FERNANDO NIEMEYER FIEDLER DINÂMICA, TECNOLOGIA E LEGISLAÇÃO DA PESCARIA INDUSTRIAL DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE DO SUDESTE E SUL DO BRASIL

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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL FERNANDO NIEMEYER FIEDLER DINÂMICA, TECNOLOGIA E LEGISLAÇÃO DA PESCARIA INDUSTRIAL DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE DO SUDESTE E SUL DO BRASIL Itajaí, SC Julho de 2015

2 FERNANDO NIEMEYER FIEDLER DINÂMICA, TECNOLOGIA E LEGISLAÇÃO DA PESCARIA INDUSTRIAL DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE DO SUDESTE E SUL DO BRASIL Tese apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia Ambiental, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar. Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo Schwingel Co-orientador: Prof. Dr. André Silva Barreto Itajaí, SC Julho de 2015

3 FERNANDO NIEMEYER FIEDLER DINÂMICA, TECNOLOGIA E LEGISLAÇÃO DA PESCARIA INDUSTRIAL DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE DO SUDESTE E SUL DO BRASIL Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia Ambiental e aprovada pelo Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar. Itajaí, SC, 22 de julho de Prof. Dr. Paulo Ricardo Schwingel Universidade do Vale do Itajaí Orientador Prof. Dr. André Silva Barreto Universidade do Vale do Itajaí Co-orientador Prof. Dr. Paulo Ricardo Pezzuto Universidade do Vale do Itajaí Membro Interno Prof. Dr. José Angel Alvarez Perez Universidade do Vale do Itajaí Membro Interno Prof. Dr. Joaquim Olinto Branco Universidade do Vale do Itajaí Membro Interno Prof. Dr. Leandro Bugoni FURG - Rio Grande Membro Externo Prof. Dr. Dante Queirolo Palma PUC - Valparaíso (Chile) Membro Externo

4 Ao amigo Leandro Arpini (in memorian)

5 5 AGRADECIMENTOS Agradecer!!! Um ato aparentemente simples, mas carregado de muitos significados. Uma vez me perguntaram porque agradeço tanto... porque sempre agradeço pelas coisas... Pois bem, pra mim agradecer faz com que meu corpo físico e espiritual se conecte com as energias criadoras da vida!! Agradeço inicialmente à Deus!! Energia criadora de todas as coisas... Aos meus pais, Dorival e Rosamaria, que me ensinaram, cada um do seu jeito, a valorizar a vida! À minha família, que sempre me apoia independente de minhas decisões!! À minha linda esposa Annita, pessoa maravilhosa por dentro e por fora e que muito me ensina sobre os segredos da vida Ao meu filhão Fabiano, criança maravilhosa, feliz e cativante... Meu companheirão no Aikido, no surf... e no caminho da vida. Ao meu orientador Dr. Paulo Ricardo Schwingel, que aceitou o desafio dessa orientação. Ao meu co-orientador Dr. André Silva Barreto, que sempre esteve próximo nos momentos necessários. Meu mais profundo respeito!!! Aos membros da banca avaliadora, pelas recomendações ao trabalho. Aos mestres e tripulantes das embarcações de espinhel de superfície, não só pelas informações cedidas, mas pela parceria de muitos anos. Aos pais do Punk Rock, Joey (in memorian), Johnny (in memorian), Dee Dee (in memorian) e Marky Ramone, por desde sempre alegrarem minha vida com o mais puro som hey ho, let s go. Aos Kamis criadores do Aikidô, o verdadeiro Budô. Ao Kaisso Morihei Ueshiba (in memorian), por assimilar os ensinamentos cósmicos e transformá-los em algo que possamos estudar. Ao nosso querido Kawai Shihan (in memorian), por ter trazido esse caminho de vida para o Brasil e por nos guiar no caminho da bondade. Ao meu Sensei Valdecir Fornazier, pela generosidade, orientação e companheirismo em todos momentos e por me ensinar que o perdão é sempre o melhor caminho. Aos meus amigos e alunos do Aikidô, por todo ensinamento e por compartilharem suas vidas comigo. À família Liang por me guiar na prática do TAO e por serem pessoas generosas, justas e corretas.

6 6 Aos queridos Dagoberto Port e Fabiane Fisch, amigos e companheiros desta intensa caminhada e que compartilham comigo de suas vidas e ideais. Ao amigo Jack Frazier, que me ensinou, ao abrir uma simples sacola plástica, tudo o que preciso saber sobre conservação. Aos meus queridos amigos (deste e de outros planos), que sempre estão presentes em meu coração. Ao Projeto TAMAR-ICMBio e Fundação Pro-TAMAR, pelos anos de convivência e aprendizado e por ceder os dados para esta tese. Ao GEP/UNIVALI, pela cessão dos dados e ajuda com as dúvidas. A CAPES pela cessão da bolsa de estudo. Por fim, gostaria de agradecer a todos que contribuíram direta ou indiretamente com esse trabalho.

7 7 nanakorobi ya oki sete vezes caio, oito vezes levando Provérbio Japonês caminha e o caminho se abrirá Gassho

8 8 RESUMO O objetivo geral do presente estudo é analisar, entre os anos de 1996 e 2014, as diferentes estratégias das frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície no Sudeste/Sul do Brasil, avaliando sua dinâmica, tecnologias empregadas e a legislação incidente. Os dados são provenientes de três programas de monitoramento distintos. O primeiro conduzido pelo Grupo de Estudos Pesqueiros - GEP/UNIVALI, contendo informações de entrevistas de cais e mapas de bordo; o segundo realizado pelo Programa de Observadores de Bordo - PROA/UNIVALI, contendo informações de embarques da frota estrangeira arrendada; o terceiro desenvolvido pelo Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, com informações dos cadernos de bordo dos mestres de embarcações do porto de Itajaí-SC e informações de embarques de observadores científicos na frota nacional. Para a avaliação das estratégias de captura foram utilizadas informações das espécies desembarcadas de 1080 entrevistas da frota nacional (2000 a 2011) e 38 embarques da frota estrangeira arrendada (2003 a 2008). Para a caracterização das frotas foram utilizados dados de 58 entrevistas com embarcações da frota nacional e sete da estrangeira arrendada entre os anos de 2003 e Para a análise da relação entre Captura por Unidade de Esforço - CPUE das principais espécies-alvo e a Temperatura Superficial do Mar - TSM foram analisados 5958 cruzeiros de pesca da frota nacional e 1508 da frota estrangeira arrendada de acordo com as variações anuais, trimestrais e de temperatura. Para a expansão das capturas realizadas pela frota nacional, foram utilizados os resultados dos testes de captura entre os anzóis J 9/0 e circular 18/0 realizados entre 2004 e 2008 e as informações das capturas totais registradas pelo monitoramento pesqueiro no porto de Itajaí-SC entre 2000 e Para a análise da legislação incidente sobre a pescaria de espinhel de superfície, foram analisados 179 dispositivos legais, divididos em restritivos, administrativos e de fomento, comparando-os com os dados de captura desembarcada entre 1996 e 2011 obtidos pelos três programas de monitoramento. Como resultados da avaliação das estratégias de captura temos que, para a frota nacional foram identificados quatro grupos: tubarão-azul, meca, albacoras e dourado, enquanto para a frota estrangeira arrendada foram identificados três grupos: tubarão-azul, meca e albacoras. Os resultados indicam que parte da frota nacional altera suas estratégias de pesca de acordo com a disponibilidade da espécie-alvo e pela demanda do mercado. Uma parcela da frota oriunda do Espírito Santo opera na região durante alguns meses do ano (dezembro a março), exclusivamente na captura do dourado. Em contrapartida, para a frota estrangeira arrendada ocorrem diferenças principalmente nas áreas de pesca para cada uma das espécies, sendo a frota direcionada principalmente para a captura da meca e tubarão-azul. Apesar da grande diferença no conjunto de dados, fica evidente que a frota nacional e estrangeira operam de acordo com suas particularidades e desenvolvimento tecnológico, adotando estratégias que otimizem as capturas e os lucros líquidos por viagem. Os resultados da caracaterização indicam que estas duas frotas são bastante distintas em relação ao tamanho das embarcações, potência de motor, capacidade de porão, comprimento da linha madre e secundária, porém muito similares em relação ao comprimento do fio de aço. Principalmente para a frota nacional, a habilidade adquirida ao longo dos anos em entender o comportamento das espéciesalvo, além da habilidade adaptativa relacionada ao uso do petrecho e alteração das estratégias de pesca muitas vezes compensam a falta de tecnologia de ponta. Apesar desta diferença tecnológica, as estratégias adotadas pelos mestres são fundamentais para obtenção de melhores rendimentos por viagem. Quanto à relação entre a CPUE e TSM,

9 9 os resultados indicam que a variação do esforço para ambas as frotas ao longo dos anos e trimestres apresentou diferenças significativas para determinadas espécies. Em relação às faixas de TSM, as maiores CPUE foram obtidas entre 15 e 25 C para a maioria das espécies. Apesar da região SE/S do Brasil ter sido intensamente utilizada por estas frotas durante o período de estudo, algumas áreas destacaram-se diferentemente para cada espécie em determinada faixa de temperatura. A costa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre as isóbatas de 200 e 3000 m e a região oceânica da Elevação do Rio Grande e Canal de Hunter são as áreas que apresentaram as maiores CPUE para a maioria das espécies-alvo. Os resultados dos cálculos de expansão mostram um aumento do peso total desembarcado da maioria das espécies com a utilização do anzol circular 18/0, contudo, estas capturas continuariam bem abaixo das cotas e dentro da margem de segurança do rendimento máximo sustentável definidos pela Comissão Internacional para Conservação do Atuns do Atlântico - ICCAT. Da mesma forma, a utilização deste tipo de anzol acarretaria num aumento do faturamento bruto por embarcação em cerca de 13,2%, sendo o preço mais elevado para aquisição deste anzol rapidamente absorvido pela alta do faturamento. Por fim, na comparação entre a legislação incidente e as capturas desembarcadas, os resultados mostram que houve um desrespeito às normativas por parte destas frotas, que continuaram desembarcando as espécies proibidas ou com limitação de tamanho. Além disso, a existência de normativas divergentes dificulta o entendimento/aplicação por todos os envolvidos na atividade. Fica claro que o cenário da pesca oceânica no Brasil, analisado sob a ótica dos diferentes dispositivos legais, está direcionado para o fomento da atividade. Por ser um país de proporções continentais e com diferentes pescarias de espinhel ao longo de sua costa, a realização de estudos científicos e a elaboração de normativas torna-se um enorme desafio. Em uma atividade tão dinâmica como a pesca, a revisão constante destas normativas permitirá uma gestão pesqueira mais precisa e de acordo com os anseios dos diferentes setores envolvidos. Palavras-chave: Espinhel de superfície; Dinâmica Pesqueira; Tecnologia Pesqueira; Legislação Pesqueira.

10 10 ABSTRACT The main objective of this study is to analyze the different strategies of national and foreign pelagic longline fisheries fleets in the Southeast/South of Brazil between 1996 and 2014, evaluating their dynamics and technologies, and the relevant legislation. We use data from three different monitoring programs. The first, led by the Grupo de Estudos Pesqueiros - GEP/UNIVALI, consists of interviews conducted on the fishing piers, and information from skippers logbooks; the second, performed by the Programa de Observadores de Bordo - PROA/UNIVALI, gathers information about trips of the foreign fleet; and the third, developed by the Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, gathers information from the logbooks of fishing vessels landed in the Itajaí-SC harbor and scientific observers aboard trips of the national fleet. To evaluate the capture strategies, we used data on species landed, gathered from 1080 interviews with the national fleet (2000 to 2011) and from 38 trips of foreign fleet (2003 to 2008). To characterize the fleet, data were gathered from interviews with skippers of 58 vessels of the national and 7 vessels of foreign fleets between 2003 and To analyze the relationship between Capture per Unit of Effort - CPUE of the main target species and Sea Surface Temperature SST, 5958 fishing trips of the national fleet and 1508 trips of the foreign fleet were analyzed, according to the annual, quarterly and temperature variations. To gather further information on catches by the national fleet, we used the results of tests between the 9/0 J-hook and 18/0 circle hook, conducted between 2004 and 2008, and information on the total catch recorded by monitoring the fishing fleets in the Itajaí-SC harbor between 2000 and To analyze the relevant legislation on pelagic longline fisheries, 179 legal provisions were analyzed, divided into restrictive, administrative and development, comparing limits set with catches landed between 1996 and 2011, based on data from three monitoring programs. Based on the evaluation of the capture strategies, 4 groups were identified for the national fleet: blue shark, swordfish, tunas and dolphinfish, while for the foreign fleet, 3 groups were identified: blue shark, swordfish and tuna. The results indicate that part of the national fleet changes its strategies according to the availability of the target species and market demand (both domestic and foreign). For the specific dolphinfish capture, part of the fleet of the state of Espírito Santo state operates in the region between December to March. On the other hand, the chartered fleet differed from the national one in the fishing areas of each target species, particularly swordfish and blue shark. Despite the great differences in the data set, it is evident that national and chartered fleet operated in accordance their characteristics and technological development, adopting strategies that optimize catches and net profits per trip. The results of the characterization indicate that these two fleets are quite distinctive in terms of vessel size, engine power, hold capacity, and length of the main and secondary lines, but very similar in terms of the length of steel wire. For the national fleet in particular, the skill acquired over the years in understanding the behavior of the target species, and the adaptive ability related to the use of equipment and change of fishing strategies, often compensate for the lack of technology. Despite this technology gap, the strategies adopted by skippers are critical to achieving better yields per trip. Concerning the relationship between CPUE and SST, the results indicate that the variation of effort for both fleets over the years and quarters showed significant differences for certain species. Regarding the SST ranges, the best CPUE were obtained at temperatures between 15 and 25 C for most species. Although the region SE/S of Brazil was intensively used by these fleets during the study period, some areas stood out differently for each species in a given temperature range. The

11 11 coasts of the states of Santa Catarina and Rio Grande do Sul between isobaths 200 and 3000 m and the oceanic region of the Rio Grande Rise and Hunter Channel are the areas that presented the best CPUE for most target species. The results of the expansion calculations show an increase in total landed weight of most species using the circle hook. However, they remain below of quotas and within the safety margin of the maximum sustainable yield set by International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas - ICCAT. Also, the use of the circle hook would result in an increase in gross sales per vessel at about 13.2%, the highest price for the acquisition of this hook being quickly absorbed by the high turnover. Finally, comparing the incident legislation and capture landings, the results show that there was a complete disregard for the regulations, whereby fleets continued landing prohibited or size-limited species. Furthermore, divergent regulations have created confusion and posed barriers to their implementation by all those involved in the activity. It is clear that the ocean fishing scenario in Brazil, analyzed from the perspective of different legal instruments, is focused on the development of the activity. Being a country of continental proportions, with different longline fisheries along the coast, conducting scientific studies and regulating the industry is a huge challenge. In a dynamic activity like fishing, constantly reviewing these regulations will result in more suitable fisheries management and these will be in accordance with the aspirations of the different sectors involved. Keywords: pelagic longline; fisheries dynamics; fisheries technologies; fisheries legislation.

12 12 APRESENTAÇÃO A presente tese de doutorado está estruturada na forma de uma introdução geral, abordando os temas gerais discutidos nos capítulos, seguida de capítulos em forma de artigo científico, e considerações finais, abrangendo as principais idéias e conclusões dos capítulos. O primeiro capítulo, entitulado Distribuição espaço-temporal e de espécies-alvo nas pescarias de espinhel de superfície no sudeste/sul do Brasil entre 2000 e 2011 tem como objetivos categorizar o esforço de pesca e estratégias adotadas por ambas as frotas de espinhel de superfície (nacional e estrangeira arrendada) sediadas no porto de Itajaí Santa Catarina e que operaram na região sudeste e sul do Brasil e águas adjscentes, com base na proporção de espécies desembarcadas. Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista científica Brazilian Journal of Oceanography, para a qual foi submetida, aceita e aguarda publicação. O segundo capítulo, Caracterização das frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície do Atlântico Sul Ocidental entre os anos de 2003 e 2014 tem como objetivos caracterizar a atividade pesqueira industrial de espinhel de superfície em relação às características físicas das embarcações e dos petrechos, distribuição temporal e aspectos organizacionais, além de correlacionar algumas característica principais entre as distintas frotas e em cada frota, como por exemplo comprimento da embarcação; potência do motor; capacidade do porão; comprimento mínimo e máximo do espinhel; comprimento da linha secundária; e comprimento do fio de aço (estropo). Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista científica Fisheries Research, para a qual foi submetida e aguarda revisão. O terceiro capítulo: Captura de espécies-alvo da pescaria de espinhel de superfície do SE/S do Brasil entre 2000 e 2011 e sua relação com a temperatura superficial do mar - TSM tem por objetivo analisar a variação das capturas desembarcadas das principais espécies-alvo das duas frotas de espinhel de superfície que operaram no porto de Itajaí entre 2000 e 2011; avaliar a relação entre a TSM e as CPUE das capturas destas espécies (em ton); investigar o efeito da variação trimestral nesta relação; e descrever as possíveis áreas com as maiores capturas a partir destes dados. Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista Brazilian Journal of Oceanography para a qual será submetido.

13 13 O quarto capítulo: Variação das capturas desembarcadas da frota nacional de espinhel de superfície no Atlântico Sul Ocidental entre , baseada nos dados dos testes com o anzol circular 18/0 10 offset tem como objetivo principal estimar, a partir da criação de um cenário específico, como seria a captura desembarcada das principais espécies-alvo, incidentais e bycatch da frota nacional de espinhel de superfície que operou no SE/S do Brasil entre os anos de 2001 e 2012 caso tivessem utilizado o anzol circular 18/0 10 offset, buscando auxiliar nos processos decisórios de gestão e manejo desta atividade. Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems para a qual será submetido. O quinto capítulo: Captura desembarcada versus legislação pesqueira: avaliação da pescaria de espinhel de superfície no sudeste/sul do Brasil entre 1996 e 2011 tem como objetivo analisar a relação entre a legislação associada à pesca de espinhel pelágico no SE/S do Brasil com a dinâmica das frotas nacional e estrangeira arrendada no que diz respeito às espécies capturadas desembarcadas no porto de Itajaí/SC entre os anos de 1995 e Este capítulo foi formatado de acordo com as normas da revista Latin American Journal of Aquatic Research, para a qual será submetido em edição especial do Projeto IGEPESCA.

14 14 RESUMO... 8 ABSTRACT APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO GERAL PERGUNTA DE PESQUISA HIPÓTESE OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS REFERÊNCIAS CAPÍTULO DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E DE ESPÉCIES-ALVO NA PESCARIA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE NO SUDESTE/SUL DO BRASIL ENTRE 2000 E Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados Frota Nacional Frota Estrangeira Arrendada Discussão Referências CAPÍTULO CARACTERIZAÇÃO DAS FROTAS NACIONAL E ESTRANGEIRA ARRENDADA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL ENTRE OS ANOS DE 2003 E Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Análise de Correlação Referências CAPÍTULO CAPTURA DE ESPÉCIES-ALVO DA PESCARIA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE NO SE/S DO BRASIL ENTRE 2000 E 2011 E SUA RELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR TSM... 83

15 15 Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados Frota Nacional NC Captura Desembarcada x Ano CPUE x TSM CPUE x Trimestre Frota Estrangeira Arrendada EA Captura Desembarcada x Ano CPUE x TSM CPUE x Trimestre Discussão Referências Tabela S1. CPUE do 1 e 3 quartis, mínima, máxima e mediana por intervalos de temperatura das principais espécies-alvo capturadas pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície que operou no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2000 e Tabela S2. CPUE do 1 e 3 quartis, mínima, máxima e mediana por intervalos de temperatura das principais espécies-alvo capturadas pela frota estrangeira arrendada (EA) de espinhel de superfície que operou no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e CAPÍTULO CAPTURAS ESTIMADAS DA FROTA NACIONAL DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL ENTRE , COM O USO HIPOTÉTICO DO ANZOL CIRCULAR 18/0 10 OFFSET Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Fonte de Dados Área de Pesca e Espécies Consideradas Análise dos Dados Resultados Referências

16 16 Tabela S1. Resultados dos testes estatísticos para a variação anual do número de indivíduos capturados e projetados por espécie/grupo da pescaria de espinhel de superfícies do SE/S do Brasil entre os anos de 2000 e ns = não significativo Tabela S2. Resultados dos testes estatísticos para a variação anual do faturamento bruto das capturas desembarcadas e projetadas por espécie-alvo da pescaria de espinhel de superfícies do SE/S do Brasil entre os anos de 2000 e ns = não significativo CAPÍTULO CAPTURA DESEMBARCADA VERSUS LEGISLAÇÃO PESQUEIRA: AVALIAÇÃO DA PESCARIA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE NO SUDESTE/SUL DO BRASIL ENTRE 1996 E Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados Dispositivos Administrativos (a) Código de Pesca (b) Mapas de Bordo (c) Captura de Atuns e Afins Dispositivos de Fomento (a) Frota Pesqueira (b) Subvenção Econômica (c) Editais de Arrendamento Dispositivos Restritivos (a) Captura de Meca (b) Captura de Agulhão-branco e Agulhão-azul (c) Captura de Tubarão-raposa (A. superciliosus e A. vulpinus) (d) Captura de Tubarão Galha-branca e Tubarão Bico-doce (e) Captura de Albacora-lage (f) Captura de Albacora-bandolim (g) Captura de Albacora-branca (h) Captura de Tubarão-azul (i) Captura de Dourado (j) Aves Marinhas Discussão Referências

17 17 Material Suplementar Tabela S1. Dispositivos legais nacionais pesquisados para o período de 1934 à CONSIDERAÇÕES FINAIS

18 18 INTRODUÇÃO GERAL A zona pelágica do Atlântico sul ocidental é caracterizada pela presença de processos circulatórios (Convergência Subtropical) de grande importância para os recursos marinhos e para a economia (Campos et al., 2000). Os processos oceanográficos são bastante complexos, com as águas quentes, de alta salinidade e oligotróficas provindas da Corrente do Brasil encontrando as águas da Corrente das Malvinas/Falkland, mais frias, com baixa salinidade e ricas em nutrientes (Olson et al., 1988; Seeliger et al., 1998; Cirano et al., 2006). Esta mistura caracteriza a região como uma zona de transição biogeográfica (Sharp, 1988), entre as grandes áreas neríticas da Patagônia e Brasil tropical, criando um fluxo em direção ao leste (Stramma & England, 1999) que desempenha um papel fundamental nos processos físicos e bióticos (Campos et al., 2000). Isso possibilita a manutenção de importantes estoques pesqueiros e uma quantidade considerável de predadores de topo (Seeliger et al., 1998). Esta dominância sazonal de diferentes massas sobre a plataforma e talude continental determina a composição e abundância das espécies, além da estrutura e interação trófica. Na maior parte do ano esta região é o hábitat adequado para diversas espécies pelágicas, como tubarões, atuns e afins (Seeliger et al., 1998), principais espécies-alvo de pescarias como a de espinhel pelágico (Brothers et al., 1999; Watson & Kerstetter, 2006). O espinhel de superfície é uma arte de pesca que utiliza uma linha madre de fio monofilamento, sustentada por meio de bóias, onde são fixadas linhas secundárias com anzóis (Kotas, 2004), geralmente do tipo J ou Tuna Hook (TAMAR, dados não publicados). É direcionada principalmente à captura da albacora-branca (Thunnus alalunga), albacora-bandolim (T. obesus), albacora-lage (T. albacares), meca (Xiphias gladius) e tubarões (em especial Prionace glauca), tendo grande importância econômica em todo o mundo, já que as espécies-alvo possuem alto valor de mercado (Evangelista et al., 1998; Hazin, 2006), tanto pela carne, como, no caso dos tubarões, pelas barbatanas (Mazzoleni & Schwingel, 1999; Kotas, 2004; Quaggio et al., 2008). No Brasil esta pescaria teve início no ano de 1956 (Paiva, 1961), quando embarcações japonesas chegaram ao porto de Recife/PE, onde permaneceram pescando até 1964 (Lima et al., 2000). Na região Sudeste (SE), esta pescaria iniciou-se no ano de 1958, através de embarcações brasileiras sediadas em Santos/SP (Mazzoleni & Schwingel, 2002), permanecendo por muito tempo como a única frota operante desta modalidade (Amorim et al., 2002). Desde então, sucessivas modificações ocorreram em relação às

19 19 bandeiras das frotas operantes em águas jurisdicionais brasileiras (Evangelista et al., 1998; Lima et al., 2000), com um gradativo aumento no número de embarcações com o passar dos anos (Amorim et al., 2002). Esta pescaria ocorre principalmente a partir dos portos de Belém/PA, Natal/RN, Cabedelo/PB, Recife/PE, Itaipava/ES, Santos/SP, Itajaí/SC e Rio Grande/RS (Sales et al., 2008), de onde operam embarcações nacionais e estrangeiras arrendadas. É uma atividade que possui grande importância econômica e social, pois gera uma grande quantidade de empregos diretos e indiretos (Dias-Neto, 2010), promove a ocupação efetiva da ZEE brasileira e das águas internacionais do Atlântico sul, essenciais para a estrutura geopolítica do país (Hazin, 2006). A produção nacional de pescados decorrente da pesca extrativista cresceu significativamente entre 1967 e 1973, saltando de toneladas (t) para t (aproximadamente 70%). Isto foi propiciado, em parte, pelos incentivos fiscais instituidos. Posteriormente, entre 1973 e 1985, o crescimento foi de aproximadamente 30%, com uma produção alcançando t. A partir deste máximo, a produção pesqueira nacional declinou cerca de 30% em uma década, atingindo t em 1995 (Hazin, 2006). A razão para esta forte queda na produção foi a exaustão dos estoques, resultante da falta de planejamento e do consequente crescimento desordenado vivenciado pelo setor, o qual resultou em um esforco de pesca fortemente concentrado na pesca extrativa e nos recursos costeiros (Hazin, op. cit.). Neste contexto, o incentivo às pescarias oceânicas, como o espinhel de superfície, auxiliaria também na redução de esforço direcionado às pescarias costeiras, que operam sobre recursos sobre-explotados (Hazin & Travassos, 2007). O Brasil encontra-se estrategicamente próximo às áreas de rota migratória dos principais estoques de atuns e afins do Atlântico Sul. Nesta região as embarcações chegam às áreas de ocorrência dos cardumes em pouco tempo de navegação, comparadas às embarcações de países como Japão, Taiwan, Coréia, Espanha e Portugal, entre outros, que necessitam viajar muitas vezes mais de km para atingir as mesmas áreas de pesca. Segundo Hazin & Travassos (2007), as capturas das albacoras e meca estão abaixo do Rendimento Máximo Sustentável - RMS calculado para estas espécies, sendo que a participação brasileira no total capturado para o Atlântico é pequena (Fig. 1).

20 20 Figura 1. Rendimento Máximo Sustentável - RMS; captura total no Oceano Atlântico; e captura nacional de atuns e meca. Fonte: Hazin & Travassos (2007). Uma forma de fomento da pesca oceânica encontrada pelo governo federal foi o arrendamento de embarcações estrangeiras, sendo que estas passaram a operar regularmente no país a partir de 1996 (Evangelista et al., 1998) e com maior intensidade a partir de 1998, quando foi publicado o Decreto DPA/MAPA n (Dias-Neto, 2010). No ano de 2010 foi publicada mais uma Portaria de arrendamento (Portaria n 2 de 08/11/2010), que autorizou 17 embarcações a operarem no Brasil, sendo 16 baseadas no Rio Grande do Norte e 01 no Rio Grande do Sul (Brasil, 2010). Por fim, no ano de 2012 foi publicado mais um edital de arrendamento, que abriu mais 20 vagas para embarcações estrangeiras de espinhel de superfície, sendo 4 para a captura de meca e 16 para de atuns e afins (Brasil, 2012). Atualmente, a frota de espinhel de superfície opera em toda a região Sudeste/Sul - SE/S, tendo como limite, ao norte a Cadeia de Vitória-Trindade e ao sul a fronteira com o Uruguai. Devido a esta grande área de atuação, ocorre uma flutuabilidade no número de embarcações e uma variação no rendimento por espécie registrado para a pescaria ao longo do ano em cada um dos portos (UNIVALI/CTTMar, 2010). Em Itajaí (SC), o maior porto pesqueiro do Brasil, além das embarcações de espinhel de superfície com estratégia direcionada à captura de atuns, meca e tubarões, outras frotas provindas de diferentes portos (Andrade, 1998; UNIVALI/CTTMar, 2010) operam em determinadas épocas, como a de Itaipava/ES durante a safra do dourado - Coryphaena hippurus (Dallagnolo & Andrade, 2008).

21 21 Ao longo do tempo a concentração de embarcações em cada um dos portos do SE/S vem se alterando. O estado de São Paulo (SP), que por muito tempo foi o principal responsável pela concentração das capturas na região, com aproximadasmente t no ano de 1998, praticamente parou de operar em 2006, desembarcando somente 71 t em 2011 (IPESCA, 2014). Em adição, a captura média mensal passou de 213 t para 7 t no mesmo período. Esse fato indica uma desestruturação da pescaria de espinhel de superfície no estado de SP. Em contrapartida, em Santa Catarina (SC) a produção pesqueira para esta modalidade somou t entre 2000 e 2011, sendo que nos anos de 2006 e 2007 foram obtidas as melhores produções totais, com t e t, respectivamente (UNIVALI/CTTMar, 2010; 2013). Para o período, as principais espécies desembarcadas foram o tubarão-azul com t, seguido pelo dourado com t, meca com t, cações (não identificados) com t e albacora-lage com t (Fig. 2). Figura 2 - Produção total (kg) das principais espécies-alvo desembarcadas pela pescaria de espinhel de superfície nos portos de Santa Catarina entre os anos de 2000 e Adaptada de UNIVALI (2010; 2013). A pescaria de espinhel de superfície é considerada seletiva quando comparada às redes de emalhe e de arrasto (Alverson et al., 1996; Ovetz, 2007). Entretanto, ocorrem capturas frequentes de espécies ameaçadas de extinção (e.g. tartarugas e aves marinhas) (Lewison & Crowder, 2007; Domingo et al., 2006; Sales et al., 2008; Bugoni et al., 2008; Huang & Liu, 2010), tubarões e agulhões (Ovetz, 2007; Huang & Liu, 2010), indivíduos jovens das espécies-alvo (DeMartini et al., 2000; Kotas, 2009) e espécies

22 22 com pouco ou sem valor comercial (Pascoe, 1997). Este fato gera uma crescente preocupação acerca dos reais impactos sobre o ecossistema de uma maneira geral (Kitchell et al. 2002; Kyiota et al., 2003). No Oceano Atlântico, estudos mostram que houve uma redução de aproximadamente 90% da biomassa de peixes predadores ocasionada por esta pescaria (Myers & Worm, 2003). Embora a magnitude destas informações seja questionável (Walters, 2004), há pouca dúvida que esta pescaria tem efeitos importantes sobre a captura de predadores de topo (Gilman et al., 2008). Por conta disso, inúmeras tentativas de minimizar o impacto desta pescaria sobre as espécies pelágicas têm ocorrido nos últimos anos, principalmente referentes às capturas incidentais de tartarugas (Pascoe, 1997; Werner et al., 2006; Sales et al., 2010) e aves marinhas (Neves et al., 2006; Brasil, 2011). Para serem efetivas, estas medidas mitigadoras têm que atender a dois aspectos principais: ambiental, reduzindo os impactos sobre as capturas incidentais; e econômico, relacionado ao baixo custo e facilidade de implementação e efeito mínimo sobre a captura de espécies-alvo (Sales et al., 2010). Por conta disso, diferentes medidas tem sido testadas para minimizar os impactos desta atividade. Uma das principais diz respeito à utilização do anzol circular 18/0 10º offset. Estudos realizados no Brasil e em diferentes partes do mundo demonstraram que a utilização deste anzol tem um impacto econômico positivo na pescaria, já que aumenta a captura das principais espécies-alvo e reduz as capturas incidentais principalmente de tartarugas marinhas (Watson et al., 2002, 2004, 2005; Kerstetter et al., 2007; Ward et al., 2009; Li & Pan, 2010). Estudos realizados no SE/S do Brasil comparando este anzol com o tipo J 9/0, comumente utilizado pela frota, mostraram um aumento na captura de atuns (principalmente T. alalunga 46%; T. obesus 51%) e tubarões (principalmente P. glauca 13%) e uma redução na captura de tartarugas marinhas (Caretta caretta 55%; Dermochelys coriacea 65%) e meca (X. gladius 16%) (Sales et al., 2010). Em estudo semelhante realizado com a frota do nordeste, Kerstetter et al. (2007) encontraram um aumento significativo de capturas pelo anzol circular para as principais espécies-alvo (X. gladius; T. albacares; T. obesus, cavala-wahoo - Acanthocybium solandri; e C. hippurus). Também relatam um aumento da taxa de sobrevivência pós-captura, já que os animais não engolem o anzol, aumentando as chances de serem devolvidos ao mar vivos, ou, no caso de espécies-alvo, aumentando seu valor de mercado decorrente da qualidade da carne. Em relação às classes de tamanho das espécies-alvo capturadas não foram encontradas diferenças significativas (Kerstetter et al., 2007).

23 23 A dinâmica da pesca de espinhel de superfície, seu impacto sobre as comunidades pelágicas e principalmente suas formas de operação no SE/S do Brasil devem ser constantemente estudadas, já que modificações importantes podem ocorrer ao longo dos anos (Lima et al., 2000; Hazin & Travassos, 2007). A inserção de novas tecnologias podem alterar a relação captura-esforço, modificando o poder de pesca desta frota e consequentemente seus rendimentos. O conhecimento do impacto causado sobre as comunidades pelágicas (espécies-alvo, capturas incidentais e bycatch) e o impacto da inserção das novas tecnologias pesqueiras são de fundamental importância para a criação de medidas de ordenamento, contribuindo assim para a manutenção das populações de espécies pelágicas e da atividade pesqueira. A legislação pesqueira brasileira apresenta-se bastante complexa em termos de normas e abrangência espacial, o que muitas vezes dificulta seu entendimento por parte dos usuários (Zagaglia et al., 2007). Para a frota de espinhel de superfície, que no SE/S tem suas estratégias de captura direcionadas às albacoras, meca, tubarão-azul e dourado (Fiedler et al. 2015), poucas normativas específicas tem sido publicadas nos últimos 50 anos, sendo esta atividade regulamentada praticamente por legislações gerais de pesca ou focadas em algumas espécies (Tiago, 2011). O atual insucesso na gestão pesqueira no país está fortemente vinculado à grande instabilidade institucional e ao ineficiente ordenamento desta modalidade de pesca. As particularidades regionais e a coleta e análise contínua de informações pesqueiras devem ser prioridade do governo federal, para que o desenvolvimento desta atividade ocorra respeitando a manutenção sustentável dos estoques explotados, assim como dos impactos causados sobre outros grupos taxonômicos. PERGUNTA DE PESQUISA - De que forma as frotas nacional e estrangeira arrendada da pescaria industrial de espinhel de superfície se comportaram espaço-temporalmente e em relação à captura das espécies-alvo no SE/S do Brasil entre os anos de 2000 e 2011? - As embarcações das frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície possuem características físicas, de petrecho, operacionais e organizacionais distintas? - Como se comportam as capturas das principais espécies-alvo em relação às faixas de TSM?

24 24 - Como seria a captura da frota nacional de espinhel de superfície entre os anos de 2000 e 2012 caso tivesse utilizado o anzol circular 18/0 (10 offset)? - A legislação incidente provocou mudanças na dinâmica das frotas nacional e estrangeira arrendada da pescaria de espinhel de superfície no SE/S do Brasil entre os anos de 1996 e 2011? HIPÓTESE As frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície se comportam de forma distinta espaço-temporalmente e em relação às estratégias de captura das espécies-alvo, com diferenças nas caracaterísticas físicas das embarcações, bem como no petrecho utilizado e sua forma de operação. Além disso, as capturas das principais espécies-alvo têm relação direta com as diferentes temperaturas da superficie do mar, gerando áreas de concentração de maiores Capturas por Unidades de Esforço para cada uma das principais espécies-alvo. Em relação ao petrecho, caso a frota nacional utilizasse o anzol circular 18/0 (10 offset), alterações positivas nas capturas das espécies-alvo e redução das capturas de espécies incidentais e bycatch ocorreriam, influenciando nos rendimentos financeiros desta frota e auxiliando na seletividade da atividade. A legislação pesqueira do país é pouco efetiva na gestão desta pescaria, exercendo pouca influência na dinâmica das frotas nacional e estrangeira arrendada nestes últimos anos. OBJETIVO GERAL Analisar, entre os anos de 1996 e 2014, as diferentes estratégias das frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície no Sudeste/Sul do Brasil, avaliando sua dinâmica, tecnologias empregadas e a legislação incidente. OBJETIVOS ESPECÍFICOS a. Identificar e descrever as variações espaço temporais de esforço e estratégias de captura adotadas pelas frotas nacional e estrangeira arrendada da pesca industrial de espinhel de superfície no SE/S do Brasil entre os anos de 2000 e 2011, com base na proporção das espécies desembarcadas;

25 25 b. Analisar a composição quali-quatitativa das capturas desembarcadas por estas frotas entre 2000 e 2011; c. Caracterizar esta pescaria (frota nacional e estrangeira arrendada) quanto aos aspectos estruturais, tecnológicos e organizacionas entre os anos de 2003 e 2014; d. Analisar a relação entre as capturas das principais espécies-alvo e a temperatura superficial do mar -TSM entre os anos de 2000 e 2011; e. Estimar como seriam as capturas desembarcadas entre 2000 e 2012 das principais espécies-alvo e de tartarugas marinhas pela frota nacional com o uso do anzol circular; f. Analisar a relação entre a legislação associada à atividade pesqueira e a dinâmica das frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície, no que diz respeito às espécies capturadas desembarcadas entre os anos de 1996 e 2011.

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30 30 CAPÍTULO 1 DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL E DE ESPÉCIES-ALVO NA PESCARIA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE NO SUDESTE/SUL DO BRASIL ENTRE 2000 E 2011

31 31 Resumo No presente estudo, uma análise de agrupamento foi realizada para classificar 1080 entrevistas com a frota nacional de espinhel de superfície (2000 à 2011), e 38 embarques da frota estrangeira arrendada (2003 à 2008), em relação à composição das espécies desembarcadas. Para a frota nacional foram identificados 4 grupos: 1 albacoras (Thunnus alalunga, T. obesus, T. albacares); 2 tubarão-azul (Prionace glauca); 3 meca (Xiphias gladius); e 4 dourado (Coryphaena hippurus). Para a frota estrangeira arrendada foram identificados 3 grupos: 1 meca; 2 tubarão-azul; e 3 albacoras. Os resultados indicam que parte da frota nacional altera suas estratégias de pesca de acordo com a disponibilidade da espécie-alvo e pela demanda do mercado (interno e externo). Uma parcela da frota oriunda do Espírito Santo opera na região durante alguns meses de verão (dezembro a março), exclusivamente na captura do dourado. Para a frota estrangeira arrendada ocorrem diferenças principalmente nas áreas de pesca para cada uma das espécies, sendo a frota direcionada principalmente para a captura da meca e tubarão-azul. Apesar da grande diferença no conjunto de dados, fica evidente que a frota nacional e estrangeira operam de acordo com suas particularidades e desenvolvimento tecnológico, adotando estratégias que otimizem as capturas e os lucros líquidos por viagem. Palavras-chave: Pescarias de espinhel, Esforço pesqueiro, Espécies-alvo, Estratégia de pesca, Frota Nacional e Estrangeira, Dinâmica da frota. Abstract In the present study, cluster analysis was performed to classify 1080 interviews with national pelagic longline fleet (2000 to 2011), and 38 trips from chartered fleet (2003 to 2008), in relation to the composition of species landed. For national fleet 4 groups were identified: 1 Albacores (Thunnus alalunga, T. obesus, T. albacares), 2 Blue shark (Prionace glauca), 3 Swordfish (Xiphias gladius), and 4 Dolphinfish (Coryphaena hippurus). For chartered fleet 3 groups were identified: 1 Swordfish, 2 Blue shark, and 3 Albacores. The results indicated that part of the national fleet change their strategies according to the availability of the target species and by market demand (internal and external). A part of the fleet from Espírito Santo state operates in the region between December to March, exclusively to capture dolphin fish. The chartered fleet differed from the latter in the fishing areas of each target species, mainly directed to swordfish and blue shark. Despite the great difference in the data set, it is evident that national and chartered fleet operated in accordance with its peculiarities and technological development, adopting strategies that optimize catches and net profits per trip. Keywords: Longline fisheries, Fishing effort, Target species, Fishing strategy, National and Foreign fleet, Fleet dynamics.

32 32 Introdução O espinhel de superfície é uma arte de pesca que utiliza uma linha madre sustentada por bóias, onde são fixadas linhas secundárias com anzóis (Watson & Kerstetter, 2006). Esta pescaria é principalmente direcionada à captura de albacoras (Thunnus alalunga, T. obesus, T. albacares), meca (Xiphias gladius) e tubarões (principalmente Prionace glauca) (Brothers et al., 1999; Watson & Kerstetter, 2006), tendo grande importância econômica em todo mundo já que as espécies-alvo possuem alto valor de mercado (Evangelista et al., 1998; Hazin, 2006), tanto pela carne, como, no caso dos tubarões, pelas barbatanas (Mazzoleni & Schwingel, 1999; Kotas, 2004; Quaggio et al., 2008). No Brasil esta pescaria teve início no ano de 1956 (Paiva, 1961), quando embarcações japonesas chegaram ao porto de Recife (PE), nordeste do Brasil, onde permaneceram pescando até 1964 (Lima et al., 2000). Na região Sudeste, esta pescaria iniciou em 1958, através de embarcações brasileiras sediadas em Santos (SP) (Mazzoleni & Schwingel, 2002). Na região sul a pescaria iniciou em 1959, por barcos japoneses arrendados (Haimovici, 1997). Desde então, sucessivas modificações ocorreram em relação às bandeiras das frotas operantes em águas jurisdicionais brasileiras (Evangelista et al., 1998; Lima et al., 2000), com um gradativo aumento no número de embarcações com o passar dos anos (Amorim et al., 2002). Atualmente, no sudeste/sul - SE/S (20 S - 40 S), esta pescaria ocorre principalmente a partir dos portos de Itaipava (ES), Santos (SP) Itajaí (SC) e Rio Grande (RS) (Sales et al., 2008), de onde operam somente embarcações nacionais. Embarcações estrangeiras têm sido arrendadas para a região nordeste, direcionadas principalmente para a captura de albacoras. As estratégias utilizadas para a captura de espécies-alvo são definidas levando-se em consideração, além dos fatores biológicos e tecnológicos, os diferentes modos de operação. Preferências, habilidades, percepções e acesso aos recursos desempenham papel fundamental no sucesso das capturas e distribuição do esforço de pesca (Salas & Gaertner, 2004). Estas estratégias são um dos fatores que mais afetam a Captura por Unidade de Esforço CPUE (He et al., 1997). No Brasil, diferentes estratégias e tecnologias de pesca têm sido empregadas pela frota de espinhel de superfície desde o início de sua atividade na década de 1950 (Menezes de Lima et al., 2000). Estas estratégias são alteradas ao longo dos anos principalmente de acordo com as mudanças do mercado e a introdução de novos equipamentos (Hazin et al., 2007). Além disso, essas mudanças de estratégia influenciam diretamente nas taxas

33 33 de captura e, consequentemente, na abundância de determinada espécie (Ricker, 1975). Por conta disso a frota brasileira e estrangeira arrendada que atua na região SE/S modifica suas espécies-alvo ao longo do tempo como estratégia de aproveitamento da disponibilidade ou comercialização dos diferentes recursos de forma eficiente, garantindo o sucesso e desenvolvimento da atividade. Os métodos de agrupamento (e. g. Análise de Cluster) são aplicados aos dados de pesca como forma de determinar as estratégias de captura das espécies-alvo. Estes métodos categorizam o esforço de pesca com base na proporção das espécies capturadas, detectando alterações nas estratégias de captura (Rogers & Pikitch, 1992; Lewy & Vinther, 1994; He et al., 1997; Wu & Yeh, 2001; Hazin et al., 2007). Este método se mostra bastante eficiente principalmente em pescarias comerciais com múltiplas espécies-alvo, onde nem sempre é possível se obter informações sobre o comportamento da frota em suas viagens de pesca (Carvalho et al., 2010). O objetivo deste estudo foi categorizar o esforço e as estratégias de pesca adotadas pela frota nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície no porto de Itajaí (SC) e que operaram na região SE/S do Brasil e águas adjacentes entre os anos de 2000 e 2011, com base nas proporções das espécies desembarcadas. Material e Métodos As informações utilizadas no presente estudo foram obtidas a partir de dois programas de monitoramento distintos conduzidos pelo Grupo de Estudos Pesqueiros - GEP da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. As informações referentes à frota espinheleira nacional foram provenientes do Sistema de Estatística Pesqueira - SIESPE, já as informações referentes à frota estrangeira arrendada foram coletadas junto ao Programa de Observadores de Bordo - PROA, ambos conduzidos pela Universidade no âmbito de convênios técnicos científicos celebrados com o Governo Federal. Em um primeiro momento, estes dados foram organizados em duas matrizes considerando ambos estratos de frotas (i.e. nacional e estrangeira arrendada), o número de desembarques monitorados em cada frota (i.e cruzeiros de pesca para a frota nacional e 38 cruzeiros para a frota estrangeira arrendada foram dispostos nesta matriz - Tabela 1) e a proporção de espécies e/ou grupos mais frequentes nas capturas totais das respectivas frotas (i.e. 9 espécies e 2 grupos para a frota nacional; 7 espécies e 1 grupo

34 34 para a frota arrendada - Tabela 2). Essas matrizes foram primeiramente normalizadas, fazendo com que a soma dos quadrados marginais seja igual a um, portanto, usado para identificar padrões de operações de pesca e buscando grupos de espécies-alvo semelhantes entre os diferentes desembarques, distintamente para a frota nacional e estrangeira arrendada. Neste sentido, buscando classificar padrões de captura e estratégias de operação, uma abordagem multivariada baseada em análise de agrupamento hierárquico foi conduzida através do método de Ward de mínima variância (Ward, 1963). Este método consiste em maximizar a busca por homogeneidade dentro dos grupos à medida em que são formados. Por conseguinte, os grupos são formados pelo processo em que a soma dos quadrados dos resíduos interno é minimizado (Hair, 2005; Borcard et al., 2011). Como forma de identificar a significância dos grupos formados pela análise de agrupamento hierárquico, foram implementadas três abordagens distintas, uma Análise de Similaridade (Clarke, 1993), um Procedimento Multi-Resposta de Permutação (Mielke & Berry, 2001) e uma Análise de Variância Multivariada Permutacional (Anderson, 2001). Estes tipos de análise combinadas, com base em pressupostos distintos, permite uma melhor compreensão do significado dos grupos formados pela análise de cluster, principalmente pelas distintas sensibilidades de cada método de abordagem utilizado. Posteriormente, gráficos de composição de captura das espécies e/ou grupos foram construídos com base nos grupos identificados na análise de agrupamento hierárquico respeitando ambos os estratos de frotas estudados, possibilitando visualizar as espéciesalvos que compõe cada grupo identificado anteriormente. Para avaliar as estratégias de distribuição espacial destas frotas, as análises espaciais foram conduzidas respeitando também os grupos formados nas análises de agrupamentos. As informações de uso de área de pesca foram padronizadas para uma unidade de investigação comum a ambos os estratos de frota (nacional e estrangeira arrendada), para tal assumiu-se quadrantes espaciais de 30 x30. Este tipo de procedimento permite a comparação entre a dinâmica espacial de ambas as frotas, bem como a visualização das áreas com maior e/ou menor concentração de interesse destas.

35 35 Tabela 1. Número de cruzeiros da frota nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície que operaram no SE/S do Brasil entre 2000 e N de Viagens Ano Frota Nacional Frota Arrendada Total Tabela 2. Nomes comuns/grupos e nomes científicos/famílias capturadas pelas frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel de superfície no SE/S do Brasil (abaixo de 20 S) entre 2000 e Espécie/Grupo Albacoras Nome Científico Thunnus alalunga Thunnus obesus Thunnus albacares Meca Xiphias gladius Tubarão-Azul Prionace glauca Dourado Outros Tubarões/Raias Outros Peixes Coryphaena hippurus Famílias: Carcharhinidae, Edontaspididae, Mitsukurinidae, Lamnidae, Alopiidae, Squalidae, Triakidae, Rajidae, Dasyatidae Famílias: Istiophoridae, Serranidae, Scombridae, Gempylidae

36 36 A dinâmica do esforço e estratégia de operação destas frotas (e.g. número de dias de mar; número de dias de pesca; número de anzóis, e tempo de imersão dos anzóis) foi analisada em termos temporais, bem como em função dos grupos observados nas análises de agrupamento, visando determinar possíveis mudanças estratégicas nas formas de operação em virtude do direcionamento das frotas sobre cada espécie-alvo. Por fim, todas as análises apresentadas neste manuscrito foram desenvolvidas no âmbito do software R (R Core Team, 2014), de código aberto e distribuição gratuíta. Os dados batimétricos foram provenientes do ETOPO1 hospedado nas bases de dados do National Oceanic and Atmospheric Administration - NOAA e acessados por intermédio do pacote marmap disponível para o software R (Pante & Simon-Bouhet, 2013). Resultados Frota Nacional Através da análise de agrupamento hierárquico foi possível identificar quatro grupos distintos de estratégias de pesca (ANOSIM R = 0,9287, p = 0,0009; MRPP A = 0,5964, p = 0,0009; PERMANOVA F = 1055, GL = 3, p = 0,0009; Índice de correlação cofenética = 0,856) para a frota que desembarcou em Santa Catarina (SC) entre os anos de 2000 e 2011 (Fig. 1). Estes grupos se formaram a partir das espécies e/ou grupos de espécies de maior interesse de cada embarcação, em cada viagem de pesca, sendo o Grupo 1 direcionado à captura das albacoras, com aproximadamente 46% da produção total do Grupo; o Grupo 2 direcionado à captura do tubarão-azul, com cerca de 67% da produção total do Grupo; o Grupo 3 voltado à captura da Meca, com aproximadamente 42% da produção total; e o Grupo 4 direcionado à captura de Dourado, que representou cerca de 96% da produção total do Grupo (Fig. 2).

37 37 Figura 1. Grupos formados pelas principais espécies desembarcadas por viagem na frota nacional de espinhel de superfície no estado de Santa Catarina entre 2000 e Análise de agrupamento baseada no método de Ward e coeficiente de dissimilaridade euclidiano. Grupos: 1 - albacoras; 2 - tubarão-azul; 3 - meca; 4 - dourado. Figura 2. Proporção de captura desembarcada por espécie em cada um dos grupos identificados na análise de agrupamento. Grupos: 1 - albacoras; 2 - tubarão-azul; 3 - meca; 4 - dourado.

38 38 A distribuição espacial desta frota indica uma ampla utilização de toda a área da plataforma continental e talude da região SE/S do Brasil, além de águas internacionais, com destaque para a Elevação de Rio Grande (Fig. 3). Para a pescaria direcionada às albacoras (Grupo 1), apesar de haver algumas viagens para regiões mais oceânicas, há um padrão de utilização da região de plataforma continental externa e talude entre os estados de São Paulo (SP) e Rio Grande do Sul (RS). Para as pescarias destinadas ao tubarão-azul (Grupo 2) e meca (Grupo 3), a região da plataforma continental externa e talude entre os estados do Rio de Janeiro (RJ) e RS mostra-se importante, além da região oceânica e Elevação de Rio Grande. Já para a pescaria direcionada à captura do dourado (Grupo 4), observa-se a utilização das regiões mais costeiras entre os estados do Espírito Santo (ES) e RS. Esta característica se dá tanto pela área de ocorrência desta espécie-alvo, como pela limitação do tamanho das embarcações, menores que as direcionadas à captura das demais espécies. Em termos gerais, as profundidades de atuação das quatro pescarias identificadas variou entre 50 e 6000 m. Figura 3. Distribuição da densidade das áreas visitadas por cada um dos grupos da frota nacional de espinhel de superfície entre os anos de 2000 e As linhas representam as isóbatas de 1000, 2000, 3000 e 4000 m. Fonte de dados batimétricos ETOPO1, sediado nos servidores do NOAA e acessado pelo pacote marmap do R (Pante & Simon-Bouhet, 2013). Grupos: 1 - albacoras; 2 - tubarão-azul; 3 - meca; 4 - dourado. A distribuição do esforço em dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis observada ao longo dos anos mostrou que entre os anos de 2000 e 2002 a tendência

39 39 central destas variáveis (mediana), em geral, foi maior do que o padrão observado nos demais anos. Já a partir de 2003, ocorre uma estabilidade nos padrões de esforço desta frota (Fig. 4). Figura 4. Esforço total em dias de mar, dias de pesca e número de anzóis da frota nacional de espinhel de superfície, agrupados para cada um dos anos (2000 e 2011). O esforço em dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis utilizados, descriminados por pescaria, mostra que os Grupos 1 (albacoras), 2 (tubarão-azul) e 3 (meca) possuem um padrão de operação similar, uma vez que utilizam áreas equivalentes para captura dos diferentes recursos. Porém, os Grupos 2 e 3, em termos gerais, apresentam um esforço em dias de mar e de pesca um pouco maior em relação ao Grupo 1, pois também utilizam regiões oceânicas e a Elevação de Rio Grande como áreas de pesca. Já o grupo 4 (dourado) apresentou um menor esforço em número de dias no mar, certamente influenciado pela autonomia das embarcações, estratégia de pesca e proximidade das áreas de concentração da espécie-alvo (Fig. 5).

40 40 Figura 5. Esforço total agrupado em dias de mar, dias de pesca e número de anzóis para cada um dos grupos da frota nacional de espinhel de superfície entre os anos de 2000 e G1: albacoras; G2: tubarão-azul; G3: meca; G4: dourado. Os esforços totais da frota em número de dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis utilizados em cada uma das pescarias entre os anos de 2000 e 2011, evidenciam momentos distintos de mudança de estratégia de operação e interesse da frota (Fig. 6). Para o Grupo 3 (meca) é possível observar um grande aumento no esforço em dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis no início da década (2000 a 2003), seguido de uma diminuição brusca nos anos seguintes (entre 2003 e 2005). A partir do ano de 2005 é possível visualizar a entrada de uma nova pescaria, direcionada à captura do dourado, que no início da série histórica tinha um esforço reduzido em relação aos demais grupos. A redução observada no esforço de pesca sobre a captura de meca (Grupo 3) resultou no desenvolvimento de outras pescarias (Fig. 6), sendo que a partir de 2005 as pescarias direcionadas à captura das albacoras (Grupo 1), tubarão-azul (Grupo 2) e dourado (Grupo 4) passaram a ser mais evidentes. Outro fator importante a ser observado é que, apesar de ter alto valor comercial, a pescaria direcionada às albacoras em momento algum concentrou maior interesse, em termos de esforço de pesca, desta frota. De uma maneira geral a pescaria de albacoras (Grupo 1) manteve-se em quarto lugar em uma escala de direcionamento de esforço da frota, ao contrário das

41 41 demais pescarias, que ao longo da série histórica revezavam-se na escala de atenção e direcionamento desta frota (Fig. 6). Figura 6. Esforço total em dias de mar, dias de pesca e número de anzóis para cada um dos grupos da frota nacional de espinhel de superfície entre 2000 e Interrupções das linhas indicam ausência de dados para o período. Elipses indicam períodos distintos de mudança de estratégia da frota. Grupos: 1 - albacoras; 2 - tubarão-azul; 3 - meca; 4 - dourado. Quanto ao tempo de imersão do petrecho (Fig. 7), para as pescarias direcionadas à captura das albacoras (Grupo 1), tubarão-azul (Grupo 2) e meca (Grupo 3) estabeleceuse um padrão de tempo médio de 12 h. Entretando, o Grupo 1 apresentou maior variação no tempo de imersão. Já o Grupo 4 (dourado), apesar dos dados mostrarem um certo padrão de 7,5 h de imersão, há uma variação grande devido às diferentes estratégias de operação adotadas pela frota.

42 42 Figura 7. Tempo de imersão (h) dos anzóis para cada um dos grupos da frota nacional de espinhel de superfície (2000 e 2011). 1: albacoras; 2: tubarão-azul; 3: meca; 4: dourado. Frota Estrangeira Arrendada A análise de agrupamento hierárquico mostrou a presença de três pescarias distintas (ANOSIM R = 0,6187, p = 0,0009; MRPP A = 0,2898, p = 0,0009; PERMANOVA F = 18636, GL=2, p = 0,0009; Índice de correlação cofenética = 0,647) para a frota que desembarcou em Santa Catarina entre os anos de 2003 e 2008 (Fig. 8). Estes grupos se formaram a partir das espécies e/ou grupos de espécies de maior interesse de cada embarcação, em cada viagem de pesca, sendo o Grupo 1 direcionado à captura da meca, com aproximadamente 68% da produção total do Grupo, o Grupo 2 direcionado para à captura do tubarão-azul, com cerca de 41% da produção total do Grupo, e o Grupo 3 voltado à captura das albacoras, com aproximadamente 50% da produção total do Grupo (Fig. 9).

43 43 Figura 8. Grupos formados pelas principais espécies desembarcadas por viagem na frota estrangeira arrendada de espinhel de superfície no estado de Santa Catarina entre os anos 2003 e Análise de agrupamento baseada no método de Ward e coeficiente de dissimilaridade euclidiano. Grupos: 1 - meca; 2 - tubarão-azul; 3 - albacoras. Figura 9. Proporção de captura desembarcada por espécie em cada um dos grupos identificados na análise de agrupamento. Grupos: 1 - meca; 2 - tubarão-azul; 3 - albacoras. Embora o número de cruzeiros monitorados nesta frota seja relativamente menor que os da frota nacional, os dados de distribuição espacial desta frota (Fig. 10) apresentam padrões distintos, indicando um maior uso de áreas mais oceânicas, como por exemplo a região da Cadeia de Vitória-Trindade, quando a estratégia de captura era direcionada à captura de meca (Fig Grupo 1). Já a pescaria direcionada ao tubarão-azul (Grupo

44 44 2) se concentrou nas áreas externas do talude continental e Elevação de Rio Grande (Fig Grupo 2). No caso da pescaria direcionada às albacoras (Grupo 3), o esforço foi direcionado somente sobre a quebra da plataforma continental, em frente aos estados de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS) (Fig Grupo 3). Em geral, as profundidades de atuação desta frota variaam entre 630 e 5300 m. Figura 10. Distribuição da densidade das áreas visitadas por cada um dos grupos da frota estrangeira arrendada de espinhel de superfície entre os anos de 2003 e As linhas representam as isóbatas de 1000, 2000, 3000 e 4000 m. Fonte de dados batimétricos ETOPO1, sediado nos servidores do NOAA e acessado pelo pacote marmap do R (Pante & Simon-Bouhet, 2013). Grupos: 1 - meca; 2 - tubarão-azul; 3 - albacoras.

45 45 Quanto ao esforço em dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis utilizados, não foi observado um padrão ao longo dos anos (Fig. 11), principalmente devido à variação no número de embarcações operando e flutuação na busca pelas espécies-alvo. Deve-se ressaltar que a variação no número de embarcações atuando nesta região ao longo dos anos está diretamente ligada à necessidade de autorização prévia do governo federal para pescarem. Além disso, no ano de 2008 somente uma embarcação operou na região, com um esforço em dias de mar, de pesca e número total de anzóis muito acima do realizado nos anos anteriores. Figura 11. Esforço total em dias de mar, dias de pesca e número de anzóis da frota estrangeira arrendada de espinhel de superfície, agrupados para cada um dos anos (2003 e 2008). Através das distribuições do esforço de pesca por pescaria (Grupos) (e.g. dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis utilizados), foi possível observar duas estratégias distintas nos padrões de operação da frota, sendo uma direcionada à captura da meca (Grupo 1), com esforço geral empregado relativamente maior do que as estratégias de operação adotadas para as demais pescarias (Grupos 2 e 3). No caso das pescarias direcinadas à captura do tubarão-azul (Grupo 2) e albacoras (Grupo 3), os padrões encontrados foram bastante similares (Fig. 12).

46 46 Figura 12. Esforço total agrupado em dias de mar, dias de pesca e número de anzóis para cada um dos grupos da frota estrangeira arrendada de espinhel de superfície entre os anos de 2003 e G1: meca; G2: tubarão-azul; G3: albacoras. Observando-se o esforço total desta frota em cada uma das pescarias (e.g. dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis utilizados), nota-se uma considerável flutuação ao longo dos anos (Fig. 13), possivelmente influenciada pela contínua entrada e saída de embarcações. O esforço em número total de anzóis está diretamente relacionado à estratégia adotada por cada uma das embarcações em suas distintas pescarias. Para o grupo 2 (tubarão-azul), entre os anos de 2003 e 2004 há uma diminuição no esforço em dias de mar e de pesca, porém há um aumento no esforço em número de anzóis utilizados. Este padrão segue até 2005, quando o número total de anzóis atinge seu pico. Apesar de ocorrer uma diminuição no número de embarcações, as que permaneceram operando aumentaram seu esforço em dias de mar, dias de pesca e número total de anzóis. Para o Grupo 1 (meca), inicialmente há um grande esforço em dias de mar (aproximadamente 65 dias) e de pesca (aproximadamente 55 dias). Posteriormente ocorre um aumento no esforço em dias de mar, com uma diminuição no esforço em dias de pesca e consequentemente no número de anzóis utilizados, decorrente da distância até as áreas de pesca (Arquipélago de Trindade e Martin Vaz). Entre os anos de 2005 e 2006 ocorre uma grande queda no esforço total. Entre 2006 e 2008 há um novo aumento no esforço em dias de mar e de pesca, acompanhado de novo aumento no esforço em

47 47 número total de anzóis. Para o Grupo 3 (albacoras), entre os anos de 2005 e 2006 observou-se certa estabilidade nos padrões de esforço em dias de mar e de pesca. Adicionalmente, foi possível evidenciar um aumento gradativo no esforço em número total de anzóis utilizados, característica esta que pode estar associada as altas taxas de captura obtidas para as espécies-alvo desta pescaria. Figura 13. Esforço total em dias de mar, dias de pesca e número de anzóis para cada um dos grupos da frota estrangeira arrendada de espinhel de superfície entre 2003 e Grupos - 1: meca; 2: tubarão-azul; 3: albacoras. Quanto ao tempo de imersão do petrecho ao longo dos anos (Fig. 14), os dados mostraram uma baixa variação em função da mudança de espécie-alvo. De uma maneira geral, o padrão de imersão dos anzóis oscilou entre 10 e 13 h.

48 48 Figura 14. Tempo de imersão (h) dos anzóis na água para cada um dos grupos da frota estrangeira arrendada de espinhel de superfície (2003 a 2008). 1: meca; 2: tubarão-azul; 3: albacoras. Discussão De acordo com Caddy e Griffiths (1996), a maior parte da produção pesqueira dos países se dá dentro das 200 milhas (mar territorial). Na região SE/S, as frotas de arrasto, cerco, covos, emalhe e espinhel são as maiores responsáveis pela atividade pesqueira industrial (Cergole et al., 2005). Ao longo de seu desenvolvimento, a frota nacional de espinhel pelágico utilizou diferentes áreas, variando entre a região nordeste e águas internacionais, porém sempre mantendo a região entre 20 S (Cadeia de Vitória-Trindade) e 35 S (Maldonado, Uruguai) como uma importante área de atuação (Menezes de Lima et al., 2000). Além disso, áreas oceânicas mais afastadas (e.g. Elevação de Rio Grande) são mais utilizadas durante os meses de verão, quando as condições oceanográficas são mais favoráveis (Mayer & Andrade, 2003; Giffoni et al., 2008; Mourato et al., 2011). De uma maneira geral, a frota nacional de espinhel de superfície baseada no porto de Itajaí-SC utiliza toda a região SE/S como principal área de pesca. A composição das espécies desembarcadas pela frota nacional ao longo do período corrobora outros estudos realizados na região (Menezes de Lima et al., 2000; Schwingel

49 49 & Mazzoleni, 2004; Sales et al., 2010; Mourato et al., 2011). Esta composição reflete o interesse por determinada espécie-alvo de cada uma das embarcações, em cada uma das viagens de pesca. Os grupos 1 (albacoras), 2 (tubarão-azul) e 3 (meca) são desembarcados basicamente pelas mesmas embarcações, que alteram suas estratégias de captura e áreas de pesca de acordo com a disponibilidade do recurso e o valor de mercado (nacional e internacional) de cada espécie (Menezes de Lima et al., 2000; Hazin et al., 2007). Já para o grupo 4 (dourado), uma frota completamente distinta se desloca da região de Itaipava-ES durante os meses de verão para operar no porto de Itajaí (Dallagnolo & Andrade, 2008). Estes mesmos autores relataram que, já no ano de 2005 esta frota era responsável por 70% de todo dourado descarregado, ocorrendo aproximadamente 96% desta descarga num período de três meses (dezembro, janeiro e fevereiro). Para a frota estrangeira arrendada, apesar do número menor de embarcações e viagens monitoradas, fica evidente a concentração maior do esforço em determinadas regiões. O grupo 1 (meca) operou basicamente sobre a Cadeia de Vitória-Trindade e refere-se a uma única viagem realizada por uma embarcação no ano de 2008, somando 104 dias de pesca. Por este grande esforço, a análise de agrupamento separou um grupo específico para esta espécie. A região da Cadeia de Vitória-Trindade é uma importante área de pesca de espinhel, sendo constantemente relatada a presença de embarcações estrangeiras legalizadas e clandestinas (Wu & Yeh, 2001; Pinheiro et al., 2010). Para o grupo 2 (tubarão-azul), ocorre uma sobreposição com a área utilizada pela frota nacional, porém o esforço é mais concentrado na região de quebra da plataforma continental em frente aos estados de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). De acordo com Mayer e Andrade (2005) esta região apresenta altas taxas de captura durante o ano, o que, somado ao valor agregado pelo comércio de barbatanas compensa os valores de mercado inferiores aos da meca e albacoras. Para o grupo 3 (albacoras) há uma sobreposição de área com o grupo 2 (tubarão-azul), porém com um esforço consideravelmente menor. Isso indica que, ao operar no SE/S do Brasil esta frota não direciona fortemente seu objetivo de captura para as albacoras. Uma maior concentração de esforço sobre as albacoras é observada na região nordeste, entre as latitudes 1 N e 20 S (Hazin et al., 2007b). No Brasil, historicamente a frota estrangeira arrendada tem contribuído com o aumento das capturas históricas de atuns e afins, garantindo junto à ICCAT - International Comission for the Conservation of Atlantic Tunas - a permanência ou aumento das

50 50 cotas de captura definidas para cada país signatário. Isto justifica o fato da maioria das embarcações arrendadas operarem na região nordeste (Uozumi & Nakano, 1994; Teixeira et al., 2002), considerada rica na ótica qualitativa de seus recursos, como atuns, pargos e lagostas (Wu & Yeh, 2001; Rocha et al., 2001). A parte da frota arrendada que pesca na região SE/S do país tem como objetivo principal capturar meca e tubarão-azul, justamente pelo seu alto valor de comércio internacional e valor agregado das barbatanas (Amorim & Arfelli, 1984). Segundo Carvalho et al. (2010), a frota nacional tem, desde o ano de 2001, assimilado progressivamente a tecnologia para a captura da meca, o que, aliada às boas condições de mercado (nacional e internacional) servem de estímulo extra ao direcionamento da frota para a captura desta espécie. Neste sentido, a participação da frota estrangeira arrendada teve fundamental importância tanto na expansão de quotas de captura junto à ICCAT, como no desenvolvimento da frota nacional. Em cada um dos grupos formados para a frota nacional e estrangeira arrendada também ocorre a captura das demais espécies. Estudos evidenciam fortes correlações entre as capturas de meca com tubarão-azul, e albacoras com tubarão-azul, provavelmente por estas espécies possuírem similaridades nos hábitos alimentares e no uso do hábitat (Carvalho et al., 2010; Mourato et al., 2011). Para o grupo 4 (dourado) da frota nacional, devido às estratégias empregadas (e.g. pequena profundidade de submersão do anzol - Campos et al., 1993), ocorre um elevado grau de especialização, resultando numa captura quase monoespecífica (Dallagnolo & Andrade, 2008). Essa monoespecificidade não é evidenciada nos trabalhos de monitoramento realizados no porto de Itaipava, onde ocorre uma alta variação no número de espécies desembarcadas (Klippel et al., 2005; Martins et al., 2005; Bugoni et al., 2008), decorrente da utilização de diferentes estratégias de pesca (e.g. espinhel de fundo, espinhel de superfície para meca, linha de mão etc). Os dados, agrupados de esforço em dias de mar e dias de pesca da frota nacional mostram que, apesar de haver um aumento entre 2000 e 2002, há uma diminuição e posteriormente a manutenção de um padrão nos anos seguintes, corroborando com os dados obtidos por Mayer & Andrade (2003). Em relação ao esforço em número total de anzóis, ocorre uma flutuação ao longo dos anos, relacionada à entrada e saída de embarcações em cada um dos anos, corroborando com Menezes de Lima et al. (2000) em um trabalho de monitoramento do esforço da frota de espinhel entre os anos de 1972 e Para o porto de Itajaí, os dados confirmam o encontrado por

51 51 UNIVALI/CTTMar (2010), onde há uma estabilidade no esforço entre os anos de 2000 e 2005, com um posterior aumento até o ano de Para a frota estrangeira arrendada, a variação no esforço é explicada pela flutuação do número de embarcações que operaram na região durante o período de estudo. Menezes de Lima et al. (2000) relataram esta flutuação como responsável pela variação do esforço total nas décadas de 80 e 90, estando associada ao baixo interesse das empresas da região em entrarem com processos de arrendamento junto ao Governo Federal, já que os custos deste arrendamento são elevados (Teixeira et al., 2002). O esforço da frota nacional mostra que ocorrem diferenças entre os 4 grupos. A principal delas diz respeito ao esforço em dias de mar, que está diretamente relacionado à área de pesca utilizada e autonomia das embarcações. Pelo fato do grupo 4 (dourado) pescar em áreas mais próximas à costa (Dallagnolo & Andrade, 2005; Martins & Doxsey, 2006) e também pelo menor porte das embarcações (Martins et al., 2005), ocorre um menor esforço em dias de mar. Porém, seu esforço em número total de anzóis é similar aos outros grupos, certamente devido à estratégia adotada pela frota de realizar mais de um lançamento no mesmo dia (Dallagnolo & Andrade, 2005; Bugoni et al., 2008). A similaridade no esforço entre os grupos 2 (tubarão-azul) e 3 (albacoras) da frota estrangeira arrendada é explicada pela atuação das embarcações em uma mesma área de pesca. O grupo 1 (meca), por operar mais distante da costa (Cadeia de Vitória- Trindade), teve um esforço maior. A atuação deste grupo na região do Arquipélago de Trindade e Martin Vaz pode ser explicada pela ocorrência de indivíduos maturos de meca (Hazin & Herzini, 2008), que estão nesta região devido às altas concentrações de alimento (Zavala-Camim, 1982), o que garante os rendimentos da viagem apesar do aumento do tempo e custos das viagens. A flutuação do esforço da frota nacional ao longo dos anos reflete a dinâmica de funcionamento desta atividade. Os grupos 1 (albacoras), 2 (tubarão-azul) e 3 (meca) operam durante o ano todo, porém com variações significativas (UNIVALI/CTTMAR, 2010), decorrentes das flutuações do mercado nacional e internacional (Hazin et al., 2007). No grupo 4 (dourado), que opera principalmente durante os meses de verão (Dallagnolo & Andrade, 2008), ocorre um aumento gradativo no esforço a partir do ano de 2001, estando relacionado à migração de embarcações para outras modalidades, ocasionada pelo colapso das pescarias de camarão e peroá (Balistes capriscus) na costa do Espírito Santo (Martins & Doxsey, 2006). Para a frota estrangeira arrendada a flutuação do esforço está diretamente relacionada á entrada e saída de embarcações da

52 52 região. Além disso, muitas embarcações fizeram inicialmente uma prospecção dos recursos pelágicos como forma de avaliar a viabilidade de operação. O tempo de imersão do petrecho é uma variável importante para o espinhel de superfície pois afeta diretamente a eficiência de captura. Com o passar do tempo ocorre a saturação do aparelho, seja pela perda de isca, redução do poder de atração desta, ou aumento da possibilidade de escape dos peixes capturados (Løkkeborg, 1990; Ward & Myers, 2007). Para a frota nacional, o tempo médio de imersão para os grupos 1 (albacoras), 2 (tubarão-azul) e 3 (meca) é de aproximadamente 12 h. Porém, quando a frota está buscando albacoras ocorre uma variação maior deste tempo (3-15 h), o que certamente está relacionado ao comércio crescente de atuns frescos. Bigelow et al. (2006), num estudo também realizado no Hawai, mostraram que o tempo de imersão do petrecho é maior quando as embarcações visam capturar meca (entre 11 e 28 h), e albacoras (entre 13 e 31 h). Um estudo realizado com a frota espinheleira sediada no estado de São Paulo, encontrou um tempo de imersão médio de 20 h (Mourato et al., 2011), ou seja, muito acima do encontrado neste estudo. Esta diferença está relacionada às diferentes estratégias adotadas pelas duas frotas (SP e SC) para a captura dos mesmos recursos. Para o grupo 4 (dourado) o tempo médio de imersão do petrecho foi de 7,5 h, diferente do encontrado por Dallagnolo e Andrade (2008), cujo tempo médio foi de 9,4 h. Esta diferença pode ser explicada tanto por alterações na estratégia de pesca, onde se realizam vários lances de pesca num mesmo dia, como pela grande variação do tempo de imersão do petrecho adotado pela frota, que muitas vezes opera no sistema de visita, permanecendo com o petrecho na água por várias horas e onde a tripulação vistoria a linha de pesca sem recolher o petrecho da água. Para a frota estrangeira arrendada o padrão de tempo ficou entre 10 e 13 h. Diferentes estudos ao redor do mundo relataram grande variabilidade do tempo de imersão dos anzóis, variando entre 3 e 22 h (Løkkeborg & Pina, 1997; Donoso & Duton, 2010; Carruthers et al., 2011). Contudo, o presente estudo mostrou uma pequena variação no tempo de imersão, revelando que esta frota, ao atuar na região, possui estratégias de captura bem definidas. Apesar de ocorrer uma sobreposição das áreas de pesca para as frotas nacional e estrangeira arrendada, particularidades na estratégia de pesca, o uso de determinadas regiões, e a tecnologia empregada as tornam distintas. Atualmente, a frota nacional já agregou o conhecimento necessário (tecnológico e de comportamento das espécies) para obter elevados rendimentos nas diferentes épocas do ano. Apesar disso, estudos sobre a

53 53 biologia das espécies são necessários para auxiliar na gestão destes recursos e garantir a manutenção da atividade. Referências AMORIM, A. F.; ARFELLI, C. A Estudo biológico-pesqueiro do espadarte, Xiphias gladius Linnaeus, 1758, no sudeste e sul do Brasil (1971 a 1981). Bol. Inst. Pesca, 11, p AMORIM, A. F.; ARFELLI, C. A.; BACILIERI, S Shark data from Santos longliners fishery off southern Brazil ( ). Col. Vol. Sci. Pap., ICCAT, 54, p ANDERSON, M. J A new method for non-parametric multivariate analysis of variance. Austral Ecol., 26: ANDRADE, H. A Estrutura do setor industrial pesqueiro no estado de Santa Catarina. Notas Téc. FACIMAR, 2, p BIGELOW, K.; MUSYL, M. K.; POISSON, F.; KLEIBER, P Pelagic longline gear depth and shoaling. Fish. Res., 77, p BORCARD, D.; GILLET, F.; LEGENDRE, P Numerical Ecology with R. Use R!. Springer, New York, 301 p. BROTHERS, N. P.; LØKKEBORG, S The incidental catch of seabirds by longline fisheries: worldwide review and technical guidelines for mitigation. FAO Fisheries Circular 937, FAO, Rome. BUGONI, L.; NEVES, T. S.; LEITE JR, N. O; CARVALHO, D.; SALES, G.; FURNESS, R. W.; STEIN, C. E.; PEPPES, F. V.; GIFFONI, B. B.; MONTEIRO, D. S Potential bycatch of seabirds and turtles in hook-and-line fisheries of the Itaipava Fleet, Brazil. Fish. Res., 90, p CADDY, J. F.; GRIFFITHS, R. C Recursos marinos vivos y su desarrollo sostenible: perspectivas institucionales y medio ambientales. Roma: FAO, 191 p. CAMPOS, J. A.; SEGURA, A.; LIZANO, O.; MADRIGAL, E Ecología básica de Coryphaena hippurus (Pisces: Coryphaenidae) y abundancia de otros grandes pelágicos en el Pacífico de Costa Rica. Rev. Biol. Trop., San José, 41, p CAMPOS, E. J. D.; VELHOTE, D.; SILVEIRA, I. C Shelf break upwelling driven by Brazil current cyclonic meanders. Geophys. Res. Lett., 27, p CARRUTHERS, E. H.; NEILSON, J. D.; SMITH, S. C Overlooked bycatch mitigation opportunities in pelagic longline fisheries: soak time and temperature effects on swordfish (Xiphias gladius) and blue shark (Prionace glauca) catch. Fish. Res., 108, p CARVALHO, F.; MURIE, D.; HAZIN, F. H. V.; HAZIN, H.; LEITE-MOURATO, B.; TRAVASSOS, P.; BURGESS, G Catch rates and size composition of blue sharks

54 54 (Prionace glauca) caught by the Brazilian pelagic longline fleet in the southwestern Atlantic Ocean. Aquat. Living Resour., 23, p CERGOLE, M. C.; AVILA-DA-SILVA, A. O.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. D. B Analise das principais pescarias comerciais da regiao sudeste-sul do Brasil: Dinâmica populacional das espécies em explotação. Instituto Oceanográfico. Série Documentos REVIZEE SCORE SUL. São Paulo. CIRANO, M.; MATA, M. M.; CAMPOS, E. J. D.; DEIRÓ, N. F. R A circulação oceânica de larga-escala na região oeste do Atlântico sul com base no modelo de circulação global OCCAM. Ver. Bras. Geof., 24, p CLARKE, K. R Non-parametric multivariate analysis of changes in community structure. Aust. J. Ecol., 18, p DALLAGNOLO, R.; ANDRADE, H. A Observações a respeito da pescaria sazonal de dourado (Coryphaena hippurus) com espinhel de superfície no sul do Brasil. B. Inst. Pesca, São Paulo, 34, p DIAS NETO, J Pesca no Brasil e seus aspectos institucionais um registro para o futuro. Rev. CEPSUL Biodiversidade e Conservação Marinha, 1, p DONOSO, M.; DUTTON, P. H Sea turtle bycatch in the Chilean pelagic longline fishery in the southeastern Pacific: opportunities for conservation. Biol. Conserv., 143, p EVANGELISTA, J. E. V.; OLIVEIRA, G. M.; VASCONCELOS, J. A Evolução da pesca de atuns no nordeste do Brasil. Bol. Téc. Cient. CEPENE, 6, p GIFFONI, B.; DOMINGO, A.; SALES, G.; FIEDLER, F. N.; MILLER, P Interacción de tortugas marinas (Caretta caretta y Dermochelys coriacea) con la pesca de palangre pelágico en el atlántico sudoccidental: una perspectiva regional para la conservación. SCRS/2007/168 Col. Vol. Sci. Pap., ICCAT, 62, p HAIMOVICI, M Recursos pesqueiros demersais da região sul: avaliação do potencial sustentável de recursos vivos da zona econômica exclusiva (REVIZEE). Rio de Janeiro, FEMAR, p. 81. HAIR, J. F Análise multivariada de dados. Trad. Adonai S. Sant Anna e Anselmo C. Neto. 5 ed. Porto Alegre: Bookman. HAZIN, F. H. V A pesca na zona econômica exclusiva, ZEE: sua importância para o Brasil. Rev. Bras. Eng. Pesca, 1, p HAZIN, H. G.; HAZIN, F. H. V.; TRAVASSOS, P.; CARVALHO, F. C.; ERZINI, K. 2007a. Fishing strategy and target species of the Brazilian tuna longline fishery, from 1978 to 2005, inferred from cluster analysis. Col. Vol. Sci. Pap., ICCAT, 60, p HAZIN, H. G.; HAZIN, F. H. V.; TRAVASSOS, P.; CARVALHO, F. C.; ERZINI, K. 2007b. Standardization of swordfish CPUE series caught by Brazilian longliners in the Atlantic Ocean, by GLM, using the targeting strategy inferred by cluster analysis. Col. Vol. Sci. Pap., ICCAT, 60, p

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58 58 CAPÍTULO 2 CARACTERIZAÇÃO DAS FROTAS NACIONAL E ESTRANGEIRA ARRENDADA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL ENTRE OS ANOS DE 2003 E 2014.

59 59 Resumo A região pelágica do Oceano Atlântico Sul caracteriza-se como uma importante área para a pescaria de espinhel de superfície. O Brasil ocupa uma região estratégica para a atuação desta modalidade no âmbito da Comissão Internacional para Conservação do Atuns do Atlântico - ICCAT. Para que o país atingisse as cotas estabelecidas por esta organização, o governo brasileiro fortaleceu sua política de arrendamento de embarcações estrangeiras, que, além de auxiliarem no cumprimento das cotas, promoveria transferência tecnológica para os pescadores brasileiros. O conhecimento das características físicas das embarcações, da tecnologia empregada nos petrechos, bem como das estratégias utilizadas pelos mestres é de suma importância para o ordenamento desta atividade. No presente estudo foram caracterizadas embarcações de espinhel de superfície da frota nacional e estrangeira arrendada operantes no porto de Itajaí/SC entre os anos de 2003 e Os resultados indicam que estas duas frotas são bastante distintas em relação ao tamanho das embarcações, potência de motor, capacidade de porão, comprimento da linha madre e secundária, porém muito similares em relação ao comprimento do fio de aço estropo. Apesar desta diferença tecnológica, as estratégias adotadas pelos mestres são fundamentais para obtenção de melhores rendimentos por viagem. A habilidade adquirida ao longo dos anos em entender o comportamento das espécies-alvo, além da habilidade adaptativa relacionada ao uso do petrecho e alteração das estratégias de pesca muitas vezes compensam a falta de tecnologia de ponta, principalmente para a frota nacional. Palavras-chave: espinhel de superfície, frota nacional e estrangeira, dinâmica das frotas, caracterização física das embarcações, estratégias de pesca. Abstract The pelagic region of the South Atlantic Ocean is characterized as an important area for pelagic longline fishery. Brazil is a strategic region for the performance of this modality in International Commisson for the Conservation of Atlantic tunas - ICCAT. For the country to reach the quotas established by this RFO, the Brazilian government strengthened its leased policy of foreign vessels, which, in addition to helping in meeting the quotas, promote technology transfer to Brazilian fishermen. Knowledge of vessel characteristics, the technology used in equipment, as well as the strategies used by skippers is important for the management/planning of this activity. The present study characterized the vessels holding national and foreign fleet operative in the port of Itajaí/SC between 2003 and The results indicate that these two fleets are very different in relation to the size of vessels, engine power, capacity of cargo hold, length of the main and secondary lines, but very similar to the length of steel wire. Although this technology gap, the strategies adopted by skippers are critical to achieve better yields per trip. The skill acquired over the years in understanding the behavior of the target species, in addition to the adaptive ability related to the use of equipment and change of fishing strategies often compensate for the lack of technology, mainly for national fleet. Keywords: pelagic longline, national and foreigner fleet, fleet dynamics, physical characterization of vessels, fishing strategies.

60 60 Introdução A zona pelágica do Oceano Atlântico Sul Ocidental caracteriza-se pela presença de processos circulatórios (i.e convergência subtropical) de grande importância ecológica e econômica (Campos et al., 2000). Os processos oceanográficos são complexos, com as águas quentes, de alta salinidade e oligotróficas provindas da Corrente do Brasil encontrando as águas da Corrente das Malvinas/Falkland, mais frias, com baixa salinidade e ricas em nutrientes (Olson et al., 1998; Seeliger et al., 1998; Cirano et al., 2006). Esta mistura caracteriza a região como uma zona de transição biogeográfica (Sharp, 1988) entre as grandes áreas neríticas da Patagônia e Brasil tropical (Stramma & England, 1999), e desempenha papel fundamental nos processos físicos e bióticos (Campos et al., 2000), possibilitando a manutenção de importantes estoques pesqueiros e uma quantidade considerável de predadores de topo (Seeliger et al., 1998). A pescaria de espinhel de superfície possui grande importância econômica em todo o mundo, principalmente por capturar espécies com alto valor de mercado (Evangelista et al., 1998; Hazin, 2006), seja pelo comércio da carne, ou pelo alto valor obtido na venda das barbatanas de tubarões (Mazzoleni & Schwingel, 1999; Quaggio et al., 2008). No Brasil esta pescaria já está estabelecida, inicialmente com grande importância da frota estrangeira arrendada - EA e atualmente com a frota nacional NC dominando a tecnologia e as estratégias para captura das principais espécies (e.g. albacoras - Thunnus alalunga, T. obesus, T. albacares; meca - Xiphias gladius; e tubarão-azul - Prionace glauca) (Brothers et al., 1999; Watson & Kerstetter, 2006). Na região sudeste e sul - SE/S os principais portos pesqueiros são Itaipava/ES, Santos/SP, Itajaí/SC e Rio Grande/RS (Sales et al., 2008), de onde operam historicamente embarcações NC e EA (Meneses de Lima et al., 2000). Em Itajaí, principal porto pesqueiro do SE/S, a pescaria de espinhel, após um período sendo realizada somente pela frota EA (mais detalhes em Meneses de Lima et al., 2000), começou, a partir do ano de 1996, a ser operada também por embarcações nacionais. Esta variabilidade continuou ocorrendo até o ano de 2009, quando o último barco estrangeiro deixou de operar neste porto. Atualmente somente embarcações da frota NC estão em atividade no porto de Itajaí, ocorrendo uma variação em seu número ao longo dos anos, sendo registradas 118 embarcações entre 2010 e 2014 (Projeto TAMAR, banco de dados), que alteram suas estratégias de captura ao longo do ano ou mesmo migram para outra modalidade de pesca de acordo com a disponibilidade das espécies-alvo e demanda do mercado interno e externo (Fiedler et

61 61 al., 2015). No início do verão (novembro - janeiro) há um incremento pela chegada de embarcações originárias do porto de Itaipava para atuarem na safra do dourado - Coryphaena hippurus (Dallagnolo & Andrade, 2008; Fiedler et al., 2015). Por se tratar de uma atividade relativamente nova na região, poucos estudos foram realizados especificamente com essa modalidade. O conhecimento das características físicas e operacionais das embarcações torna-se fundamental para análises mais precisas acerca do impacto causado sobre as comunidades pelágicas (e.g. espécies-alvo e capturas incidentais), auxiliando na elaboração de medidas de ordenamento que garantam a manutenção das populações das espécies pelágicas e da atividade pesqueira. Por conta disso, o presente estudo tem como objetivo caracterizar a atividade pesqueira de espinhel de superfície das frotas NC e EA operantes no porto de Itajaí entre os anos de 2003 e 2014, em relação às características físicas das embarcações e dos petrechos, distribuição temporal e aspectos organizacionais. Material e Métodos As informações utilizadas no presente estudo foram obtidas em dois programas de monitoramento distintos, sendo o primeiro relacionado à frota EA e que foi conduzido dentro do Programa de Observadores de Bordo - PROA, da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, no âmbito de convênios técnicos científicos celebrados com o Governo Federal. O segundo, específico para a frota nacional, provém dos dados de monitoramento realizado pelo Projeto TAMAR-ICMBio, dentro do Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca. Os dados de 58 embarcações da frota NC e sete embarcações da frota EA direcionadas à captura de tubarões, meca e albacoras foram considerados no presente estudo. Estes dados foram organizados em duas matrizes considerando ambos os estratos de frotas (i.e. NC e EA), contendo as seguintes informações: 1) caracterização da embarcação: material do casco, comprimento total, capacidade do porão, potência do motor, conservação do pescado; 2) caracterização do petrecho: tipo de espinhel (contínuo ou segmentado), hora inicial e final do lançamento e recolhimento, material da linha madre e da linha secundária, espessura da linha madre e da linha secundária, comprimento mínimo e máximo da linha madre (em milhas náuticas), comprimento da linha secundária, utilização de fio de aço (estropo), comprimento do estropo, tipo de anzol, quantidade mínima e máxima de anzóis utilizados, número de anzóis entre bóias, tipo e

62 62 quantidade mínima e máxima de bóias bala, balão e rádio, comprimento dos cabos de bóia bala, balão e rádio, tipo de isca, uso e cor do lightstick; profundidade mínima e máxima; 3) distribuição temporal (somente frota nacional): meses que realizam esta pescaria, pescaria associada, meses que realizam esta pescaria associada; e 4) aspectos organizacionais: organização dos pescadores em sindicatos ou associações (somente frota nacional), número de tripulantes, porto de origem, portos de desembarque e dias de mar. Com base nestas matrizes, inicialmente foi realizada uma análise descritiva para cada frota. Num segundo momento buscou-se identificar diferenças de algumas características principais entre as duas frotas, sendo: 1) comprimento da embarcação; 2) potência do motor; 3) capacidade do porão; 4) comprimento mínimo e máximo do espinhel; 5) comprimento da linha secundária; e 6) comprimento do fio de aço (estropo). Quando os pressupostos estatísticos foram satisfeitos, as diferenças foram testadas utilizando a ANOVA de uma via. No caso dos pressupostos não serem atendidos foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis (teste post hoc Student Newman- Keuls) (Zar, 2010). Posteriormente foi realizada uma análise de correlação de Pearson das seguintes características para cada uma das frotas: 1) potência do motor x comprimento da embarcação; 2) capacidade do porão x comprimento da embarcação; e 3) capacidade do porão x potência do motor. Nesta análise assumiu-se uma classificação de correlação definida por Dancey e Reidy (2006), a saber: r entre 0,10 e 0,30 - fraca correlação; r entre 0,40 e 0,60 - moderada correlação; r entre 0,70 e 1 - forte correlação. Quanto mais próximo de 1 maior é o grau de dependência estatística linear entre as variáveis. Resultados e Discussão Para a frota NC, 83% das embarcações são construídas em madeira, enquanto 17% são de metal (Tabela 1). Já para a frota EA 100% das embarcações são construídas em aço. É importante ressaltar que este expressivo número de embarcações nacionais de madeira está principalmente relacionado à presença da frota de Itaipava (mais informações veja Guesse et al., 2013) e ao aproveitamento de embarcações antigas de outras modalidades de pesca, adaptadas para operarem com espinhel de superfície, conforme registrado por Andrade (1998a) para o mesmo porto. Segundo Oliveira (2009), o Brasil ainda utiliza a

63 63 madeira como principal produto para fabricação de suas embarcações, mesmo havendo em alguns períodos da história incentivo para a construção de embarcações de metal. De acordo com Beverly (1996), as embarcações de aço levam vantagem sobre as demais por serem de fácil fabricação e reparo, além de suportarem melhor colisões com o fundo, outras embarcações ou píeres de atracação. Em relação ao tipo de espinhel utilizado, 100% das embarcações NC trabalham com o espinhel contínuo, onde a linha madre é lançada a partir de um carretel único. Este sistema é mundialmente conhecido com americano (Domingo et al., 2014). Já para a frota EA, das sete embarcações, três trabalham com espinhel americano, duas com espinhel segmentado, onde o lançamento é realizado em parcelas e sacos são utilizados para acondicionar segmentos de linhas madre que são unidas no momento do lançamento, sendo este sistema mundialmente conhecido como espanhol (Domingo et al., 2014); e duas alternam sua forma de pescar entre americano e espanhol. Esta alternância provavelmente acontece por estas embarcações, de procedência chinesa, operarem inicialmente com espinhel espanhol e que a partir da avaliação das capturas obtidas pela frota NC passaram a adotar também o modelo americano. Quanto ao tipo de material da linha madre, todas as 58 embarcações da frota NC utilizam nylon monofilamento, sendo que 24 (41%) com espessura de 3,6 mm, e 16 (27,5%) com espessura de 4,0 mm. Para a frota EA, seis embarcações utilizam nylon monofilamento e somente uma utiliza nylon multifilamento. Para as primeiras, a espessura mais utilizada é 3,0, 3,5 e 3,6 mm. Já a única embarcação que utiliza nylon multifilamento opera com uma espessura de 8 mm. De acordo com Amorim & Arfelli (1984), o nylon multifilamento foi utilizado desde o início da pescaria de espinhel no Brasil. Somente a partir de 1994, com o direcionamento da frota para captura de meca, a linha foi substituida por nylon monofilamento, permanecendo assim até os dias de hoje. Segundo Hazin (2006), a disseminação do espinhel monofilamento ocorreu princialmente pelas boas condições do mercado internacional de meca, que estimulou os armadores brasileiros a utilizar esta tecnologia. Chama atenção a diversidade de anzóis utilizados pelas frotas. Para as embarcações NC são utilizados anzóis do tipo jota, circular e tuna hook, sendo o jota com tamanho 9/0 o mais comum (58%). Para as embarcações EA são utilizados anzóis jota e tuna hook, sendo o jota com tamanho 9/0 o mais usado (44%). Vega e Licandeo (2009) também relatam uma maior utilização do anzol 9/0 para a frota de espinhel modelo americano para captura de meca do Pacífico Sul. Da mesma forma, Domingo et al. (2012)

64 64 registraram este mesmo tipo de anzol como o principal utilizado pela frota uruguaia. No Brasil não há uma legislação que regulamente o tipo de anzol para esta pescaria, porém, atualmente está em curso a elaboração de uma normativa que inclui os tipos de anzóis permitidos para a frota operante no país. Já nos Estados Unidos, onde uma importante área de pesca no arquipélago havaiano ficou fechada durante 4 anos por conta das altas taxas de captura de tartarugas marinhas, esta foi reaberta com algumas condicionantes, entre elas a obrigatoriedade da utilização do anzol circular 18/0 (Pradhan & Leung, 2006). Estudos mostram que a utilização deste anzol diminui a captura incidental e aumenta o tempo de sobrevivência pós-captura das espécies-alvo (Horodysky & Graves, 2005; Watson et al., 2005; Kerstetter & Graves, 2006; Read, 2007; Sales et al., 2010), melhorando seu valor de mercado (Watson et al., 2005). A quantidade de anzóis utilizada por lançamento também varia consideravelmente para ambas as frotas. Porém, para a frota NC esta variação é maior, decorrente da atuação das embarcações de Itaipava, que muitas vezes realizam mais de um lançamento durante o dia, conforme relatado por Dallagnolo e Andrade (2008). Além disso, muitos mestres optam por lançamentos com um número menor de anzóis ao serem informados sobre alterações das condições oceanográficas (e.g. entrada de uma frente fria), agilizando o processo de lançamento e recolhimento e não perdendo o dia de pesca. Para a frota EA a maior parte dos lances monitorados foi realizado com o número total de anzóis. Isto acontece pois estas embarcações possuem maior tamanho, o que as faz suportarem melhor as bruscas alterações do tempo e conseguindo operar mesmo sob condições de mar mais difíceis. O número de anzóis entre bóias (samburá) é praticamente idêntico para as duas frotas. Para a frota NC o mais comum é utilizar cinco anzóis, representando 71% da amostra. Para a frota EA são mais utilizados samburás com quatro e cinco anzóis (44%). De acordo com Rice (2008), há uma relação direta entre o número de anzóis no samburá e a estratégia de pesca adotada. Segundo este autor, quando o objetivo é capturar espécies que ficam entre os 150 m e a superfície se utiliza até no máximo sete anzóis no samburá. Quando se busca espécies em áreas mais profundas da coluna d água (entre 150 e 300 m) se utiliza mais que sete anzóis. Esta estratégia é confirmada por Araújo et al. (2013) para a frota japonesa que operou no nordeste brasileiro na captura de albacoras, onde se utilizou em média 18 anzóis por samburá. Alguns estudos mostraram uma diminuição significativa nas capturas de tubarões quando os anzóis operam abaixo dos 100m de profundidade (Rey & Muñoz-Chapuli, 1991; Galeana-Villasenor et al.,

65 ; Walsh et al., 2009), justificando porque a frota NC opera normalmente entre a superfície e os 100 m, já que os tubarões, em especial o tubarão-azul, são espécies de fundamental importância para esta frota. Quando o assunto é a utilização de boias rádio, balão e bala, a quantidade está relacionada ao número de anzóis que o mestre pretende utilizar em cada lance de pesca. Além disso, também depende da profundidade em que o mestre resolve operar com o petrecho, fazendo com que sejam utilizadas um número menor de bóias quando os petrechos operam em profundidades maiores. O tipo de isca escolhido pelas embarcações leva em consideração alguns fatores como oferta, preço de mercado e estratégia de captura definida pelo mestre da embarcação, já que cada isca tem um poder de atração distinto para cada espécie de peixe. É bastante usual os mestres realizarem uma associação de diferentes iscas num mesmo lance, aumentando as chances de diversificar as espécies capturadas (Carruthers et al., 2011). De uma maneira geral as duas frotas utilizam as mesmas espécies como isca, sendo que a frota NC utiliza preferencialmente cavalinha - Scomber japonicus (33%), lula - Illex spp. (24%) e sardinha - Sardinela brasiliensis (17%), enquanto a frota EA utiliza lula (44%) e cavalinha (33%). Estes dados diferem dos encontrados por Kotas et al. (2005), que registraram somente a utilização de lula para este mesmo porto. A utilização desta espécie como isca fez parte do processo de adaptação da frota nacional para a pescaria direcionada à meca no início da década de 1980 (Meneses de Lima et al., 2000). É bem provável que a utilização de diferentes tipos de isca nestes últimos anos seja uma estratégia dos armadores tanto para reduzir os custos operacionais, como para diversificar a composição de captura de suas embarcarções, maximizando seus lucros. Em relação ao uso de atratores luminosos (lighstick) 81% das embarcações NC e 78% das embarcações EA utilizam este material. Apesar das duas frotas utilizarem atratores químicos e eletrônicos, a preferência de ambas é pelo atrator químico de cor verde (92% frota NC e 56% frota EA). Poisson et al. (2010) encontraram, para a pescaria de espinhel das Ilhas Reunião, uma pequena influência significativa do uso do atrator luminoso cor verde nas capturas de meca e albacoras. Segundo Fritches et al. (2005) isso ocorre porque estas espécies possuem olhos sensíveis a comprimentos de onda na cor azul e verde. Já Hazin et al. (2005), em um estudo realizado no nordeste brasileiro, também encontraram maiores capturas de meca com o uso do atrator luminoso verde. Estes mesmos autores ainda comentam que mais estudos devem ser realizados para saber se é o atrator luminoso que atrai diretamente a meca, ou se atrai primeiramente

66 66 outras espécies (e.g. lulas ou pequenos peixes), que são as presas da meca. Onze embarcações da frota NC afirmaram não utilizar nenhum dispositivo, exceto a isca, para atrair as espécies-alvo, sendo todas direcionadas à captura de dourado ou albacoras, realizando seus lances de pesca normalmente durante o dia, corroborando com outros estudos (Dallagnolo & Andrade, 2008; Bugoni et al., 2008; Foster et al., 2015). A profundidade de atuação das duas frotas também é bastante similar, apesar da profundidade mínima da frota EA ser um pouco maior que a da frota NC (EA=170m; NC=100 m) as duas atuam praticamente sobre o mesmo estrato de coluna d água, diferenciando somente a profundidade de operação do petrecho, que está relacionada à estratégia de captura adotada. Isso em parte indica que a frota EA, quando estava operando nesta região, na maioria das vezes não tinha a estratégia de captura direcionada às albacoras, que são pescadas em áreas da coluna d água mais profundas, conforme relatado em diferentes estudos (Hampton et al., 1998; Bigelow et al., 2006; Kanaiwa et al., 2008; Fiedler et al., 2015). Quanto aos meses que realizam a pescaria de espinhel de superfície, somente a frota NC é quem muda de modalidade em diferentes épocas do ano, enquanto a frota EA opera no país com objetivos e licenças específicas. Estas alterações na frota NC estão associadas a dois fatores: (a) Atuação da frota de Itaipava na safra do dourado durante os meses de verão, sendo que muitas destas embarcações permanecem operando posteriormente no porto de Itajaí, realizando outras modalidades de pesca (i.e. linha de mão, espinhel para meca e espinhel de fundo); (b) As embarcações registradas no porto de Itajaí realizam a pescaria de cardume associado, modalidade desenvolvida no início dos anos 2000 (mais informações veja Schroeder & Castello, 2007) e que atualmente está em franca expansão, sendo inclusive alvo de discussões para regulamentação ou proibição. Os pescadores estão organizados de duas maneiras distintas. As embarcações sediadas em Itajaí estão vinculadas ao Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região - SINDIPI e ao Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Pesca de Santa Catarina - SITRAPESCA. Já as embarcações de Itaipava estão em sua totalidade registradas na Associação dos Pescadores e Armadores da Pesca do Distrito de Itaipava - APEDI. Das embarcações NC incluídas no presente estudo, 48% desembarcam sua produção no estado de Santa Catarina (SC), 18% no Rio de Janeiro (RJ), 15% no Rio Grande do Sul (RS), 9% em São Paulo (SP) e 5% no Rio Grande do Norte (RN) e Espírito Santo (ES). Estes números indicam que, apesar de ocorrer uma flutuação nos portos de desembarque

67 67 a maioria desembarca o pescado em SC, mais especificamente nos portos de Itajaí e Navegantes. Isso está associado ao vínculo de muitas destas embarcações às indústrias locais. Além disso, a frota de Itaipava, quando operando nestes portos, mantém vínculo com muitas destas empresas. O desembarque em outros portos pode estar relacionado com a necessidade de reparo das embarcações durante as viagens, ou mesmo para aproveitar melhores preços de mercado. Por fim, em relação aos dias de mar, há uma grande variação tanto para a frota NC, quanto para a EA, contudo para a frota EA a baixa quantidade de dados impede adequada caracterização. Para a frota NC 39% das embarcações permanecem no mar por 15 dias, 19% ficam 20 dias, 14% permanecem por 25 dias ou entre 16 e 18 dias, 10% menos de 15 dias, e 4% acima de 30 dias. Este número menor de dias de mar está relacionado à atuação da frota de Itaipava, que com suas embarcações menores possuem menor autonomia, assim como pela forçante de mercado, onde as embarcações têm permanecido menos tempo pescando para comercializarem peixes mais frescos, obtendo assim maior valor de mercado.

68 Tabela 1. Características gerais das frotas nacional e estrangeira arrendada da pescaria de espinhel de superfície do SE/S do Brasil. Obs: *3 embarcações afirmaram possuir as duas formas de conservação do pescado; **4 embarcações utilizam duas diferentes espessuras de linha secundária. 68

69 69 Em relação ao comprimento total da embarcação (Fig. 1a), os dados mostram que há uma diferença significativa entre a frota NC e EA (Teste Student Newman-Keuls p<0,01). Esta diferença se dá pela presença de embarcações EA de maior porte (entre 27 e 50 m) e por haver um grupo de embarcações NC de menor porte (entre 12 e 16 m) se deslocando de Itaipava para Itajaí durante os meses de verão, onde a estratégia de captura é direcionada ao dourado, sendo esta frota responsável por cerca de 70% de toda a produção desta espécie no porto (Dallagnolo & Andrade, 2008). Estudos realizados por CEPSUL/IBAMA (1994) e Andrade (1998b) registraram para o porto de Itajaí embarcações maiores (entre 55 e 45 m, respectivamente). Porém não são relatadas embarcações de menor porte, indicando que a frota de Itaipava não atuava a partir deste porto na época, dado corroborado por Martins et al. (2005). Segundo Guesse et al. (2013), foi somente no ano de 2001 que ocorreu um salto na construção de embarcações de espinhel no Espírito Santo, sendo que, atualmente, mais de 50% destas embarcações tem comprimento total acima dos 10 m. Em relação à frota EA, os dados do presente estudo corroboram com os encontrados por Araújo et al. (2013), relacionados à frota japonesa que opera no nordeste brasileiro, cujo comprimento das embarcações está entre 49 e 52 m. Os dados de potência de motor também apresentaram diferença significativa (Teste Student Newman-Keuls p<0,01) entre a frota NC (média=318 Hp) e EA (média=646 Hp), que possui os motores mais potentes (Fig. 1b). Esta diferença está relacionada ao maior comprimento total das embarcações EA, que realizam grandes deslocamentos, permanecendo maior número de dias no mar e pescando, além de utilizarem câmaras frigoríficas ao invés de gelo (como ocorre na frota NC), o que requer uma maior potência de motor. Estes dados diferem dos encontrados por Araújo et al. (2013), onde a potência de motor relatada está entre 1000 e 1200 Hp. Deve-se considerar a atuação da frota de Itaipava com suas embarcações menores, onde a potência de motor média é de 198 Hp, corroborando com os dados apresentados por Dallagnolo & Andrade, (2008), porém acima do relatado por Martins et al. (2005), onde a potência de motor média foi de 100 Hp; e Zanchenta (2009), cuja potência de motor média foi 150 Hp. Quanto à capacidade do porão (Fig. 1c), os dados apresentaram diferença significativa entre a frota NC e EA (Teste Student Newman-Keuls p<0,01). As embarcações NC possuem menor capacidade de porão (média=26 t), sendo que a frota de Itaipava, com suas embarcações menores, contribuiu para os menores números (média=13 t). Já as embarcações EA possuem porões maiores (média=84 t), com uma influência direta de

70 70 algumas embarcações com capacidade acima de 120 t de pescado. Estes dados estão bem abaixo dos registrados por Araújo et al. (2013), que encontraram capacidade de porão acima de 200 t. Ao compararmos o comprimento total mínimo e máximo de linha madre utilizada pelas duas frotas, nota-se que há diferença significativa tanto entre os comprimentos mínimos (Teste ANOVA p<0,01; F = 7,4671; GL = 1), como máximos (Teste Student Newman- Keuls p<0,01) (Fig. 1d). Esta diferença se dá, em parte, pela atuação da frota de Itaipava, cuja estratégia de captura é direcionada ao dourado, operando com um espinhel menor (média min.=16,8 mn; média máx=20,1 mn), bem superficial e com um número menor de anzóis, já que realiza muitas vezes dois lances no mesmo dia (Dallagnolo & Andrade, 2008), ou ainda adota um sistema de visita (Fiedler et al., 2015). Estes dados confirmam o encontrado por Bugoni et al. (2008). Por outro lado, para a frota EA o maior comprimento mínimo (média=43,7 mn) e máximo (média=49,9 mn) é influenciado pela atuação de duas embarcações de origem chinesa, que tinham a estratégia de captura direcionada às albacoras, pescando em profundidades superiores às embarcações com estratégias de captura direcionadas à meca e ao tubarão-azul. Esta informação é corroborada por Bigelow et al. (2006), que em uma avaliação para a frota de espinhel do Havaí encontraram uma clara diferença entre as profundidades de operação e número de anzóis quando as embarcações tinham como alvo a meca ou albacoras. Araújo et al. (2013), em um estudo realizado com embarcações EA no nordeste brasileiro, encontraram um comprimento total máximo de linha madre de 81 mn, ou seja, quase o dobro registrado pelo presente trabalho. Em relação ao comprimento da linha secundária (Fig. 1e) também houve diferença significativa (Teste Student Newman-Keuls p<0,05) entre a frota NC (média=18,6 m) e EA (média=22,4 m). Para ambas as frotas há uma grande variação entre o comprimento mínimo e o máximo, o que certamente está relacionado às diferentes estratégias de captura adotadas pelas embarcações. Afonso et al. (2012) registraram para 17 embarcações NC de espinhel de superfície que atuam no nordeste na captura de meca e albacoras, um comprimento de 32 m. Araújo et al. (2013) registraram comprimentos mínimos de 50 m e máximos de 60m para a frota estrangeira arrendada. Estes dados diferem de Bach et al. (2009), que em um trabalho com a frota direcionada a captura de albacoras (i.e. Thunnus albacares e T. obesus) na Polinésia Francesa registraram o comprimento da linha secundária de 12 m. Estes trabalhos reforçam a idéia de que,

71 71 apesar das espécies-alvo muitas vezes serem as mesmas, as estratégias adotadas em diferentes áreas são completamente distintas. Já para o fio de aço - estropo não foi encontrada diferença significativa (Teste Student Newman-Keuls p>0,05) no comprimento total utilizado entre as embarcações da frota NC e EA (Fig. 1f). Para a frota EA o comprimento médio foi de 0,82 m (min=0,4 m; máx=1,5 m), sendo que este comprimento máximo refere-se a uma embarcação espanhola que trabalhou na região durante o ano de 2006, porém não há uma explicação do porque o mestre trabalhou com esse comprimento, haja vista que a estratégia de captura declarada não era direcionada aos tubarões. Yokota et al. (2006) relatam a utilização de fios de aço com comprimento de 2,5 m por duas embarcações de espinhel direcionada à captura do tubarão-azul e que operam próximas ao Japão. Segundo Marín et al. (1998), a utilização do estropo pode aumentar a captura de tubarões. Os dados do presente trabalho diferem dos obtidos por Araújo et al. (2013), que não relatam a utilização de fio de aço, haja vista que as albacoras são as espécies-alvo desta pescaria. Em contrapartida, o presente trabalho é corroborado por Afonso et al. (2012), que registraram a utilização de fio de aço com comprimento médio de 0,20 m. Ward et al. (2008), em um trabalho realizado na costa da Austrália, reforçam a importância da proibição do uso do estropo para a redução da captura de tubarões e agulhões. Este mesmo trabalho registrou um aumento nas capturas de T. obesus, provavelmente por este não enxergar o fio de nylon, ao contrário do que acontece quanto se utiliza o estropo. Desta forma, a utilização ou não do estropo está intimamente relacionada com a estratégia de captura adotada pelo mestre da embarcação. Quanto ao comprimento do estropo, parece haver um consenso de que 0,50 m é a medida suficiente para impedir a fuga dos tubarões capturados, já que estes são fundamentais para os rendimentos financeiros das embarcações, principalmente pelo alto valor obtido na venda das barbatanas (Mazzoleni & Schwingel, 1999; Quaggio et al., 2008).

72 72 Figura 1. Comparação da distribuição de algumas características das frotas nacional e estrangeira arrendada ( ). (a) Comprimento total das embarcações; (b) Potência de motor; (c) Capacidade de porão; (d) Comprimento mínimo (min) e máximo (max) da linha madre; (e) Comprimento da linha secundária (em metros); (f) Comprimento do fio de aço - estropo. As caixas indicam o primeiro e terceiro percentis (25 e 75%), o traço no centro indica a mediana e as barras de erro indicam os valores mínimo e máximo. Análise de Correlação Ao redor do mundo diferentes estudos sobre espinhel de superfície levam em consideração as características físicas das embarcações em relação às capturas. Contudo, estas informações básicas nem sempre recebem a devida importância, fragilizando o planejamento das atividades de manejo pesqueiro (Batista, 2003), sendo que informações de baixa qualidade tornam-se insuficientes para explicar diferenças nos rendimentos das pescarias (Hilborn & Ledbetter, 1985). Historicamente, estudos correlacionando variáveis ambientais com rendimentos de captura têm sido realizados (Podestá et al., 1993; Rijnsdorp et al., 2000; Murray & Griggs, 2003; Lan et al., 2014). Estudos que consideram as variáveis relacionadas à pesca (i.e. tempo de lançamento e imersão dos anzóis, período do dia, profundidade de operação, tipo de anzol, orientação da isca) têm sido relacionados com os rendimentos de captura (Boggs, 1992; Lokkeborg & Pina, 1997; Broadhurst & Hazin, 2001; Stone &

73 73 Dixson, 2001; Goodyear, 2003; Hazin et al. 2005; Bigelow et al., 2006; Vega & Licandeo, 2009). A correlação entre as diferentes variáveis (ambientais e relacionadas á pesca) são fundamentais para o melhor entendimento da atividade pesqueira, pois cada uma destas influencia diretamente na definição das estratégias de captura, e nos rendimentos obtidos pelas embarcações. De acordo com Ward e Hindmarsh (2007), os pescadores de espinhel modificam constantemente seus petrechos e estratégias de captura para melhorar o poder de pesca e capturabilidade de suas embarcações. Para a frota NC, os dados mostram uma correlação positiva moderada entre a potência do motor e o comprimento da embarcação (Fig. 2a), explicando aproximadamente 47% desta correlação. Para a frota EA houve uma correlação positiva forte, explicando cerca de 74% desta correlação (Fig. 2b). Isso indica que, quanto maior a embarcação, maior tende a ser a potência do motor. Batista (2003), em um estudo da frota pesqueira do Amazonas também encontrou esta relação linear entre potência de motor e comprimento da embarcação. No presente estudo, excessão ocorre para três embarcações da frota NC sediadas em Itaipava, onde as duas com maior potência de motor (366 Hp) possuem 14 e 15 m de comprimento. A maior embarcação registrada deste porto, com 17 m, utiliza um motor bem menos potente, com 120 Hp. Nestes casos, é provável que tenha ocorrido o reaproveitamento de um motor antigo em uma embarcação maior, onde o armador espera capitalizar o investimento, para posteriormente investir em um novo motor mais potente, conforme relatado por Batista (2003). Para a frota EA, a maior embarcação (50 m) também possui a maior potência de motor (1468 Hp), estando muito acima do registrado por Araújo et al. (2013) para a frota japonesa operante no nordeste brasileiro ( Hp). Long (2003), em um estudo realizado com uma frota espinheleira do Vietnã concluiu que o aumento da potência de motor nas embarcações não reflete diretamente no aumento das capturas. Esta informação torna-se importante, pois o aumento desnecessário na potência de motor gera custos maiores, porém não melhora os rendimentos de captura das embarcações. Já Neis et al. (1999) encontraram, em um estudo realizado no Canadá, uma estabilidade no tamanho das embarcações ao longo dos anos, principalmente por forçantes legais, enquanto a potência de motor, que não possui legislação específica, foi aumentando. Schwingel & Occhialini (2003), em uma caracterização da pescaria de cerco no porto de Itajaí entre os anos de 1997 e 1999, encontraram um aumento médio maior da potência de motor do que do comprimento da embarcação. De acordo com Le Pape e Vigneau (2001), por haver uma relação direta entre estas duas variáveis, a potência de motor pode ser utilizada como indicadora de

74 74 tamanho de frota, além de servir para o ordenamento das medidas de esforço. Os dados do presente estudo mostram que a utilização desta relação como indicadora de tamanho de frota pode não ser adequada. Em relação à capacidade de porão e comprimento do barco, os resultados mostram uma correlação positiva forte para a frota NC, explicando cerca de 76% desta relação (Fig. 2c). Já para a frota EA ocorreu uma correlação positiva moderada, explicando aproximadamente 42% desta correlação (Fig. 2d). Cabe ressaltar que 100% destas embarcações da frota EA utilizam o congelamento em câmaras frias. As embarcações NC necessitam de porões maiores, pois todas utilizam gelo para conservação do pescado. Esta característica obriga as embarcações a reservarem espaços maiores para, em um primeiro momento, o acondicionamento do gelo, e posteriormente do gelo e peixes. A proporção de gelo necessária depende da espécie-alvo, porém, de uma maneira geral é preciso 1 kg de gelo para 2 kg de peixe (Oliveira, 2009). Andrade (1998b) comenta que a utilização de proporções inadequadas de gelo é um dos fatores que determinam a baixa qualidade dos peixes capturados. No presente estudo, excessão ocorre para quatro embarcações NC, sendo três da frota de Itajaí que utilizam uma associação entre gelo e câmara fria; e uma registrada no porto de Natal mas que estava operando no porto de Itajaí, e que congela os peixes utilizando gás freon. De acordo com Beverly (1996), embarcações de espinhel do Pacífico utilizam comumente este gás para refrigerar a água do mar e conservar o pescado. No Brasil, Evangelista et al. (1998) e Araújo et al. (2013) relatam a existência de embarcações EA de espinhel operando no nordeste que utilizam estas formas de conservação. Para o presente estudo não há informação se a embarcação realiza tal procedimento. Para as três embarcações de Itajaí os peixes com maior valor de mercado e que são exportados (i.e. albacoras e meca) são acondicionados na câmara fria, que mantém as propriedades organolépticas naturais da carne e consequentemente melhoram seu valor de venda (Araújo et al., 2013); enquanto peixes com menor valor (i.e. tubarão-azul, peixe-prego etc), e que são destinados ao mercado interno (Kotas et al., 2005), são conservados no gelo, corroborando com estudos realizados por Swenarton & Beverly (2004) e Foster et al. (2015). Por fim, na análise entre potência de motor e capacidade de porão houve uma correlação positiva moderada, tanto para a frota NC, como para a frota EA, explicando cerca de 40% e 66% desta relação, respectivamente (Fig. 2e e 2f). As embarcações NC necessitam uma maior potência de motor por conta do excesso de peso decorrente do uso do gelo. Já a frota EA possui motores mais potentes por conta do maior

75 75 comprimento das embarcações e pela utilização de câmara fria para a conservação do pescado. De acordo com Oliveira (2009), o fato das embarcações nacionais, de uma maneira geral, não possuírem um sistema de congelamento do pescado ou de refrigeração que garanta a preservação do gelo, faz com que as embarcações necessitem viajar com uma maior quantidade deste produto, aumentando o consumo de combustível e consequentemente os custos da viagem. Já Casarini (2011) comenta que a Arqueação Bruta (AB) é a medida mais adequada quando se pretende estabelecer algum padrão operacional para embarcações pesqueiras. Figura 2. Correlação entre as frotas nacional e estrangeira arrendada de espinhel pelágico ( ). (a) Comprimento de embarcação (m) da frota nacional e potência de motor (Hp); (b) Comprimento de embarcação (m) da frota estrangeira arrendada e potência de motor (Hp); (c) Comprimento de embarcação (m) da frota nacional e capacidade de porão (t); (d) Comprimento de embarcação (m) da frota estrangeira arrendada e capacidade de porão (t); (e) Potência de motor (Hp) da frota nacional e capacidade de porão (t); (f) Potência de motor (Hp) da frota estrangeira arrendada e capacidade de porão (t). É evidente a existência de diferenças significativas tanto dos aspectos tecnológicos, como operacionais entre as embarcações da frota NC e EA de espinhel de superfície. As embarcações da frota EA possuem maior comprimento e potência de motor, justamente por serem provenientes de países onde a atividade pesqueira é altamente desenvolvida. Em relação a linha madre, a frota EA utiliza os maiores comprimentos, associado à operação do petrecho em um estrato mais profundo da coluna d água. Além disso, todas

76 76 estas embarcações possuem câmara fria para conservação do pescado, justamente por este sistema permitir uma maior qualidade do produto e consequentemente um maior valor de mercado, atendendo a exigência da União Européia (Araújo et al., 2013). A utilização do fio de aço - estropo pela frota NC é uma estratégia adotada para aumentar as capturas de tubarões, já que o comércio de barbatanas no mercado internacional é bastante rentável e auxilia nos rendimentos líquidos tanto do armador de pesca quanto dos tripulantes. Para a frota EA, apesar das espécies-alvo serem declaradamente as albacoras, é provável que quando estas embarcações estão operando no SE/S do Brasil, utilizam o estropo para aumentar as capturas de tubarões. Por fim, apesar de toda diferença tecnológica, as estratégias adotadas pelos mestres das embarcações também tornam-se importantes para a obtenção de bons rendimentos por viagem. Vários autores comentam que o conhecimento dos aspectos relacionados às espécies-alvo (e.g. comportamento, sazonalidade), além da habilidade do mestre em adaptar seu petrecho/estratégia e em encontrar bons locais de pesca é um fator muitas vezes mais importante que os avanços tecnológicos (Comitini & Huang, 1967; Hilborn, 1985; Squires e Kirkley, 1999; Long, 2003; Tingley et al., 2005; Caddy, 2006; Grant & Berkes, 2007; Coelho et al., 2014). Referências AFONSO, A. S.; SANTIAGO, R.; HAZIN, H.; HAZIN, F. H. V Shark bycatch and mortality and hook bite-offs in pelagic longlines: Interactions between hook types and leader materials. Fish. Res., : AMORIM, A. F.; ARFELLI, C. A Estudo biológico-pesqueiro do espadarte, Xiphias gladius Linnaeus, 1758, no sudeste e sul do Brasil (1971 a 1981). Bol. Inst. Pesca, 11: ANDRADE, H. A. 1998a. A produção da pesca industrial em Santa Catarina. Notas Téc. FACIMAR, p ANDRADE, H. A. 1998b. Estrutura do setor industrial pesqueiro no estado de Santa Catarina. Notas Téc. FACIMAR, p ARAUJO, P. V. N.; RUIVO, U.; DA SILVA, G. B.; FREIRE, J. A.; BEZERRA, M. A Descrições gerais da frota japonesa arrendada para a pesca de atuns e afins na Zona Econômica Exclusiva do Brasil. Arq. Ciên. Mar, Fortaleza, 46, BACH, P.; GAERTNER, D.; MENKES, C.; ROMANOV, E.; TRAVASSOS, P Effects of the gear deployment strategy and current shear on pelagic longline shoaling. Fish. Res., 95:

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83 83 CAPÍTULO 3 CAPTURA DE ESPÉCIES-ALVO DA PESCARIA DE ESPINHEL DE SUPERFÍCIE NO SE/S DO BRASIL ENTRE 2000 E 2011 E SUA RELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR TSM

84 84 Resumo Foram analisados 5958 cruzeiros de pesca da frota nacional de espinhel de superfície e 1508 da frota estrangeira arrendada de acordo com as variações anuais e trimestrais de esforço, composição das captura e de temperatura superficial do mar - TSM. Os resultados indicam que a variação do esforço para a frota nacional (NC) ao longo dos anos apresentou diferenças significativas para tubarão-azul Prionace glauca e albacoralage Thunnus albacares. Já para a frota estrangeira arrendada (EA), esta variação mostrou diferenças significativas ao longo dos anos para tubarão-azul, meca Xiphias gladius, albacora-bandolim Thunnus obesus e albacora-branca Thunnus alalunga. Da mesma maneira, a contribuição das espécies na composição de captura reforça o interesse destas frotas ao longo dos anos principalmente pelo tubarão-azul e meca, com participações pontuais de outras espécies, como o dourado Coryphaena hippurus para a frota NC e as albacoras-bandolim e branca para a frota EA, sendo estas relacionadas com as estratégias iniciais de operação desta frota na região. Em relação às faixas de TSM, as maiores Capturas por Unidade de Esforço CPUE para ambas as frotas foram obtidas entre 15 e 25 C. Para a frota NC, somente para o dourado é que as maiores CPUE foram obtidas em TSM 25 C. Já para a frota EA, destaca-se as maiores CPUE em TSM 25 C para tubarão-azul e meca. Apesar da região SE/S do Brasil ter sido intensamente utilizada por estas frotas durante o período de estudo, de uma maneira geral a costa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre as isóbatas de 200 e 3000 m e a região oceânica da Elevação do Rio Grande e Canal de Hunter são as áreas que apresentaram as melhores CPUE para a maioria das espécies-alvo. Palavras-chave: Atlântico Sul Ocidental; Captura Desembarcada; Frotas Nacional e Estrangeira Arrendada; Pesca Oceânica; Temperatura Superficial do Mar. Abstract We analyzed 5958 pelagic longline fishing trips of national and 1508 of foreign fleets according to the annual variations, quarterly and temperature. The results indicate that the variation of effort for the national fleet (NC) over the years showed significant differences for blue shark Prionace glauca and yellowfin tuna Thunnus albacares. For the foreign fleet (EA), this variation showed significant differences over the years for the blue shark, swordfish Xiphias gladius, bigeye tuna Thunnus obesus and albacore Thunnus alalunga. Similarly, the contribution of the species in the catch composition reinforces the importance of blue shark and swordfish as mainly target-species for both fleets, with occasional appearances by other species as dolphinfish Coryphaena hippurus for NC fleet, related to distinct fleet from Espírito Santo state, and bigeye tuna and albacore for EA fleet, which are related to the initial strategies of operation in the region. Regarding the SST ranges, the best Capture per Unite of Effort - CPUE for most species were obtained between 15 and 25 C for both fleets. For NC fleet, the best CPUE of dolphinfish were obtained in SST 25 C, as well as for blue shark and swordfish for EA fleet. Although the region SE/S of Brazil have been intensively used by these fleets during the study period, generally the coast of the states of Santa Catarina and Rio Grande do Sul, between isobaths 200 and 3000 m and the oceanic

85 85 region of the Rio Grande Rise and Hunter Channel are the areas that presented the best CPUE for most target species. Keywords: South-western Atlantic, Capture landed, National and Foreigner fleets, Oceanic Fishing, Sea Surface Temperature. Introdução A utilização dos dados de Temperatura Superficial do Mar - TSM tem se tornado uma importante ferramenta para obtenção de melhores rendimentos nas diferentes pescarias (Andrade, 1996; Espinoza, 2000), auxiliando na busca por áreas com maior probabilidade de captura das espécies-alvo. O Atlântico Sul Ocidental - ASO caracteriza-se pela presença de processos oceanográficos complexos, onde ocorre a mistura das águas quentes da Corrente do Brasil com as águas frias da Corrente das Malvinas (Olson et al., 1998; Seeliger et al., 1998; Cirano et al., 2006). Esta região é propensa a sofrer fortes alterações nos parâmetros físicos e biológicos decorrentes de processos oceanográficos de mesoescala (Delcourt et al., 2013). Ao longo do talude continental da região SE/S flui a Corrente do Brasil - CB, originada pela bifurcação da Corrente Sul Equatorial. A CB, que transporta águas com elevada temperatura e salinidade (T=20 C; S=36,00), segue em direção ao sul até 42 S, onde encontra águas costeiras e provenientes da Corrente das Malvinas (Garcia, 1998; Castro et al., 2006). Desse encontro forma-se a Convergência Subtropical, que desloca-se ao norte durante o inverno e ao sul no verão, formando a Água Central do Atlântico Sul - ACAS, que pode penetrar em algumas ocasiões na plataforma continental entre os estados do RS e SC (Garcia, 1998). Ainda segundo este autor, as variações sazonais na composição das massas d água, passagens de frentes, ressurgências costerias e formação de vórtices influenciam diretamente na disponibilidade de nutrientes e, consequentemente, na produção primária e em toda cadeia trófica decorrente, caracterizando-a como uma zona de transição biogeográfica (Sharp, 1988) e desempenhando um papel fundamental nos processos biológicos (Campos et al., 2000), importantes para a manutenção dos estoques pesqueiros e para as estratégias de pesca de diferentes frotas (Seeliger et al., 1998). O conhecimento da relação entre estes processos oceanográficos e a atividade pesqueira é chave para o entendimento da dinâmica das frotas que atuam na área.

86 86 Dentre as pescarias com grande importância econômica, o espinhel de superfície destaca-se por capturar espécies com alto valor de mercado (Hazin, 2006), seja pela carne ou pelas barbatanas, como no caso dos tubarões (Mazzoleni & Schwingel, 1999; Kotas, 2004; Quaggio et al., 2008). No Brasil esta pescaria foca sua estratégia de captura em algumas espécies-alvo ou grupos de espécies (Fiedler et al., 2015), sendo as principais albacoras - Thunnus alalunga, T. obesus, T. albacares, meca - Xiphias gladius, dourado - Coryphaena hyppurus, e tubarão-azul - Prionace glauca (Brothers et al., 1999; Watson & Kerstetter, 2006; UNIVALI/CTTMar, 2010). Entretanto, além destas espécies, o espinhel de superfície captura um rol maior de espécies, incluindo peixes com baixo valor de comércio, espécies protegidas pela legislação brasileira e incidentais (e.g. aves e tartarugas marinhas) (Bugoni et al., 2008; Sales et al. 2008). Em relação aos tubarões, na última década foi registrada uma queda global de 20% nos desembarques (FAO, 2014). Contudo, países como Espanha, Estados Unidos, Argentina, Líbia, Índia e Nigéria reportaram incrementos das capturas, principalmente do tubarão-azul (Davidson et al., 2015). Diferente das outras espécies, o dourado é capturado por uma frota específica, proveniente do estado do Espírito Santo e que opera no porto de Itajaí durante os meses de verão (Dallagnolo & Andrade, 2008; Fiedler et al., 2015; Fiedler et al., Capítulo 2). A relação entre a TSM e a captura de diferentes espécies de peixes tem sido amplamente estudada, já que cada espécie possui uma temperatura ótima para seu metabolismo (Maluf, 1978; Abdon, 1984). Por possuirem alto valor comercial, os atuns, afins e tubarões tem sido alvo de grande parte destes estudos, principalmente nas pescarias pelágicas de vara e isca-viva (Maluf, 1983; Andrade & Garcia, 1999; Mancini et al., 2003; Sagarminaga & Arrizabalaga, 2014) e espinhel (Squire JR., 1985; Podestá et al., 1993; Goodyear, 2002; Chen et al., 2005; Guimarães-Silva & Andrade, 2014; Zhang et al., 2014). Contudo, na pescaria de espinhel de superfície realizada no Sudeste/Sul - SE/S do Brasil pouca atenção tem sido dada à relação entre as capturas das principais espécies-alvo e a TSM, principalmente considerando-se a operação de frotas com diferenças tecnológicas e de estratégia de pesca (Fiedler et al., 2015; Fiedler et al., Capítulo 2). Por conta disso, o presente estudo tem como objetivos: (a) analisar a variação das capturas desembarcadas das principais espécies-alvo das duas frotas de espinhel de superfície (nacional - NC e estrangeira arrendada - EA) que operaram no porto de Itajaí entre 2000 e 2011; (b) avaliar a relação entre a TSM e a CPUE destas espécies; (c)

87 87 investigar as variações sazonais das capturas das principais espécies-alvo ao longo dos anos; e (d) identificar áreas relacionadas às faixas de TSM onde ocorreram as maiores capturas das principais espécies-alvo. Material e Métodos Os dados do presente estudo foram obtidos em dois programas de monitoramento realizados pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI no porto de Itajaí - Santa Catarina, Brasil. O primeiro, sobre a frota EA, foi conduzido dentro do Programa de Observadores de Bordo - PROA, no âmbito de convênios técnicos científicos celebrados com o Governo Federal. O segundo, para a frota NC, possui informações relativas ao monitoramento da frota nacional realizado pelo Grupo de Estudos Pesqueiros GEP, acessadas a partir do Sistema Estatístico da Pesca SIESPE. As informações de pesca foram organizadas em duas matrizes considerando ambas as frotas (i.e. NC e EA). O critério de definição das espécies foi adotado seguindo o trabalho de Fiedler et al. (2015), onde para NC foram considerados 4 grupos (i.e. tubarão-azul, meca, albacoras e dourado) e para EA 3 grupos (i.e. tubarão-azul, meca e albacoras). Porém, para o presente trabalho as albacoras foram analisadas separadamente, considerando as três espécies principais desembarcadas por estas frotas (lage - Thunnus albacares; branca - T. alalunga; e bandolim - T. obesus). Foram considerados 5958 cruzeiros de pesca para NC, realizados entre outubro de 2000 e dezembro de 2011 e 1508 cruzeiros para EA, realizados entre maio de 2001 e janeiro de Apesar de haver diferenças no esforço para as duas frotas ao longo dos anos, principalmente na operação ou não de embarcações, o número de anzóis utilizados por lance, número de lances/dia, tipo de anzol e isca mantiveram-se os mesmos durante o período de estudo (Fiedler et al., 2015). Estes registros não levam em conta as capturas por lance de pesca. Por isso, a captura total de cada espécie (em kg) foi repartida igualitariamente nas diferentes áreas visitadas (quadrante) pela embarcação, proporcionalmente ao número de dias de pesca da viagem em cada área. A área de estudo compreende a região entre as latitudes 20 e 38 S e longitudes 20 e 52 W, considerando águas jurisdicionais brasileiras e águas internacionais adjacentes (e.g. Elevação de Rio Grande e Canal de Hunter). Esta área foi padronizada em uma unidade de quadrantes espaciais de 30x30 minutos de resolução, permitindo a

88 88 comparação da dinâmica espacial de ambas as frotas, a visualização das áreas de pesca com as CPUE, bem como a relação destas com a TSM. O cálculo de CPUE considerou o peso de cada espécie capturada por 1000 anzóis. CPUE iguais à zero foram excluídas da análise. Os dados coletados possuem informação da data de saída e chegada da embarcação. Por conta disso, assumiu-se uma data média da viagem, a qual foi associada a posição geográfia e TSM. Os valores de TSM foram obtidos a partir de imagens orbitais da NASA ( Estes dados foram extraídos dos satélites Terra e Aqua com resolução espacial de 4 km. A TSM da posição geográfica do quadrante de pesca (considerando mês/ano) foi extraida através do software ArcGis 10.1 e incluida na matriz de dados para posterior análise de correlação. Inicialmente buscou-se identificar, para cada frota (NC e EA), a existência de diferenças significativas na produção das principais espécies-alvo entre os anos de atuação. Quando os pressupostos de normalidade e homogeneidade das variâncias (teste de Komogorov-Smirnov e Bartlett, respectivamente) foram atendidos as diferenças foram testadas utilizando a ANOVA de uma via. No caso de pressupostos negativos foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis (teste post hoc Student Newman- Keuls) (Zar, 2010). Previamente às análises, o conjunto de dados foi logaritmizado (log x+1). A avaliação da relação entre as principais espécies-alvo e a TSM foi realizada através de uma análise de correspondência canônica - ACC, onde a significância dos eixos canônicos foi verificada pelo teste de Monte Carlo (Ter Braak, 1986). Os dados de temperatura foram inicialmente categorizados em estratos de 5 C (<15 C; 15 C e <20 C; 20 C e <25 C; 25 C). Para estas duas análises dados discrepantes foram descartados (e.g. temperaturas iguais a 0). Pelo fato do dourado ser uma espécie capturada por uma frota específica em um único trimestre ao longo dos anos (Fiedler et al., 2015), foi realizada uma nova ACC sem esta espécie, para evidenciar a influência da TSM sobre as outras espécies. Para investigar o efeito da variação trimestral das CPUE ao longo dos anos foi realizada uma análise de variância permutacional - PERMANOVA aplicada sobre a matriz de similaridade, calculada por meio do coeficiente de Bray-Curtis, considerando os trimestres como fator fixo e ortogonal e os anos aleatórios e hierarquizados nos trimestres (Anderson, 2005). As contribuições percentuais de cada espécie-alvo dentro dos trimestres de cada ano e na dissimilaridade entre os anos foi testada através da

89 89 análise SIMPER - Similarity Percentage. A matriz de similaridade foi representada por meio do escalonamento multidimensional não paramétrico - MDS. Para essa análise foram considerados somente os anos em que os 4 trimestres estavam representados (NC = ; EA = ) (Clarke & Warwick, 1994). A partir destas análises, áreas com maior probabilidade de captura de cada espécie-alvo foram identificadas através da sobreposição das temperaturas e os mapas de CPUE por quadrante de 30x30 minutos. Resultados Durante o período de estudo, a frota NC capturou ao todo 45 diferentes espécies. Destas, as mais representativas foram o tubarão-azul (31%), dourado (18,5%), meca (18,2%), albacora-lage (5,4%), albacora-branca (2,5%), albacora-bandolim (1%) (Fig. 1), tubarão-anequim - Isurus oxyrinchus (3,4%), peixe-prego - Ruvettus pretiosus e/ou Lepidocybium flavobrunneum (3,2%), tubarão-martelo - Sphyrna spp. (2,8%), tubarãoraposa - Alopias spp. (2,2%) e tubarão-machote - Carcharhinus signatus (2,1%). As demais espécies somadas representam 9,7% (n=34). Para a frota EA foram capturadas 43 espécies, sendo as mais representativas meca (28,3%), tubarão-azul (25,4%), albacora-lage (6,7%), albacora-branca (6,6%), albacora-bandolim (4,5%) (Fig. 1), tubarão-anequim (4%), tubarão-martelo (2,5%), peixe-prego (2,5%). As 35 espécies restantes somam 19,5%. Figura 1. Produção desembarcada (toneladas) das principais espécies-alvo capturadas pelas frotas nacional (NC) e estrangeira arrendada (EA) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2000 e 2011.

90 90 Variações na produção desembarcada das principais espécies-alvo para as frotas NC e EA ocorreram durante o período estudado (Fig. 2). Para o tubarão-azul (Fig. 2a) e meca (Fig. 2b) não há um padrão marcado de oscilações das capturas nos meses e anos para ambas as frotas. Entretanto, para meca foi observada uma estabilidade nas capturas entre 2001 e 2003, seguida de um aumento. Para a albacora-lage (Fig. 2c) as maiores capturas ocorreram nos anos de 2001 e Entre 2003 e 2007, os resultados revelam uma estabilização das capturas desembarcadas, seguida de uma diminuição até Para a frota NC, até o ano de 2004 as maiores capturas desembarcadas ocorreram nos meses de inverno. A partir deste período há um aumento das capturas também nos meses de primavera. Para a frota EA as capturas mantem-se constantes para diferentes meses e anos. Para a albacora-branca (Fig. 2d) e bandolim (Fig. 2e) se observa o mesmo padrão da albacora-lage, porém as maiores capturas permacem nos meses de inverno ao longo dos anos. Chama a atenção a marcante diminuição das capturas, principalmente da albacora-bandolim, a partir do ano de A captura do dourado concentra-se nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, sendo esta uma espécie-alvo exclusiva da frota NC (Fig. 2f) (Fiedler et al., 2015).

91 Figura 2. Variação da produção desembarcada (em toneladas) das principais espéciesalvo capturadas pelas frotas nacional (NC) e estrangeira arrendada (EA) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2000 e Para EA, períodos sem dados referem-se a não operação de embarcações no porto. Para dourado os dados referem-se somente a frota NC. (a) tubarão-azul; (b) meca; (c) albacora-lage; (d) albacora-branca; (e) albacora-bandolim; e (f) dourado. 91

92 92 Frota Nacional NC Captura Desembarcada x Ano A análise estatística mostrou haver diferenças significativas da produção desembarcada entre diferentes anos para tubarão-azul (Kruskal-Wallis, H=22,183) e albacora-lage (Kruskal-Wallis, H=19,723) (Tabelas 1 e 2). Os desembarques de meca (p=0,061), albacora-bandolim (p=0,061), albacora-branca (p=0,687) e dourado (p=0,700) não apresentaram diferenças significativas entre os anos (material suplementar - Tabela S1). Tabela 1. Contrastação dos resultados estatísticos comparando a produção desembarcada de tubarão-azul pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e Valores de p destacados são significativos Tabela 2. Contrastação dos resultados estatísticos comparando a produção desembarcada de albacora-lage pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e Valores de p destacados são significativos

93 93 Para o tubarão-azul, considerando todo período de estudo, ocorre uma captura desembarcada relativamente homogênea (Fig. 3), com o maior peso desembarcado de 618 t em Os desembarques de albacora-lage mostraram uma grande variação ao longo dos anos (Fig. 4). O ano de 2007 foi o que representou o maior volume capturado desembarcado, com 168 t (Banco de Dados GEP/UNIVALI). Figura 3. Variação das capturas anuais desembarcadas de tubarão-azul pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e As caixas indicam o primeiro e terceiro percentis (25 e 75%), o traço no centro indica a mediana e as barras de erro indicam os valores máximo e mínimo. Linha pontilhada indica variação de esforço em número de anzóis. Fig. 4. Variação das capturas anuais desembarcadas de albacora-lage pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e As caixas indicam o primeiro e terceiro percentis (25 e 75%), o traço no centro indica a mediana e as barras de erro indicam os valores máximo e mínimo. Linha pontilhada indica variação de esforço em número de anzóis.

94 94 CPUE x TSM As capturas realizadas pela frota de espinhel de superfície entre 2001 e 2011 ocorreram entre as temperaturas 10,8 C e 29,2 C. A análise de correspondência canônica (ACC) extraiu dois eixos que explicaram 2,6% da variação nas capturas, dos quais 99,7% foram atribuídos às categorias de temperatura consideradas (Fig. 5). Tanto o eixo canônico 1 (F = 134,81; p = 0,002), quanto os demais eixos foram significativos pelo teste de Monte Carlo. O eixo 1, responsável por 2,2% da variação das capturas, foi formado pela extrema coordenada negativa do dourado e positiva das albacoras-lage, bandolim e branca, sendo essas associadas às temperaturas mais baixas, enquanto o dourado às mais elevadas. Isso indica que as três espécies de albacora tendem a ser mais capturadas em águas mais frias (< 20 C), enquanto o dourado em águas mais quentes (>20 C). Figura 5. Análise de Correspondência Canônica entre as CPUE e TSM para as principais espécies-alvo da frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e A ACC sem a presença do dourado mostrou mudanças em sua configuração, sendo que a mesma extraiu dois eixos que explicaram 1,9% da variação nas capturas, dos quais 99,5% foram atribuídos às categorias de temperatura (Fig. 6). Tanto o eixo canônico 1

95 95 (F = 107,17; p = 0,002), quanto os demais eixos foram significativos pelo teste de Monte Carlo. O eixo 1, responsável por 1,8% da variação das capturas, foi formado pela extrema coordenada negativa das albacoras e positiva para tubarão-azul, meca, outros cações e outros peixes, sendo estes associados às temperaturas mais altas, enquanto as albacoras às mais baixas. Isso confirma a ACC anterior, porém permite uma melhor visualização da influência das temperaturas mais altas nos valores de CPUE de tubarãoazul, meca, outros cações e outros peixes. Figura 6. Análise de Correspondência Canônica entre as CPUE e TSM para as principais espécies-alvo (sem dourado) da frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e CPUE x Trimestre A Permanova indicou diferença significativa na interação trimestre e ano (Pseudo- F=32,171, p=0,001). Para as contrastações par a par no 1 trimestre dos anos de 2005 e 2006 (t=1,349, p=0,15) e 2009 e 2010 (t=0,995, p=0,376); no 2 trimestre entre os anos de 2003 e 2006 (t=0,973, p=0,399); no 3 trimestre entre 2001 e 2006 (t=1,486, p=0,073) e entre 2010 e 2011 (t=1,189, p=0,399); e no 4 trimestre entre os anos de 2003 e 2007 (t=1,389, p=0,133) não foram significativas, sendo que todas as demais indicaram diferenças significativas. A representação da similaridade evidenciada no

96 96 diagrama de MDS (Fig. 7) mostrou diferenças entre os trimestres de cada ano analisado, destacada pela Permanova, demonstrando que a captura de cada ano variou em relação às espécies, sendo que no segundo e terceiro trimestre (Figs. 7b e 7c) as capturas parecem estar mais concentradas, enquanto que no primeiro e quarto trimestre (Figs. 7a e 7d) há uma maior variação. Figura 7. Diagrama de ordenação das capturas por trimestre por ano resultante do MDS da frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e (a) 1 trimestre; (b) 2 trimestre; (c) 3 trimestre; e (d) 4 trimestre; a1 = 2001; a2 = 2002; a3 = 2003; a4 = 2004; a5 = 2005; a6 = 2006; a7 = 2007; a8 = 2008; a9 = 2009; a10 = 2010; e a11 = Os níveis de estresse de cada trimestre estão indicados na figura. Em relação à contribuição das principais espécies-alvo capturadas desembarcadas nos trimestres de cada um dos anos, notou-se a dominância de algumas espécies-alvo, com períodos de alternância com outras espécies (Tabela 3). De maneira geral, a espéciealvo dominante durante o período de estudo foi o tubarão-azul, seguido pela meca. Contudo, em alguns trimestres registrou-se a alternância das capturas verificada através das contribuições de outros cações (1 trimestre) e dourado (4 trimestre).

97 4 Trimestre 3 Trimestre 2 Trimestre 1 Trimestre 97 Tabela 3. Contribuição (em %) por trimestre das diferentes espécies capturadas desembarcadas pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2001 e Valores destacados em cinza escuro referem-se às espécies com maior contribuição; e destacados em cinza claro espécies com a segunda maior contribuição. Espécie Ano T. Azul 32,37 40,96 33,39 31,31 25,55 28,23 25,53 33,57 18,52 A. Bandolim A. Branca 6,65 6,55 7,21 8,54 Cações 13,80 26,67 25,58 21,86 17,72 20,13 48,84 30,62 21,14 15,05 28,63 Dourado 8,22 7,31 27,47 A. Lage 12,38 5,92 12,03 Meca 25,31 22,80 18,87 27,23 29,69 22,21 10,42 16,64 22,01 23,41 10,52 Peixes 12,08 26,64 12,75 15,50 15,84 11,95 13,18 16,74 18,31 14,69 T. Azul 21,45 27,94 25,14 26,20 27,16 31,76 19,94 25,97 31,01 28,44 A. Bandolim 9,14 6,76 5,82 A. Branca 16,05 11,96 11,56 9,24 11,99 10,22 6,96 14,70 15,03 9,83 Cações 17,05 24,11 17,16 18,04 16,94 20,46 14,05 20,99 20,00 15,49 15,89 Dourado A. Lage 13,54 9,90 15,93 9,10 Meca 19,36 20,25 18,41 24,11 22,19 25,00 27,20 20,03 19,56 24,42 27,49 Peixes 23,99 13,70 11,00 11,75 13,22 13,47 19,86 13,36 T. Azul 26,26 7,65 23,93 22,53 29,18 28,09 25,77 23,26 22,00 26,76 25,46 A. Bandolim 7,65 7,58 A. Branca 11,54 15,87 12,69 8,70 7,97 12,44 9,14 12,80 8,32 8,28 Cações 15,88 23,03 18,23 19,60 19,36 17,63 20,57 17,97 23,69 20,07 20,26 Dourado A. Lage 11,81 9,38 6,49 9,95 7,20 Meca 22,73 16,69 19,84 24,09 26,36 23,56 20,64 25,99 22,44 23,80 24,74 Peixes 10,75 22,35 11,73 9,80 10,78 9,21 16,25 11,06 13,16 13,97 T. Azul 17,47 10,31 13,38 26,98 10,27 7,73 17,52 17,75 10,52 16,39 18,75 A. Bandolim A. Branca Cações 24,14 28,03 26,39 25,76 24,46 22,76 14,87 16,60 22,14 18,07 20,41 Dourado 15,04 52,10 6,15 44,80 57,03 58,12 32,95 35,28 34,93 17,75 A. Lage 8,39 7,30 Meca 16,90 25,73 23,06 15,66 14,74 10,61 18,65 Peixes 10,28 26,89 11,12 11,42 7,16 7,59 16,14 16,69

98 98 A distribuição espacial das CPUE de cada uma das espécies-alvo em relação às faixas de TSM mostrou que houve diferentes padrões de ocorrência em relação às áreas para captura. Para as temperaturas <15 C (Figs. 8-15a) não foram evidenciadas CPUE destacadas para todas as espécies/grupos. Nas temperaturas 15 C e <20 C as maiores CPUE para tubarão-azul ocorreram entre as isóbatas de 1000 e 3000 m em frente ao estado do Rio Grande do Sul (RS), principalmente na área em frente à barra de Rio Grande (Fig. 8b). As capturas do dourado concentraram-se na costa do RS e Santa Catarina (SC) entre as isóbatas de 1000 e 3000 m, bem como em áreas oceânicas de mesma latitute, com baixas CPUE (Fig. 9b). Padrão similar foi observado para a meca, mas com aumento de capturas na área oceânica e maiores CPUE entre os 1000 e 3000 m na costa do RS (Fig. 10b). Para a albacora-lage também houve capturas por toda costa do Rio Grande do Sul, porém na área entre a quebra da plataforma continental (200 m) e a isóbata de 1000 m (Fig. 11b). A albacora-branca registrou maiores CPUE na área em frente à barra de Rio Grande, entre as isóbatas de 200 e 3000 m (Fig. 12b). Para a albacora-bandolim as profundidades de captura foram as mesmas, sendo as maiores CPUE obtidas na região central do RS (Fig. 13b). Outros cações e outros peixes tiveram suas maiores CPUE no litoral centro sul do RS próximo à fronteira marítima com o Uruguai, entre 1000 e 3000 m de profundidade (Fig. 14b e Fig. 15b). Nas temperaturas 20 C e <25 C as maiores CPUE de tubarão-azul concentraram-se entre o centro sul de SC até a fronteira com o Uruguai, entre as isóbatas de 1000 e 3000 m (Fig. 8c). Além disso, na região noroeste da Elevação de Rio Grande também foram registradas CPUE elevadas para a espécie. A CPUE para o dourado revela uma larga distribuição, do Espírito Santo (ES) até o RS, apresentando os maiores valores na costa de SC e Paraná (PR), em isóbatas menores de 200 m (Fig. 9c). Para meca, apesar de haver uma distribuição de altas CPUE entre SC e RS, nota-se uma concentração na região em frente à Itajaí, entre os 200 e 3000 m de profundidade (Fig. 10c). Esta é uma área relatada pelos mestres das embarcações do porto de Itajaí como importante para as capturas desta espécie (observação pessoal). Para o dourado nesta faixa de TSM ocorreram as maiores CPUE em todo período de estudo. Em relação às albacoras, a faixa de temperatura 20 C e <25 C apresentou ampla área de captura com CPUE relativamente menores, com destaque para valores maiores associados a captura de albacora-branca na costa do RS próximas a isóbata de 200 m (Figs. 11, 12 e 13c). Para outros cações na área ao norte da barra de Rio Grande, entre 200 e 3000 m e em frente a barra de Itajaí, aproximadamente na isóbata de 1000 m foram registradas as maiores

99 99 CPUE (Fig. 14c). Para outros peixes, as maiores CPUE distribuem-se pela costa do RS entre as profundidades de 1000 e 3000 m, sendo que ocorreram capturas até o ES e em áreas oceânicas (Fig. 15c). Nas temperaturas 25 C, o tubarão-azul foi capturado na costa do RS e SC, com as maiores CPUE da espécie próximas à isóbata de 200 m, bem como na área oceânica entre as elevações de Rio Grande e Cadeia de Vitória-Trindade (Fig. 8d). As CPUE para o dourado mostraram padrão similar ao verificado na faixa de TSM anterior, entretanto, a área de captura foi reduzida principalmente para as isóbatas próximas aos 200 m de profundidade (Fig. 9d). Para a meca, a área entre a plataforma continental e os 1000 m de profundidade de SC apresentou as maiores CPUE, reforçando a importância desta área para a captura desta espécie, havendo capturas também na mesma área oceânica do dourado (Fig. 10d). Por fim, as albacoras, outros cações e outros peixes apresentaram um padrão similar de distribuição da CPUE na faixa de temperatura acima dos 25 C, com capturas reduzidas próximo à isóbata de 200 m e na área oceânica entre as elevações de Rio Grande e Cadeia de Vitória-Trindade. CPUE elevadas foram observadas de forma isolada na costa de SC e RS (Figs d).

100 100 Figura 8. Distribuição espacial das Capturas por Unidade de Esforço (CPUE) do tubarão-azul (P. glauca) desembarcados pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2002 e 2011 por faixa de temperatura superficial do mar (TSM). (a) TMS < 15 C; (b) TSM 15 C e < 20 C; (c) TSM 20 C e < 25 C; e (d) TSM 25 C.

101 101 Figura 9. Distribuição espacial das Capturas por Unidade de Esforço (CPUE) do dourado (C. hippurus) desembarcados pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2002 e 2011 por faixa de temperatura superficial do mar (TSM). (a) TMS < 15 C; (b) TSM 15 C e < 20 C; (c) TSM 20 C e < 25 C; e (d) TSM 25 C.

102 102 Figura 10. Distribuição espacial das Capturas por Unidade de Esforço (CPUE) da meca (X. gladius) desembarcadas pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2002 e 2011 por faixa de temperatura superficial do mar (TSM). (a) TMS < 15 C; (b) TSM 15 C e < 20 C; (c) TSM 20 C e < 25 C; e (d) TSM 25 C.

103 103 Figura 11. Distribuição espacial das Capturas por Unidade de Esforço (CPUE) da albacora-lage (T. albacares) desembarcadas pela frota nacional (NC) de espinhel de superfície no porto de Itajaí - SC entre os anos de 2002 e 2011 por faixa de temperatura superficial do mar (TSM). (a) TMS < 15 C; (b) TSM 15 C e < 20 C; (c) TSM 20 C e < 25 C; e (d) TSM 25 C.

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