Encontro de Formação e Preparação para Pentecostes e para o Tempo Comum II.

Transcrição

1 Encontro de Formação e Preparação para Pentecostes e para o Tempo Comum II. Comissão de Liturgia da Região Episcopal Sé 08 de maio de 2010

2 Pentecostes... Era para os judeus uma festa de grande alegria, pois era a festa das colheitas. Ação de graças pela colheita do trigo. Vinha gente de toda a parte: judeus saudosos que voltavam a Jerusalém, trazendo também pagãos amigos e prosélitos. Eram oferecidas as primícias das colheitas no templo. Era também chamada festa das sete semanas por ser celebrada sete semanas depois da festa da páscoa, no qüinquagésimo dia. Daí o nome Pentecostes, que significa "qüinquagésimo dia". No primeiro pentecostes, depois da morte de Jesus, cinqüenta dias depois da páscoa, o Espírito Santo desceu sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de fogo; todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas (At 2,1-4). As primícias da colheita aconteceram naquele dia, pois foram muitos os que se converteram e foram recolhidos para o Reino. Quem é o Espírito Santo? O prometido por Jesus:... ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a realização da promessa do Pai a qual, disse Ele, ouvistes da minha boca: João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias" (At 1,4-5). Espírito que procede do Pai e do Filho: "quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade que vem do Pai, ele dará testemunho de mim e vós também dareis testemunho..." (Jo ). O Espírito Santo é Deus com o Pai e com o Filho. Sua presença traz consigo o Filho e o Pai. Por Ele somos filhos no Filho e estamos em comunhão com o Pai. O Significado de Pentecostes É uma palavra que vem do grego e significa qüinquagésimo. É o 50º dia depois da Páscoa. É a solenidade da vinda do Espírito Santo. Junto com Natal e Páscoa, forma o tripé mais importante do Ano Litúrgico. O surgimento da festa de Pentecostes Antes de ser uma festa dos cristãos, Pentecostes foi festa dos judeus, e sua origem se perde nas sombras do passado. Antes de se chamar assim, tinha outros nomes, e era uma festa agrícola. Em Êxodo 23, é chamada de festa da Colheita, a festa dos primeiros feixes de trigo colhidos. Em Êxodo 34, 22 é chamada de festa das Semanas, pois calculavam-se 7 semanas a partir do início da colheita do trigo (49 dias). Com o tempo, ela perdeu sua ligação com a vida dos agricultores, recebeu o nome grego de Pentecostes e se tornou a festa cívico-religiosa. No tempo de Jesus, celebrada 50 dias após a Páscoa, ela recordava o dia em que no monte Sinai, Deus entregou as tábuas da Lei a Moisés. Os Atos dos Apóstolos fazem coincidir a vinda do Espírito Santo com a festa judaica de Pentecostes. 02

3 A mensagem de Pentecostes e o que celebramos Na festa de Pentecostes, celebramos a vinda do Espírito Santo, enviado pelo Pai com a morte-ressurreição de Jesus. Há dois modos fundamentais de entender esta festa. Estamos acostumados a entendêla como memória da descida do Espírito Santo, acontecida no qüinquagésimo dia após a Páscoa. Mas uma tradição mais antiga, ligada ao apóstolo São João, vê Pentecostes como um festa que dura cinqüenta dias, iniciando-se com a Páscoa. Afinal, não diz o evangelho de João que Jesus soprou sobre os discípulos para que recebessem o Espírito Santo, no dia da Páscoa? Portanto, de acordo com essa tradição, comemora-se a presença de Jesus segundo o Espírito, a partir da ressurreição. De qualquer modo, Pentecostes é uma complementação da Páscoa. O Espírito que nos é dado é o Espírito de Cristo ressuscitado: - Ele vem renovar, recriar o mundo inteiro, estender a vitória da vida sobre a morte a todos os povos e culturas, começando com os pobres; - Em um mundo onde reina violência, opressão, desunião, divisão, ódio, exclusão..., o Espírito vem suscitando amor, compaixão, solidariedade, inclusão, espírito de alianças e cooperação; - para dar continuidade à missão de Jesus, o Espírito suscita e anima a Igreja-Serva, missionária, Esposa unida a Cristo-Esposo, sacramento da unidade de tudo e de todos. O Espírito ilumina a comunidade para entender e anunciar a Palavra viva de Deus em cada circunstancia. Faz da Igreja um povo sacerdotal que louva o Senhor, fazendo memória de Jesus. O enfoque de Lucas e João acerca da vinda do Espírito Santo Lucas adia a chegada do Espírito Santo, para fazê-la coincidir com a festa judaica de Pentecostes, na qual se celebrava a entrega da Lei a Moisés no monte Sinai. Com esse procedimento, fica clara a intenção de Lucas: para os cristãos, o supremo dom de Jesus e do Pai é o Espírito Santo, e não a Lei (Lucas 11,13). Lucas precisava preencher de conteúdo os dias entre a ressurreição, a ascensão e a vinda do Espírito Santo. Ele faz isso no final do seu evangelho e no primeiro capítulo de Atos dos Apóstolos. A Liturgia seguiu os passos de Lucas, assim 50 dias após a Páscoa celebra-se a vinda do Espírito Santo e, no domingo anterior, a Ascensão do Senhor (transferida da quinta-feira para o domingo). O Evangelho de João tem outra visão dos fatos. Para as comunidades joaninas, a efusão do Espírito Santo acontece no mesmo dia da ressurreição, sem deixar espaço vazio entre o tempo em que o Espírito agiu em Jesus e o tempo em que age nos discípulos de Jesus. Esta é a visão de João a esse respeito: 03

4 Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por meio das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: A paz esteja com vocês. Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor. Jesus disse de novo para eles; A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: Recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados (20, 19-23). Quem recebeu o Espírito Santo no dia de Pentecostes? Não se pode afirmar que somente os onze apóstolos e Maria é que receberam o Espírito. Na fala depois de terem recebido o Espírito Santo, Pedro cita o profeta Joel, que previa a efusão do Espírito sobre todas as pessoas: Nos últimos dias, diz o Senhor, eu derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas. Os filhos e filhas de vocês vão profetizar, os jovens terão visões e os anciãos terão sonhos. E, naqueles dias, derramarei o meu Espírito também sobre meus servos e servas, e eles profetizarão. O Espírito se manifestou de fato em línguas de fogo? Lucas é bem claro: Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles (Atos 2, 1-3). O que apareceu não foram línguas de fogo, mas algo parecido com línguas de fogo. Lucas tenta descrever aquilo que não se consegue descrever: a presença e a ação do Espírito. Cor litúrgica de Pentecostes e seu significado O vermelho domina essa solenidade, associado ao fogo, símbolo do amor. O Espírito Santo é chamado de Espírito do Amor. Símbolos O Espírito Santo é representado de diferentes formas: Água: O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, já que a água se transforma em sinal sacramental do novo nascimento. Unção: Simboliza a força. A unção com o óleo é sinônimo do Espírito Santo. No sacramento da Confirmação o confirmando é ungido para prepará-lo para ser testemunha de Cristo. 04

5 Fogo: Simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito. Nuvem e Luz: Símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Assim desce sobre a Virgem Maria para cobri-la com sua sombra. No monte Tabor, na Transfiguração, no dia da Ascensão; aparece uma sombra e uma nuvem. Selo: é um símbolo próximo ao da unção. Indica o caráter indelével da unção do Espírito nos sacramentos e falam da consagração do cristão. A Mão: Mediante a imposição das mãos os Apóstolos e agora os Bispos, transmitem o Dom do Espírito. A Pomba: No Batismo de Jesus, o Espírito Santo aparece em forma de pomba e posa sobre Ele. 05

6 Tempo Comum Como disse o Apóstolo Paulo... o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam. Deus, porém, o revelou a nós pelo Espírito, continua o apóstolo, esse mesmo Espírito que nos move e nos guia na caminhada do Tempo Comum. 06

7 Tempo Comum II Significado do Tempo Comum Ao longo do ano, pessoas, famílias, grupos e comunidades vivem momentos especiais marcados por acontecimentos importantes da vida. Mas vivem também do cotidiano, do trabalho diário em casa ou fora dela, da escola dos filhos... Nos domingos e festas também nossas relações são especiais. Mas também do cotidiano e isso na maior parte do ano. Algo semelhante acontece ao longo do Ano Litúrgico; 34 (33) de suas 52 semanas constituem o Tempo Comum. Isso, porém, não diminui a importância desse tempo, como se fosse inferior ao Ciclo do Natal e ao Ciclo da Páscoa. A importância desse tempo O Tempo Comum é marcado pela ação do Espírito Santo, celebrado no Pentecostes, na vida dos Cristãos. Daí sua importância. É o caminhar da Igreja, alimentada pelos sacramentos, seguindo os passos do seu Senhor. A espiritualidade do Tempo Comum Caminhada, Espírito Santo, Sacramentos dizem algo acerca do Tempo Comum. Se soubermos vivê-lo como merece, faremos dele um tempo de graça e de salvação. Fazendo o bem, ajudando a construir um mundo melhor, cuidando desse mundo, nossa casa e casa de Deus. No Tempo Comum recordamos a vida de muitos santos e santas. É um tempo de apelo à Santidade Nesse tempo descobrimos que todos os caminhos do bem são aptos a nos conduzir à realização da vontade de Deus, a nossa Santificação. Cor litúrgica do Tempo Comum É o verde. É a cor da esperança. A primavera, a ecologia, o cuidado pela natureza nos ajudam a entender e a vivenciar esse tempo. Embora nas celebrações de mártires é o vermelho e de santas e santos o branco. Começo e término do Tempo Comum O Tempo Comum I começa logo após o fim do Ciclo do Natal, que se encerra com a festa do Batismo do Senhor. A segunda-feira seguinte é a segunda-feira da 1ª semana do Tempo Comum. Visto que a Páscoa é a festa móvel, também o início da Quaresma, na 07

8 Quarta-feira de Cinzas, muda de data a cada ano. Os domingos (e semanas) entre o Batismo do Senhor e o começo da Quaresma são domingos e semanas do Tempo Comum. Em 2010, a Quarta-feira de Cinzas caiu no dia 17de fevereiro. Da festa do Batismo do Senhor ao dia 16 de fevereiro há 6 semanas do Tempo Comum (I). Nesse ano, Pentecostes é celebrado no dia 23 de maio. O tempo Comum (II) é retomado no dia 24 da 8ª semana até a 34ª. No dia 28 de novembro inicia-se o novo Ano Litúrgico. Em 2010 não há 7ª semana. É uma acomodação para fechar o Tempo Comum em 34 semanas. O Tempo Comum II encerramento do Ano Litúrgico termina sempre com a Solenidade de Cristo Rei. É o modo mais significativo de encerrar a caminhada, celebrando a realeza cósmica de Jesus Cristo. As festas e solenidades do Senhor dentro do Tempo Comum Dentro do Tempo Comum temos as seguintes festas e solenidades do Senhor: 02 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor ainda no Tempo Comum I; solenidade da Santíssima Trindade, que é a primeira grande celebração após a retomada do Tempo Comum II; solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo Corpus Christi; solenidade do Sagrado Coração de Jesus; festa da Transfiguração do Senhor (6 de agosto); festa da Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro); festa da Dedicação da Basílica do Latrão (9 de novembro) e solenidade de Cristo Rei, no 34º domingo do Tempo Comum. Bibliografia Quaresma, Páscoa e Pentecostes - Pe. José Bortolini Preparando a Páscoa/Pentecostes - Ione Buyst Tempo Comum - Pe. José Bortolini Wikipedia Elaboração: Comissão de Liturgia da Região Episcopal Sé Diagramação: Centro de Pastoral da Região Episcopal Sé 08