Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE.

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1 Certificado digitalmente por: ANDERSON RICARDO FOGACA APELAÇÃO CÍVEL N.º DO FORO REGIONAL DE CAMPINA GRANDE DO SUL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA VARA CÍVEL E ANEXOS NÚMERO UNIFICADO: APELANTE 1 : SILMARA VALÉRIA RIBEIRO STUM ME APELANTE 2 : OI MÓVEL S/A APELADAS : OS MESMOS RELATOR : JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM 2.º GRAU ANDERSON RICARDO FOGAÇA, EM SUBSTITUIÇÃO À DESEMBARGADORA DENISE KRUGER PEREIRA DIREITO CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS DE APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E OBRIGAÇÃO DE FAZER. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EMPRESA TELEFÔNICA. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL. RECURSO DE APELAÇÃO (1). INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA APELANTE 1 NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANOS MORAIS QUE SE CONFIGURAM IN RE IPSA. PRECEDENTE DO E. STJ. PLEITO DE MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO MORAL PARA R$ ,00 (QUINZE MIL REAIS). ENTENDIMENTO DESTA CÂMARA CÍVEL. RECURSO DE APELAÇÃO (2). DESCABIMENTO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS Página 1 de 19

2 Apelação Cível nº fls. 2 MORAIS. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RELAÇÃO DE CONSUMO. APLICAÇÃO DO CDC. DANOS MORAIS PRESUMIDOS, NOS CASOS EM QUE O NOME DE PESSOA É INSCRITO INDEVIDAMENTE. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. DANO MORAL PURO. TERMO A QUO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA QUE INCIDEM DESDE O ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO. DATA DA SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. PRECEDENTE DESTA CORTE. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSO DE APELAÇÃO 1 AO QUAL SE DÁ PROVIMENTO. RECURSO DE APELAÇÃO 2 AO QUAL SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n.º , oriundos da Vara Cível, da Fazenda Pública, Acidentes do Trabalho, Registros Públicos e Corregedoria do Foro Extrajudicial, Juizado Especial Cível e Juizado Especial da Fazenda Pública do Foro Regional de Campina Grande do Sul da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que são apelantes SILMARA VALÉRIA RIBEIRO STUM ME e OI MÓVEL S/A e apelados os mesmos. Página 2 de 19

3 Apelação Cível nº fls. 3 I RELATÓRIO Trata-se de dois recursos de Apelação Cível interpostos em face da sentença prolatada pela MM. Juíza de Direito a quo (fls. 140/143), em autos de Ação de Inexigibilidade de Débito c/c Indenização por Danos Morais e Obrigação de Fazer, que julgou totalmente procedentes os pedidos da parte autora, nos seguintes termos: Em face do exposto, com base no art. 269, I, do CPC, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado pela autora em desfavor da empresa ré, para: (a) DECLARAR a inexigibilidade do débito representado pela fatura de fl. 21; (b) DETERMINAR que a ré providencie a exclusão definitiva do nome da autora dos bancos de dados de órgãos de proteção ao crédito, referente aos débitos discutidos neste processo; (c) CONDENAR a requerida no pagamento de indenização por danos morais à autora no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigidos monetariamente pelo INPC e acrescidos de juros de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data da citação. CONDENO a requerida no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 15% do valor da condenação [...]. Irresignadas com sentença, insurgiram-se as recorrentes com seu apelo. Em apertada síntese, a primeira delas (SILMARA VALÉRIA Página 3 de 19

4 Apelação Cível nº fls. 4 ME) pleiteou, às fls. 147/155, a majoração da verba fixada a título de indenização por danos morais, e ainda requereu, no caso de procedência do primeiro apelo, que se mantenha a proporcionalidade do ônus sucumbencial imposto. A segunda apelante (OI MÓVEL), por sua vez (fls. 160/166), discorreu acerca do descabimento da indenização pelos referidos danos e sobre qual seria o correto termo inicial para a fluência de juros, pleiteando, ao final, a reforma da decisão, a fim de que este e. Tribunal de Justiça reconheça a improcedência dos pedidos iniciais, e, alternativamente, minore o valor da referida indenização e fixe o termo inicial para a fluência dos juros a partir do arbitramento daquela. 189). Os recursos foram recebidos em ambos os efeitos (fl. A segunda apelante (OI MÓVEL S/A) apresentou suas contrarrazões ao respectivo recurso (fls. 191/194). da requerida. A primeira apelante não ofereceu contrarrazões ao apelo Vieram-me os autos conclusos. É o breve relato. Página 4 de 19

5 Apelação Cível nº fls. 5 II VOTO E FUNDAMENTAÇÃO Inicialmente, registro que o presente recurso será analisado à luz do Código de Processo Civil de 1973, visto que a decisão foi publicada antes do início da vigência do novo CPC, que se deu em 18/03/2016. Outrossim, esclareço que a publicação mencionada é a data em que a decisão foi disponibilizada para conhecimento das partes. No caso de processo virtual, a data da assinatura digital da decisão no PROJUDI. No caso de processo físico, a data em que o processo foi recebido pela Secretaria. Aplico, na espécie, o teor do enunciado administrativo n.º 02, do Superior Tribunal de Justiça: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Presentes os requisitos de admissibilidade recursal, tanto intrínsecos como extrínsecos, conheço dos dois recursos, motivo pelo qual passo à análise de seus méritos. II.1 DO RECURSO DE APELAÇÃO (2) Por consectário lógico, inicio o voto pelo recurso de Página 5 de 19

6 Apelação Cível nº fls. 6 apelação 2, da OI MÓVEL S/A, a qual pleiteia o provimento do recurso para o fim de julgar improcedente o pedido de condenação em danos morais, aduzindo que não houve dano moral por se tratar de mera cobrança indevida da requerida que não gera o direito à indenização por dano moral. Em caso de não provimento neste ponto, pleiteia que os juros de mora sejam contados, tal qual a correção monetária, a partir do arbitramento, e não a partir da citação válida, como constou na sentença. Alega que tal entendimento vem sendo adotado pelo STJ e por diversos Tribunais do pais, entre eles o do Estado do Paraná. Compulsando-se os autos, noto que as recorrentes celebraram contrato de prestação de serviços, no qual foram oferecidos por OI MÓVEL S/A à ora apelante 10 (dez) chips de telefone celular, dos quais esta apenas utilizou 2 (dois) deles, a saber, os que correspondiam às linhas telefônicas de n.ºs e Entretanto, vê-se, pela fl. 21, que no mês de março do ano de 2009, a ora apelante tomou ciência, pelo recebimento de uma fatura, da existência de um débito junto à operadora, referente à linha telefônica de n.º linha que, frise-se, jamais foi utilizada por aquela (chip lacrado, conforme chip juntado à fl. 40). Evidentemente, o pagamento de tal fatura não foi realizado pela apelante, o que motivou a inscrição de seu nome, pela apelada, em serviços de proteção ao crédito. Página 6 de 19

7 Apelação Cível nº fls. 7 Assim, deduziu em juízo sua pretensão, a fim de que se declarasse a inexigibilidade do débito da fatura de fl. 21, se retirasse seu nome dos referidos órgãos de proteção e se indenizasse sua moral em virtude desta inscrição. II.1.1 DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL Discorre a apelante 2 requerida OI MÓVEL S/A e pleiteia ao final em seu apelo sobre o descabimento da indenização moral julgada procedente pelo juízo a quo, porquanto, em sua análise, não se constatou (provou-se) a existência de qualquer dano efetivo suportado pela autora, e que o máximo que poderia se constatar no presente caso é de que se trata de cobrança indevida, a qual não gera o dever de indenizar por danos morais. lhe assiste. Em que pese os argumentos da ora apelante, razão não Isso porque, em virtude de estarmos diante de uma causa de pedir que se consubstancia em suporte fático de inscrição irregular em cadastro de órgãos de proteção ao crédito, os danos morais provenientes dessa indevida inscrição se configuram in re ipsa, ou seja, são presumidos e independem de comprovação. Não é outro o entendimento do E. STJ: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO Página 7 de 19

8 Apelação Cível nº fls. 8 AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CADASTRO DE INADIMPLENTES. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA. REDUÇÃO DA INDENIZAÇÃO. RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DO QUANTUM. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. Consoante a jurisprudência desta Corte, `nos casos de protesto indevido de título ou inscrição irregular em cadastros de inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, prescinde de prova, ainda que a prejudicada seja pessoa jurídica' (REsp n /MS, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJe 17/12/2008). De qualquer forma, a requerida não logrou êxito em comprovar que o débito era devido, fazendo meras alegações de que não inscreveu o nome da autora nos órgãos de restrição ao crédito e que o sistema interno da operadora de telefonia não acusava nenhuma irregularidade em relação à cobrança. Todavia, como afirmado pela d. magistrada singular na sentença, a requerida sequer apresentou as faturas de telefonia comprovando as ligações da autora com a linha telefônica questionada. Reconhecida a inexistência do débito, verifica-se pelo documento de fl. 23 que a requerida inscreveu a autora da ação nos órgãos de restrição ao crédito, que foram baixados após o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela (fl. 44), o que foi atendido pelos referidos órgãos às fls. Página 8 de 19

9 Apelação Cível nº fls. 9 50/51 e 53, não havendo dúvida, portanto, da inscrição indevida. Dessa forma, uma vez aplicável o CDC à questão sub judice, e constatadas as presenças de conduta, nexo causal e dano (requisitos da responsabilidade civil objetiva), não há que se falar em descabimento de reparação, inclusive moral, tendo em vista que, em face de inscrição indevida de inadimplente, os danos morais se configuram de forma presumida. Portanto, ante o reconhecimento da inexistência do débito, cabível a indenização por dano moral na presente hipótese, não havendo motivo para reforma da r. sentença neste ponto. DA CORREÇÃO MONETÁRIA II.1.2 DO TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA E Aduz a apelante, em suas razões, que a determinação do juízo a quo para que os juros de mora e a correção monetária fluam desde a citação se mostrou equívoca, pois em seu entender a data correta para tal seria a data do arbitramento da indenização. Neste ponto, reveste-se de razão a ora recorrente. Como bem relatou em seu apelo, tem-se por inconcebível a existência de mora antes da fixação da indenização por danos morais. Tal entendimento encontra respaldo em precedente do e. Superior Tribunal de Justiça: Página 9 de 19

10 Apelação Cível nº fls. 10 INDENIZAÇÃO. CULPA CONTRATUAL. SÚMULA 7. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. DANO MORAL. REVISÃO DO VALOR. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. DATA DO ARBITRAMENTO. REDUÇÃO DA CAPACIDADE PARA O TRABALHO. PENSÃO MENSAL DEVIDA. (...) A indenização por dano moral puro (prejuízo, por definição, extrapatrimonial) somente passa a ter expressão em dinheiro a partir da decisão judicial que a arbitrou. O pedido do autor é considerado, pela jurisprudência do STJ, mera estimativa, que não lhe acarretará ônus de sucumbência, caso o valor da indenização seja bastante inferior ao pedido (Súmula 326). Assim, a ausência de seu pagamento desde a data do ilícito não pode ser considerada como omissão imputável ao devedor, para o efeito de tê-lo em mora, pois, mesmo que o quisesse, não teria como satisfazer obrigação decorrente de dano moral, sem base de cálculo, não traduzida em dinheiro por sentença judicial, arbitramento ou acordo (CC/1916, art. 1064). Os juros moratórios devem, pois, fluir, no caso de indenização por dano moral, assim como a correção monetária, a partir da data do julgamento em que foi arbitrada a indenização, tendo presente o magistrado, no momento da mensuração do valor, também o período, maior ou menor, decorrido desde o fato causador do sofrimento infligido ao autor e as consequências, em seu Página 10 de 19

11 Apelação Cível nº fls. 11 estado emocional, desta demora. [...]. (REsp /RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 17/11/2011). c. Câmara Cível: Outrossim, não poderia ser diverso o entendimento desta CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL DA AUTORA. CONTRATAÇÃO ENTRE AS PARTES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL.APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. 1. INSURGÊNCIA DA EMPRESA TELEFÔNICA CONTRA SUA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE DANO MORAL. PREJUÍZO QUE SE CONFIGURA IN RE IPSA. INSCRIÇÃO INDEVIDA DA CONSUMIDORA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. 2. REQUERIMENTO DOS LITIGANTES DE MODIFICAÇÃO DO VALOR ARBITRADO COMO INDENIZAÇÃO. MAJORAÇÃO DO QUANTUM CONFORME ENTENDIMENTO DA DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL.3. QUESTIONAMENTO DA RÉ ACERCA DO TERMO A QUO DA INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA DA CONDENAÇÃO DE INDENIZAÇÃO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO Página 11 de 19

12 Apelação Cível nº fls. 12 MONETÁRIA QUE DEVEM SER FIXADOS A PARTIR DO ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, CONSOANTE ENTENDIMENTO DESTA CÂMARA. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA E RECURSO ADESIVO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [...]. A respeito a incidência dos juros de mora, o posicionamento majoritário desta 12ª Câmara Cível entende, conforme escorreitamente definido pelo Juízo a quo, pela fixação dos juros de mora a partir do arbitramento, posto que não há como considerar a existência de mora antes da fixação da indenização devida à título de dano moral. Por fim, dou parcial ao apelo para determinar que os juros de mora incidam a partir do arbitramento dos danos morais. (TJPR - 12ª C.Cível - AC Região Metropolitana de Londrina - Foro Central de Londrina - Rel.: Ivanise Maria Tratz Martins - Unânime - - J ). Assim, é mister reconhecer a razão do argumento da ora apelante para reformar a sentença no tocante a fluência de juros moratórios, que se iniciará a partir do arbitramento. A correção monetária, igualmente, incide a partir do arbitramento, conforme entendimento da Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. Página 12 de 19

13 Apelação Cível nº fls. 13 A reforma da sentença, então, é medida que se impõe, no sentido de que os juros de mora e a correção monetária fluirão a partir do arbitramento do valor devido (data da sentença), com base no REsp /RS e na Súmula 362 do STJ. II.2 DO RECURSO DE APELAÇÃO 1 Requer a autora/apelante 1 a majoração da indenização por danos morais, pois, em seu entender, a verba fixada em R$ 5.000,00 seria irrisória diante do grau de culpa da apelada. Com razão a apelante. Primeiramente, cumpre ressaltar que, no âmbito das relações de consumo (definições de consumidor e fornecedor nos arts. 2.º e 3.º do Código de Defesa do Consumidor), a responsabilidade é, via de regra, objetiva critério de imputação de responsabilidade civil no qual prescinde-se da análise de qualquer conduta culposa por parte do ofensor. Dito isso, reputo que a majoração da verba fixada pela MM. Juíza a quo comporta acolhida. Isso porque é sabido que, ao fixar indenizações por danos morais, o juiz deve não apenas reparar o dano suportado pelo ofendido, mas, igualmente, sancionar o ofensor para que novas práticas ilícitas, como a do caso em questão, não venham a acontecer; é o chamado caráter educativo da responsabilidade civil. Página 13 de 19

14 Apelação Cível nº fls. 14 Além desses critérios, convém evidenciar o posicionamento do e. Superior Tribunal de Justiça: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. PUBLICAÇÃO EM REVISTA SEMANAL DE CIRCULAÇÃO NACIONAL DE INFORMAÇÃO QUE ATINGE A IMAGEM DE EMPRESA COMERCIAL. DANO AFERIDO NA ORIGEM A PARTIR DOS ELEMENTOS FÁTICO- PROBATÓRIOS CARREADOS NOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA 07/STJ. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. QUANTUM DA INDENIZAÇÃO. VALOR EXORBITANTE. REDUÇÃO. POSSIBILIDADE. (...) 3. O critério que vem sendo utilizado por essa Corte Superior na fixação do valor da indenização por danos morais, considera as condições pessoais e econômicas das partes, devendo o arbitramento operar-se com moderação e razoabilidade, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido do ofendido, bem como que sirva para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito. (...) (STJ - REsp / SP - QUARTA TURMA - Rel. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO - J. 03/11/2009). Com base nessas premissas, e em casos similares a Página 14 de 19

15 Apelação Cível nº fls. 15 este, assim tem decidido esta c. Câmara Cível: DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DO CONSUMIDOR NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INSURGÊNCIA QUANTO AO VALOR DO DANO MORAL ARBITRADO. QUANTIA QUE DEVE SER SUFICIENTE PARA REPARAR O DANO SUPORTADO E DESESTIMULAR NOVA CONDUTA POR PARTE DA PRESTADORA DE SERVIÇO, SEM GERAR ENRIQUECIMENTO ILÍCITO À PARTE. VALOR QUE COMPORTA MAJORAÇÃO, INCLUSIVE EM ACORDO COM O ENTENDIMENTO DESTA CÂMARA. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA. [...]. Especificamente quanto aos danos morais, cumpre destacar que o Apelado não se insurgiu contra a sua condenação, havendo apenas pedido do consumidor de majoração do valor do dano, fixado em sentença em R$ 5.000,00. Para a fixação do valor da indenização do dano moral, prevalece na doutrina e jurisprudência o entendimento de que o quantum deve ser suficiente para compensar a vítima - sem implicar em enriquecimento ilícito desta - e para desestimular a reiteração da conduta por parte do ofensor. Portanto, a fixação do montante devido a título de dano moral fica ao prudente arbítrio do Página 15 de 19

16 Apelação Cível nº fls. 16 Juiz, devendo pesar, nestas circunstâncias, a gravidade e duração da lesão, a possibilidade de quem deve reparar o dano, e as condições do ofendido, cumprindo levar em conta que a reparação não deve gerar o enriquecimento ilícito, constituindo, ainda, sanção apta a coibir atos da mesma espécie. [...]. Nessa linha de raciocínio, merece destaque o descaso da empresa de telefonia quanto à má prestação de serviço, que promoveu a inscrição indevida do nome do consumidor nos órgãos de proteção ao crédito. E, em casos análogos a este, a jurisprudência desta Corte tem firmado o entendimento de fixação dos danos morais em R$ ,00, quantia esta que reputo suficiente para indenizar o consumidor pelos danos sofridos e para coibir a empresa de telefonia em incorrer em condutas negligentes como a verificada no caso em apreço. (TJPR - 12ª C.Cível - AC Colorado - Rel.: Ivanise Maria Tratz Martins - Unânime - - J ); Registre-se, ainda, mais um julgado desta c. Câmara Cível, desta vez de relatoria do e. Desembargador Luiz Cezar Nicolau: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TELEFONIA. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. INSURGÊNCIA DO AUTOR. Página 16 de 19

17 Apelação Cível nº fls. 17 INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. ATO ILÍCITO. DANO MORAL PRESUMIDO, CONFORME ORIENTAÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CONSIDERANDO OS EFEITOS MALÉFICOS DECORRENTES DA INDEVIDA INSCRIÇÃO DO NOME EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO E OS PARÂMETROS OBSERVADOS PELA JURISPRUDÊNCIA É DE SE MAJORAR DE QUATRO PARA QUINZE MIL REAIS O VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. RECURSO PROVIDO EM PARTE. [...]. É incontroverso o fato de ter a apelada, indevidamente, inscrito o nome do apelante em cadastros de inadimplentes por débito inexigível (tanto é que sequer recorreu da sentença que reconheceu essa conduta irregular e impôs condenação), tendo-se, por consequência jurídica, a responsabilização por dano moral, que, inclusive, independe de demonstração que neste caso se presume em razão do efeito maléfico que gera o ato. [...]. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao apelo do autor e majorar para quinze mil reais o valor da indenização por dano moral, mantendo, quanto aos demais termos, a sentença. (TJPR - 12ª C.Cível - AC Curitiba - Rel.: Luiz Cezar Nicolau - Unânime - - J ). Página 17 de 19

18 Apelação Cível nº fls. 18 Assim, tendo em vista os precedentes acima colacionados, tenho por bem que o pleito de majoração da verba fixada a título de indenização por danos morais comporta provimento, motivo pelo qual majoro-a para R$ ,00 (quinze mil reais). Por fim, quanto à proporcionalidade do ônus sucumbencial, tenho por bem, igualmente, em manter a sucumbência no importe de 15% sob o valor da condenação ora majorada, nos termos do art. 20, 3.º, do Código de Processo Civil. Diante do exposto, o voto é pelo conhecimento dos dois recursos e pelo PROVIMENTO do recurso de Apelação (1), para o fim de majorar a indenização por dano moral para o valor de R$ ,00 (quinze mil reais), e pelo PARCIAL PROVIMENTO ao recurso de Apelação (2), tão somente para reformar a sentença no tocante à contagem dos juros de mora e da correção monetária, que deverão incidir a partir do arbitramento (data da sentença de primeiro grau), mantendo, no mais, a r. sentença do juízo singular. III DECISÃO Diante do exposto, acordam os Desembargadores do 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em reconhecer do recurso de apelação 1 e dar provimento, e conhecer e dar parcial provimento ao recurso de apelação 2, nos termos do voto. Participaram da sessão e acompanharam o voto do Página 18 de 19

19 Apelação Cível nº fls. 19 Relator os Excelentíssimos Senhores Desembargadores MÁRIO HELTON JORGE e a Juíza de Direito Substituta em 2º Grau SUZANA MASSAKO HIRAMA LORETO DE OLIVEIRA. Curitiba, 17 de agosto de ANDERSON RICARDO FOGAÇA Relator Página 19 de 19