Palavras-chave: bioinseticidas; P a r a s i t o i d e s d e o v o s ; controle biológico.

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1 Seletividade de produtos fitossanitários a fase imatura de Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) Selectivity of pesticides to the immature stage of Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) JOANINA GLADENUCCI¹*; DANIEL DE LIMA ALVAREZ²; LEONARDO VIEIRA DOS SANTOS 2 ; JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA PERNAMBUCO FILHO 1 ; REGIANE CRISTINA OLIVEIRA DE FREITAS BUENO 3 1 Mestranda(o) Programa de Pós-Graduação em Agronomia: Proteção de Plantas, Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho FCA/UNESP, Campus Botucatu. 2 Graduando em Engenharia Agronômica, Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho FCA/UNESP, Campus Botucatu. 3 Professor Assistente Doutor, Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho FCA/UNESP, Campus Botucatu. *jogladenucci@gmail.com RESUMO A seletividade de produtos fitossanitários a inimigos naturais é uma importante ferramenta na adoção do manejo integrado de pragas (MIP), porque em muitas situações, o controle biológico precisa da aplicação simultânea de inseticidas, para controlar a praga alvo, porém, com o menor impacto na população das espécies benéficas. Sendo assim, realizou-se o estudo com a finalidade de verificar o impacto dos bioinseticidas à fase imatura de Trichogramma pretiosum. Nesse bioensaio foram avaliadosos bioinseticidas Gemstar LC, Gemstar Max, Dipel, Agree e Costar tendo como testemunha o Clorpirifós (Lorsban) e água destilada. As caldas referentes aos tratamentos foram pulverizadas sobre as cartelas de ovos de hospedeiro alternativo (Anagasta kuehniella) os quais foram previamente parasitados, e com os parasitoides na fase de pupa. Após a pulverização as cartelas com os ovos foram acondicionadas em tubos de emergência (1cm x 8 cm) e conectados às gaiolas de exposição. O bioensaio seguiu os padrões internacionais de estudos de seletividade proposto pela IOBC/WPRS, em que foram ofertados ao parasitismo ovos inviabilizados no primeiro, segundo e terceiro dia após a emergência dos insetos.. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco repetições e os parâmetros avaliados foram o parasitismo e viabilidade dos ovos. Os bioinseticidas testados sob a fase imatura de T. pretiosum foram seletivos tanto em relação ao parasitismo quanto em relação a viabilidade dos ovos. Palavras-chave: bioinseticidas; P a r a s i t o i d e s d e o v o s ; controle biológico. 621

2 INTRODUÇÃO Os parasitoides de ovos do gênero Trichogramma (Hymenoptera: Trichogrammatidae) se destacam entre os inimigos naturais, pela utilização no controle de lepidópteros-pragas na agricultura, facilidade de criação e adaptabilidade aos ambientes de liberação (PARRA; ZUCCHI, 2004; SIQUEIRA et al., 2012). A ação dos parasitoides de ovos impede que os hospedeiros, atinjam a fase larval, que é o estágio que causam os maiores prejuízos às culturas (BOTELHO, 1997). Contudo, possuem elevada sensibilidade aos produtos fitossanitários quando comparado aos demais parasitoides, sendo assim, considerado um grupo de insetos representante da Ordem Hymenoptera nos testes de seletividade (HASSAN, 1998; HASSAN, 2000). De acordo com as primícias do manejo integrado de pragas (MIP) o uso de produtos seletivos juntamente com a liberação de inimigos naturais possibilita, inclusive, a manutenção de organismos benéficos no agroecossistemas, ocorrendo diminuição do uso de produtos fitossanitários nos cultivos, garantido produção de melhor qualidade, com maior economia ao produtor e menor impacto ambiental. (SALGADO, 2011). Em geral, os produtos fitossanitários causam efeitos negativos na eficiência de Trichogramma spp. em campo (MERTZ et al. 1995), mas os bioinseticidas tem potencial de serem compatíveis ao uso de Trichogramma spp. (BULL; COLEMAN, 1985). Nesse contexto, o presente estudo teve por finalidade avaliar a seletividade de bioinseticidas à fase imatura de Trichogramma pretiosum Riley, visando fornecer informações para a utilização integrada de táticas de manejo no controle de insetos. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos em sala climatizada, mantida em condições controladas de temperatura (25ºC ± 2ºC) umidade relativa (80 ± 10 %) e fotofase de 14 horas. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados, com 7 tratamentos e 5 repetições. (Tabela 1). 622

3 Tabela 1. Relação dos tratamentos para teste de seletividade dos parasitoides de ovos de Trichogramma pretiosum. Tratamentos ProdutoComercial Ingrediente Ativo Dose p.c /ha 1 Gemstar LC Baculovírus (VPN-HzSNPV) LC 200 ml 2 Gemstar Max Baculovírus (VPN-HzSNPV) Max 60 ml 3 Dipel Bacillus t., var. kurstaki, linhagem HD g 4 Agree Bacillus thuringiensis aizawai GC g 5 Costar Bacillus t., var. kurstaki, cepa SA g 6 Lorsban chlorpirifos 1000 ml 7 Água água Para criação e multiplicação dos parasitoides foram utilizados ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae). Esses ovos foram aderidos por meio de cola líquida atóxica diluída a 40% em água, em cartelas de papel branco de gramatura 160g/m², com aproximadamente 4 cm de comprimento x 2 cm de largura. Os ovos do hospedeiro alternativo foram inviabilizados sob lâmpada germicida e oferecidos aos parasitoides recém-emergidos por 24 horas (STEIN; PARRA, 1987). Ao término desse período, as cartelas foram individualizadas em tubos de ensaio (2 x 8 cm). Uma gotícula de mel foi colocada na parede interior dos tubos, que foram vedado com filme plástico PVC e acondicionado em câmara climatizada a 25ºC±2ºC, umidade relativa de 80±10% e fotofase de 14/10 horas até a emergência dos adultos, que imediatamente receberam novas cartelas com ovos do hospedeiro, iniciando um novo ciclo de desenvolvimento. Para a realização do bioensaios foram utilizadas cartelas previamente identificadas com aproximadamente 1cm 2 contendo em média 250 ovos de A. kuehniella. Essas cartelas foram ofertadas à parasitismo por T. pretiosum durante 24 horas. Os parasitoides quando estiverem na fase de pupa, que corresponde a horas após o parasitismo (CONSOLI et al., 1999) estavam aptos a serem pulverizados. As caldas referentes aos tratamentos foram aplicadas sobre as cartelas de ovos parasitados, na fase de pupa através de pulverização em torre de Potter, operando na pressão de 5 psi, calibrada para uma taxa de aplicação de 250 l/ha. Após a pulverização as cartelas com os ovos foram acondicionadas em tubos de emergência (1cm x 8 cm) que foram envolvidos por papel alumínio e na sequência foram conectados às gaiolas de exposição. As gaiolas de exposição seguiram os padrões 623

4 internacionais de estudos de seletividade proposto pela IOBC/WPRS, as quais possuem formato quadrado em armação de alumínio de 13 cm de largura x 13 cm de comprimento x 2 cm de altura, com 1 cm de espessura. Três dos quatro lados de cada gaiola apresentam 6 furos de 1 cm de diâmetro cada, sendo vedados internamente com tecido de coloração preta, a fim de garantir o aprisionamento dos parasitoides, mas com a possibilidade da realização das trocas gasosas com o meio. No quarto lado possui um orifício de 1 cm de diâmetro no qual foram inseridos os tubos de emergência para liberação dos parasitoides no interior das gaiolas ao lado existe outro orifício de 3,5 cm de comprimento para a inserção das cartelas com ovos não parasitados, essas aberturas foram fechado externamente com papel preto, para que não ocorresse à saída dos parasitoides. As gaiolas foram conectadas entre si com uma mangueira de silicone, a qual se interliga no final a uma bomba a vácuo (pressão negativa) para a eliminação dos gases do interior das gaiolas durante todo período do experimento, sendo lançados para fora do laboratório através de uma mangueira de PVC inserida na bomba. Cada gaiola é vedada nas partes superior e inferior por placas de vidro (13 cm de largura x 13 cm de comprimento x 2 mm de espessura), sendo o conjunto preso com elásticos de borracha. Com 24, 48, 72 h após a emergência dos parasitoides foi fornecido novas cartelas contendo ovos de A. kuehniella, inviabilizados, com filetes de mel. Com 96 h as gaiolas foram desmontadas e as cartelas com ovos parasitados foram colocadas em sacos plásticos (4 cm x 23 cm) transparentes até a emergência dos parasitoides para posterior contagem do parasitismo. As avaliações consistiram na contagem do número de ovos totais, número de ovos parasitados e do número de parasitoides adultos emergidos com auxílio de estéreo microscópio eletrônico Os resultados de parasitismo e viabilidade obtidos foram submetidos às análises exploratórias para avaliar as pressuposições de normalidade dos resíduos, a homogeneidade de variância dos tratamentos e a aditividade do modelo para permitir a aplicação da ANOVA. Posteriormente, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P 0,05). A redução na emergência dos parasitoides em relação ao tratamento testemunha foi calculada pela seguinte equação: E (%) = (1-Vt/Vc) x 100, em que: E (%) é a porcentagem de redução da viabilidade do parasitismo; Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a viabilidade do parasitismo médio observado para o tratamento testemunha. Os resultados de seletividade dos produtos fitossanitários testados foram 624

5 classificados de acordo com as normas padronizadas pela International Organizition of Biological Control (IOBC) em: classe 1 inócuo (E <30%); classe 2 - levemente nocivo (30% E 79%); classe 3 - moderadamente nocivo (80% E 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%) (HASSAN, 1992; MONZONI et al., 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os produtos Gemstar LC, Gemstar Max, Dipel e Costar foram considerados levemente nocivo (classe 2) ao parasitismo, e foi considerado inócuo (classe 1) à viabilidade dos ovos parasitados. O produto Agree foi considerado moderadamente nocivo (classe 3) ao parasitismo, e foi considerado inócuo (classe 1) à viabilidade dos ovos parasitados. O produto Losrban, foi considerado altamente nocivo (classe 4) tanto em relação ao parasitismo, quanto a viabilidade dos ovos parasitados (Tabela 2). Tabela 2. Parasitismo e viabilidade dos ovos de Trichogramma pretiosum TRATAMENTOS PARASITISMO TOTAL %E VIABILIDADE TOTAL %E Gemstar LC Gemstar Max Dipel Agree Costar Lorsban Agua CV (%) 23,99 ± 0,47 b 75,7 96,30 ± 0,26 a 1,3 18,84 ± 0,58 bc 80,9 96,48 ± 0,23 a 1,2 23,21 ± 0,47 bc 76,5 97,25 ± 0,26 a 0,4 14,03 ± 0,35 c 85,8 96,74 ± 0,28 a 0,9 20,14 ± 0,38 bc 79,6 91,25 ± 0,58 ab 6,5 1,01 ± 0,38 d 99,0 00,00 ± 0,00 b 00,0 98,78 ± 0,13 a 0,0 97,61 ± 0,19 a 0,0 11,00 2,18 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). A seletividade dos bioinseticidas ocorre em função da alta especificidade ao alvo de controle, e portanto é seletivo a esta fase de desenvolvimento de T. pretiosum. Além disso, ressalta-se que o uso combinado à liberação desse parasitoide, além de compatível, pode ter ação sinérgica (ROSELL et al., 2008; AMARO et al., 2015; SILVA; BUENO, 2015). 625

6 O efeito nocivo do inseticida clorpirifós é caracterizado por atuar na fosforilação da enzima acetilcolinesterase (AChE) situada nas terminações nervosas, promovendo a perda da AChE disponível e estimulação dos órgãos por excesso de acetilcolina nas terminações nervosas (CARMO et al., 2010), que tem atuação similar entre todos os grupos de insetos, por agir no sistema nervoso central e ter ação inespecífica. CONCLUSÃO Os bioinseticidas Gemstar LC, Gemstar Max, Dipel, Agree e Costar foram seletivos a fase imatura do T. pretiosum tanto em relação ao parasitismo quanto em relação à viabilidade dos ovos. REFERÊNCIAS AMARO, J. T.; BUENO, A. F.; POMARI-FERNANDES, A. F.; NEVES, P. M. Selectivity of Organic Products to Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Neotropical Entomology, Londrina, v. 44, p , BOTELHO, P. M. Eficiência de Trichogramma em campo. In: PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A. (Eds.). Trichogramma e o controle biológico aplicado. Piracicaba: FEALQ, cap.11, p Bull, D.l.; R.J. Coleman. Effects of pesticides on Trichogramma spp. Southwest. Entomological Supplies. p8: v , CARMO, E. L.; BUENO, A. F.; BUENO, R. C. O. F. Pesticide selectivity for the insect egg parasitoid Telenomus remus. Bio Control, Dordrecht, v.55, p , CÔNSOLI, F.L.; ROSSI, M.M.; PARRA, J.R.P. Developmental time and characteristics of the immature stages of Trichogramma galloi and T. pretiosum (Hymenoptera, Trichogrammatidae). Revista Brasileira de Entomologia, Curitiba, v.43, n.3, p , HASSAN, S.A.; HALSALL, N.; GRAY, A.P.; KUEHNER, C.; MOLL, M.; BAKKER, F.M.; ROEMBKE, J.; YOUSEF, A.; NASR, F.; ABDELGADER, H. A. A laboratory method to evaluate the side effects of plant protection products on Trichogramma cacoeciae Marchal (Hymenoptera: Trichogrammatidae). In: CANDOLFI, M.P.; BLÜMEL, S.; FORSTER, R.; BAKKER, F.M.; GRIMM, C.; HASSAN, S.A.; HEIMBACH, U.; MEADBRIGGS, M.A.; REBER, B.; SCHMUCK, R.; VOGT, H. (eds.): Guidelines to evaluate side-effects of plant protection products to non-target arthropods. Reinheim: IOBC/WPRS, p ,

7 HASSAN, S. A.; HAFES, H.; DEGRANDE, P. E.; HERAI, H. The side effects of pesticides on the egg parasitoid Trichogramma caecoeciae Marchal (Hymenoptera: Trichogrammatidae), acute dose-response and persistence tests. Journal of Applied Entomology, Lincoln, v. 122, p , HASSAN, S.A. Guidelines for testing the effects of pesticides on beneficials organisms: description of test methods. In: _. Guidelines for testing the effects of pesticides on beneficials organism, Bulletin OILB/SROP 1992/XV/3, Montfavet, p.18-39, MANZONI, C. G.; GRÜTZMACHER, A. D.; GIOLO, F. P.; HÄRTER, W, da. R.; CASTILHOS, R. V.; PASCHOAL, M. D. F. Seletividade de agroquímicos utilizados na produção integrada de maçã aos parasitoides Trichogramma pretiosum Riley e Trichogramma atopovirilia Oatman & Planter (Hymenoptera: Trichogrammatidae). BioAssay, Piracicaba, v. 2, p. 1-11, PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A. Trichogramma in Brazil: Feasibility of use after twenty years of research. Neotropical Entomology, Londrina, v.33, p , ROSELL, G.; QUERO, C.; COLL, J.; GUERRERO, A. Biorational insecticides in pest management. Journal of Pesticide Science, Tokio, v.33, p , SALGADO, H.R.N. Atividade inseticida das plantas e aplicações: revisão. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.13, n.4, p , SILVA, DA. D. M.; BUENO, A, DE. F. Organic products selectivity for Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Arquivo do Instituto Biológico, São Paulo, v. 20, p. 1-8, SIQUEIRA, J. R.; BUENO, R. C. O, DE. F.; BUENO, A. DE, F.; VIEIRA, S. S. Preferência hospedeira do parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum. Ciência Rural, Santa Maria, v.42, p.1-5, STEIN, C.P.; PARRA, J.R.P. Uso da radiação para inviabilizar ovos de Anagasta kuehniella (Zeller, 1879) visando estudos com Trichogramma spp. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Jaboticabal, v. 16, n. 1, p ,