CAPÍTULO 13 VULNERABILIDADE URBANA
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- Nelson Lima Martini
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1 CAPÍTULO 13 VULNERABILIDADE URBANA. É possível homem e natureza estarem ocupando o mesmo lugar, apesar de atravancar o progresso? A comodidade da vida nas cidades urbanas é mais vantajosa do que a própria vida humana? O longo processo de organização e reorganização da sociedade deu-se paralelamente à transformação da natureza em campos, cidades, áreas agrícolas, estradas, shoppings, etc. Estas obras do homem construídas em épocas diferentes identificam como este se relaciona com o meio em que vive e como organiza o seu espaço. Diferentes formas de organização do espaço e de utilização dos recursos naturais foram geradas com o surgimento das indústrias e o acúmulo de capital. As pessoas se aglomeraram em locais próximos as indústrias e outras atividades surgiram para atender as necessidades do setor industrial. Esse processo contribuiu para intensificar a exploração dos recursos naturais e agravar os problemas ambientais. Desencadeou a formação de centros de decisões e articulações, ou seja, o surgimento do espaço urbano. O espaço urbano, na sociedade capitalista, é marcado por profundas desigualdades, resultantes de ações acumuladas ao longo do tempo. A sociedade se divide em diferentes classes sociais, que ocupam o espaço de formas diferentes (de acordo com seus interesses e com o poder de posse). A industrialização, no século XIX, intensificou o processo de urbanização estimulando a criação de novos centros urbanos em áreas anteriormente rurais, o crescimento da população urbana e o êxodo rural. Há algumas diferenças nos resultados da urbanização no mundo. Nos países desenvolvidos a urbanização paralela à industrialização possibilitou um crescimento econômico e um desenvolvimento ordenado das cidades, que obedeceram a um Vulnerabilidade urbana 1
2 ritmo natural de crescimento. Enquanto que nos países subdesenvolvidos ocorre um crescimento urbano desordenado, causado pela vinda de migrantes do campo e da própria cidade, que ao lado de problemas decorridos desse processo levam a um comprometimento do desenvolvimento econômico. A exemplo, nos países subdesenvolvidos, temos as cidades latinoamericanas e especificamente as cidades brasileiras, onde há bairros habitados por uma população com alto nível de renda, proprietários dos meios de produção ou assalariados bem-remunerados que dispõem de belas e confortáveis residências e de uma boa infra-estrutura. Em oposição a estes bairros, existem outros, habitados por uma população com baixo nível de renda, composta por trabalhadores malremunerados, subempregados ou desempregados, que vivem em favelas e conjuntos habitacionais, localizados em áreas precárias com falta de infra-estrutura. Verificamos, nas últimas décadas, uma maior concentração da população no meio urbano. Ao abrigar um maior número de habitantes, as cidades passam a ser um fator determinante na qualidade de vida das pessoas. Sua função passa a ter maior importância e influência direta no modo de vida da população. O processo de urbanização gerou um desenvolvimento heterogêneo das cidades, agravando o problema da exclusão social e desencadeou uma série de problemas. Problemas esses como enchentes, desmoronamentos, poluição dos recursos hídricos, poluição do ar, desmatamento e violência. Não só no Brasil, mas em toda a América Latina, o inchamento das cidades, causado pela entrada de imigrantes, contribuiu para acentuar esses problemas urbanos. A população das regiões rurais migrou em direção aos grandes centros em busca de emprego, de melhores condições de vida. Por sua vez, as cidades não estavam preparadas para receber um contingente populacional tão acima da sua capacidade, resultando na falta de infra-estrutura, habitação, emprego, saneamento, transporte, no aumento da degradação de áreas verdes, no surgimento e alastramento de grandes favelas, propiciando o aumento da violência e da desigualdade social. Com a urbanização as cidades passam a ter um novo papel: a cidade é a responsável pela organização da sociedade, começa a receber um contingente cada Vulnerabilidade urbana 2
3 vez maior de migrantes do espaço rural para o espaço urbano e as áreas agrícolas começam a ser substituídas por zonas industriais e comerciais. O Brasil é um dos países que mais rapidamente se urbanizou em todo o mundo. Em poucas décadas nos transformamos de um país rural em um país extremamente urbano, onde a maioria da população vive nas cidades. Este processo produziu uma urbanização desigual, onde visivelmente encontramos grandes contrastes e problemas causados pelo crescimento desordenado e desorientado das cidades. A seguir, destacamos alguns problemas que achamos ser mais significativos: PROBLEMAS URBANOS 1. POLUIÇÃO a) do ar: contaminação da atmosfera pelos poluentes químicos, o gás carbônico, que provoca o efeito estufa, e o CCF (Cloro, Carbono e Flúor), que destrói a camada de ozônio. Além dos metais pesados. As chuvas ácidas são outros fenômenos atmosféricos causados em escala local e regional, pela emissão de poluentes das indústrias, dos transportes e outras fontes de combustão. Os principais responsáveis por esse fenômeno é o trióxido de enxofre, que é a combinação do dióxido de enxofre, emitido a partir da queima de combustíveis fósseis, e do oxigênio já presente na atmosfera. b) visual: massificação através da propaganda. c) termal: super aquecimento da atmosfera mediante fumaça quente que sai das fábricas e dos carros; aquecimento dos asfaltos e do concreto pelo sol, além do efeito estufa. Formam-se assim, "Ilha de Calor". d) sonora: os intensos e freqüentes ruídos, provocam problemas de saúde a longo prazo como: surdez, neurose, lesões entre outros... e) poluição do solo: problemas do lixo. O acúmulo de lixo no solo trás uma série de problemas não somente para alguns ecossistemas, mas também para a sociedade, como: proliferação de insetos e ratos, que podem transmitir várias doenças; decomposição bacteriana da matéria orgânica, que além de gerar mau Vulnerabilidade urbana 3
4 cheiro, produz um caldo escuro e ácido denominado chorume, que por sua vez infiltra-se no subsolo contaminando o lençol freático; contaminação do sol e das pessoas que manipulam o lixo com produtos tóxicos; acúmulos de matérias não biodegradáveis. 2. SANEAMENTO Carência de abastecimento de água e rede de esgoto. 3. TRÂNSITO Problemas de engarrafamento, acarretando prejuízos para a indústria e comércio, mais consumo de combustível e mais poluição. 4. HABITAÇÃO No que diz respeito à favelização e a especulação imobiliária. Uma favela no Rio de Janeiro. 5. DESEMPREGO E SUBEMPREGO O alto índice de desemprego nos grandes centros urbanos, principalmente devido o êxodo rural, e o crescimento do mercado informal. 6. MARGINALIZAÇÃO Menor abandonado, prostituição, assaltos, crimes, mendigos... Vulnerabilidade urbana 4
5 As cidades devem oferecer a seus habitantes acesso aos serviços, garantindo a todos o direito à moradia, ao transporte público, ao saneamento básico, à saúde, à educação, à cultura e ao lazer, direitos estes essenciais às condições básicas de sobrevivência. E para garantir estes direitos é necessário que cada cidade elabore um planejamento prevendo um ordenamento territorial com uso adequado do solo nas diversas áreas. Realizar o planejamento de uma cidade implica em elaborar um plano com metas e objetivos que envolvam os seus cidadãos num processo de reestruturação da cidade para o benefício de todos os seus habitantes tendo em vista a melhoria e o desenvolvimento da cidade respeitando sua originalidade e individualidade. Um plano diretor, plano compreensivo ou plano mestre, é um plano criado por um grupo de planejadores urbanos que tem impacto válido para toda a comunidade da cidade, por certo período de tempo. Mostra a cidade como ela é atualmente e como ela deveria ser no futuro. Um plano diretor mostra como o terreno da cidade deve ser utilizado e se a infra-estrutura pública de uma cidade como educação (escolas e bibliotecas), policiamento e vias públicas (ruas e vias expressas) e cobertura contra incêndio, bem como saneamento de transporte público, esgoto, água, deve ser expandida, melhorada ou criada. Durante o processo de elaboração do plano diretor, os planejadores urbanos, representados por profissionais de várias áreas, como economistas, engenheiros, arquitetos, sociólogos, geógrafos, juristas, biólogos e estatísticos, analisam a realidade existente do município e, com a participação da sociedade civil, representada por comerciantes, agricultores, associações de moradores, Ongs e Vulnerabilidade urbana 5
6 movimentos sociais, propõe novos rumos de desenvolvimento do município, buscando-se alcançar a realidade desejada por toda a população. Desde 2001, a legislação brasileira exige que a elaboração e a revisão de um plano diretor seja realizada de forma participativa e democrática, por meio de debates públicos, audiências, consultas e conferências. Se não houver participação da sociedade civil, o plano diretor pode ser invalidado. O alvo de um plano diretor é fazer a vida urbana mais confortável, aproveitável, segura, além de fornecer um terreno propício ao crescimento econômico da cidade. Um plano diretor inclui quase sempre instalações de transporte público, bem como áreas de recreação, escolas e facilidades comerciais. CRÍTICA AO PLANEJAMENTO URBANO A maior parte da população de uma comunidade tende a apoiar os objetivos do planejadores urbanos, mas uma minoria criticam os métodos usados para o alcance desses objetivos: Objetivos errados Alguns críticos argumentam que planejadores urbanos se importam primariamente com a estética e com o comércio da cidade, ao invés de se concentrar em propostas para a solução de problemas sociais como trânsito ou poluição, ou que certos planos tendem a aumentar problemas sociais já existentes, como, por exemplo, a autorização de construção de parques e prédios de apartamentos de luxo, que muitas vezes substituem residências de baixo custo. Altos custos Críticos argumentam que o custo de um plano diretor sai caro para o município e seus habitantes, uma vez que o suporte econômico fornecido ao plano quase sempre provém dos impostos pagos por tais habitantes. Tais críticos dizem que planejadores urbanos tendem a fazer tudo de uma vez só. Vulnerabilidade urbana 6
7 Tempo necessário Tempo necessário para a finalização de um programa de planejamento urbano é uma das críticas mais comuns. Alguns críticos e líderes políticos argumentam que os resultados de um dado plano diretor chegam tarde demais para solucionar corretamente os problemas que o plano estava destinado a corrigir. Controle da municipalidade Muitas pessoas são contra o poder da municipalidade (ou outro órgão público) de poder forçar indivíduos a vender suas propriedades e de regular o uso de propriedades e terrenos. Tais pessoas vêm isso como uma violação dos direitos de propriedade. Outras pessoas também criticam planejadores urbanos e suas decisões, uma vez que eles, os planejadores urbanos, não são pessoas que foram eleitas pela população. Reduzindo críticas Planejadores urbanos claramente precisam de suporte público. Para a minimização das críticas, o tempo entre diferentes projetos é aumentado, diminuindo gastos. Planejadores urbanos esperam que mais pessoas fiquem convencidas do valor das ações implementadas pelo planejamento urbano, à medida em que mais projetos alcancem sucesso. TESTE SEUS CONHECIMENTOS: 1. Como surgiu o espaço urbano e seus problemas? 2. O que é plano diretor e quais os seus objetivos? Vulnerabilidade urbana 7
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