da biogeografia de Portugal, elaborada por COSTA et al. (1998) e de informação disponibilizada pelo Atlas do Ambiente, nomeadamente geologia, litologia, solos, temperatura e precipitação. O mapa resultante representa a vegetação do país de um modo holístico e pretende, a par com o Quadro 1, ser uma ferramenta útil na gestão das FPs, pois apresentam de forma simplificada quais as espécies previsíveis de encontrar e que são mais adequadas a um determinado território no país. Contudo, a realização de ações de restauro ecológico através de plantações, requerem a validação dos stakeholders ao nível das espécies a usar, assim como da sua proveniência e compassos de instalação desejados

32 32 Figura 7 - Carta simplificada da Vegetação Potencial de Portugal Continental Fonte: FloraSul 32

33 O Quadro 1 apresenta uma listagem indicativa das espécies que devem ser privilegiadas ou que poderão ser instaladas, conforme o objetivo pretendido aquando da intervenção em FP. As plantas que se elencam de seguida são características dos tipos de vegetação potencial indicados. Quadro 1 - Espécies a privilegiar/plantar consoante a vegetação potencial do território Espécies Aderno-bastardo (Rhamnus alaternus) Aroeira (Pistacia lentiscus) Azereiro (Prunus lusitanica) Azinheira (Quercus rotundifolia) Carrasco (Quercus coccifera) Carvalho-cerquinho (Quercus faginea) Carvalho-negral (Quercus pyrenaica) Carvalho-roble (Quercus robur) Castanheiro (Castanea sativa) Cornalheira (Pistacia terebinthus) Folhado (Viburnum tinus) Loureiro (Laurus nobilis) Medronheiro (Arbutus unedo) Murta (Myrtus communis) Pereira-brava (Pyrus bourgaeana) Piorro (Juniperus navicularis) Sabina-da-praia (Juniperus turbinata) Sobreiro (Quercus suber) Vidoeiro (Betula alba) Zambujeiro (Olea sylvestris Zimbro (Juniperus oxycedrus) Vegetação potencial Azinhal Carrascal Carvalhal de carvalhocerquinho Carvalhal de carvalhonegral Carvalhal de carvalhoroble Medronhal Sabinal Sobreiral Zambujal Zimbral (1) (2) (1) - Algarve; (2) - Alcantis quartziticos do Tejo Fonte: FloraSul 33 33

34 2.3.3 Habitats Naturais e Semi-naturais A Directiva Habitats define os habitats naturais como sendo as "zonas terrestres ou aquáticas que se distinguem por características geográficas abióticas e bióticas, quer sejam inteiramente naturais quer seminaturais 1 ". Segundo o PSRN2000 existe um total de 88 tipos de habitats listados no Anexo B-I do D.L. nº 140/99, de 24 de Abril, republicado pelo D.L. nº 49/2005, de 24 de Fevereiro, com ocorrência registada em Portugal continental, sendo 17 deles prioritários em termos de conservação na Europa Comunitária. Dos 88 tipos de habitats, 5 têm distribuição limitada a Portugal ou à Península Ibérica (Quadro 2). Quadro 2 Tipos de habitats do Anexo B-I do D.L. nº 140/99, de 24 de Abril, com distribuição exclusiva em Portugal ou na Península Ibérica. (adaptado de ICN, 2006) Distribuição Código Prioritário Tipos de Habitats habitat Portugal Península Ibérica 5140 * Matos baixos litorais com Cistus palhinhae 2230 Areias costeiras com prados anuais oligotróficos 6160 Matos rasteiros pioneiros e prados psicroxerófilos 9240 Carvalhais de Quercus faginea subsp broteroi 92B0 Amiais com adelfeiras Os tipos de habitats de interesse comunitário que incorporam a rede ecológica europeia, contemplam diferentes variantes geográficas. No caso de Portugal, o PSRN2000 identifica 168 subtipos de habitats, valor que evidencia as singularidades das variações regionais dos tipos de habitat que ocorrem no território nacional. Muitos destes subtipos devem ser reconhecidos como uma mais-valia nacional, pois apresentam uma reduzida extensão de ocorrência, uma marcada especialização ou carácter finícola 2, com características únicas, não replicáveis (ICN, 2006). 1 Os habitats seminaturais são os ecossistemas que dependem de uma gestão adequada e continuada através das actividades humanas. 2 Adjectivo alusivo à área de uma espécie. Que vive nos limites da sua área de distribuição real ou possível (adaptado de FONT QUER, 2001)

35 Nos 60 Sítios listados nacionalmente, a presença e distribuição dos vários tipos de habitats não é uniforme. Se considerarmos os Sítios mais relevantes 3 para a conservação dos habitats, verifica-se que 33 dos 88 tipos habitat ocorrentes no território português estão apenas referenciados para 1, 2 ou 3 Sítios (Tabela 2). Tabela 2 Habitats do Anexo B-I do D.L. nº 140/99, de 24 de Abril, ocorrentes em apenas 1, 2 ou 3 Sítios de Portugal Continental. (adaptado de ICN, 2006) Habitats N.º Sítios N.º % Em relação ao estado de conservação dos tipos de habitat, podem ser classificados como "favorável", "mediano" ou "desfavorável", consoante os graus de conservação da estrutura e das funções e da possibilidade de restauro. Por exemplo, considera-se que um tipo de habitat apresenta um estado de conservação favorável quando: A longo prazo a estrutura e as funções específicas necessárias à sua manutenção existirem e num futuro previsível forem suscetíveis de continuar a existir; O estado de conservação das espécies típicas for favorável; A área de repartição natural e as áreas de ocupação forem estáveis ou estiverem em expansão. 3 Segundo o PSRN2000, consideram-se como Sítios relevantes para a conservação dos tipos de habitats, "aqueles onde estes se exprimem mais significativamente em termos de área, tipicidade ou singularidade, onde o estado de conservação se encontra num nível mais elevado, ou quando esses Sítios integram zonas limítrofes da extensão de ocorrência, englobam áreas de ocupação isoladas ou incluem áreas do tipo de habitat cuja conservação é tida como prioritária." 35 35

36 Da mesma forma do que sucedeu para a flora protegida, o PSRN2000 destaca um conjunto de habitats que em Portugal devem ser prioritários para a conservação, nos quais se incluem os habitats que têm presença relevante num baixo número de Sítios (1, 2 ou 3), os habitats que apresentam uma tendência decrescente de área de ocupação e/ou cuja conservação é mediana ou desfavorável, habitats com estatuto de endemicidade, e outros com importância ecológica, baixa frequência e área de ocorrência pontual, reduzida ou fragmentada. A referência a estes habitats naturais pode ser consultada na documentação técnica produzida no decurso de elaboração deste Manual. A manutenção do estado de conservação e, se possível, a valorização dos habitats protegidos presentes nas áreas abrangidas pelas Faixas de Proteção, só é possível através de um conhecimento prévio da sua presença, desta forma torna-se necessário o uso de cartografia específica. Um exemplo de uma gestão da vegetação dentro dos limites da Faixa de Proteção favorável à persistência e melhoria de um habitat protegido foi desenvolvido na Paisagem Protegida da Serra do Açor no âmbito do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23). Habitat protegido: 4030 Matos baixos de ericáceas e/ou tojos, mesófilos ou xerófilos, de substratos duros. Ameaças: a) Plantas invasoras; b) Progressão da vegetação para estados mais avançados e c) Aumento de incêndios florestais. Ação: Corte descontinuado da vegetação de forma a incentivar o rejuvenescimento dos matos, a evitar a acumulação excessiva de combustível (Ver Figura 6)

37 Abertura de faixas descontínuas Habitat 4030 Erica australis L. Controlo mimosa (Acacia dealbata) Figura 8 Projeto-Piloto do Açor, PPDA EDP Distribuição (Medida 23). Fonte: FloraSul 37 37

38 2.3.4 Plantas Invasoras Segundo o último relatório anual produzido pelo GISP - Global Invasive Species Programme (2010), as espécies invasoras são uma das maiores ameaças ao bem-estar ambiental e económico do planeta. A presença de espécies invasoras é comummente associada a uma perda de biodiversidade, pela alteração estrutural e funcional dos ecossistemas, criando impactos a nível da segurança alimentar, saúde e das atividades económicas (MARCHANTE, 2001; MCNEELY et al., 2001). As plantas que são geralmente designadas por invasoras, podem ocorrer de forma tão frequente que são facilmente confundidas com espécies nativas. No entanto, tratam-se de espécies exóticas, produtoras de elevado número de descendentes férteis que são dispersos para longe das plantas-mãe, ocupando áreas extensas, causando problemas económicos, ecológicos e sociais (WILLIAMSON, 1999 in MARCHANTE et al., 2005). Uma vez introduzidas, as espécies invasoras têm a capacidade de aumentar as suas populações e distribuição sem a intervenção direta do Homem, o que possibilita o estabelecimento em novos territórios, ameaçando as espécies nativas. Figura 9 - Árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum), à esquerda, num bosquete de carvalho-alvarinho (Quercus robur), à direita, no Parque Natural de Sintra/ Cascais Fonte: FloraSul 38 38

39 Segundo MARCHANTE et al. (2008), as espécies invasoras apresentam frequentemente crescimento rápido e/ou grande capacidade de dispersão e conseguem competir mais eficientemente pelos recursos disponíveis (luz, água, nutrientes, etc.) do que as espécies nativas, produzem muitas sementes, as quais podem ser viáveis por longos períodos de tempo e podem ser estimuladas pelo fogo. a) b) Como agravante, importa referir que é comum as espécies invasoras serem mais vigorosas e férteis do que são no seu território de origem. Isto deve-se em muito às condições favoráveis que encontraram e à falta de inimigos naturais, que contribuiriam, a par com outros fatores, para as manter em equilíbrio. As plantas invasoras são ainda causadoras de elevados custos de gestão das Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de Alta e Média Tensão dado o seu crescimento vigoroso que obriga a intervenções muito frequentes para proteger estas infraestruturas. É assim evidente que a melhor estratégia de gestão de espécies invasoras é a prevenção, porque ao travar o estabelecimento de uma espécie invasora, para além de ser mais eficaz em termos de custo/benefício, é nitidamente mais vantajoso e desejável em termos ambientais. A deteção precoce é igualmente importante, porque quanto mais cedo se detetar a espécie invasora, mais depressa se pode agir, impedindo que a população aumente. A adoção de Boas Práticas no controlo das plantas invasoras é essencial para garantir que as intervenções não resultam no fomento involuntário das mesmas, com consequentes acréscimos de custos das operações. Para tal, é fundamental saber quais as plantas invasoras existentes no país. c) Figura 10 Mimosa (Acacia dealbata): a) Inflorescência; b) Sementes em maturação; c) Acréscimo ao banco de sementes no solo. Fonte: FloraSul 39 39

40 Principais plantas invasoras em Portugal A legislação portuguesa reconheceu em 1999 a gravidade deste problema no Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, o qual regula a introdução na natureza de espécies não indígenas (exóticas), listando a totalidade de plantas introduzidas no país e assinalando entre essas as que são consideradas invasoras. Atualmente, o diploma encontra-se em processo de revisão, de forma a tornar-se mais legível e fácil de aplicar, e a incorporar os seguintes três níveis de objetivos: prevenir a introdução de novas espécies não indígenas em território nacional ou em unidades geograficamente isoladas; fazer a deteção precoce de situações de introdução e acionar mecanismos rápidos de controlo e conter a proliferação das espécies não indígenas invasoras já introduzidas, através de planos de controlo e erradicação. Existem cerca de 40 espécies de plantas invasoras em Portugal (MARCHANTE et al., 2008) das quais apenas 29 estão listadas na legislação Nacional (Decreto-Lei nº 565/99). No âmbito deste Manual, são abordadas 10 plantas invasoras que considerámos como ameaças mais representativas na constituição e manutenção das Faixas de Proteção confinantes às linhas Elétricas, 9 são reconhecidas pela referida legislação, às quais acrescentámos a cana (Quadro 3)

41 Quadro 3 - Listagem das plantas invasoras contextualizadas no presente Manual e seu risco de invasão. Nome vulgar Nome científico Risco de Invasão Classificada como planta invasora (*) Acácia Acacia saligna (Labill.) H. Wendl. Mediano Sim Acácia-Austrália Acacia melanoxylon R.Br. Elevado Sim Acácia-de-espigas Acacia longifolia (Andrews) Willd. Elevado Sim Acácia-virilda Acacia retinodes Schlecht Mediano Sim Árvore-do-incenso Pittosporum undulatum Vent. Mediano Sim Cana Arundo donax L Elevado Não Espanta-lobos Ailanthus altissima (Miller) Swingle Elevado Sim Falsa-acácia Robinia pseudoacacia L Mediano Sim Háquea-picante Hakea sericea Schrader Elevado Sim Mimosa Acacia dealbata Link Elevado Sim (*) Espécie listada no Anexo I do Decreto-Lei n.º 565/99 como invasora. Fonte: MARCHANTE et. al. (2008) e Decreto-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro. A melhor forma de controlar as plantas invasoras começa pela correta identificação das mesmas, para que depois se possam estabelecer prioridades de intervenção adequadas à espécie e sua situação de invasão (ponto tratado adiante - Plantas Invasoras e Tipos de Intervenção). De seguida apresentamos algumas fotografias de plantas invasoras consideradas no âmbito deste Manual (Figura 11 a 18)

42 a) b) Figura 11 Mimosa (Acacia dealbata) a) Mancha de mimosa no meio de eucaliptal, visível da estrada que liga Chapinha a Gondramaz (aldeia de xisto); b) Detalhe da flor. Fonte: FloraSul Figura 12 Acácia-Austrália (Acacia melanoxylon) a) Detalhe das folhas jovens da acácia em regeneração, dois tipos de folhas, umas recompostas, outras reduzidas a filódios); b) Detalhe da flor. Fonte: FloraSul a) b) 42 42

43 Figura 13 Acácia-de-espigas (Acacia longifolia) a) Início da floração; b) Exemplar isolado no SIC da Comporta/ Galé Fonte: FloraSul a) b) a) b) Figura 14 Acácia (Acacia saligna) a) Detalhe dos filódios; b) Acacial no SIC do Estuário do Sado. Fonte: FloraSul 43 43

44 Figura 15 Espanta-lobos (Ailanthus altissima) a) Pormenor das folhas; b) Regeneração de espanta-lobos e sementes de mimosa no SIC da Lousã. Fonte: FloraSul a) b) a) b) Figura 16 Árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum) a) Indivíduo adulto no Parque Natural de Sintra-Cascais; b) Detalhe das folhas. Fonte: FloraSul 44 44

45 Figura 17 Háquia-picante (Hakea sericea) a) Indivíduo adulto no SIC da Lousã; b) Detalhe das folhas (agulhas) e dos folículos que contêm as sementes. Fonte: FloraSul a) b) a) b) Figura 18 Cana (Arundo donax) a) Detalhe da panícula (flores); b) Canavial junto à Ribeira da Samarra no Parque Natural de Sintra/ Cascais. Fonte: FloraSul 45 45

46 2.3.5 Corredores Ecológicos A perda de biodiversidade é muitas vezes atribuída a processos de fragmentação (NOSS, 1991; HOBBS, 1993; BENNETT, 1998; GARCÍA, 2002 in DESANTI, 2007), que por sua vez, implicam a diminuição do habitat disponível para as populações selvagens, isolando-as umas das outras impedindo a migração e proliferação de indivíduos na paisagem (BEIER & NOSS, 1998; BENNETT, 1998 in DESANTI, 2007). Os Corredores Ecológicos desde a década de 70 são indicados como "parte de estratégias para a conservação de ecossistemas fragmentados" (DIAMOND, 1975; WILSON & WILLIS, 1975; MEFFE & CARROLL, 1997 in SEOANE, C. E. et al., 2010). A Resolução do Concelho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro (adota a ENCNB) alerta para o facto de ser indispensável instituir corredores ecológicos cuja função primordial é estabelecer ou salvaguardar a ligação e os fluxos génicos entre as diferentes áreas nucleares de conservação, contribuindo, de modo especialmente relevante, para ultrapassar uma visão redutora da conservação da natureza e da biodiversidade circunscrita às áreas classificadas e para promover a continuidade espacial e a conectividade das componentes da biodiversidade em todo o território, bem como uma adequada integração e desenvolvimento das atividades humanas Os corredores ecológicos têm, entre outros, os seguintes objetivos: 1) facilitar a circulação/ dispersão de plantas e animais através da paisagem, compensando assim os efeitos da fragmentação da paisagem; 2) Aumentar a qualidade da paisagem; 3) favorecer a regeneração natural de espécies autóctones em novos locais e, 4) para habitats de difícil acesso, promover a sua continuidade (DIRECÇÃO-GERAL DOS RECURSOS FLORESTAIS, 2006). Os corredores podem ser descritos consoante as suas funções ambientais (FORMAN, 1997; HESS & FISCHER, 2001 in KORMAN, V., 2003). Estas funções podem ser: 46 46

47 Habitat - quando um corredor vai proporcionar uma combinação apropriada de recursos, como alimento e abrigo, e condições ambientais para a sobrevivência e reprodução das espécies. Condutor - quando um corredor possibilita a movimentação dos organismos de um local para outro, sem residirem dentro do corredor. Filtro - quando só alguns organismos ou materiais podem passar pelo corredor. Corredor normalmente associado com zonas ripícolas e qualidade da água. Barreira - Quando organismos ou materiais não podem passar pelo corredor. Normalmente associados ao fluxo da fauna selvagem. Exemplo: estradas, barragem (mitigação deste efeito através de túneis, passagens subterrâneas, entre outros). Fonte - quando os organismos ou materiais provêm do corredor. Sumidouro - Quando os organismos ou materiais entram no corredor e são destruídos. Figura 19 Funções ambientais dos corredores ecológicos. (adaptado de SIF, 2005 in Firme D.J., 2006) 47 47

48 A remoção completa da vegetação em curtos períodos de retorno mantém a vegetação nas etapas iniciais sucessão, criando, por vezes, fortes contrastes e limites na matriz de vegetação envolvente. Isto aumenta o efeito de orla, diminui a permeabilidade da paisagem para espécies de floresta, e aumenta a permeabilidade para espécies ubíquas e generalistas (FORMAN, 1995 in CLARKE, D.J. et al., 2006). No entanto, os corredores associados às linhas Elétricas têm o potencial de aumentar a heterogeneidade do habitat e de beneficiar muitos grupos de espécies se alguma complexidade estrutural for mantida (CLARKE, D.J. et al., 2006), sem comprometer os objetivos legais para os quais são implantados. No contexto deste Manual entende-se que os corredores associados à rede aérea de transporte e distribuição de energia elétrica podem exercer, duas funcionalidades: 1) Habitat desde que alvo de uma gestão equilibrada que comporte a manutenção de alguma estrutura e complexidade da vegetação, os corredores confinantes às linhas elétricas podem providenciar habitat para espécies animais, particularmente como fonte de alimento, uma vez que proporcionam a ocorrência de comunidades em diferentes estados da sucessão, conferindo em alguns casos heterogeneidade à vegetação. 2) Condutor dependendo do contexto paisagístico em que estão inseridos e em parceria com os gestores de parcelas da área que abrangem e sua envolvência, os corredores confinantes às linhas elétricas podem constituir possíveis corredores ecológicos, entre áreas com estatuto de proteção ambiental ou, entre áreas que se considerem justificativas para a finalidade

49 Nos Projetos-Piloto da Comporta Galé e do Sudoeste Alentejano (Corredor Ecológico de Sines), pretende-se favorecer a conectividade entre as áreas, a Norte, da Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha e do SIC da Comporta Galé com a área, a Sul, do SIC Costa Sudoeste, a Sul, as quais se encontram separadas pelo espaço ocupado pela complexo portuário e industrial de Sines. Essa ligação ocorrerá como mencionado anteriormente, entre Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental, através da Área Florestal de Sines, cuja responsabilidade de gestão cabe à AFN. Dentro destas áreas, a conectividade será implementada através da valorização das Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de Alta e Média Tensão da EDP Distribuição. Nestes Projetos-Piloto as ações a realizar para implementação dos corredores ecológicos são: 1) gestão de matos, 2) controlo de espécies invasoras, (comprometem a sobrevivência das espécies autóctones e a integridade dos ecossistemas), 3) aproveitamento da regeneração natural autóctone e 4) plantação mista de espécies autóctones de crescimento lento (arbustivas e arbóreas) numa designada Faixa de Biodiversidade estabelecida nas Faixas de Proteção da EDP Distribuição. Figura 20 Projetos-Piloto da Comporta Galé e do Sudoeste Alentejano (Corredor Ecológico de Sines), PPDA EDP Distribuição (Medida 23). Fonte: FloraSul 49 49

50 2.3.6 Fauna A Península Ibérica destaca-se como uma área periférica do continente Europeu que funcionou como um refúgio glaciar e onde populações de várias espécies de vertebrados evoluíram durante o Pleistocénio (HELBIG et al. 1995; MERILÄ et al. 1996) para posteriormente, iniciarem a recolonização das áreas a Norte. Como resultado desses fenómenos, a Península Ibérica constituiu-se como uma região geográfica de significativa importância para a biodiversidade no contexto da Europa. No que diz respeito à distribuição da herpetofauna e mamofauna europeias, é efetivamente no Sul do continente - e particularmente em Portugal e Espanha - que se verifica um aumento no número de espécies e de casos de endemicidade (ALMEIDA et al. 2001; BAQUERO & TELLERÍA 2001). NOTA: A abordagem à fauna contida neste Manual exclui o grupo da avifauna, uma vez que o mesmo é alvo de Medidas específicas, no âmbito do PPDA da EDP Distribuição, a saber, Medida n.º 21 (Proteção da Avifauna), Medida n.º 26 (Proteção da cegonha branca) e Medida n.º 27 (Stork - Sistema de proteção da avifauna em teste na espécie cegonha branca). Invertebrados, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos À semelhança do que acontece para a flora protegida e para os habitats classificados, é obrigação do Estado Português, a manutenção num estado de conservação favorável de todos os valores protegidos pelas diretivas Aves e Habitats. O PSRN2000 contabiliza um total de 47 espécies animais incluídas no Anexo II da Directiva Habitats (considerando Acipenser sturio extinto) com ocorrência em Portugal Continental, sendo três delas prioritárias em termos de conservação na Europa Comunitária, a borboleta Callimorpha quadripunctaria, lobo (Canis lupus) e lince-ibérico (Lynx pardinus)

51 Tabela 3 Distribuição do número de espécies pelo despectivo grupo faunístico. (adaptado de ICN, 2006) Grupos N.º Lusitano Distribuição Ibérico Mais de 3 EM * Invertebrados Peixes Anfíbios e Répteis Mamíferos Total * Distribuição em mais de 3 Estados-Membros em que o Tratado é aplicável No contexto nacional, a maioria das espécies de fauna de interesse comunitário possuem, de acordo com a classificação do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, categoria de ameaça (CR criticamente em perigo, EN em perigo e VU vulnerável). O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal constitui um documento estruturante de uma política de conservação da natureza, classificando as espécies de vertebrados que utilizam o território nacional em função do risco de extinção, num dado período de tempo. Referencia igualmente as ameaças e medidas de conservação necessárias para melhorar o estatuto de conservação das espécies ameaçadas e quase ameaçadas e contribui para o Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados e Inventário da Biodiversidade. Analisando separadamente o estatuto das espécies animais que representam endemismos lusitanos ou ibéricos (excl. aves e invertebrados), sobre os quais Portugal assume particular responsabilidade na sua conservação, constata-se que 77% destes têm estatuto de ameaça

52 Quadro 4 Listagem das espécies de fauna (excl. aves e invertebrados) do Anexo B-II a), do D.L. nº140/99, de 24 de Abril, que são endemismos lusitanos ou ibéricos e seu estatuto de conservação global e Nacional. (adaptado de ICN, 2006) Nome Científico Endemismos lusitanos Endemismos Ibéricos Estatuto de Conservação Global (IUCN) Estatuto de Conservação Nacional Chondrostoma lusitanicum VU CR Chondrostoma oligolepis VU LC Anaecypris hispanica EN CR Barbus comizo VU EN Chioglossa lusitanica NT VU Chondrostoma polylepis LR/lc LC Lacerta monticola LR/lc VU Lacerta schreiberi LR/nt LC Lynx pardinus CR CR Microtus cabrerae LR/lc VU Squalius alburnoides LR/lc VU Chondrostoma arcasii LR/lc EN Chondrostoma lemmingii VU EN LC pouco preocupante; NT quase ameaçado; CR criticamente em perigo; EN em perigo e VU - vulnerável Devido a algumas espécies terem uma distribuição muito restrita e também à falta de informação sobre a distribuição da espécie, oito das 47 espécies ocorrentes no território Português estão apenas referenciadas para um, dois ou três Sítios e por isso apresentam uma distribuição tão restrita são particularmente vulneráveis a fatores de ameaça

53 Tabela 4 Espécies de fauna (excl. aves) do Anexo B-II a), do D.L. nº140/99, de 24 de Abril, ocorrentes em apenas 1, 2 ou 3 Sítios de Portugal Continental. (adaptado de ICN, 2006). Espécies N.º Sítios N.º % A proteção legal das espécies animais constantes dos Anexos B-II a) e B-IV a) da Directiva Habitats proíbe, segundo o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, artigo 11.º n.º 1 alínea a) "Capturar, abater ou deter os espécimes respectivos, qualquer que seja o método utilizado; b) Perturbar esses espécimes, nomeadamente durante o período de reprodução, de dependência, de hibernação e de migração, desde que essa perturbação tenha um efeito significativo relativamente aos objetivos do presente diploma; c) Destruir, danificar, recolher ou deter os seus ninhos e ovos, mesmo vazios e d) Deteriorar ou destruir os locais ou áreas de repouso dessas espécies". Embora não sendo considerado espécie de interesse comunitário no contexto da Directiva Habitats, o coelho bravo é a espécie cinegética mais procurada na caça, sendo também uma presa essencial para numerosas espécies de predadores (ex. avifauna) constituindo assim, um dos mamíferos selvagens com maior importância ecológica e económica da Península Ibérica (DELIBES-MATEOS et al., 2007 in BORRALHO et al., 2010). É uma espécie endémica da Península Ibérica (apesar se encontrar atualmente distribuída por todo o mundo) e o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal atribui a este mamífero o estatuto de conservação NT - quase ameaçado. Entre os fatores de ameaça mais relevantes estão duas graves doenças (Mixomatoses e Doença Hemorrágica Viral (DHV)), para as quais não foram ainda descobertas vacinas ou outras formas de evitar propagação; a perda e degradação do habitat, e medidas de gestão cinegética desadequadas. A conservação do coelho bravo depende em muito da não fragmentação das suas populações. Núcleos populacionais isolados são frequentemente muito vulneráveis a estas doenças pois, não estando em contacto permanente com elas, tendem a não possuir resistências equivalentes à de outras 53 53

54 populações de coelho bravo com maior dimensão, distribuídas por espaços geográficos mais vastos e permanentemente expostas aos agentes patogénicos. A melhor estratégia para a conservação do coelho bravo parece assim passar por assegurar o fomento desta espécie de forma homogénea pelos territórios onde pode ocorrer evitando, como se referiu, a fragmentação das suas populações. As Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de Alta e Média Tensão, sendo estruturas lineares que atravessam grandes extensões do território, podem contribuir, através de gestão adequada, para este objetivo de assegurar "Corredores Ecológicos" para esta espécie presa de tantos predadores protegidos da Fauna Portuguesa, valorizando-se o papel destes espaços para a preservação da Biodiversidade. Um exemplo de uma medida de valorização para a fauna desenvolvido na Área com Estatuto de Proteção Ambiental do Guadiana no âmbito do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23), envolveu a construção de um cercado de reprodução para o repovoamento do coelho bravo (Oryctolagus cuniculus) (Figura 21) e a construção de estruturas física (maroços) para o refúgio e reprodução do mesmo (Figura 22)

55 Construção de cercado de reprodução para o repovoamento do Coelho-bravo. Figura 21 Construção de um cercado de reprodução para repovoamento de coelho bravo (Medida de valorização). Projeto-Piloto do Guadiana, PPDA EDP Distribuição (Medida 23). Fonte: FloraSul 55 55

56 Construção de estruturas físicas (maroços) para o refúgio e reprodução do coelho bravo. Figura 22 - Construção de maroços para o refúgio e reprodução de coelho bravo (Medida de Valorização). Projeto-Piloto do Guadiana, PPDA EDP Distribuição (Medida 23). Fonte: FloraSul 56 56

57 2.4. INOVAÇÃO E BENEFÍCIOS ADICIONAIS Fogo Controlado A gestão da vegetação, exclusivamente nos limites das Faixas de Proteção, nem sempre permite atingir os objetivos pretendidos de forma sustentável. Em muitos casos é preferível, como já referido, estabelecer parcerias e consensos com proprietários e gestores de parcelas, de modo a realizar em ações mais eficientes como por exemplo no caso das espécies invasoras. Este mesmo princípio é válido na gestão de matos e habitats que beneficiam da realização da técnica do fogo controlado. Esta técnica, testada no âmbito de 5 Projetos-Piloto permite, simultaneamente e quando bem executada, promover a Biodiversidade e reduzir os custos de intervenção em Faixa de Proteção. O regulamento do Fogo Técnico, onde se engloba o fogo controlado, foi publicado em anexo ao Despacho n.º 14031/2009. Como definido pelo mesmo, o fogo controlado é o uso do fogo na gestão de espaços florestais, sob condições, normas e procedimentos conducentes à satisfação de objetivos específicos e quantificáveis e que é executada sobre responsabilidade de técnico credenciado. O seu planeamento comporta dois níveis com diferentes escalas, territoriais e temporais, de execução: i) o plano de fogo controlado, PFC (para uma área determinada e período não superior a 5 anos), que respeita ao planeamento e precede a realização das ações ; ii) o plano operacional de queima, POQ (para parcela individual de tratamento identificada no PFC), que é completado antes (planeamento), durante (realização) e após a execução (monitorização)

58 Utilizado no Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios para gestão de vegetação, enquadrado na política de defesa da floresta, o fogo controlado proporciona uma otimização de custos e de apoio efetivo para a contenção de incêndios florestais. Entre as técnicas disponíveis para controlo de combustível florestal, o fogo controlado pela sua eficácia, versatilidade, possibilidade de uso em escala, além de motivos económicos e ecológicos, é uma das alternativas mais utilizadas mundialmente para eliminar de forma eficaz os combustíveis finos. Época de realização: Durante o repouso vegetativo das plantas, entre Outubro e Abril, sempre que as condições meteorológicas o permitam e no respeito por condicionantes ambientais que possam existir. Tabela 5 - Parâmetros de comportamento de fogo potencial após tratamento em esteval. (Test.- Testemunha (sem tratamento); m.m.- Corte moto-manual; Mec. - Corte mecânico (destroçador); Fc - Fogo controlado) Tratamento Parâmetros de comportamento do fogo Unidade Test. m.m. Mec. Fc* Velocidade de propagação m/min 22,7 19,7 3,6 1,3 Intensidade da frente do fogo kw/m Comprimento da chama m 5,0 5,7 0,9 0,6 * tratamento com fogo controlado após tratamento moto-manual Fonte: GIFF,

59 A possível adoção do fogo controlado como técnica a implementar na gestão da vegetação presente nas Faixas de Proteção da EDP Distribuição representa uma inovação relativamente às tradicionais intervenções. A sua aplicação foi testada através de Projetos-Piloto enquadrados no âmbito do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23), nomeadamente Montesinho, Peneda-Gerês, Serra da Estrela, Serra da Lousã e Serra de São Mamede, para os quais foi estabelecido o seguinte procedimento: a) Análise das áreas alvo em função da suscetibilidade integrada a incêndios florestais e da incidência das linhas de distribuição de energia de média e alta tensão de forma a estabelecer locais estratégicos e prioridades de intervenção de prevenção estrutural (gestão de combustíveis). b) Para as áreas identificadas no ponto anterior, em função das suas características, delimitou-se aquelas com potencial para utilização de fogo controlado. c) Dentro das áreas com aptidão para utilização da técnica de fogo controlado identificadas no ponto anterior, foram selecionadas aquelas que deviam ser utilizadas como áreas de demonstração através da aplicação da técnica até ao final de d) Para as áreas de demonstração de fogo controlado selecionadas no ponto anterior, foram identificados os procedimentos e meios necessários para a sua execução. e) Foram desenvolvidos os procedimentos administrativos para a obtenção das necessárias autorizações para a realização das ações; f) Execução de ações de demonstração de utilização de fogo controlado através da utilização da técnica nos locais de demonstração, sob a responsabilidade de técnicos credenciados para o efeito, cumprindo todas os requisitos constantes da legislação em vigor para a aplicação da técnica. Nesta fase, criam-se as condições necessárias para a integração e participação de vários stakeholders

60 g) Monitorização e registo do comportamento do fogo e o seu impacto imediato nas formações vegetais. Registo das áreas tratadas na plataforma de gestão de informação FILEPLACE. h) Posteriormente à execução das ações de demonstração foram analisados os efeitos das ações executadas no comportamento do fogo, através da utilização de simuladores existentes para o efeito. i) Registou-se a recuperação do ecossistema num curto espaço de tempo após a execução das ações. j) Apresentou-se relatório sobre as atividades desenvolvidas e propostas de gestão futura das áreas tratadas. Posto isto, e uma vez que as Faixas de Proteção associadas à rede aérea de transporte e distribuição de energia elétrica (alta e média tensão) reúnem áreas contínuas de reduzida dimensão, o uso do fogo controlado só se devem materializar em situações que o justifiquem e que reúnam as condições necessárias à sua execução, nomeadamente, em casos de parcerias com Stakeholders (proprietários ou entidades gestoras das áreas de incidência), de forma a: Obter custos mais reduzidos nas intervenções; Obter ganhos de biodiversidade; Gerir proactivamente o risco de invasão por plantas invasoras; Aumentar a eficácia das intervenções de prevenção estrutural; Preconizar intervenções sustentáveis

61 2.4.2 Plantação/ Sementeira Nota Prévia: A regeneração natural autóctone deverá ser sempre privilegiada em detrimento da plantação/ sementeira, especialmente nos locais onde se pressupõe existir um maior potencial de crescimento (maior fertilidade do solo), nomeadamente junto a linhas de água, vales e sopés de encosta, devido à natural adaptação das plantas à estação. No entanto, caso esta não se revele suficiente, e em especial nos locais onde ocorram plantas invasoras ou com comportamento invasor (por ex.: acácias, cana, entre outras) ou em locais que apresentem sinais de degradação, a plantação/ sementeira deverá ser uma opção a considerar de forma a agilizar o processo de recuperação ecológica. O sucesso de uma plantação ou sementeira depende em primeira instância, de variados fatores: seleção das espécies, qualidade da planta ou da semente, preparação da estação, método de plantação ou sementeira (FORESTRY COMMISSION, 1991 in. PAIVA et al., 2010). Entende-se por plantação a colocação, em solo previamente preparado, de plantas de torrão ou de raiz nua produzidas em viveiro e, por sementeira, a colocação de semente em solo previamente preparado, na totalidade do terreno ou apenas em parte (manchas, linhas ou faixas), podendo a semente ser distribuída a lanço ou localizadamente. Plantas Quando se fala em qualidade das plantas, a idade e a dimensão revelam-se de extrema importância, pois condicionam a sua resistência à transplantação, a rapidez de crescimento no local definitivo, a facilidade de fixação e a capacidade de competição com a vegetação espontânea. Outro aspeto muito importante é conhecer a proveniência da planta, pois esta tem de ser adequada às características ecológicas da região onde virão a ser utilizadas e verificar se a espécie tem certificação de qualidade (as que são obrigatórias, constam no Anexo I - Lista de espécies florestais e híbridos artificiais - do Decreto-Lei n.º 205/2003 de 12 Setembro)

62 As plantas que apresentem sintomas de pragas ou doenças, com indícios de aquecimento (de fermentação ou bolor), folhas completa ou parcialmente secas, gomos terminais ou colos total ou parcialmente danificados, caules com forte curvatura, sistema radicular deficiente (pequeno, sem raízes secundárias, ou com raízes enroladas), feridas não cicatrizadas, desequilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular e com falta de atempamento, devem ser rejeitadas. Existem dois tipos fundamentais de plantas, as de raiz nua (nas quais o sistema radicular, à saída do viveiro, não apresenta terra a envolvê-lo) e as de torrão (produzidas em contentores, com o sistema radicular sempre envolto num substrato). No Quadro 5, apresenta-se as vantagens e desvantagens das plantas de raiz nua e de torrão. Época de plantação Deve ocorrer durante o período de repouso vegetativo, desde que se garanta temperaturas e humidades do solo necessárias à sobrevivência das plantas, evitando o período de ocorrência de geadas. Na região mediterrânica, a plantação deverá ocorrer no período Outono-Inverno. Quadro 5 - Condições de aplicação da plantação e sementeira, com as respetivas vantagens e desvantagens associadas. Tipo de plantas Vantagens Desvantagens Raiz nua Custos de produção, de transporte e de plantação inferiores. Período de plantação mais curto, pois são mais sensíveis às crises de transplantação (utilizados, geralmente, em situações favoráveis de temperatura e humidade). Torrão Maiores taxas de sobrevivência, nomeadamente em climas secos e quentes; Prolongamento da época de plantação; Quando transportadas em contentor para local definitivo, as plantas estão sujeitas a menores danos. Fonte: LOURO et al., 2002 Custos de produção, de transporte e de plantação mais elevados

63 Sementes Quando se fala em comercialização das sementes é muito importante conhecer a proveniência da semente e a categoria de material de base onde foi colhida, pois esta tem de ser adequada às características ecológicas da região onde vai ser utilizada. Deve-se garantir o bom estado sanitário das sementes (sem presença de podridão, nem ataques de fungos ou insetos), e utilizar sementes acompanhadas de etiquetas onde são fornecidas as informações sobre a proveniência e/ou origem, percentagem de germinação e pureza. Deve-se também verificar se a semente tem certificação de qualidade (as que são obrigatórias, como já referido atrás, constam no Anexo I - Lista de espécies florestais e híbridos artificiais - do Decreto-Lei n.º 205/2003 de 12 Setembro). Época de sementeira Na região mediterrânica pode realizar-se no Outono para todas as espécies. Para uma descrição mais detalhada relativamente à preparação do terreno, condições de aplicação e transporte e acondicionamento de plantas e sementes deve-se consultar a documentação técnica produzida no decurso da elaboração deste Manual

64 2.4.3 Carbono Nas ações de gestão da vegetação das Faixas de Proteção, um dos princípios orientadores é a preservação e, se possível, o fomento das espécies autóctones, pela proteção da regeneração natural, pela sementeira e/ou plantação de espécies arbóreas e arbustivas que não ameaçando pelo seu porte a segurança das linhas elétricas, contribuem para a estabilidade da paisagem e apresentam, muitas vezes, melhor comportamento face ao risco de incêndio ou de erosão. Estas intervenções na vegetação das Faixas de Proteção devem obedecer a um planeamento adequado e, no seu desenvolvimento, oferecem a oportunidade de avaliar e valorizar a quantidade de carbono sequestrado por essa vegetação. Desta forma, em condições favoráveis de cooperação com os gestores das parcelas poderemos obter um triplo benefício: a proteção das infraestruturas elétricas, a conservação e a valorização da biodiversidade e o sequestro de carbono pela vegetação. O sequestro de carbono pela vegetação fomentada por iniciativa humana pode, em determinadas condições, ser valorizado nos termos do Protocolo de Quioto, estabelecido para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa - GEE - responsáveis pelas alterações climáticas. O Protocolo de Quioto surgiu como um documento adicional à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC: United Nations Framework Convention On Climate Change). Este Protocolo estabeleceu medidas concretas e claras para a redução da emissão dos GEE, o qual define para cada estado-membro metas específicas para essa redução. Os mecanismos do Protocolo de Quioto são: o Comércio Internacional de Emissões (mais conhecido por Mercado do Carbono); o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Implementação Conjunta (IC) (GOUVEIA, N. & MESQUITA, L., 2011). No caso do Mercado Europeu de Créditos de Carbono estão previstas duas abordagens: O Mercado regulado (CELE - Comércio Europeu de Licenças de Emissão): onde se transacionam créditos de carbono 1 utilizados para fazer face aos compromissos do Protocolo de Quioto e, 64 64

65 O Mercado voluntário: onde se comercializam créditos de carbono de múltiplas origens, utilizados por particulares ou empresas que procedem à compensação voluntária de emissões de carbono. No caso das ações de sequestro resultantes da gestão da vegetação em Faixa de Proteção, a realizar em parceria com os gestores de parcelas atravessadas pelas linhas elétricas, estamos a falar de projetos enquadráveis no Mercado Voluntário de emissões. Para analisar a possibilidade de gerar créditos de carbono e/ou biomassa florestal em terrenos situados sob linhas de distribuição de energia elétrica, na sequência de operações realizadas nos Projetos-Piloto do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23), foram selecionadas áreas de 500 hectares dentro das Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental da Peneda Gerês, Serra da Lousã e Comporta/ Galé, tendo sido desenvolvidos os estudos técnico-jurídicos que tipificam a estrutura de ações a realizar para este fim, as quais incluem: a) as características das áreas alvo; b) o enquadramento legislativo em vigor; c) as espécies mais adequadas e, d) a utilização de metodologias de quantificação internacionalmente aceites. 1 O crédito de carbono é uma espécie de certificado emitido pela redução de emissões, que é equivalente a uma tonelada de dióxido de carbono que deixou de ser produzido. Para os restantes gases emitidos os créditos são atribuídos tendo em conta o conceito de carbono equivalente (GOUVEIA, N. & MESQUITA, L., 2011)

66 2.5. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA Obtenção, em formato digital, do traçado da Rede Aérea de Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica de Alta Tensão (AT) e Média Tensão (MT), da EDP Distribuição, dentro das AEPAs (~ km) Compilação de coberturas aéreas para um período entre 2004 e 2007 (resolução de cm) e execução das Faixas de Proteção (FPs) de Alta e Média Tensão com largura de 25 m e 15 m, respectivamente Obtenção da totalidade das Faixas de Proteção para as AEPAs (~ ha) 66 66

67 Definição de uma faixa de 200 m de largura, relativamente ao eixo da projecção vertical das linhas elétricas AT e MT Identificação e vectorização à escala 1:5 000, da ocupação do solo, na faixa definida, com recurso à Legenda de Códigos COS do IGP Cartografia de Ocupação de Solo - COS para as AEPAs, numa faixa de 200 m sobre as Linhas Elétricas (~166 mil ha) 67 67

68 Nome: PNT da Arrábida e SIC "Arrábida/Espichel" Legislação: PNT: D.L. nº 622/76, de 28 de Julho, alterado pelo D.R. nº 23/98, de 14 de Outubro e D.R. nº11/2003, de 8 de Maio; SIC:1ª Fase: Lista Nacional (Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97 de 28 de Agosto) / Lista SIC (Portaria n.º 829/2007 de 1 Agosto) Área (ha): PNT: (área marinha, e área terrestre, ); SIC: (área marinha = 5 532ha, área terrestre = ha ) Concelhos abrangidos: Palmela, Sesimbra e Setúbal Outros Estatutos de Conservação: ZPE Cabo Espichel ; MN da Pedra da Mua; MN dos Lagosteiros e SC Gruta do Zambujal; Reserva Biogenética Serra da Arrábida ; IBA "Cabo Espichel" (PT041). Caracterização Encerrando uma paisagem de singular beleza, a sua criação visa salvaguardar os valores botânicos, sobretudo o "Maquis Mediterrâneo", geológicos, faunísticos e paisagísticos, inevitavelmente sujeitos, dada a sua privilegiada localização, a uma sumária: enorme pressão urbanística e industrial. Com uma descontinuidade de limites, o seu nome advém da cordilheira que integra -Cordilheira da Arrábida- a zona oriental é composta por várias elevações (Serra da Arrábida, Risco, S.Luís e Gaiteiros, Louro e S. Francisco) e a zona ocidental por um aplanamento formado por parte da plataforma do Cabo Espichel. Os seus solos, na maioria sedimentares, são formados em grande parte, por rochas calcárias, dolomíticas ou detríticas e margosas, sujeitas a vários agentes erosivos; a sua hidrografia, essencialmente localizada a E, é escassa e não perene e o seu clima, acentuadamente mediterrânico, é influenciado pela proximidade do oceano que lhe confere um aumento de humidade e maior amenidade. Sobre as elevações costeiras e encostas calcárias ensolaradas expostas a Sul, dominam os zimbrais-carrascais de carrasco (Quercus coccifera ) e sabina-da-praia (Juniperus turbinata subsp. turbinata ), rasteiros e deformados quando expostos aos ventos dominantes ou formando bosquetes densos e impenetráveis nos locais abrigados (fundo de valeiros); são acompanhados de flora termófila, cite-se a título de exemplo, a aroeira (Pistacia lentiscus), lentisco-bastardo (Phillyrea angustifolia ), zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris ) e o espinheiro-preto (Rhamnus lycioides subsp. oleoides ). Nas suas clareiras, sobre as encostas afloradas por calcários brancos, observam-se espartais de Stipa offneri e assembleias-bravas (Iberis procumbens subsp. microcarpa ) e matos de rosêlha-grande (Cistus albidus ). Ainda nesta encosta, ocorrem pontualmente, matagais abertos de dois endemismos arrabidenses, a corriola-do-espichel (Convolvulus fernandesii ) e o trovisco-do- Espichel (Euphorbia pedroi ). Nos locais mais elevados e de solo não muito erosionado (plataforma Espichel) ou, sobre solos algo profundos, em mosaico com carrascais basófilos da zona oriental e com arrelvados dominados por braquipódioavermelhado (Brachypodium phoenicoides ) e ricos em diversas orquídaceas, surgem matos do endemismo lusitano, tojo-gatunho (Ulex densus ), acompanhado do tomilhinho (Thymus zygis subsp. sylvestris ), alecrim (Rosmarinus officinalis ), Serratula lusitanica etc. Nas falésias e arribas litorais do "Mar do Sul", em zonas particularmente afectadas pela salsugem ocorre flora como a salgadeira (Atriplex halimus ) e nas menos atingidas, desenvolve-se pontualmente elementos macaronésios pouco comuns em Portugal, como a Withania frutescens e a Lavatera maritima. Já nas arribas do "Mar do Norte" é comum a presença da rasteira (Frankenia laevis ), Limonium multiflorum, Plantago coronopus subsp. ocidentalis, etc. Esta zona é particularmente importante para avifauna residente como o falcão peregrino (Falco peregrinus ), peneireiro-das-torres (Falco naumanni ), águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus ), entre outros, ou como refúgio para águia-pesqueira (Pandion haliaetus ), tartaranhão-azulado (Circus cyaneus ), andorinhão-real (Tachymarptis melba ), etc. (Ver Ficha ZPE Cabo Espichel ). É também abrigo de criação para o morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii ), morcego-rato-grande (Myotis myotis ), morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi ). Na zona oriental, em encostas e sopés com solos profundos e maduros desenvolvem-se carrascais arborescentes (Quercus rivasmartinezii ) com folhado (Viburnum tinus ), comunidade endémica de Portugal, em contacto frequente com medronhal (Arbutus unedo ) com Coronilla glauca ; nos talvegues com alguma hidromorfia devido à escorrência, observam-se carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp. broteroi ) em contacto com medronhal rico em Bupleurum fruticosum. Refira-se ainda os singulares zambujais arbóreos e/ou alfarrobeirais (Ceratonia siliqua ) sobre "terra rossa" com folhado, aderno (Phillyrea latifolia ), murta (Myrtus communis ), espinheiro-preto, etc. A Norte da cordilheira estende-se uma vasta planície, aí predominam os solos siliciosos e estão presentes pinhais de Pinus pinaster e/ou P. pinea que substituiram o bosque climácico de sobreiral psamófilo, do qual restam pequenos fragmentos. Nos matos domina o tojo-manso (Stauracanthus genistoides ), ericáceas (Erica spp.) e sargaços (Halimium halimifolium e H. calycinum ); ocorrem também vários tomilhos (Thymus carnosus, T. capitellatus, T. villosus ) e o endemismo lusitano morganheira-lusitânica (Euphorbia transtagana ). O Parque alberga duas borboletas, Callimorpha quadripunctaria (espécie prioritária) e Euphydryas aurinia. Relativamente à herpetofauna, destacam-se quatro endemismos Ibéricos, a rã-de-focinhopontiagudo (Discoglossus galganoi ), a rã-ibérica (Rana iberica ), o tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai ), a cobra-de-pernas-pentadáctila (Chalcides bedriagai ) e ainda, o sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus ), a víbora-cornuda (Vipera latastei ), a lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus eythrurus ), a lagartixa-do-mato ibérica (Psammodromus hispanicus ), a cobra-lisa-europeia (Coronella austriaca ) e o cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa ). A fauna mamológica é composta pela lontra (Lutra lutra ), pelo gato-bravo (Felis silvestris ), pelo coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus ) Endemismo ibérico e pelo toirão (Mustela putorius ). De salientar ainda presença de importantes espécies de quirópteros como o morcego-de-franja (Myotis nattereri ), o morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum ), o morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros ), o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale ), o morcego-ratopequeno (Myotis blythii ), e o morcego de Beschstein (Myotis bechstenii ), entre outros. Valores Zonas de ocorrência pontual, na faixa costeira Espichel/Sesimbra, de matagais abertos de dois endemismos arrabidenses, a corriola-do-espichel e o trovisco-do-espichel, espécies ecologicamente especializadas -Habitat Núcleos endémicos de ambientais: carrascal arbóreo. Ocorrência de importantes aves rupícolas. Arrelvados vivazes frequentados por orquídeas -Habitat *6210. Matos do endemismo do litoral calcário Português, tojo-gatunho. Bosques de carvalho-cerquinho de distribuição reliquial na Arrábida. Mata do solitário e mata da Pedra da Anixa. Lajes calcárias com fendas -Habitat *8240, afloramentos com comunidades casmofíticas -Habitat 8210 e cascalheiras calcárias. Os endemismos lusitanos mencionados aquando da caracterização e outros, como a cocleária-menor (Jonopsidium acaule ), Juncus valvatus ou Narcissus calcicola das fendas calcárias. Ocorrência de cobra-de-pernas-pentadáctila, lagartixa-de-dedos-denteados, cobra-lisa-europeia e ainda sapinho-deverrugas-verdes. Da mamofauna destaca-se a presença do coelho-bravo, do toirão e do gato-bravo. Benefícios Manutenção e fomento dos povoamentos florestais autóctones e reliquiais, como os carvalhais portugueses, zambujais arbóreos, os carrascais arborescentes, etc. Evitar a perturbação de terrenos que albergam várias espécies de orquídeas, o ambientais: pastoreio deve adoptar práticas específicas onde há ocorrência de endemismos florísticos. Controlo de espécies invasoras como o chorão-das-praias. A construção de infra-estruturas e as intervenções nas margens e cursos de água devem ser acauteladas. Importa manter habitats contíguos de modo a assegurar corredores ecológicos. É importante preservar maciços rochosos e habitats associados, nomeadamente, onde existir corriola-do-espichel e trovisco-do-espichel. Para a fauna associada ao meio aquático interessa preservar/melhorar as condições da galeria ripícola. Promover o aumento de presas selvagens e de refúgio. LE (m): ,60 (AT=13 350,76; MT= ,84) Opções de Flora e Vegetação: Matriz_FormacaoVegetal_TipoIntervencao.docx gestão a considerar nas Anfíbios e Répteis: TIF2.2; TIF3.1; TIF3.3 e TIF5.1 FP's: Matriz_Fauna_TipoIntervencao.docx Mamíferos: Melhoramento das condições para as espécie-presa (MIF 1.1; MIF 1.2; MIF 1.3; MIF 2.1; MIF 2.2; MIF 2.3; Fauna: TIF3.2 e TIF3.4) e TIF5.1 Outras medidas: Conservação/valorização dos sistemas aquáticos/ribeirinhos (benefício directo do toirão e do sapinho-de-verrugas-verdes) Referências Bibliográficas: 7; 20; 34; 57; 58; 59; 60; 72; 97; 130; 144; 155; 178; 192; 194; 203; 204 Referencias_Bibliograficas.docx Manual de Boas Práticas em Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental Compilação de informação técnica/ científica, sobre as AEPAs, nomeadamente: 1) Planos de Ordenamento e, 2) Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Produção de uma ficha individual por cada AEPA contendo informação técnica de apoio à tomada de decisões, exposta de forma sintética e compilada RNAP REDE NATURA 2000 SIC PARQUE NATURAL Cada ficha inclui para cada AEPA, informação genérica estruturada da seguinte forma: a) Breve Caracterização; b) Principais Valores Ambientais; c) Possíveis acções benéficas para a área - Benefícios ambientais; d) Quantificação da Rede Eléctrica (m) abrangida; e) Opções de gestão a considerar nas FPs e, f) Referências Bibliográficas Relatório de Enquadramento Estratégico 68 68

69 Compilação de Informação + COS + Foto-interpretação Identificação e vectorização, à escala 1:5 000 dos diferentes habitats classificados que, à data de execução, se situem nas FPs das linhas Elétricas Esquema simplificado do processo de obtenção de Produção da Cartografia de Habitats Classificados da Rede Natura Aquisição de Inf. da distribuição dos Habitats Classificados Ocupação de solo em faixa de 200 m sobre as linhas elétricas Vectorização em ortofotomapa Carta de Habitats Classificados das FPs Validação de campo Atualização da informação 69 69

70 Exemplo: Carta de habitats classificados nas Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de AT/ MT inseridas em AEPAs 70 70

71 Concepção de Projetos-Piloto Inseridos em áreas geográficas coincidentes com AEPAs (delimitação legal) Envolvimento dos Stakeholders relevantes, (ICNB, AFN, Câmaras Municipais - GTFs, Universidades...) Estudo/Localização Situação de Referência e Elaboração de uma Proposta Técnica I - Conservação e Valorização da vegetação natural existente Tipologias de Aplicação II - Conservação/ Valorização/ Gestão de habitats naturais e da fauna e flora protegida III - Controlo/ Erradicação de plantas invasoras IV - Conservação de paisagens tradicionais V Recuperação de zonas degradadas e erosionadas VI - Recuperação de zonas ardidas VII - Melhoramento das condições ecológicas para vertebrados terrestres VIII - Zonas de atravessamento de linhas de água IX Outras Validação de Stakeholders Estimativa Orçamental Acompanhamento/ Fiscalização Monitorização Identificação de acções com reconhecida importância ambiental. Interesse e oportunidade do alargamento destas intervenções, para além da Faixa de Proteção legal. Criação do conceito: AÇÃO COMPLEMENTAR Novas Oportunidades de Parcerias e Benefícios Ambientais Adicionais 71 71

72 Acções Complementares em área envolvente à Faixa de Proteção legal Estratégia de coordenação de acções e mútuo benefício Temáticas: a) Promoção de Espécies Protegidas ; b) Controlo de plantas invasoras ou com comportamento invasor ; c) Eliminação de indivíduos ou núcleos isolados de plantas invasoras Meios e Financiamentos adicionais decorrentes das parcerias 200 m Maior Sustentabilidade 200 m 72 72

73 Uso do Fogo Controlado como técnica de gestão da vegetação autóctone Análise das áreas piloto para selecção da Zona de Estudo e Selecção de Áreas de Demonstração de fogo controlado Parceria com gestores de parcelas 73 73

74 Mercado Voluntário de Créditos de Carbono Compensação voluntária de emissões de carbono Parceria com gestores de parcelas Aproveitamento da regeneração natural autóctone, se necessário, realizar Plantação/ Sementeira Privilegiar espécies compatíveis com a linha eléctrica Ex: arbóreas autóctones de lento crescimento vertical e, arbustivas de sub-bosque Implementação de Projetos-Piloto Sistematização de Boas Práticas no Manual de Boas Práticas de Gestão de Faixas de Proteção em Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental (AEPAs) 74 74

75 Valorização das Faixas de Proteção para reforçar a conectividade ou continuidade de Habitats Criação de Faixas de Biodiversidade com fomento e instalação de espécies autóctones protegidas para assegurar a conectividade entre áreas com valor ambiental Criação de Faixas de Biodiversidade com fomento e instalação de espécies autóctones protegidas para assegurar a conectividade entre áreas com valor ambiental Constituição de potenciais Corredores Ecológicos 75 75

76 Criação de um suporte de informação ambiental e sobre biodiversidade, como meio de comunicação a entidades, para consideração da informação disponível Relacionamento mais próximo com os stakeholders relevantes Colaboração Partilha Interacção Cooperação Atualização FILEPLACE - Plataforma de Cooperação Estratégica 76 76

77 Consideração de princípios e critérios de sustentabilidade na intervenção das FPs face a Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental. Conclusões Preliminares. Princípios Orientadores e Directivas de Ação para uma Faixa Proteção Sustentável Manual de Boas Práticas em AEPAs 77 77

78 2.6. PRINCÍPIOS ORIENTADORES E DIRECTIVAS DE AÇÃO O presente Manual assenta nos seguintes 4 princípios orientadores e correspondentes diretivas de ação com finalidade de uma melhoria no desempenho ambiental da EDP Distribuição e de uma gestão sustentável das Faixas de Proteção, que assegure o cumprimento das condições técnicas a que deve obedecer o estabelecimento e exploração das instalações elétricas, dispostas pelo Regulamento de Segurança de Linhas Elétricas de Alta Tensão (Decreto-Regulamentar n.º1/92), compatibilizando a presença da infraestrutura elétrica com o coberto vegetal. As mencionadas condições gerais a observar na gestão das Faixas de Proteção foram objeto de tratamento no Manual de Boas Práticas em Áreas Sem Estatuto de Proteção Ambiental. Implícito a todos os princípios orientadores que se expõe está a manutenção e o aprofundamento das parcerias, formais e informais, estabelecidas com os serviços da administração pública, a comunidade científica e outros stakeholders relevantes, de modo a ultrapassar as dificuldades resultantes da diversidade e complexidade dos contextos de aplicação e a reforçar o acesso expedito à informação sobre os valores naturais

79 Quadro 6 Listagem de princípios orientadores e correspondentes diretivas de Ação. PRINCÍPIO ORIENTADOR 1) Respeito pelas espécies de flora protegidas, raras, endémicas ou ameaçadas, ocorrentes em Faixa de Proteção. DIRECTIVA DE AÇÃO 1) Medida de Prevenção: a) Consulta de informação da presença dessas espécies na Faixa de Proteção, e b) Conhecimento da legislação referente a estas espécies protegidas aí presentes. Medida de minimização: Adoção de desmatação/corte seletivo com adequado apoio técnico. Medida de valorização: a) Adoção de medidas favoráveis à espécie de flora, e b) Apoio a uma Rede Nacional de Flora em Perigo. 2) Preservação dos habitats protegidos e do arvoredo e outras formações de interesse. 2) Medida de Prevenção: Conhecimento prévio da ocupação do solo (COS) e dos habitats naturais ou seminaturais presentes. Medida de minimização: a) Aproveitamento da regeneração natural; b) Intervenção descontinuada na presença de formações arbustivas não estremes e arbóreas autóctones, e c) Corte seletivo do arvoredo ou, realização de podas em alternativa ao corte. Medida de valorização: 79 79

80 a) Eliminação com efeito a longo prazo de espécies de crescimento vertical rápido; b) Contributo para o estabelecimento de corredores ecológicos; c) Plantação/sementeira 3) Controlo de plantas invasoras 3) Medidas de Prevenção: a) Deteção precoce do aparecimento de espécies invasoras na Faixa de Proteção, e b) Identificação de indivíduos ou núcleos isolados de espécies invasoras na área envolvente à Faixa de Proteção, até uma distância de 200 metros do limite desta, e eliminação dos mesmos, antes da intervenção em faixa. Medidas de Minimização: a) Estabelecimento de prioridades de intervenção e escolha da técnica de controlo adequada, de acordo com a planta invasora e a situação de invasão; b) Realizar a intervenção antes da maturação das sementes da planta invasora, e c) Destroçamento dos sobrantes do corte das plantas invasoras e disposição sobre o solo. Medidas de Valorização: a) Plantação/sementeira, e b) Alargamento da intervenção para além da Faixa de Proteção - Áreas Complementares

81 4) Respeito pelas espécies animais protegidas, raras, endémicas ou ameaçadas, ocorrentes em Faixa de Proteção. 4) Medida de Prevenção: a) Consulta de informação da presença dessas espécies na Faixa de Proteção; b) Conhecimento da legislação referente a estas espécies protegidas aí presentes, e c) Identificação prévia das áreas importantes para as populações presa. Medida de minimização: a) Intervenção descontinuada (manutenção das funções ecológicas para a fauna) Medida de valorização: a) Gestão das Faixas de Proteção de forma a fomentar as populações presa; b) Instalação pontual de maroços para coelho-bravo Fonte: FloraSul 81 81

82 2.7. TIPOS DE INTERVENÇÃO (BOAS PRÁTICAS) Segundo o Decreto Regulamentar n.º 1/92, de 18 de Fevereiro, as Faixas de Proteção (FP) têm a finalidade de garantir a segurança de exploração das linhas elétricas, mantendo uma distância livre entre as copas das árvores e os cabos de tensão, de forma a assegurar a continuidade do fornecimento elétrico e anular o risco de incêndios florestais atribuíveis às linhas. A constituição e manutenção das FPs, deve ser realizada no devido respeito pela conservação do meio ambiente e da biodiversidade. Porém, verifica-se cada vez mais a necessidade de satisfazer a forte consciência ambiental da sociedade, investindo-se em ações que sejam sustentáveis e que visam a melhoria do desempenho ambiental, nomeadamente no que se refere a intervenções em Áreas Classificadas por apresentarem elevados valores ecológicos que importam defender. Deste modo, a execução das FPs deve proteger os valores ambientais e, sempre que possível, reforçar as condições para que estes possam prosperar. Uma vez refletidos os critérios/princípios ecológicos e ambientais que condicionam as atividades inerentes à intervenção, face a uma gestão sustentável da biodiversidade nas AEPA, definiu-se um conjunto de ações que procuram potenciar a preservação e valorização do Património Natural

83 2.7.1 Formações Vegetais e Tipos de Intervenção O Quadro que em seguida se expõe, representa uma matriz que relaciona Formações Vegetais 4 Intervenção. A sua correta interpretação parte dos seguintes pressupostos: identificáveis na COS com Tipos de a) As intervenções são sugeridas no contexto da constituição e manutenção das FPs, ou seja, a redução da carga de combustível não é o objetivo principal RS(FGCs), embora também deva ser simultaneamente atingido; b) As Formações Vegetais designadas estão associadas a Modelos de Combustível, podendo ocorrer ou não, habitats naturais e seminaturais; c) O elenco de habitats naturais e seminaturais apresentado para cada formação vegetal deve ser entendido como uma indicação potencial de ocorrência, não sendo possível garantir a sua identificação na cartografia de habitats naturais e seminaturais existentes nas FPs (elaborada no âmbito do PPDA), dada as limitações da escala de trabalho, nem o estabelecimento de uma relação de correspondência Habitats COS; d) As operações propostas não garantem a manutenção ou melhoria do estado de conservação favorável dos habitats naturais e seminaturais potencialmente presentes nas FPs (Ver ponto 2.7.2). Pretendem responder, numa perspetiva de melhoria do desempenho ambiental, às necessidades de manutenção da exploração da linha elétrica e ao cumprimento legal ao D.R 1/92, de 18 de Fevereiro, tendo em conta a formação vegetal presente. Na confirmação da presença de um habitat listado no anexo B-I do D.L. nº140/99, de 24 de Abril, republicado pelo D.L. nº 49/2005, de 24 de Fevereiro, é imprescindível a consulta de documentação específica com orientações de gestão direcionadas para cada um, para garantir a melhoria efetiva dos habitats presentes, identificados pelo despectivo código numérico (Ver ponto 2.7.2); 4 Una cohabitación botánica individualizada por la forma biológica que en ella domina ( H. Del Villar in Font-Quer, 2001), ou seja, uma formação vegetal é reconhecida pela forma biológica que domina numa determinada estação onde ocorrem diferentes comunidades vegetais

84 e) Habitats cuja presença em FPs é muito improvável 1110, 1170, 1230, 1240, 2110 e 8330; Manual de Boas Práticas em Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental f) Exceções: 2180, 2270, 9560, 91B0 e 92B0. Estes habitats representam situações excecionais visto não terem enquadramento com a relação Formação Vegetal/ Modelo de Combustível. Referem-se a formações arbóreas com sub-bosque (2180, 2270 e 9560) ou orla arbustiva (92B0) de elevado valor ecológico, o qual é determinante na classificação do habitat e, a freixiais higrófilos (91B0), formação arbórea não esclerofita, muito pontual quando não rara e, com estrato arbustivo. Esta exclusão não pressupõe a sua ausência das FPs das linhas elétricas. g) M.C.= Modelo de Combustível; T.I. = Tipo de Intervenção (de TI - 0 a TI - 10) e T.M. = Tipo de Manutenção (de TM - 1 a TM - 4). h) TI 0, diz respeito a comunidades que representam habitats sem correspondência com modelos de combustível e sem necessidade de intervenção no âmbito das FPs dada a sua composição/ estrutura vegetal e/ou situação ecológica (ecótipos específicos) ou, comunidades que pela sua peculiaridade, valor ecológico ou distribuição restrita e pontual, não devem ser sujeitos a intervenção ativa; i) TI 4, relembra-se aqui que não existe uma relação direta entre a ocorrência potencial de habitat e o tipo de intervenção sugerido, no entanto, existem habitats (4030, 5120 ou 5330 pt7), nos quais o uso de fogo controlado pode constituir uma medida de gestão benéfica e outros para os quais este implica a sua destruição direta

85 Quadro 7 - Matriz descritiva do Tipo de Operações implícitas à relação Formação Vegetal/Tipo de Intervenção na constituição de FPs. Formação vegetal Habitats costeiros e vegetação halófila Dunas marítimas e interiores M.C. associado Constituição Sustentável de FPs Habitats (5) Tipo de Operações Tarefa(s) Complementar(es) T.I. (Ocorrência potencial) Grupo 1, exceto tipo 1110; 1170; 1230 e ; 2170; 2190 e 2230 Formações de composição e estrutura variável com gestão passiva Habitats de água doce Águas paradas e correntes Comunidades de alta montanha (orófilas) e urzais higrófilos Comunidades arbustivas de biótopos peculiares e localizados N/A Grupo ; 4020*; 4060 e ; 5140; 5320 e 5410 Sem Intervenção No contexto de manutenção da exploração da linha elétrica representa situações que não requerem intervenção. Recolha de lixo e entulho; TI - 0 Formações herbáceas naturais e seminaturais 61xx e 64xx Comunidades turfófilas 7140 e 7150 Habitats rochosos e grutas Formações arbóreas seminaturais com estrato herbáceo curto. Grupo 8, exceto 8330 M1 62XX; 6310 e 6510 Poda/ desramação localizada com meios manuais ou moto Recolha de lixo e entulho. TI Habitats naturais e semi-naturais listados no anexo B-I do D.L. nº140/99, de 24 de Abril, republicado pelo D.L. nº 49/2005, de 24 de Fevereiro, com ocorrência registada em Portugal (Plano Sectorial da Rede Natura 2000, ICN) 85 85

86 Formação vegetal Formações arbóreas autóctones naturais ou resinosas de agulha curta, com folhada compacta. M.C. associado M8 Constituição Sustentável de FPs Habitats (5) (Ocorrência potencial) Tipo de Operações Tarefa(s) Complementar(es) T.I. manuais, se necessário; 9160; 91E0*; 91F0; 9230; 9240; 9260; 92A0 pt1, pt2 e pt3; 9330 e 9340 Desbaste seletivo, se necessário; Corte sanitário, exceto árvores de grande porte, longevas ou cavernosas. Formações herbáceas com estrato arbustivo ou arbóreo de composição variável; M2 2330; 62XX e 6510 Aproveitamento e condução da regeneração natural autóctone; Controlo espacialmente descontinuado de matos com meios mecânicos/ moto manuais e destroçamento/ trituração de sobrantes; Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), se necessário. TI - 2 Formações arbustivas de baixo porte, várias vezes monoespecíficas, nomeadamente, estevais e sargaçais. M5.1 N/A Poda/ desramação, se necessário; Corte de Eucalipto (Ec) e Pinheiro-bravo (Pb); Recolha de lixo e entulho. Desvitalização de cepos de Ec. Formações arbóreas naturais de outras folhosas (ex.: zambujal, folhosas ripícolas...) com subcoberto arbustivo de médio/alto porte; Formações arbustivas de porte variável, nomeadamente, urzais, tojais, tomilhais, lentiscais, etc. M4.4 M *; 2260; 4030; 5120, 92D0; 92A0 pt4 e pt5 e *; 4030; 5120 e 5330 pt4 e pt7 M * e 5330 Aproveitamento e condução da regeneração natural autóctone; Controlo espacialmente descontinuado de matos com meios mecânicos/ moto manuais e trituração/ destroçamento de sobrantes; Desmatação seletiva. Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), se necessário. Recolha de lixo e entulho. TI

87 Formação vegetal Formações arbóreas naturais de outras folhosas (ex.: zambujal, folhosas ripícolas...) com subcoberto arbustivo de médio/alto porte; Formações arbustivas de porte variável, nomeadamente, urzais, tojais, tomilhais, lentiscais, etc.; M.C. associado M4.4 M6.1 Constituição Sustentável de FPs Habitats (5) Tipo de Operações Tarefa(s) Complementar(es) T.I. (Ocorrência potencial) 2150*; 2260; 4030; 5120, 92D0; 92A0 pt4 e pt5 e *; 4030; 5120 e 5330 pt4 e pt7 M * e 5330 Controlo de matos com fogo controlado; Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), se necessário. Recolha de lixo e entulho TI - 4 Sobrantes lenhosos. M11 e M12 N/A Formações arbóreas naturais de quercíneas ou castinçais/ soutos, estruturalmente imaturos e/ou degradados, com subcoberto arbustivo alto/ matagal; Matagal alto mais ou menos denso e contínuo ou arborescente, por vezes formando bosquetes. M4.1 M ; 9230; 9240; 9260; 9330 e (6) ; 5230* (6) ; 5330; 9230; 9240; 9330; 9340; 9380 (6) e 9580 (6) Salvaguarda da regeneração natural autóctone; Desmatação seletiva (promoção do matagal ou transição para bosque) com meios moto manuais; Desbaste seletivo, se necessário; Poda/desramação, necessário; Corte de Pb e Ec, se necessário. se Desvitalização de cepos de Ec, se necessário. Recolha de lixo e entulho TI Apesar destes habitats se enquadrarem na descrição da formação vegetal estabelecida, não existe uma correspondência óbvia com os Modelos de Combustível aqui considerados, nomeadamente no que respeita aos códigos de COS abrangidos por estes

88 Formação vegetal Formações de plantas heliófitas de rápido crescimento, por vezes cobrindo grandes extensões, sobre solos húmidos (ex.: silvados, fetos, etc.). M.C. associado Constituição Sustentável de FPs Habitats (5) Tipo de Operações Tarefa(s) Complementar(es) T.I. (Ocorrência potencial) M5.2 N/A Salvaguarda da regeneração natural autóctone; Controlo do silvado em excesso com meios moto manuais e trituração/ destroçamento de sobrantes; Aplicação de fitocida para controlo de silvados, quando justificado; Poda/ desramação, se necessário; Corte de Pb e Ec, se necessário. Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), se necessário. Recolha de lixo e entulho TI - 6 Eucaliptais, pinhais ou formações de outras resinosas, com subcoberto arbustivo alto/ matagal; Formações de espécies exóticas e invasoras ou, com comportamento invasor (ex.: acacial, canavial, etc.). M *; 2250*; 2260 e 5330 M4.5 N/A Controlo de espécies invasoras ou com comportamento invasor; Corte de exóticas e invasoras (ex: Acácia (Ac), Ec) e Pb; Aplicação de fitocida para controlo de exóticas e invasoras; Salvaguarda/ Potenciação da regeneração natural autóctone; Desmatação seletiva; Poda/ desramação, se necessário. Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), se necessário; Destruição de cepos de eucalipto; Transporte para local de utilização final; Recolha de lixo e entulho. TI

89 Formação vegetal Formações arbóreas de eucalipto, pinheiros e folhosas caducifólias com folhada pouco compacta. M.C. associado M9 Constituição Sustentável de FPs Habitats (5) Tipo de Operações Tarefa(s) Complementar(es) T.I. (Ocorrência potencial) N/A Corte de Ec e Pb; Salvaguarda da regeneração natural autóctone; Poda/ desramação, se necessário; Recolha de material lenhoso e trituração/ destroçamento de sobrantes. Destruição de cepos de eucalipto; Transporte para local de utilização final; Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), se necessário; Recolha de lixo e entulho. TI - 8 Presença de sobrantes e/ou material lenhoso depositado na superfície do solo proveniente de cortes anteriores. M11 e M12 N/A Corte de Ec e Pb, se necessário; Salvaguarda da regeneração natural autóctone; Recolha de material lenhoso, se necessário; Trituração/destroçamento sobrantes. de Plantação/ sementeira de espécie(s) lenhosa(s) autóctone(s), Destruição de cepos de eucalipto, se necessário; Transporte para local de utilização final; Recolha de lixo e entulho. TI - 9 N/A Situação pósintervenção de M2; M4.2, M4.4, M4.5; M5.1; M5.2; M6.1; M9; M11 e MI12 N/A Preparação do terreno; Plantação/ sementeira à cova de espécies autóctones (a escolha deve apoiar-se na vegetação autóctone envolvente à FP). TI-10 Fonte: FloraSul 89 89

90 Quadro 8 - Matriz descritiva do Tipo de Operações implícitas à relação Formação Vegetal/Tipo de Intervenção na manutenção de FPs. Manutenção Sustentável de FPs Formação Vegetal M.C. Habitats (2) (Ocorrência potencial) Tipo de Operações Tarefa(s) Complementar(es) T.M. Formações arbóreas autóctones ou alóctones com subcoberto herbáceo ou arbustivo de porte variável. Formações arbustivas de porte variável ou matagal alto denso e contínuo. Herbáceo, subarbustivo e arbustivo M2, M4.1; M4.2; M4.3; M4.4; M5.1; M6.1 e M *; 2150*; 2250*; 2260; 2330; 4030; 5120; 5210; 5230*; 5330; 62XX; 6510; 92A0 pt4 e pt5; 92D0; 9230; 9240; 9320; 9330; 9340; 9380 e 9580 Salvaguarda da regeneração natural autóctone; Controlo de matos espacialmente descontinuado com meios mecânicos/ moto manuais e trituração/ destroçamento de sobrantes; Desmatação seletiva, se necessário; Poda/desramação, se necessário; Corte de Ec, Pb, se necessário; Desvitalização de cepos de Ec. Recolha de lixo e entulho. TM - 1 Formações arbóreas autóctones ou alóctones com folhada. Folhada M8 e M9 9160; 91E0*; 91F0; 9230; 9240; 9260; 92A0 pt1, pt2 e pt3; 9330 e 9340 Poda/desramação, se necessário; Corte de Ec e Pb, se necessário. Destruição de cepos de eucalipto, se necessário TM - 2 Formações de espécies exóticas e invasoras ou, com comportamento invasor (ex.: acacial, canavial, etc.); Formações de plantas heliófitas de rápido crescimento, por vezes cobrindo grandes extensões, sobre solos húmidos (ex.: silvados, fetos, etc.). Subarbustivo e arbustivo M4.5 e M5.2 N/A Salvaguarda da regeneração natural autóctone; Controlo de espécies exóticas e/ou invasoras; Corte exóticas e/ou invasoras (ex. Ac, Ec) e Pb, se necessário; Aplicação continuada de fitocidas para controlo químico de exóticas e/ou invasoras; Poda/ desramação, se necessário; Controlo do silvado em excesso. Recolha de lixo e entulho. TM - 3 Situações pós-plantação Resultante de intervenção anterior TI 10. N/A Sacha e amontoa; Retancha. TM

91 2.7.2 Habitats e Tipos de Intervenção O quadro exposto abaixo teve como principal fonte de consulta as fichas de habitats do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, elaboradas pela Associação Lusitana de Fitossociologia / ALFA, ao abrigo de protocolo estabelecido com o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ex-icn). A seleção de ações teve como referencial a sua possível utilização no âmbito de manutenção da exploração da rede aérea de transporte e distribuição de energia elétrica, pelo que a indicação não aplicável (N/A) refere-se à ausência de medidas neste contexto. Como já referido neste Manual, alguns habitats classificados podem constituir refúgios de biodiversidade, estando a estes implícito o princípio orientador do respeito pelas espécies de flora protegidas, raras, endémicas ou ameaçadas. Um sinal mais ( + ) colocado antes da descrição da ação indica que se trata de uma ação de valorização, ou seja, requer a avaliação de um conjunto de condições necessárias à sua execução, entre as quais, estabelecimento de parcerias formais e informais com stakeholders relevantes, numa estratégia de coordenação de ações e mútuo benefício. A implementação de infraestruturas elétricas pode causar a destruição física total ou parcial do habitat classificado, como tal, no planeamento da intervenção de uma Faixa de Proteção deve salvaguardar-se a necessidade da consulta prévia de informação cartográfica de possíveis condicionantes, que neste caso particular diz respeito a habitats classificados. Foram estabelecidas Fichas Técnicas por cada habitat cartografado numa faixa de 200 m de largura, relativamente ao eixo da projeção vertical das linhas elétricas AT e MT, nas quais estão apresentadas sugestões de gestão (ações de intervenção) que materializam a Boa Prática a atingir. As referidas Fichas podem ser consultadas na documentação técnica produzida no decurso da elaboração deste Manual. O quadro seguinte pretende mostrar de forma sucinta a informação exposta nas referidas Fichas Técnicas

92 Quadro 9 Orientações de gestão a considerar na manutenção e constituição das FPs, em benefício dos habitats protegidos aí presentes. Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 1130 Manutenção ou incremento da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 1140 Manutenção ou incremento da área de ocupação e melhoria do estado de conservação 1150* Aumento da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 1210 Manutenção da área de ocupação e melhoria do grau de conservação médio 1310 Manutenção da área de ocupação e do estado de conservação 1320 Manutenção da área atual do habitat e melhoria do grau de conservação 1420 Manutenção da área de ocupação. Manutenção e/ou melhoria do grau de conservação 1430 Manutenção da área de ocupação e melhoria do grau de conservação da área do habitat em sapal 2120 Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação - Sem intervenção - Trânsito veículos e excesso de pisoteio; - Abertura ou alargamento de caminhos. - Sem intervenção N/A - Sem intervenção - Acesso pedonal e de veículos na área do habitat; - Destruição direta do habitat pela abertura ou alargamento de caminhos. - Sem intervenção - Acesso a pessoas e veículos na área do habitat. - Sem intervenção - Ver ações a evitar do habitat Sem intervenção N/A - Sem intervenção - Ver ações a evitar do habitat Sem intervenção - Ver ações a evitar do habitat Sem intervenção - Acesso a pessoas e veículos na área do habitat; - Corte de estorno (Ammophila arenaria subsp. arundinacea)

93 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 2130* Respeito pela flora endémica e espécies de distribuição restrita. Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 2150* Manutenção da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 2250* Respeito pelos inúmeros endemismos e taxa com valor de conservação elevado. Incremento da área de ocupação e melhoria do estado de conservação 2260 (Comunidades endémicas numa área de distribuição limitada). Incremento da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 2270* Manutenção da área de ocupação e manutenção ou incremento do grau de conservação - Colocar paliçadas e/ou vedar as áreas a recuperar ou necessitadas de proteção; - Plantação de taxa, (Armeria pugens, Thymus carnosus, Armeria welwitschii, Helichrysum picardii, Iberis procumbens) característicos das dunas cinzentas onde haja degradação significativa da comunidade; - Controlo de espécies invasoras, ex. Acacia longifolia; - Sinalizar e colocar informação nas áreas balneares a ocorrência do habitat. - Controlo de plantas invasoras, ex.: Acacia longifolia e A. saligna; - Recuperação dos sistemas dunares; - Exploração sustentável do pinhal psamófilo, com redução do risco de incêndio e preservação do habitat. - Divulgar a importância dos habitats e sensibilizar para a sua conservação; - Fomentar a recuperação e revegetação com o objetivo de restaurar os zimbrais na sua área potencial de ocorrência; - Desenvolver medidas de gestão florestal que promovam a conservação do zimbro, quer sob-coberto, quer em mosaico com zonas de pinhal. - Controlo de matos de forma espacialmente descontinuada (e.g. faixas, manchas), combinando a proteção contra incêndios e a preservação deste habitat. - Desbaste seletivo e limitado ao arvoredo incompatível com a linha elétrica; - Gestão dos pinhais disclimácicos sem mobilização do solo e com preservação do sub-bosque; - Controlo de plantas invasoras, ex.: Acacia longifolia e A. - Acesso a pessoas e veículos na área do habitat. - Mobilizações profundas do solo; - Abertura ou alargamento de caminhos. - Acesso a pessoas e veículos na área do habitat; - Desmatação excessiva e não seletiva nos povoamentos florestais onde o habitat ocorre, e também em sob-coberto de pinhais; - Abertura de caminhos. - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Trânsito de pessoas e veículos na área do habitat. - Abertura exagerada do coberto arbóreo; - Desmatação excessiva e não seletiva

94 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 3110 (Habitat raro). Aumento em 10% da área de ocupação até 2020 e incremento do estado de conservação 3130 (Habitat pontual a nível Nacional). Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 3170* Manutenção da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 3260 Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 3270 Manutenção da área de ocupação e do estado de conservação retinodes; - Reduzir ao mínimo os cortes sanitários; - Permanência de árvores caídas ou mortas em pé, desde que não facultem o aparecimento de pragas ou incêndios; - Instalação de faixas de folhosas de baixa inflamabilidade. - Sem intervenção - Abertura ou alargamento de caminhos. - Sem intervenção - Mobilização indiscriminada do solo. - Sem intervenção - Mobilização do solo; - Ensombramento das charcas - Sem intervenção N/A - Sem intervenção N/A 3280 Manutenção do estado de conservação e conversão até 60% da área, unicamente através de progressão ecológica 3290 Manutenção do estado de conservação e conversão até 50% da área, somente como resultado da progressão ecológica - Sem intervenção N/A - Sem intervenção N/A 94 94

95 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 4010 (Elevada especificidade da flora turfófila, único habitat de Trichophorum germanicum em Portugal); Incremento do estado de conservação e, no mínimo para o dobro no caso da área de ocupação 4020* Respeito por plantas vasculares raras. Incremento da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 4030 Conversão até 50% da área de ocupação meramente por progressão ecológica e manutenção ou melhoria do estado de conservação (Para promoção da progressão sucessional, ver habitats 9230 e 9330) 4090 Manutenção da área de ocupação e do grau de conservação - Sem intervenção - Destruição da vegetação envolvente das turfeiras; - Pisoteio; - Utilização do fogo. - Sem intervenção - Uso do fogo; - Sobre-pastoreio. - Construção de passadiços; - Recurso ao uso de fogo controlado; - Desmatação seletiva; - Controlo de espécies invasoras lenhosas (ex.: Acacia dealbata, Acacia melanoxylon, Hakea sericea); - Recurso à pastorícia extensiva. - Pisoteio; - Destruição física do habitat; - Progressão sucessional. - Sem intervenção - Arborizações e abertura ou alargamento de caminhos florestais. 5140* (Comunidade de endemismos costeiro-vicentinos e promontório vicentinos. Endémico de Portugal). Manutenção ou incremento da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 5210 (Vegetação com carácter reliquial) Respeito pela elevada quantidade - Sem intervenção - Acesso a pessoas e veículos na área do habitat; - Abertura ou alargamento de estradas. - Reduzir o risco de incêndio, através de uma desmatação seletiva; - Arborizações que alterem a estrutura ou levem ao desaparecimento do habitat; 95 95

96 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar de endemismos. Manutenção ou incremento da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 5230* (Habitat pouco frequente, apresentando uma grande quantidade de relíquias lauróides). Respeito pelas espécies com valor de conservação. Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 5330 (Importante habitat de flora calcícola). Respeito pelas espécies raras ou endémicas. Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do grau de conservação - Recuperação, revegetação tendendo a restaurar os zimbrais na sua área de ocorrência potencial; - Condicionar a desmatação nos montados confinantes ou em mosaico com zimbrais. - Controlo de plantas invasoras como a Acacia dealbata, A. Melanoxylon e Pittosporum undulatum e de plantas exóticas como o Eucalyptus sp. e Populus sp.) com recurso a meios mecânicos ou pontualmente utilizando herbicida específico; - Desmatação seletiva; - Redução dos riscos de incêndio, evitando a proliferação de matos heliófilos em redor. Ver igualmente orientações de gestão para o habitat 9230; - Minimizar a quantidade de operações culturais a efectuar na gestão dos espaços florestais. - Controlo de plantas invasoras, ex.: Acacia dealbata, A. melanoxylon e Hakea sericea; - Controlo de matos de forma espacialmente descontinuada e por meios moto manuais; - Restringir arborizações; - Diminuição do risco de incêndio, por exemplo, através da plantação de faixas de folhosas de baixa inflamabilidade; - Recurso ao uso de fogo controlado. - Elevado trânsito de veículos e acessos viários; - Excesso de pisoteio; - Invasão por exóticas (ex. Carpobrotus sp. pl.). - Trânsito excessivo de pessoas e veículos; - Corte de exemplares (ex.: Prunus lusitanica subsp. Lusitanica; Laurus nobilis); - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Controlo da vegetação espontânea junto a ribeiras; - Progressão sussecional. - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Controlo de matos em montado de sobro e em pinhais. 6110* Respeito pelas espécies raras ou endémicas. Manutenção da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 6160 Respeito pelos endemismos ou quasi-endemismos lusitanos - Sem intervenção - Abertura ou alargamento de estradas. - Sem intervenção - Acesso a pessoas e veículos que conduzem à destruição física e direta do habitat; 96 96

97 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar acidófilos, não litorais. Manutenção da área de ocupação e do estado de conservação 6210 Respeito pelas espécies raras ou endémicas: orquidáceas. Conversão até 50% da área pobre em orquídeas, unicamente por progressão sucessional e manutenção do grau de conservação 6220* Respeito pelas espécies raras e/ou endémicas. Incremento da área de ocupação e melhoria do estado de conservação 6230* Respeito pelos estenoendemismos e espécies raras. Manutenção da área de ocupação dos cervunais orotemperados e supramediterrânicos superiores da Serra da Estrela e melhoria do grau de conservação 6310 Conversão até 30% da área de ocupação somente por progressão sucessional para os habitats 9330 e Recuperação do potencial de regeneração natural e melhoria do estado sanitário e da estrutura etária das árvores na restante área ocupada pelo habitat - Construção ou alargamento de estradas. - Recurso ao uso de fogo controlado. - Progressão sucessional. - Recurso ao uso de fogo controlado; - Desmatação sem perturbação do solo; - Recurso à pastorícia extensiva. - Controlo mecânico de matos (ex. Calluna vulgaris) e sua recolha. - Desmatação seletiva; - Instalação de protetores ou seleção de uma área afeta à regeneração natural; - Realizar podas sanitárias e eliminar árvores mortas e decrépitas; - Fomentar e ordenar a regeneração natural, gerindo o adensamento do montado; - Plantar ou adensar com sobreiro ou azinheira, se necessário. - Mobilização do solo; - Expansão das formações arbustivas em prejuízo de zonas de clareira; - Pastoreio intensivo; - Invasão por flora exótica. - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Pisoteio. - Arborizações exclusivamente de sobreiro e/ou azinheira, ou com espécies estranhas ao montado (ex. Pinus sp. pl.); - Adensamento e reconversão em sobreiral ou azinhal; - Envelhecimento e diminuição da densidade por inexistência de regeneração

98 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 6410 Manutenção da área de ocupação e melhoria do estado de conservação 6420 Conversão até 25% da área de ocupação, unicamente por progressão sucessional e manutenção do grau de conservação 6510 Admissível a regressão até 50 % da área de ocupação e incremento do grau de conservação 7140 Incremento da área de ocupação e melhoria do estado de conservação 8210 Respeito pelas espécies raras ou endémicas. Manutenção da área de ocupação e do grau de conservação 8220 Respeito pelas espécies raras ou endémicas. Manutenção da área de ocupação e do estado de conservação 8230 Manutenção da área de ocupação e melhoria do estado de conservação - Sem intervenção - Redução da perturbação por controlo de matos. - Sem intervenção - Diminuição da perturbação por controlo de matos. - Manutenção das sebes e bosques na proximidade. - Plantação de árvores. - Sem intervenção - Pisoteio; - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Sobre-pastoreio. - Sem intervenção N/A - Sem intervenção - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Arborizações; - Aumento de insolação originado pela modificação do coberto arbóreo e arbustivo. - Abate e corte de árvores. - Sem intervenção - Abertura ou alargamento de vias de comunicação

99 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 8240* Manutenção da área de ocupação e do grau de conservação - Sem intervenção N/A 9160 Aumento da área de ocupação para, no mínimo, o dobro da actual e melhoria do estado de conservação 91B0 Aumento da área de ocupação e do grau de conservação 91E0* Manutenção e aumento da área de ocupação e melhoria do estado de conservação 9230 Respeito pelos estenoendemismos e pelas espécies de distribuição restrita. Incremento da área de ocupação em 25% até Controlo de espécies arbustivas e herbáceas invasoras; - Desmatação seletiva, se necessário; - Restringir a florestação em zonas ocupadas por este habitat. - Desbaste seletivo e limitado ao arvoredo incompatível com a linha elétrica ou, podas em alternativa ao corte; - Diminuição da competição no estrato arbustivo, no início da sucessão ecológica; - Ordenamento da extração do material lenhoso. - Desbaste seletivo e limitado ao arvoredo incompatível com a linha elétrica ou, realização de podas em alternativa ao corte; - Aproveitar estacas de árvores locais, para restaurar amiais degradados; - Manutenção dos habitats associados (lameiros, juncais, prados); - Diminuição do risco de incêndio nos ecossistemas de montanha (ver habitats 4030 e 9230); - Controlo vegetação espontânea e promoção da regeneração natural; - Realização de poda, aquando da condução das árvores provenientes de regeneração natural; - Controlo de plantas invasoras, ex.: Acacia dealbata e Robinia pseudoacacia; - Ordenamento da extração do material lenhoso; - Redução do risco de incêndio através: controlo da vegetação espontânea em caminhos e orlas arbustivas, redução do grau de cobertura da vegetação arbustiva - Corte raso dos carvalhais e aveleirais. - Corte raso dos freixiais; - Substituição dos freixiais por espécies de crescimento rápido; - Limpeza desregrada das margens dos cursos de água; - Corte do arvoredo; - Corte raso dos carvalhais; - Arborizações

100 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 9240 Incremento da área de ocupação e melhoria do grau de conservação 9260 Respeito pelos estenoendemismos e pelas espécies de distribuição restrita. Admissível a conversão até 25% da área de ocupação e manutenção ou melhoria do grau de conservação 92A0 Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 92B0 Respeito pelas espécies com valor de conservação. Manutenção da área de ocupação e melhoria do estado de conservação vizinha por meios mecânicos; - Substituição do sistema de talhadia simples por alto fuste. - Controlo de plantas invasoras, ex.: Acacia dealbata, Robinia pseudoacacia e Pittosporum undulatum; - Redução do risco de incêndio, através do controlo da vegetação espontânea, em orlas arbustivas e caminhos; - Promoção da regeneração natural, quando reduzida, recorrer a plantação/sementeira; - Controlo mecânico da vegetação competidora (ex.: carrascais, zambujais) em áreas afetadas por incêndios, derrocadas, entre outros; - Nas manchas em regeneração, favorecer indivíduos maiores, por desbaste seletivo de varas muito densas e indivíduos muito juntos ou dominados; - Proteger, quando possível, a orla natural de matagal alto (e.g. medronhal, carrascal). - Trânsito de pessoas e veículos; - Sobre-colheita de material lenhoso. - Combate à doença da tinta e ao cancro do castanheiro. - Corte e/ou controlo de vegetação espontânea. - Controlo manual ou moto manual de silvados; - Extração de árvores mortas, se necessário. - Restaurar o estado de conservação de amiais degradados com reintrodução de adelfeiras; - Desbaste seletivo e limitado ao arvoredo incompatível com a linha elétrica; - Preservação do sub-bosque; - Abate de árvores dominantes; - Maquinaria pesada. - Destruição da vegetação adjacente à linha de água através de um controlo desadequado; - Instalação de eucaliptais até às margens das linhas de água; - Corte de adelfeiras;

101 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar 92D0 Manutenção da área de ocupação e manutenção ou melhoria do estado de conservação 9330 Incremento da área de ocupação no mínimo em 10% e melhoria do estado de conservação 9340 Respeito pelas espécies com elevado valor de conservação. Incremento da área de ocupação para, no mínimo 10%, e melhoria do grau de conservação - Controlo de plantas invasoras, ex.: Acacia dealbata e A. melanoxylon; - Promover a instalação de uma faixa de folhosas espontâneas (e.g. Fraxinus angustifolia, Quercus canariensis), na proteção contra incêndios e assoreamento. - Corte de amieiros na área de ocupação do habitat. - Desmatação seletiva, se necessário. - Limpeza desregrada dos cursos de água; - Trânsito de veículos. - Redução do risco de incêndio, através do controlo da vegetação espontânea, em orlas arbustivas e caminhos; - Controlo de plantas invasoras, ex. Acacia dealbata; - Fomentar a reconversão de áreas de montado marginais e densas, em sobreiral; - Proteger e favorecer a regeneração natural, quando reduzida, recorrer a plantação/sementeira; - Nas manchas em regeneração, favorecer indivíduos maiores, por desbaste seletivo de varas muito densas e indivíduos muito juntos ou dominados; - Preservar a orla natural de matagal alto (ex.: medronhal, carrascal). - Ver ações de intervenção para o habitat 9330; - Preservar a orla natural de matagal alto. - Fomentar a reconversão de áreas de montado marginais e densas, em azinhal. - Transformação em montado; - Aceiramento excessivo; - Desmatação excessiva e não seletiva no subbosque para prevenção de incêndios; - Substituição através de arborizações com espécies florestais de crescimento rápido; - Corte de sobreiros. - Acesso pedonal e de veículos. - Transformação em montado; - Aceiramento exagerado; - Acesso pedonal e de veículos; - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - Desmatação excessiva e não seletiva no subbosque para prevenção de incêndios; - Arborizações com espécies florestais de crescimento rápido; - Corte de azinheiras. - Na presença do subtipo pt2, minimizar a

102 Habitat Boa Prática Ações de Intervenção Ações a evitar remoção das orlas arbustivas do bosque. 9560* Incremento da área de ocupação e melhoria do estado de conservação - Ver ações de intervenção para o habitat 9330; - Preservar a orla natural de matagal alto (ex. giestal). Fonte: FloraSul, adaptado de ICN (2006) - Arborizações com espécies de crescimento rápido; - Desmatação excessiva e não seletiva no subbosque para prevenção de incêndios; - Aceiramento excessivo; - Acesso pedonal e de veículos; - Abertura ou alargamento de vias de comunicação; - - Na presença do subtipo pt2, minimizar a remoção das orlas arbustivas do bosque

103 2.7.3 Plantas Invasoras e Tipos de Intervenção Geralmente, a expansão das espécies invasoras está associada a perturbações naturais ou provocadas pela atividade humana, que se traduzem em ambos os casos na abertura de clareiras ou destruição da vegetação original, o que constitui uma excelente oportunidade para uma espécie invasora se fixar (MARCHANTE et al., 2008). Assim, importa que na constituição e na manutenção das Faixas de Proteção associadas às linhas elétricas, seja assegurado que as intervenções de controlo da vegetação não representem um meio de alastramento das invasoras. Dada a multiplicidade de possíveis situações, no que respeita à ocorrência de plantas invasoras nas Faixas de Proteção (FP) da rede elétrica e sua envolvente próxima, tanto pela espécie em causa como pela área e densidade de invasão, optou-se por uma abordagem matricial à problemática focada no que consideramos serem as plantas invasoras que representam uma ameaça mais representativa na constituição e manutenção das Faixas de Proteção confinantes às linhas elétricas. Primeiramente, será necessário reconhecer a dimensão do problema, isto é, identificar se a presença de espécies invasoras abrange a FP ou apenas a área envolvente à FP, ou uma combinação de ambas as situações, de forma a direcionar os esforços de intervenção. Esta análise prévia que auxilia a determinar a área alvo de intervenção, pode ser designada de Planeamento e encontra-se esquematizada na Figura 23. Uma vez estabelecida a área de intervenção, deve identificar-se com exatidão a(s) plantas(s) invasora(s) e adotar uma técnica de controlo ajustada à espécie e à situação de invasão, conforme esquematizado nas Figuras 24, 25 e 26 (Controlo de Invasoras: Técnicas de Intervenção)

104 Planeamento Invasoras em FP? Não Presença de indíviduos ou núcleos isolados de espécies invasoras com densidade média inferior a 5% da área envolvente à FP e até uma distância de 200 metros do limite da mesma? Não Sim Intervenção prévia em Área Complementar Não Intervenção em FP Sim Presença de espécies invasoras na envolvente à FP? Sim Intervenção em FP e em Área Complementar em parceria com stakeholders Figura 23 - Esquema simplificado do Planeamento de intervenção em FPs perante a presença de plantas invasoras Fonte: FloraSul Muito Importante: Nas situações em que existam indivíduos ou núcleos isolados de plantas invasoras na envolvente da FP, recomenda-se o controlo com técnica adequada destas espécies indesejadas, ou seja, efetua-se um controlo em Área Complementar, previamente à intervenção em faixa. O controlo de pequenos núcleos de plantas invasoras na envolvente das linhas elétricas evitam o cenário de invasão da faixa e/ou outras áreas adjacentes, o que a verificar-se, levaria a um aumento de custos associados à manutenção da FP. Dada a reduzida dimensão das manchas e o estádio muito inicial da invasão, a probabilidade de sucesso é maior, ou seja, a erradicação destas plantas localmente e a custos controlados

105 Nas outras situações em que existam plantas invasoras na FP, recomenda-se que se realize a intervenção em faixa com técnicas adequadas à espécie e à situação de invasão (ver o ponto seguinte Controlo de Invasoras: Técnicas de Intervenção). Por último, quando a planta ocorre também na envolvente da faixa de proteção legal, deve dinamizar-se a criação de parcerias com stakeholders relevantes, numa estratégia de coordenação de ações e mútuo benefício. Controlo de Invasoras: Técnicas de Intervenção Qualquer que seja a metodologia de controlo selecionada, esta deve sempre incluir três fases: Controlo Inicial Controlo de Seguimento Controlo de Manutenção Os métodos usualmente utilizados são o controlo mecânico, químico, biológico, este último ainda não disponível no nosso país para fins ambientais, e também o fogo controlado (menos frequente). Usualmente, a melhor opção de combate às espécies invasoras é a combinação de diversos métodos ou técnicas de controlo. No âmbito deste Manual, designamos por Técnicas de Intervenção ao conjunto de técnicas possíveis de adotar nas ações de controlo destinadas a uma ou mais plantas invasoras, expostas seguidamente em 3 esquemas (Figura 20, 21 e 22), de acordo com a situação de invasão em que estas se encontram. Quadro 10 Lista de plantas invasoras ou, com comportamento invasor, contextualizadas. Nome científico Acacia saligna Acacia melanoxylon Acacia longifolia Acacia retinodes Pittosporum undulatum Ailanthus altissima Robinia pseudoacacia Acacia dealbata Nome comum Acácia Acácia-Austrália Acácia-de-espigas Acácia-virilda Árvore-do-incenso Espanta-lobos Falsa-acácia Mimosa

106 Hakea sericea Arundo donax Háquea-picante Cana Planta Invasora Situação de invasão Técnicas de Intervenção Acácia (A. saligna); Acácia Austrália; Acácia de espigas; Acácia virilda; Árvore do incenso; Espanta lobos; Falsa acácia e Mimosa. (*) - herbicida com 450g/l de glifosato na composição (Ex. - Roundup Supra ou Envision); (**) - O controlo deverá obedecer ao princípio aplicado no tratamento de áreas invadidas da periferia para o centro, de montante para jusante e do topo para a base da vertente (CAMPBELL, 1993 in FERNANDES, 2008). 106 Indivíduos isolados Núcleos de pequenas dimensões Bordaduras das manchas de invasoras de maiores dimensões Manchas contínuas (**) Outras técnicas de intervenção possíveis para as plantas invasoras indicadas Indivíduos adultos sem feridas na casca Controlo Inicial Controlo Inicial Controlo Inicial CP A CM P D GI Corte + pincelagem imediata com herbicida (*) diluído a 33% + Arranque manual das plântulas 6 meses Corte moto manual ou mecânico Pulverização da base do tronco 6 meses Descasque (Acácia Austrália e mimosa) Entalhe (Árvore doincenso, espantalobos, falsa acácia e mimosa) Controlo de seguimento Controlo de seguimento Secagem total CP P CM FC P + Fogo Controlado Pulverização dos rebentos Corte final A Pulverização dos rebentos com herbicida diluído a 2% Controlo de manutenção CP + A 106

107 Figura 24 - Técnicas de Intervenção para as seguintes plantas invasoras: Acacia sp., falsa-acácia, árvore-do-incenso e espanta-lobos. Fonte: FloraSul Planta Invasora Situação de invasão Tipologia de Intervenção Cana (Arundo donax) Populações pequenas Locais com importância ecológica (*) Populações grandes Controlo Inicial Controlo Inicial CR CM P FC Corte + remoção do rizoma (desenraizamento). Corte mecânico Fogo controlado. 6 meses Pulverização com herbicida Controlo de seguimento A Arranque dos rebentos que surjam. Controlo de manutenção A (*) - Avaliar com os gestores das Áreas Protegidas. Figura 25 - Técnicas de Intervenção para a cana Fonte: FloraSul

108 Planta Invasora Situação de invasão Tipologia de Intervenção Háquia picante (Hakea sericea) Indivíduos isolados sem sementes Indivíduos isolados com sementes Manchas contínuas Controlo Inicial Controlo Inicial CM CM Corte mecânico 12 18meses Corte mecânico e disposição dos sobrantes no local 12 18meses Controlo de seguimento Controlo de seguimento A CM FC P Arranque das plântulas Fogo controlado para matar as sementes e plântulas Pulverização dos rebentos com herbicida Controlo de manutenção A CM FC P Figura 26 - Técnicas de Intervenção para a háquea-picante (Hakea sericea) Fonte: FloraSul

109 Síntese O Quadro 11 sintetiza a informação exposta nos últimos 3 esquemas, apontando com base em bibliografia especializada e informação recolhida no decurso do PPDA da EDP Distribuição (Medida 23), as técnicas de controlo mais adequadas às plantas invasoras consideradas neste Manual e à situação de invasão que apresentam no terreno. Esta compilação de informação deve ser encarada como um ponto de partida, não invalidando que se faça o uso das outras técnicas não prescritas, como por exemplo o uso do fogo controlado ou do descasque noutras espécies de acácia. Quadro 11 - Levantamento das técnicas de controlo disponíveis por planta invasora, de acordo com a situação de invasão. (i - Indivíduos isolados; n - Núcleos pequenos e isolados; m - Manchas contínuas; p - Populações pequenas; e - Locais com importância ecológica; g - Populações grandes; i' - Indivíduos isolados sem semente; is - Indivíduos isolados com semente). A CM CP CR D GI FC P Observações Acácia (Acacia saligna) i, n (1) Pulverização da base do tronco, sem corte ou descasque, com herbicida. m (1) Acácia-Austrália (A. melanoxylon) Acácia-de-espigas (A. longifolia) i, n m i, n - (2) m O descasque é realizado em indivíduos adultos. (2) Por vezes, só o corte é suficiente. Caso se verifique o rebentamento de touça, no controlo seguinte deve usar-se herbicida. Acácia-virilda (A. retinodes) i, n (3) Pulverização da base do tronco, sem corte ou descasque, com herbicida. m (3) Árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum) i (4) - - m (4) - (4) Aplicação de herbicida diluído a 2% em cortes sucessivos e intercalados na base do tronco, separados 10 cm em altura, em redor de todo o tronco

110 A CM CP CR D GI FC P Observações Cana (Arundo donax) p, e O controlo deve começar a montante; g O arranque refere-se à remoção de novos rebentos. Espanta-lobos (Ailanthus altissima) Falsa-acácia (Robinia pseudoacacia) Háquea-picante (Hakea sericea) Mimosa (A. dealbata) i - - (5) - - m (5) - i - - (6) - - m (6) i' is, m (7) i, n - - (8) - - m (8) Fonte: FloraSul As árvores femininas devem ser removidas primeiro. (5) Esta técnica é a mais eficaz para árvores adultas: Aplicação de cerca de 1 ml de herbicida em golpes realizados à mesma altura (cerca de 1,2 m) com ângulo descendente e com 2-4 cm de espaçamento; a realizar no verão ou primavera, quando as folhas estiverem totalmente expandidas. Nesta espécie, as técnicas que incluem herbicida obtêm melhores resultados (6) Aplicação de cerca de 1ml de herbicida em cortes sucessivos e intercalados, separados 10 cm em altura, em redor de todo o tronco. A realizar na primavera e verão, quando a árvore está em crescimento ativo. Aqui, o arranque refere-se à remoção de novos rebentos; (7) Em situações bem ponderadas, pode pulverizar-se as plântulas e arbustos com triclopir. (8) Aplicação de herbicida diluído a 50% sob feridas abertas no tronco. Uma ferida por cada cm de DAP

111 Glossário de Técnicas de Intervenção A Arranque Arranque manual de plântulas e indivíduos jovens de plantas invasoras, em que se removem todas as raízes do solo (desenraizamento); esta operação deve ser efectuada na época das chuvas de forma a facilitar a sua libertação (MARCHANTE, 2005) Figura 27 - Indivíduos jovens de mimosa (A. dealbata) em núcleo isolado sujeito a ações de controlo. Fonte: FloraSul

112 CM Corte Mecânico Corte mecânico de plantas invasoras com corta-matos de correntes ou facas, tão rente ao solo quanto possível. Quando o uso de meios mecânicos não for viável, deve recorrer-se ao corte moto-manual com motorroçadora. Independentemente do equipamento utilizado no corte, estas operações devem ser realizadas antes da maturação das sementes, de modo a evitar o banco de sementes do ano, e acautelando a salvaguarda dos indivíduos autóctones, sejam estes do tipo arbóreo, arbustivo ou mesmo herbáceo. Os sobrantes devem ser destroçados e espalhados sobre o terreno, de forma a minimizar o rebentamento das raízes superficiais e a germinação das sementes presentes no solo. Isto aplica-se a todas as plantas invasoras aqui abordadas, com a excepção da cana. Nota: A maturação da semente da mimosa (A. dealbata), ocorre sensivelmente entre Julho e Agosto, 5 a 6 meses após a floração Janeiro a Março (PAIVA, 1999 in FERNANDES, 2008). a) b) c) d) Figura 28 - Corte de mimosa (A. dealbata) no Projeto-Piloto da Lousã: a) Moto-manual com motor roçadora; b) Moto-manual com motosserra; c) Mecânico com corta-matos de correntes; d) Detalhe do corta-matos em processo de corte e destroçamento. Fonte: FloraSul

113 CP Corte + Pincelagem imediata com herbicida Corte tão rente quanto possível (a um máximo de 15 cm) do solo seguido de aplicação imediata por pincelagem de herbicida (*) glifosato. Sugere-se herbicida diluído a 33%, com composição de 450g/L de glifosato, sob a forma de sal de isopropilamónio. Deve ser dada preferência a químicos com Certificado de Compatibilidade Ambiental. Quanto mais rápida for a aplicação do herbicida, maior a eficácia (MARCHANTE, 2005). A sucessiva pincelagem das toiças de Acacia dealbata pode conduzir à morte das estruturas radiculares (FERNANDES, 2008). O corte deverá ser realizado antes da maturação das sementes, de modo a evitar o banco de sementes do ano. (*) - herbicida com 450g/l de glifosato na composição (Ex. - Roundup Supra ou Envision). Alternativamente, os herbicidas com Certificado de Compatibilidade Ambiental: Spasor, Asteróide, etc. Não se recomenda a utilização de produtos químicos em dias de precipitação ou de muito vento. a) b) c) Figura 29 - Corte e pincelagem de mimosa (A. dealbata) no Projeto-Piloto da Lousã: a) Corte com foice; b) Pincelagem das toiças com herbicida diluído, c) Herbicida utilizado. Fonte: FloraSul

114 CR Corte + Remoção física do rizoma (desenraizamento) Técnica essencialmente aplicada para a invasão por cana que inclui corte e remoção dos rizomas. Pode ser realizado com maquinaria pesada, da qual é exemplo a retroescavadora. Os sobrantes têm de ser recolhidos e depositados em vazadouro ou transportados para local previamente acordado para posterior queima. Atenção: A cana é uma espécie com um comportamento invasor, que se reproduz vegetativamente, tendo grande capacidade de propagação pelo rizoma. É importante que se removam todos os resíduos vegetais, para que a espécie não se volte a restabelecer. Similarmente, a falsa-acácia (Robinia pseudacacia) é capaz de se restabelecer a partir de um pedaço de raiz, sendo preferível garantir a remoção total das raízes, sempre que possível

115 D Descasque A realizar em indivíduos adultos com tronco liso, ou com poucas cavidades/pregas, com mais de 10cm de diâmetro (às vezes um pouco menos deve ser avaliado em cada caso). Nos descasques faz-se um corte a cerca de cm do solo, e de seguida removem-se tiras de casca até à superfície do solo. O descasque do tronco deverá efectuar-se em épocas em que o câmbio vascular esteja activo, o que corresponde normalmente a épocas de temperaturas amenas e com alguma humidade (final do Inverno ou Primavera). Noutras condições a casca não se solta facilmente impedindo o sucesso da metodologia. Para maximizar o sucesso desta técnica, é importante que não permaneçam árvores não controladas nas proximidades. O objetivo desta técnica é o de matar a árvore de pé, podendo este processo demorar vários meses; só se deve proceder ao corte final quando a árvore estiver totalmente seca. a) b) Figura 30 - a) Detalhe do corte efetuado na técnica de descasque; b) Aspeto final do tronco de mimosa (A. dealbata) após descasque. Fonte: Elizabete Marchante, Centro de Ecologia Funcional Universidade de Coimbra

116 FC Fogo Controlado A efectuar em áreas restritas, iniciada no corte dos indivíduos, seguido da utilização de fogo para estimular o banco de sementes. O fogo controlado deve ser utilizado de forma prudente, não se pretende que este seja muito rápido, nem que atinja uma intensidade elevada capaz de destruir as sementes ou propágulos de espécies nativas capazes de recolonizar as áreas controladas. A realizar durante o repouso vegetativo das plantas, entre Novembro e Março, sempre que as condições meteorológicas o permitam, e antes do período de maturação das sementes da invasora. No caso da cana, o fogo controlado deve ser realizado após a floração, que normalmente ocorre de Setembro a Outubro, e no da háquia-picante deve evitar-se a fase de semente Desde que não hajam espécies com interesse conservacionista, é possível realizar-se a pulverização com herbicida para eliminar a regeneração da espécie invasora (Corte -> Fogo controlado-> Herbicida). Poderá ser necessário repetir o controlo. a) b) 116 Figura 31 - a) Aspeto dos sobrantes de mimosa (A. dealbata); b) Exemplo de Ação de Fogo Controlado Fonte: António Salgueiro GIFF,

117 GI Golpe/Injecção Técnica em que se realizam golpes em ângulo descendente até ao alburno com uma machada/inchó, de forma a proporcionar um "reservatório" para recolher o químico. Os cortes devem ser sucessivos e intercalados, separados 10 cm em altura, em redor de todo o tronco; pode considerar-se um corte por cada centímetro de DAP (Diâmetro à Altura do Peito). O químico pode ser aplicado com um esguicho, colocando cerca de 1ml de herbicida (*) directamente dentro da ferida (falsa-acácia e espanta-lobos), preferivelmente na primavera e verão (MARCHANTE, 2005) ou então através de pincelagem sobre a ferida com herbicida diluído a 50% (árvore-do-incenso e mimosa). Tal como na técnica do descasque, o objetivo desta técnica é o de matar a árvore de pé, podendo este processo demorar vários meses; só se deve proceder ao corte final quando a árvore estiver totalmente seca. Atenção: No caso do espanta-lobos, os golpes são feitos à mesma altura (cerca de 1,2 m), de forma a quase se tocarem, ficando com 2-4 cm de casca por cortar entre eles (MARCHANTE, 2005). (*) - herbicida com 450g/l de glifosato na composição. Figura 32 - Golpe/Injecção em mimosa (A.dealbata) no Parque Nacional da Peneda-Gerês: a) Detalhe do tronco; b) Vista geral do acacial. Fonte: FloraSul a) b)

118 P Pulverização Aplicação de herbicida (*) diluído a 2% localizadamente com pulverizador ou atomizador, sobre os rebentos da planta invasora que apresentam cerca de 15 a 30 cm de altura, salvaguardando os exemplares autóctones da Ação do químico. Esta técnica pode funcionar como um bom complemento à técnica de corte mecânico (CM). Nos casos da acácia (Acacia saligna) e acácia-virilda (Acacia retinodes), a pulverização faz-se directamente na base do tronco, sem corte ou descasque. Na cana (Arundo donax), o recurso a herbicida só deve ser considerado se esgotadas as alternativas de actuação e tem de ser sempre avaliado com os gestores da Área Protegida. A aplicação pode ser feita tanto na zona de corte como por pulverização foliar, após a época de floração, que ocorre normalmente nos meses de Setembro e Outubro. Em locais com importância ecológica, o recurso a herbicida deve ser excluído, pelo que a eliminação do canavial deverá incluir o corte da cana seguido da remoção do rizoma (desenraizamento), técnica abordada anteriormente. No caso da háquia-picante (Hakea sericea), a pulverização das plântulas e arbustos será feita com triclopir, em situações bem ponderadas, devido aos efeitos nefastos de herbicidas com este principio activo. (*) - herbicida com 450g/l de glifosato na composição. Figura 33 - Pulverização de rebentos de mimosa (A. dealbata) no PP da Lousã: a) Operador com pulverizador manual); b) Detalhe da pulverização localizada Fonte: FloraSul a) b)

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