Documentos sobre o estado civil desafios para os funcionários do registo Civil contornarem problemas decorrentes de lacunas do direito

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1 PARLAMENTO EUROPEU DIREÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS INTERNAS DA UNIÃO DEPARTAMENTO TEMÁTICO C: DIREITOS DOS CIDADÃOS E ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS ASSUNTOS JURÍDICOS Documentos sobre o estado civil desafios para os funcionários do registo Civil contornarem problemas decorrentes de lacunas do direito RESUMO Síntese Uma vez que a regulamentação do domínio do estado civil diverge entre os Estados-Membros, os cidadãos da UE encontram muitos problemas para fixarem o seu estado civil legalmente obtido noutro Estado-Membro. Isto leva a discriminações, prejudica a livre circulação de pessoas na UE e impede os cidadãos da UE de exercerem este direito, bem como o direito de residência no território dos A solução para estes problemas não é complicada; contudo, depende da motivação dos PE PT

2 O presente documento foi solicitado pela Comissão dos Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu. AUTOR(ES) Dr. Bojana Zadravec, Vice-Presidente da Associação Europeia de Conservadores do Registo Civil ADMINISTRADOR RESPONSÁVEL Vesna NAGLIČ Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Parlamento Europeu 1047 Bruxelas Endereço eletrónico: vesna.naglic@europarl.europa.eu VERSÕES LINGUÍSTICAS Original: EN Tradução: BG/CS/DA/DE/EL/ES/ET/FR/IT/LV/LT/HU/MT/NL/PL/PT/RO/SK/SL/FI/SV O EDITOR Para contactar o Departamento Temático ou assinar o seu boletim mensal, é favor escrever para: poldep-citizens@europarl.europa.eu Parlamento Europeu, manuscrito concluído em novembro de União Europeia, O presente documento encontra-se disponível na Internet em: DECLARAÇÃO DE EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE As opiniões expressas no presente documento são unicamente da responsabilidade do autor e não representam necessariamente a posição oficial do Parlamento Europeu. A reprodução e tradução para efeitos não comerciais são autorizadas, desde que a fonte seja indicada e o editor seja previamente notificado e lhe seja enviada uma cópia. 2

3 Documentos sobre o estado civil desafios para os notários contornarem problemas decorrentes de lacunas do direito RESUMO Os funcionários públicos entre nós, que mantêm registos do estado civil das pessoas nos Estados-Membros da União Europeia (doravante: a UE), ocupam-se quotidianamente dos problemas que os cidadãos da UE e os residentes encontram devido à regulamentação não harmonizada neste domínio. Vivemos numa Europa cada vez mais integrada; todavia, a legislação que regula o estado civil diverge consideravelmente. Aquilo que é permitido num país é tabu noutro. O que a regulamentação nacional torna possível num país não pode ser implementado noutro. Nem sequer os nomes são escritos da mesma forma em todos os Acontece com demasiada frequência que um homem se encontre registado como pai de uma criança num país; no entanto, essa mesma criança tem um pai diferente noutro país. Um casamento legal de duas pessoas do mesmo país não é reconhecido noutro. Os documentos relativos ao estado civil de um cidadão da UE, emitidos num Estado-Membro, não são legalmente válidos de forma direta noutro. Um estado civil legalmente obtido num país não é necessariamente reconhecido em todos os outros Legislações diferentes, maneiras diferentes de constituir e alterar o estado civil, formas diferentes de existência comum, condições diferentes para estabelecer e pôr termo a relações mútuas, maneiras diferentes de registar o estado civil e documentos diferentes são apenas alguns dos obstáculos com que os cidadãos europeus têm que conviver. Os cidadãos da UE encontram consideráveis dificuldades administrativas ao fixarem o seu estado civil. Regras nacionais diferentes sobre o estado civil das pessoas levam a discriminações e prejudicam a livre circulação de pessoas na UE e a implementação do direito dos cidadãos da UE à livre circulação e a residirem no território de outros Estados- Membros. As pessoas na UE têm uma expectativa razoável de que o seu estado civil será regulado de forma igual, independentemente do país em que se encontrem. Têm também o direito de esperar que os legisladores respeitem as suas necessidades, com prevalência sobre a tradição ou a política. Os Estados-Membros e as instituições da UE devem procurar eliminar os problemas relativos ao reconhecimento do estado civil das pessoas. Ao fazê-lo, dever-se-ão observar as seguintes diretrizes: É necessário unificar e liberalizar as regras relativas ao estado civil das pessoas em todos os É necessário unificar o direito privado internacional no domínio do estado civil. O estado civil, tal como registado em conformidade com a legislação de um Estado-Membro, deve também ser reconhecido noutros Os documentos que comprovam o estado civil de uma pessoa emitidos num Estado-Membro devem ser reconhecidos em todos os É particularmente importante resolver a questão do estado civil das crianças. No país de nascimento, em cada país de que a criança seja cidadã, e em todos os países em que resida durante a infância, todos os registos devem incluir os mesmos dados acerca dos seus progenitores e do seu nome. É esta a única maneira de proteger suficientemente os interesses da criança. Cada pessoa deve ter o direito de utilizar o seu nome pessoal, obtido ao abrigo da legislação de um Estado-Membro, sob a mesma forma em todos os outros 3

4 Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais O género de uma pessoa deve ser o mesmo em todos os Os documentos sobre o estado civil de uma pessoa emitidos num Estado-Membro devem ser reconhecidos em todos os outros Estados-Membros sem formalidades adicionais. As decisões jurídicas e administrativas relativas ao estado civil de uma pessoa, emitidas num Estado-Membro, devem ser reconhecidas em todos os outros Estados-Membros sem procedimentos adicionais. É necessário estabelecer um intercâmbio de dados pessoais entre os Estados-Membros que permita a cada pessoa determinar o seu estado civil e o dos seus filhos da forma mais simples possível em todos os países de filiação. O processo de unificação das regulamentações nacionais nos Estados-Membros seria um processo longo. Todavia, uma vez que os problemas no domínio da modificação e registo do estado civil são prementes, as instituições da UE, caso queiram resolvê-los pelo menos parcialmente, terão que agir rapidamente. Terão que adotar algumas medidas para, no mínimo, mitigar a atual situação. Essas medidas devem incluir o seguinte: Eliminação da necessidade de documentos notariais emitidos em Os Estados-Membros poderiam implementar esta medida apenas mediante um acordo mútuo. Intercâmbio direto de informações acerca de modificações do estado civil, que o país em que a pessoa mudou de estado civil submeteria ao país em que a pessoa tenha nascido e de que for cidadã ou cidadão. Esta medida poderia também ser implementada de forma relativamente rápida. Exige apenas um acordo entre os Intercâmbios diretos de dados entre os organismos que mantêm os registos do estado civil das pessoas em cada Estado-Membro. Introdução de um formulário unificado de registo das alterações ao estado civil. Gostaria de acrescentar que esta medida não é urgente visto que os conservadores do Registo Civil, que se ocupam de documentos relativos ao estado civil provenientes de todo o mundo, estão treinados para recuperarem os dados de que necessitam para registar as modificações do estado civil. Uma alternativa consistiria em introduzir um formulário que incluísse dados na língua nacional do país que emitiu o documento e em inglês. Reconhecimento dos nomes (nomes próprios e apelidos) que os cidadãos da UE obtêm noutro Estado-Membro. Naturalmente, esta medida deveria incluir os residentes na UE bem como nomes que os cidadãos e residentes da UE adquirissem legalmente noutros países. Unificação dos carateres alfabéticos utilizados para registar o estado civil. Instituição de um registo da UE de estado civil dos cidadãos da UE, em que os Estados-Membros inseririam os dados de base acerca das modificações do estado civil. Reconhecimento do estado civil que uma pessoa obtenha ou de que goze num Estado-Membro por todos os outros Estas medidas são listadas em termos de viabilidade de implementação. Enquanto que as medidas relativas a documentos e intercâmbio de dados seriam relativamente fáceis de implementar, as medidas relativas aos signos alfabéticos e à gestão dos registos exigiriam recursos financeiros consideráveis, sendo assim menos exequíveis. A última medida reconhecimento do estado civil obtido noutro Estado-Membro será a mais difícil de implementar integralmente. A principal razão para tal é que a maior parte dos Estados-Membros ainda tem, infelizmente, reservas acerca das parcerias entre pessoas do mesmo sexo. 4

5 Documentos sobre o estado civil desafios para os notários contornarem problemas decorrentes de lacunas do direito Infelizmente a UE não tem competência para regular o domínio do estado civil. Os cidadãos da UE encontram grandes problemas devido a uma lacuna da lei neste domínio. Uma solução seria transferir a competência para regulamentar esta área dos Estados-Membros para as instituições da UE. Naturalmente que a UE deverá seguir o modelo daqueles países que regulam o estado civil de forma liberal e aberta, e ter em conta as mudanças no estilo de vida e na maneira como a sociedade funciona. 5