Andrade, Miguel Montenegro de Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico; Centro de Estudos Geológicos.

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1 Novas ocorrências de basaltos em Angola Autor(es): Publicado por: URL persistente: Andrade, Miguel Montenegro de Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico; Centro de Estudos Geológicos Accessed : 30-Jun :52:31 The browsing of UC Digitalis, UC Pombalina and UC Impactum and the consultation and download of titles contained in them presumes full and unreserved acceptance of the Terms and Conditions of Use, available at As laid out in the Terms and Conditions of Use, the download of restricted-access titles requires a valid licence, and the document(s) should be accessed from the IP address of the licence-holding institution. Downloads are for personal use only. The use of downloaded titles for any another purpose, such as commercial, requires authorization from the author or publisher of the work. As all the works of UC Digitalis are protected by Copyright and Related Rights, and other applicable legislation, any copying, total or partial, of this document, where this is legally permitted, must contain or be accompanied by a notice to this effect. impactum.uc.pt digitalis.uc.pt

2 PUBLICAÇÕES DO MUSEU E LABORATÓRIO MINERALÓGICO E GEOLÓGICO E DO CENTRO DE ESTUDOS GEOLÓGICOS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA N. 33 Memórias e Notícias SUMÁRIO J. Custódio de Morais Observações de magnetismo terrestre no Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra. J. M. Cotelo Neiva Sur la genèse des principaux gisements portugais de minerais de fer. Miguel Montenegro de Andrade Os doleritos pigeoníticos e o Karroo de Angola. Miguel Montenegro de Andrade Novas ocorrências de basaltos de Angola. G. Soares de Carvalho Les époques d'éolisation du Pleistoceno dans la bordure occidentale méso-cénozoïque du Portugal. G. Soares de Carvalho Quelques résultats de l'application de méthodes morphomètriques aux dépots récents du bassin du Vouga (Portugal). 1952

3 Novas Ocorrências de Basaltos em Angola por Miguel Montenegro de Andrade Assistente da Universidade de Coimbra São relativamente abundantes os afloramentos de rochas basálticas ao longo do litoral angolano, sobretudo entre Benguela e Moçâmedes. Ainda recentemente assinalámos ( 1 ) importante formação destas rochas entre Novo Redondo e Lobito, cujas amostras estudadas comportavam basaltos olivínicos, basanitos e tufos vulcânicos. No prosseguimento dos nossos estudos de rochas de Angola novas ocorrências têm sido descobertas. Por agora trataremos apenas de duas, uma das quais, pela sua situação geográfica, merece especial reparo. Referimo-nos à existência de uma manifestação basáltica no vale do rio Fuleji, no Alto Congo. O seu conhecimento vem-nos apenas de uma amostra existente na Galeria do Ultramar do Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, com os seguintes dizeres de etiqueta: «Rio Fuleji-Maquela do Zombo». Esta indicação, embora muito vaga, pois não nos dá quaisquer esclarecimentos sobre o local exacto da occorrência nem sobre o seu modo de jazida e relações com outras formações da região, não deixa, por isso, de revestir-se de grande importância, visto que, até hoje, não foram ainda assinalados basaltos nos distritos do Congo e do Zaire. ( 1 ) M. Montenegro de Andrade Novas Rochas Basálticas do Litoral de Angola. In N. 28 de Memórias e Notícias. Coimbra, 1950.

4 49 A amostra em referência é uma lava vacuolar, castanho-escura ou quase negra, de massa compacta, da qual sobressaiem, aqui e além, apenas pequenos fenocristais, habitualmente prismáticos, de olivina, cor de mel, que, no seu comprimento máximo, não ultrapassam meio centímetro. O estudo microscópico revelou-nos que a rocha é formada por uma pasta muito fina, envolvendo fenocristais de olivina e microfenocristais desta e de augite. Fenocristais: as secções de olivina mostram-se geralmente euédricas ou sub-euédricas e muitas delas encontram-se corroídas pela pasta. São frequentes as secções paralelas a (100). Além dos grandes fenocristais, notados à vista desarmada, outros aparecem, muito menos desenvolvidos, sub-euédricos ou anaédricos que, pelo seu desenvolvimento, maior que o grão da pasta, se podem considerar como microfenocristais. Os cristais de olivina não denunciam carácter zonado, antes, pelo contrário, se mostram perfeitamente homonogéneos em nícois cruzados. Pelas suas características ópticas, trata-se de olivina propriamente dita, do domínio do crisótilo. Pasta: os seus constituintes são clinopiroxena, plagioclase, magnetite e material vítreo intersticial. A clinopiroxena é o mais abundante da pasta, assumindo nela hábito predominantemente prismático, em cristais idiomórficos, hipidiomórficos, ou formando simples grãos xenomórficos. A sua cor castanho-intensa, levemente violácea, indica-nos uma augite algo titanífera. Nalgumas secções foi observada a estrutura em ampulheta. O valor máximo obtido para o ângulo de extinção, c n g, foi de 42. A plagioclase forma hastes límpidas, comummente geminadas, e distribuídas sem obediência a qualquer orientação especial. O maior ângulo de extinção medido na zona simétrica foi de 32, o que corresponde a uma labradorite com cerca de 56-60% mol. anortítica. A magnetite apresenta-se em pequenos e abundantes cristais com tendências euédricas e sem vestígios de alteração. O material intersticial, isotrópico, corresponde a resíduo vítreo, aliás pouco abundante. Trata-se de um basalto melanocrata, pobre em plagioclase e mais rico em augite do que em olivina, que está pràticamente confinada aos fenocristais.

5 50 A outra formação basáltica localiza-se próximo da lagoa Bimbas, na circunscrição de Benguela, devendo-se o conhecimento da sua existência a colheita de amostras de rochas realizada na referida região pelo fíng. José Alves Costa, dos Serviços de Geologia e Minas de Angola. Segundo informações que este ilustre engenheiro nos prestou, a rocha aflora no meio de formações cretácicas. A amostra que estudámos é negra, compacta, completamente afanítica, sem fenocristais. Examinada ao microscópio, a sua característica dominante é a abundância de vidro acastanhado, isótropo, envolvendo cristais aciculares, e o grande predomínio de augite sobre a labradorite. A magnetite é também relativamente abundante e a apatite frequente, em cristais prismáticos. Observaram-se algumas manchas hialinas e levemente amarelo- -esverdeadas, com estructura esferolítica, que fixam a fucsína após o ataque pelos ácidos. Tais manchas envolvem, por vezes, calcite. A augite ocorre sempre em pequenos cristais, nunca assumindo proporções fenocristalinas, de cor castanho-pálida, levemente violácea, e com extinção z/y de 46 ; nalguns cristais notámos geminação em ampulheta. A plagioclase é pouco abundante, ocorrendo em trabéculas, menos vulgarmente em secções rectangulares com tendências quadradas. É idiomórfica em relação ao vidro, ao contrário do que sucede relativamente à piroxena e à magnetite. Trata se de labradorite com uma composição obedecendo à fórmula An 63, incluindo alguns dos seus cristais outros de augite. O hábito da magnetite é esqueletiforme, notando-se por vezes finas arborescências. Rochas idênticas a esta que acabamos de descrever, da Portela Solo e do Cubai foram estudadas por Tyrrell ( 2 ), que as considerou ( 2 ) Tyrrell (G W.) A Contribution to the Petrography of Benguela, Based on a Rock Collection Made by Professor J. W Gregory. Trans Roy, Soc. Edinburgh, li, part, m, n. 14. Edinburgh

6 51 termos próximos dos augititos, em abediência à sua riqueza em augite. Enquanto aguardamos a execução da análise química consideraremos a rocha de Bimbas um basaltito, designação que subentende o termo equivalente dos labradoritos augíticos, isto é, dos basaltos sem olivina. De classificação microscópica menos duvidosa que a rocha de Bimbas, visto não apresentar a quantidade de vidro daquela e possuir percentagem mais alta de plagioclase, é uma rocha basáltica da Lucira, que há pouco tempo estudámos a pedido do Eng. Fernando Mouta. Os seus minerais essenciais são também augite e labradorite (com cerca de 50% de molécula anortítica), mas esta é muito mais abundante do que na amostra de Benguela. A magnetite também aqui se mostra fresca, em cristais esqueletiformes, ou em pequenos grãos ou simples farpas, ou em manchas mais desenvolvidas. Não se encontra o menor indício de olivina. A textura é do tipo dolerítico, de grão fino. Cremos que podemos classificar esta rocha como basaltito. É evidente o parentesco das rochas que acabamos de descrever com as estudadas por Tyrrel da Portela e do Cubai. Analisámos também ao microscópio algumas amostras da rocha basáltica assinalada em S. Nicolau pelo Eng. Alexandre Borges ( 3 ), mas dado o seu estado de avançada alteração só podemos suspeitar da sua semelhança com aquelas, visto apenas termos reconhecido, além de minérios de ferro, uma plagioclase e piroxena. Assim, somos de opinião que todas estas ocorrências são comagmáticas, o que, a ser verdadeira a idade atribuída por Borges à rocha de S. Nicolau, pressupõe para elas idade cretácica. ( 3 ) Alexandre Borges A Costa de Angola da Baia da Lucira à Foz do Bentiaba (entre Benguela e Moçârnedes). Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, vol. v, fase. iii, Porto, 1946.

7 52 SUMMARY The presence of basalts in the territory of Angola north of the Luanda parallel had been unknown up to this date. Recent studies by the author of rocks from this province show that an olivine basalt occurs in the valley of the Fuleji river, High Congo. It is a scoriaceous lava, dark brown, with exclusive phenocrysts of olivine and augite matrix, labradorite (Ab An ), magnetite and interstitial glass. Rocks of two new basaltic occurrences on the coast of Angola are also detailed in this work one at Bimbas, near Benguela, the other at the Lucira beach. They are rocks consisting of labradorite, augite, magnetite and glass, the latter being much more abundant in the Bimbas rock. We think that the designation of basaltite can at least be given to the rock of the Lucira beach, that of Bimbas being very similar to those of Portela Solo and Cubal described by Tyrrel in regard to the high percentage of augite relatively to that of the plagioclase. The author has also examined some samples of the basaltic formation of S. Nicolau between Lucira and Moçâmedes in an advanced state of alteration, and has identified augite, a basic plagioclase and iron ores. In his opinion all the outcrops referred to are contemporaneous and co-magmatic.

8 EST. I

9 EST. II