CRIPTOCOCOSE EM FELINO - RELATO DE CASO CRIPTOCOCOSIS IN FELINE - CASE REPORT

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1 1 CRIPTOCOCOSE EM FELINO - RELATO DE CASO CRIPTOCOCOSIS IN FELINE - CASE REPORT Ednaldo José da SILVA 1 ; André Luiz de Souza e SILVA 2 ; Ismael Lira BORGES 3 ; Rodrigo Antônio Torres MATOS 4 ; Antônio Flávio de Medeiros DANTAS 5 ;Felicio GARINO JÚNIOR 5 ; Maxwell Lucas Ferreira de MELO 6 1 Biólogo, Universidade Federal de Campina Grande 2 Estudante de graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande andr.luis001@hotmail.com 3 Residente do Setor de Patologia Animal, Universidade Federal de Campina Grande 4 Estudante de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande 5 Docente do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande 6- Estudante de graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande Resumo: A criptococose é uma doença fúngica, zoonotica que acomete diversas espécies animais, como cães e gatos. Esta enfermidade acomete mais os gatos, porém, ela não ocorre com tanta frequência, sendo causada por uma levedura saprófita do gênero Cryptococcus. Dessa forma objetivou-se com este trabalho relatar um caso de criptococose em felino. Deu entrada no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande - Campus de Patos, um felino, adulto, macho, srd, regatado de rua,porém o tutor não possuía informações a respeito do animal. Devido ao alto grau de debilidade constatado ao exame clínico, o proprietário optou pela eutanásia. Foram realizados exames necroscópico, histopatológico e microbiológico. O animal apresentava uma lesão extensa avermelhada na região frontal da face e destruição do plano nasal medindo em média 7 cm. Ao exame histopatológico das lesões, o principal achado foi a presença de quantidades variadas de estruturas redondas ovais basofílicas circundadas por um halo claro, características de leveduras de Cryptococcus ssp.foram encaminhadas amostras de linfonodos para realização do exame microbiológico resultando em isolamento do agente, identificado como Cryptococcus neoformans. A presença de lesões nas regiões muco-cutânea da cavidade oral, nasal e os sinais de infecção do trato respiratório superior observados em animais de companhia, deve alertar o clínico de pequenos animais para considerar a criptococose como possível diagnóstico. Para instituir o tratamento adequado e possibilitar a recuperação do animal, deve ser realizado o Anais do 38º CBA, p.0851

2 2 diagnóstico precoce da doença através de exames clínicos e microscópicos além do isolamento do agente. Palavras-chave: Doença fúngica, Cryptococcus neoformans, felino. Keywords: Fungal disease, Cryptococcus neoformans, feline. Revisão de literatura: A criptococose é uma doença fúngica, zoonotica que acomete diversas espécies animais, como cães e gatos. Esta enfermidade acomete mais os gatos, porém, ela não ocorre com tanta frequência, sendo causada por uma levedura saprófita do gênero Cryptococcus (COELHO et al., 2009; STRADIOTO,2010; BARTH et al., 2008). A doença é caracterizada como uma micose sistêmica e apresenta formas variadas, dentre elas: a respiratória, tegumentar e nervosa, o que deriva diversos sinais e sintomas. As lesões mais características desta doença nos gatos são lesões granulomatosas localizadas na cavidade nasal, também chamadas popularmente como nariz de palhaço (PETRAGLIA, 2008). A principal espécie envolvida na etiologia da doença é o microrganismo Cryptococcus neoformans, transmitido, principalmente, através das excretas de pombos (COSTA, 2009). Uma das principais formas de infecção é quando ocorre a inalação de microrganismos advindos do solo ou dos excrementos de pombos, as leveduras ou os basidióforos são inalados pelos felinos e atingem o trato respiratório superior de maneira que podem se disseminar e se estender até o pulmão. O microrganismo pode disseminar-se disseminar-se via sanguínea ou linfáticas para diversos órgãos, atingindo todo o organismo. Lesões cutâneas multifocais podem ocorrer por inoculação ou por disseminação sanguínea (MENDONÇA et al., 2002). Algumas vezes pode acometer o sistema nervoso central resultando, por exemplo, em meningites (SHERDING, 2008). Em se tratando de uma enfermidade de caráter zoonótico, o reconhecimento clínico das lesões nos felinos e o conhecimento das diferentes ferramentas diagnósticas são fundamentais para o diagnóstico precoce. Dessa forma, objetivou-se com este trabalho relatar um caso de criptococose em felino. Descrição do Caso: Deu entrada no Hospital Veterinário(HV) da Universidade Federal de Campina Grande(UFCG) - Campus de Patos, um felino, adulto, macho, srd, resgatado da rua Anais do 38º CBA, p.0852

3 3 momentos antes da consulta, o tutor não possuía informações a respeito do animal. Ao exame clínico, o paciente apresentava-se apático, e com lesão ulcerada na região do focinho associada a miíase e intensa debilidade. O proprietário optou pela eutanásia e o animal foi enviado ao Laboratório de Patologia Animal da UFCG. No exame necroscópico foi observado que o animal apresentava escore corporal ruim,mucosas oral e oculares pálidas. Na região frontal da face, havia uma lesão extensa avermelhada causando deformidade facial localizada na parte medial da região muco-cutânea da cavidade oral (lábio superior e palato duro) e destruição do plano nasal.a lesão medindo aproximadamente 7 cm de diâmetro exibindo bordos irregulares, centralmente ulcerada e associada a larvas características de míiase. Os linfonodos submandibulares e retrofaringeos apresentavam-se aumentados. Fragmentos de tecidos comprometidos ou não foram fixados em formalina a 10%, posteriormente, submetidos a processamento histopatológico e corados pela hematoxilina-eosina.na microscopia foram visualizadas,nas lesões mucocutâneas e linfonodos aumentados,acentuada quantidade de estruturas redondas ovais basofílicas circundadas por um halo claro,características de leveduras de Cryptococcus ssp. Associadas a infiltrado inflamatório predominantemente neutrofílico com poucos macrófagos,linfócitos e plasmócitos. Raras estruturas leveduriforrmes foram observadas no pulmão. Foram encaminhadas amostras de linfonodos para o Laboratório de Microbiologia do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do HV da UFCG para a realização de exame microbiológico. As amostras foram semeadas em placas contendo agar sabouraud dextrose acrescido de cloranfenicol incubadas a 35 ᵒC por um período de 48 horas. Após o isolamento, o agente foi identificado como Cryptococcus neoformans através de provas bioquímicas. Discussão: Nesse relato as manifestações clínicas observadas foram a lesão avermelhada na região muco-cutânea da cavidade oral e a lesão no plano nasal apresentando se centralmente ulcerada, que corroboram com o que foi relatado por Grace (2009).Também foi constatado aumento de volume dos linfonodos submandibulares e retrofaríngeos assim como descrito por Hawkins (2004). Sykes e Malik (2012) descrevem que a disseminação do agente para os linfonodos regionais provavelmente ocorre através dos vasos linfáticos presentes na cavidade nasal. Outros tecidos como o sistema nervoso central e região ocular não foram Anais do 38º CBA, p.0853

4 4 acometidos, porém são também descritos na literatura (QUEIROZ, 2008; SYKES e MALIK, 2012). Segundo Lopez (2013) podem ser observados lesões granulomatosas nos pulmões, no exemplar relatado, não havia lesão macroscópica nesse órgão, porém microscopicamente foram visualizadas as formas leveduriformes. Provavelmente, se houvesse evolução do caso, os granulomas poderiam ser contemplados ao exame necroscópico. A elucidação do caso se deu através dos exames histopatológico e microbiológico com isolamento do agente. No diagnóstico histopatológico foram descritas estruturas redondas ovais basofílicas de halo claro, corroborando com o que foi relatado por Petraglia (2008). Vale ressaltar que outros exames, como o citológico, podem ser utilizados e também, são eficazes (GRACE, 2009). Geralmente, o tratamento é realizado com medicamento antifúngico, o tempo de tratamento é prolongado e o custo do fármaco é elevado(sykes e MALIK, 2012),entretanto neste caso, devido a severidade das lesões, optou-se pela eutanásia, não sendo realizado o tratamento. Conclusão: A presença de lesões nas regiões muco-cutânea da cavidade oral, nasal e os sinais de infecção do trato respiratório superior observados em animais de companhia deve alertar o clínico de pequenos animais para considerar a criptococose como possível diagnóstico. Para instituir o tratamento adequado e possibilitar a recuperação do animal, deve ser realizado o diagnóstico precoce da doença através de exames clínicos e microscópicos, além do isolamento do agente. Referências: BARTH, R. R. S.; BRUCH, W. S.; CASTRO, R. C. C.; HEIDJEN, K. M. V. Levantamento prospectivo da ocorrência de Cryptococcus neoformans nas narinas de gatos portadores ou não de doenças respiratórias atendidos no hospital veterinário e fazenda escola da Faculdade comunitária de campinas-unidade III e região de campinas. Anuário da produção de iniciação científica discente, v. 11, n. 12, p , COELHO, H. E.; MOURA, L. R.; ORPINELLI, S. R. T.; KOCK, G. P.; MACHADO, F. M. E.; JÚNIOR, A. F. Meningite felina associada a Cryptococcus neoformans no município de Uberaba-MG-Relato de caso. Veterinária Notícias, v. 15. n. 1, p , Anais do 38º CBA, p.0854

5 5 COSTA, A.K.F. Análise fenotípica e molecular de cepas de Cryptococcus spp. Tese (Doutorado em ciências veterinárias) Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. 137p GRACE,S.F. Criptococose. In: NORSWORTHY, G.D; CRYSTAL, M.A; GRACE, S.F; TILLEY, L.P. O Paciente Felino. 3. ed. São Paulo: Roca, p HAWKINS, E.C. Moléstias micóticas profundas. In: ETTINGER, S.J., FELDMAN, E.C. Tratado de medicina interna veterinária. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara- Koogan, 2004, v.1, p MENDONÇA, C.S., WALDEMARIN, K.C.A., COELHO, H.E.; LACERDA, M.S. Criptococose na cavidade oral de um gato domestico-relato de caso. Arquivos de Ciências Veterinária e Zoologia, v.5, n.2, p , LOPEZ, A. Sistema Respiratório, Mediastino e Pleuras. In: MCGAVIN, M. D.; ZACHARY, J.F. Bases da patologia em veterinária. 2ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p PETRAGLIA, F. Relato de um caso de criptococose em gato. Rio de janeiro, p. Relato de caso- Monografia(Especialização latu sensu do curso de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais), Universidade Castelo Branco,Rio de janeiro,2008. QUEIROZ, J.P.A.F.; SOUZA, F.D.N.; LAGE, R. A.; IZAEL, M. A.; SANTOS, A. G. Criptococose - Uma revisão bibliográfica. Acta Veterinaria Brasilica, v.2, n.2, p.32-38, SHERDING, R. G. Micoses sistêmicas. In: BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: Clínica de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, p STRADIOTO, E. A P. Criptococose felina Relato de caso e revisão bibliográfica p.monografia (Especialização latu sensu do curso de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais), Universidade Castelo Branco,Campinas,2010. SYKES, J.E.; MALIK, R. Cryptococcosis. In: GREENE, C.E. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St. Louis: Elsevier, p Anais do 38º CBA, p.0855