Empresa local; redução de efectivos; recrutamento. Pelo Senhor Director dos Empreendimentos, EM, SA, foi solicitado o nosso parecer sobre o seguinte:
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- Antônia Rosa Coimbra
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1 Informação n.º ID Proc. n.º Data Assunto Empresa local; redução de efectivos; recrutamento. Pelo Senhor Director dos Empreendimentos, EM, SA, foi solicitado o nosso parecer sobre o seguinte: A consulente é uma empresa local, de natureza intermunicipal, constituída ao abrigo da lei comercial como sociedade anónima, por seis municípios que detêm exclusivamente o respetivo capital, sendo igual a participação de cada um deles. A Lei nº 66-A/2012, de 31/12 Lei do Orçamento de Estado para 2013 LOE 2013, estabeleceu, no seu artº 65º, nº 6, que o universo dos trabalhadores a considerar para efeitos da redução prevista no nº 1 desta norma é não só os trabalhadores do município em causa mas também o da empresa local na qual esta autarquia exerça influência dominante. Por outro lado, quando foi constituída, esta empresa tinha por objecto social apenas a produção de energia eléctrica mas na sequência da publicação da Lei nº 50/2012, de 31/08, passou a ser uma empresa local de promoção do desenvolvimento local e regional, com um objecto mais amplo. Tal alteração da natureza da empresa e do seu objecto social veio introduzir uma modificação importante das suas actividades, que se tornaram mais diversificadas e mais numerosas, passando a abranger maior número de tarefas, que poderá determinar a necessidade de se proceder a uma reorganização do seu modelo de organização e do seu quadro de pessoal. RUA RAINHA D. ESTEFÂNIA, PORTO GERAL@CCDR-N.PT
2 Tendo em conta, porém, o referido quadro legal e a natureza desta empresa, na qual nenhum dos municípios accionistas detém, por si só, uma influência dominante, mas apenas quando consideradas no seu conjunto, suscitam-se algumas dúvidas quanto aos aspectos acima considerados, à luz daquela lei, que se pretende serem esclarecidos, quais sejam: 1- Quanto à redução de trabalhadores: a) em que termos é que o disposto no nº 6 do citado artº 65º é aplicável a esta empresa? b) Qual é o universo de trabalhadores a considerar para cada um do municípios accionistas para efeitos da mencionada redução de efectivos 2- Existem limitações legais ao recrutamento de novos trabalhadores? Cumpre responder: I- Sobre a natureza da empresa : A este propósito em parecer emitido em agosto de 2011 por solicitação dessa empresa escreveu-se o seguinte: Antes de mais, e no que concerne à natureza jurídica desta empresa não será despiciendo fazer alusão ao facto da Direcção-Geral das Autarquias Locais ter inicialmente, em ofício datado de 22 de Fevereiro de 2008, entendido que a empresa local não sendo detida por nenhuma associação de municípios, nem existindo nenhum município que sobre ela exerça, de forma directa ou indirecta, uma influência dominante, não pode a mesma ser considerada uma empresa municipal ou intermunicipal, na acepção da Lei nº 53-F/2006. e, em carta de 14 de Fevereiro, de 2011, assumir uma posição oposta à citada, alegando que, seguindo a doutrina supra referida da Procuradoria-Geral da República (Parecer nº 69/2008) o modo de repartição do capital social da sociedade comercial, permite concluir que a sociedade encontra-se sob a influência conjunta de vários município, resultando neste caso, da soma das participações dos vários municípios, pelo que deve ser caracterizada como empresa municipal. A empresa local é uma empresa municipal, sob a influência conjunta de vários municípios e como tal integra o sector empresarial local. Este é, aliás, o nosso entendimento no que respeita a empresas participadas por vários municípios em que nenhum deles assume posição de dominância. Em janeiro de 2013, novamente em parecer emitido a pedido dessa empresa, reafirmamos que esta natureza municipal desta empresa e não fica descaracterizada face disposto no nº 4 do artº 19º do RJAEL (Lei 50/2012, de 31/08). De facto resulta deste normativo terem natureza municipal as empresas cuja influência dominante seja exercida por um municípios ou dois ou mais municípios. 2/5
3 II- Sobre a redução de pessoal: Atentando na LOE 2013 constata-se que para as empresas publicas e entidades empresariais do sector empresarial do Estado o legislador foi muito preciso no que respeita à redução de efectivos e ao controlo de recrutamentos: - Ficam estas obrigada a uma redução mínima de 3% dos efectivos (artº 63º); - Ficam proibidas de levar a efeito nonos recrutamentos (artº 62º, nº 2, podendo ser haver lugar a tais recrutamentos quando se verifiquem as situações excepcionais previstas no nº 3). Todavia, para as empresas do sector empresarial local, o figurino adoptado é diverso, se não vejamos: Efetivamente, o artº 65º da LOE 2013 sob a epígrafe redução de trabalhadores nas autarquias locais determina que cada autarquia local reduza em 2% o número de trabalhadores face aos existentes em 31 de dezembro de No cômputo dos trabalhadores existentes nesta data devem ser englobados os trabalhadores das empresas locais nas quais o município tenha influência dominante i. Portanto, no que à redução de pessoal no corrente ano de 2013 respeita, o legislador optou por aplicar esta obrigação às empresas locais por uma via indirecta, determinando que ao universo dos seus trabalhadores seja adicionado aos efectivos municipais para efeitos de aplicação da mencionada percentagem. Na prática, esta norma confere a possibilidade de que que tal percentagem possa ser alcançada sem que haja uma redução de trabalhadores da empresa; vejamos um exemplo concreto: - Hipótese a) - O município X, detentor da maioria do capital social da sociedade Y, tem, no conjunto das duas entidades, 150 trabalhadores pelo que terá de reduzir, no mínimo 3 trabalhadores; é decidido que tal redução de, meramente, 3 trabalhadores irá ocorrer no âmbito do mapa de pessoal do município pelo que não haverá qualquer redução por banda da empresa. Evidentemente que, neste caso, quer a empresa quer o município, ficam impedidos de, durante 2013 levar a efeito quaisquer actos dos quais resulte a admissão de efectivos (vg, contratações ou a utilização de mecanismos de mobilidade), sob pena de resultar incumprida a dita obrigação de redução. - Hipótese b) Tomando a mesma situação concreta, o município consegue uma redução de 7 trabalhadores o que possibilitará à autarquia e/ou à empresa novos recrutamentos, no limite de 4; ou seja, poderá, por exemplo, a empresa recrutar 3 trabalhadores e o município 1, ficando acautelada a redução mínima imposta (para as autarquias esta possibilidade decorre do disposto na alínea e) do nº 1 do artº 66º da LOE 2013). Ou seja, através do nº 6 do artº 67º da LOE lograram-se dois desideratos: - De forma direta, implicar as empresas locais na redução de efectivos e, reflexamente 3/5
4 - ou seja, de uma forma enviesada, controlar as admissões de pessoal na autarquia e nessas mesmas empresas. Ora, quanto a nós, esta norma é inaplicável quando o município, de per si, não tenha influência dominante numa determinada empresa mas uma mera participação social. Assim, não obstante o caso vertente assumir contornos mais complexos - já que, apesar de cada um dos municípios não ter influência dominante, estamos perante uma empresa local ou seja, uma empresa cuja totalidade do capital social é municipal- o certo é que face à redação da norma em causa não nos parece que esta possa ser aplicável a cada um dos municípios que integram a empresa local uma vez que nenhum deles exerce influência dominante. Defender a aplicação desta norma à empresa local obrigaria à sua interpretação/aplicação extensiva que consistiria, eventualmente, na imputação, para este efeito, do pessoal da empresa a cada município na proporção da respectiva participação social; ou seja, cada município deveria acrescer aos efectivos do seu mapa (em 31/12/2012) uma fatia do pessoal da empresa na proporção da respectiva participação no capital social. No entanto, esta interpretação, por um lado, não tem qualquer apoio na letra da norma e, por outro, não se vislumbra, como, por via dessa contabilização, se consiga fixar uma concreta limitação quantitativa à admissão de efectivos na empresa; ou seja, exemplificando, cada um dos municípios contabilizaria, para efeitos da dita redução, uma parte dos efectivos da empresa mas não se antevê como, a partir deste passo, se poderia definir, tomando o conjunto dos seis municípios, o exacto quantum (limite) de novos recrutamentos em cada uma autarquias e na empresa. III Em conclusão: Face ao supra exposto não nos parece aplicável o disposto no nº 6 do artº 65º da LOE 2013 a cada um dos municípios com participação na empresa local uma vez que nenhum destes tem, segundo informação transmitida, influência dominante nesta empresa. Assim, sendo inaplicável esta norma, não existe qualquer outra que imponha expressamente limitações a novas admissões na empresa. Não obstante parece-nos que não será curial nesta altura do ano que terminará brevemente - proceder a novas admissões pela seguinte ordem de razões: - A posição que acima defendemos não é, de todo, pacífica e líquida: se é certo que, como referido, a norma em causa nº 6 do artº 65º da LOE é, face à sua redação, inaplicável não é menos certo que a 4/5
5 empresa em causa, como vimos, tem natureza municipal, por a influência total (e não apenas dominante) caber a um conjunto de municípios. - Em 1 de janeiro de 2014, ou seja muito brevemente, entrará em vigor uma nova LOE que irá fixar as regras que, neste domínio, vigorarão para este ano. - Acresce que, ainda que não se descortine no corrente ano (e eventualmente no próximo) uma norma que, na situação vertente, obrigue a uma redução de efectivos e, concomitantemente, a uma limitação de novas admissões não se poderá olvidar que, num contexto de PAEF e, portanto, de fortes constrangimentos orçamentais e de redução da despesa pública é questionável a admissão (sem limitações e sem uma devida fundamentação) de novos trabalhadores em entidades instituídas com capital público (não obstante a natureza privada das empresas locais). É o que se oferece informar sobre este assunto, A Chefe da Divisão de Apoio Jurídico, (Isabel Sá) i De acordo com o RJAEL essa influência dominante traduz-se na detenção da maioria do capital social ou no direito de designar e destituir a maioria dos membros do órgão de administração ou de fiscalização ou qualquer outra forma de controlo da gestão). 5/5
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