FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA DISCURSIVA E HISTORICIDADE DOS SUJEITOS E DOS SENTIDOS

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1 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA DISCURSIVA E HISTORICIDADE DOS SUJEITOS E DOS SENTIDOS Isabel FRANTZ (PPGEL/UFFS) Introdução Pela análise dos modos de funcionamento da memória, pode-se compreender o funcionamento da sociedade. Tomando essa formulação como hipótese de trabalho, objetivamos compreender o conceito de memória na perspectiva da Análise de Discurso (AD). Em um primeiro momento, discutiremos o conceito de memória de uma perspectiva histórica pelos trabalhos de Jacques Le Goff. Num segundo momento, analisaremos os deslocamentos que a perspectiva discursiva produz em relação à perspectiva histórica de memória como lembrança. Por fim, analisaremos, em sequências discursivas de arquivo construído durante a pesquisa de mestrado, os efeitos da memória da colonização e da descolonização na construção de imaginários linguísticos na comunidade Língua Portuguesa, na rede social Facebook. Este trabalho é parte da dissertação de mestrado que estamos desenvolvendo no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal da Fronteira Sul. 1. Memória como lembrança [...] a lembrança é em larga medida, uma reconstrução do passado com a ajuda de dados emprestados do presente. (HALBWACHS, 1968, p. 71). Nossa discussão sobre o conceito de memória como lembrança parte dos trabalhos de Jacques Le Goff. O conceito de memória postulado por este historiador (LE GOFF, 2003) tem relações de sentido com o conceito de memória coletiva proposto por Maurice Halbwachs (sociólogo francês). Por isso, apresentaremos inicialmente o conceito de

2 memória coletiva para compreendermos melhor o conceito de memória da perspectiva de Le Goff. Em sua principal obra, A memória coletiva, Halbwachs diferencia duas maneiras de se organizar as lembranças, de forma individual ou coletiva. Na memória individual, as lembranças são organizadas no quadro da personalidade, da vida do indivíduo, considerando-se apenas as lembranças que lhe interessam. Na memória coletiva, as lembranças são organizadas na medida em que interessam para o grupo (HALBWACHS, 1968, p. 53). O pesquisador afirma que as duas maneiras de se organizar as lembranças estão em relação, sem se confundirem: A memória individual pode, para confirmar algumas de suas lembranças, para precisá-las, e mesmo para cobrir algumas de suas lacunas, apoiar-se sobre a memória coletiva, deslocar-se nela, confundir-se momentaneamente com ela; nem por isso deixa de seguir seu próprio caminho, e todo esse aporte exterior é assimilado e incorporado progressivamente a sua substância. A memória coletiva, por outro, envolve as memórias individuais, mas não se confunde com elas. Ela evolui segundo suas leis, e se algumas lembranças individuais penetram algumas vezes nela, mudam de figura assim que sejam recolocadas num conjunto que não é mais uma consciência pessoal. (HALBWACHS, 1968, p ). Para o autor, a memória individual é composta pela memória do grupo. O teórico contribui para as ciências com uma reflexão que inclui a sociedade como fator que influencia a memória do indivíduo. Para Halbwachs (1968), é o conjunto, o grupo, que pode fazer com que um indivíduo preste atenção a esse ou àquele detalhe de um local, ou que lembre dessa ou daquela situação, mais uma vez atestando que o indivíduo se constrói em sociedade, mesmo que faça escolhas diferentes da maioria dos que o cercam. O sociólogo chama atenção ainda para o fato de que A memória de uma sociedade estende-se até onde pode, quer dizer, até onde atinge a memória dos grupos dos quais ela é composta. Não é por má vontade, antipatia, repulsa ou indiferença que ela esquece uma quantidade tão grande de acontecimentos e de antigas figuras. É porque os grupos que dela guardavam a lembrança desapareceram. (HALBWACHS, 1968, p. 84).

3 Por essa compreensão, o autor afirma ainda que toda memória coletiva tem por suporte um grupo limitado no espaço e no tempo (HALBWACHS, 1968, p. 86). O fato de ser coletiva, não significa que a memória seja universal, ou seja, a memória coletiva pode ser relativa a grupos menores, divididos pela extensão geográfica, cultura, língua, história, entre outros fatores, ou em grupos menores ainda, como uma turma do Ensino Fundamental que se diferencia de outra por suas vivências diferentes em sala de aula. Mesmo esses grupos menores podem se dividir com o passar do tempo, por afinidades, por exemplo. Assim, a memória vai se modificando, pois o grupo não é mais o mesmo, os interesses mudaram, etc. A memória, na reflexão do autor, retém do passado somente, aquilo que ainda está vivo ou capaz de viver na consciência do grupo que a mantém (HALBWACHS, 1968, p ). Filiado por sentidos a essa compreensão de memória coletiva, Le Goff formula um conceito de memória relacionado ao conceito de História. Para o autor, desde que, pelo trabalho da História, a memória passou a ser registrada de forma escrita, houve mudanças na memória coletiva, pois A escrita permite à memória coletiva um duplo progresso, o desenvolvimento de duas formas de memória. A primeira é comemoração, a celebração através de um monumento comemorativo de um acontecimento memorável [...] A outra forma de memória ligada à escrita é o documento escrito num suporte especialmente destinado à escrita [...] Mas importa salientar que todo documento tem em si um caráter de monumento e não existe memória coletiva bruta. (LE GOFF, 2003, p ). Segundo o historiador, enquanto a tradição oral pode produzir uma perda significativa em relação à memória e à História, pelo fato de passarem-se anos e os grupos dispersos nem sempre conseguirem conservar a sua memória, a tradição escrita permite que a memória seja perpetuada. Como analisa o autor, a memória social oral ou a tentativa de constituição de uma memória escrita permite compreender um jogo de poder, em que há a luta pela dominação da recordação e da tradição. Se não há registros escritos da memória e da História que possam desmentir o poder, ou se há a possibilidade de se registrar pela

4 escrita uma História modificada e construir uma nova identidade para o grupo, os grupos dominantes silenciam os dominados. Pelas reflexões do autor, mesmo que uma geração não tenha os mesmos interesses de gerações passadas, ela pode encontrar em documentos históricos as bases de sua história, não tão rica em detalhes como a memória da geração que presenciou acontecimentos como a Primeira Guerra Mundial, mas, ao menos, tem nesses documentos uma memória por meio da qual pode modificar sua história, seu futuro. Segundo Le Goff (2003), hoje, há mais do que a forma escrita para preservar a memória: a construção de monumentos aos mortos proclama a memória coletiva, e a fotografia permite guardar a memória através do tempo. Assim, o autor entende que a memória é mais do que trazer de volta lembranças do passado, é ela que constrói a História, a identidade, e reafirma essa visão ao explicar que A evolução das sociedades, na segunda metade do século XX, elucida a importância do papel que a memória coletiva desempenha. (...) A memória coletiva faz parte das grandes questões das sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento, das classes dominantes e das classes dominadas lutando todas pelo poder ou pela vida, pela sobrevivência e pela promoção. (LE GOFF, 2003, p. 469). História e memória, nessa perspectiva, estão em um movimento contínuo de mudanças, transformações, revoluções. A tecnologia é a maior responsável por avanços na maneira de pensar, fazer e registrar a História. Le Goff (2003) aponta que a História está sob pressão das memórias coletivas. Para o autor, os verdadeiros lugares da História, onde as memórias coletivas perderiam força, são arquivos, bibliotecas, museus, cemitérios, comemorações, peregrinações, manuais, autobiografias, associações, entre outros. 2. Memória, arquivo e interdiscurso [...] nenhuma memória pode ser um frasco sem exterior. (PÊCHEUX, 2010, p. 56).

5 Lendo Pêcheux, compreendemos, numa perspectiva discursiva, que a memória é um conjunto complexo, preexistente e exterior ao organismo, constituído por séries de tecidos de índices legíveis, constituindo um corpus sócio-histórico de traços (PÊCHEUX, 2011, p. 143). Como Orlandi (2003) aponta, todo dizer se produz sobre um já-dito. Para significar nossas palavras já fazem sentido. Assim, concordamos com Pêcheux que A memória seria aquilo que, face a um texto que surge como acontecimento a ler, vem restabelecer os implícitos (quer dizer, mais tecnicamente, os pré-construídos, elementos citados e relatados, discursos-transversos, etc.) de que sua leitura necessita: a condição do legível em relação ao próprio legível. (PÊCHEUX, 2010, p. 52). Assumimos, assim, que os sentidos se constroem nas relações de sentidos. Todo discurso se constitui pelo trabalho da memória discursiva, que funciona pelo esquecimento ou pelo dever de lembrar (ORLANDI, 2003). O arquivo é o modo de funcionamento da memória pelo dever de lembrar. Segundo Orlandi (2003), o arquivo é memória institucionalizada. Nele há um efeito de fechamento, que congela, organiza e distribui sentidos, ou seja, nele há uma estabilização de sentidos, que repousa sobre o que pode e, mais ainda, sobre o que deve ser dito. Já o interdiscurso é o modo de funcionamento da memória pelo esquecimento. O interdiscurso, ainda conforme Orlandi (2003), funciona pelo esquecimento de que os sentidos não começam no sujeito e que, ao dizer, o sujeito se inscreve numa posição discursiva da memória de dizer. É o esquecimento que permite que sentidos sejam reinscritos no discurso. Podemos, então, nos referir ao que Pêcheux postula sobre a reinscrição do já-dito no discurso pela ressignificação da memória, afirmando que A memória tende a absorver o acontecimento, como uma série matemática prolonga-se conjeturando o termo seguinte em vista do começo da série, mas o acontecimento discursivo, provocando interrupção, pode desmanchar essa regularização e produzir retrospectivamente uma outra série sob a primeira, desmascarar o aparecimento de uma nova série que não estava constituída enquanto tal e que é assim o produto do acontecimento; o acontecimento, no caso, desloca e desregula os implícitos associados ao sistema de regularização anterior. (PÊCHEUX, 2010, p. 52).

6 A regularização é da ordem da repetição, sentidos já produzidos são repetidos e retomados, regularizando-se. Quanto à desregulação, como formula Pêcheux, todo enunciado é suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, se deslocar discursivamente de seu sentido para derivar para um outro (PÊCHEUX, 2010, p. 53). A memória, para nós, é, então, constitutiva do sujeito, sempre aberta, heterogênea, sujeita ao equívoco e à contradição, portanto, não é lugar de transparência e homogeneidade, mas lugar de estabilização e de movimento dos sentidos. Aqui está um dos deslocamentos produzidos pela AD em relação à concepção de memória de Le Goff. Diferente de Halbwachs e Le Goff, na perspectiva discursiva não consideramos o sujeito psicológico, que rememora, consideramos o sujeito discursivo, constituído pelos sentidos. Mesmo quando consideramos os sentidos regularizados, não nos referimos a uma memória coletiva que é constituída por lembranças de um grupo. Referimo-nos a sentidos estabilizados pela repetição histórica. Discursivamente, a memória é constituída, também, pelos sentidos não semanticamente estabilizados, desviantes, errantes. Outro deslocamento é o de que a memória, para nós, não é lembrança, rememoração do passado, a memória, para nós, é constituída por processos discursivos, cuja origem não é localizável no tempo e nem no espaço. O discurso não tem começo e nem fim. A memória discursiva funciona pelo interdiscurso, pelos esquecimentos, proposição que desloca da perspectiva que concebe a memória como lembrança. A memória discursiva funciona, também, pelo dever de lembrar sentidos institucionalizados (arquivo), o que difere de (re)lembrar o passado. 3. Memórias da Língua na rede social Nossa reflexão sobre a constituição e o funcionamento heurístico do conceito de memória no campo da Análise de Discurso se sustenta na análise de sequências discursivas recortadas de postagens da comunidade Língua Portuguesa, no Facebook ( Nosso objeto de estudo é o funcionamento das memórias da colonização e da descolonização (constituídas pelos discursos da colonização e da descolonização, respectivamente), inscritas em imaginários linguísticos que constituem sujeitos e sentidos na referida comunidade.

7 Há, atualmente, várias discussões acerca da língua. Uma delas se dá pela formação de uma Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e pela instituição de um acordo ortográfico entre os países que compõem essa comunidade. Os discursos da colonização (de que há uma unidade linguística entre Portugal e os países por ele colonizados, de que a língua falada nos países colonizados é uma cópia falha da língua falada em Portugal) sustentam e são sustentados por ações como a CPLP e o acordo ortográfico, que visam manter o imaginário de unidade que conforma sentidos para a Lusofonia. Contrário a isso, formulam-se os discursos da descolonização, segundo os quais a língua falada no Brasil, já não é mais a mesma de Portugal, não é uma variante, um dialeto da Línga Portugesa de Portugal, é outra língua. Segundo Orlandi (2009), a colonização e a descolonização tem a ver com o modo das sociedades se estruturarem politicamente em relação aos países, Estados, nações, tribos. Tanto a colonização quanto a descolonização, no que diz respeito à língua, são fatos da relação entre a língua fluida e a língua imaginária. Os imaginários linguísticos, que constituem sujeitos e sentidos, são efeitos da memória discursiva e produzem diferentes relações dos sujeitos com a língua, com o Estado e com outros falantes. Pêcheux afirma que as evidências lexicais inscritas na estrutura da língua deveriam ser relacionadas com o imaginário linguístico, visto que aparecem neste como o simples efeito das propriedades lexicais, evidentes em sua eternidade (PÊCHEUX, 2009, p. 165). O imaginário suspende a relação da produção de sentido com o seu lugar para levá-lo para outro como se fosse o próprio. Apaga assim a materialidade das condições de produção. É, pois, a interpretação que atribui sentidos de um lugar só, universalizado (ORLANDI, 2008b, p.44). Assim, o imaginário funciona como evidência de que há uma relação direta entre o mundo e a linguagem. Compreendendo, desse modo, o funcionamento do imaginário linguístico, propomos trabalhar com a opacidade do texto, com a ilusão do sentido pré-determinado, afirmando que a relação do mundo com a linguagem não é direta, mas parece ser por causa do imaginário linguístico. Discursivamente, trabalhamos com fatos e não dados. Para nós, isso significa a possibilidade de trabalhar o processo de produção da linguagem e não apenas seus

8 produtos (ORLANDI, 1996, p. 209) e traz a questão da historicidade para a reflexão. Nosso objeto de estudo é o discurso. É importante frisar que, na perspectiva teórica que adotamos, o discurso não é a fala ou o texto, é efeito de sentido entre locutores, produzido pela relação da língua com a história, do sujeito com os sentidos, é o efeito do funcionamento do interdiscurso (ORLANDI, 1984). O arquivo que analisamos é constituído por postagens da comunidade Língua Portuguesa, disponíveis no Facebook, postagens que se filiam por sentidos aos discursos da colonização e da descolonização. Denominamos como arquivo o conjunto de documentos pertinentes e disponíveis sobre nossa questão de pesquisa. O arquivo está num lugar de entremeio, entre o sistema da língua suscetível de falhas e a inscrição de efeitos linguísticos materiais na história (DELA-SILVA; LEANDRO-FERREIRA; ROMÃO, 2011, p.19), entre a ilusão do tudo reunir e o reconhecimento de que não se consegue agrupar todos os documentos sobre determinada questão. A partir do arquivo produzimos um recorte, que se constitui em fragmento da situação discursiva que tentamos compreender, constituindo-se em um gesto de interpretação (ORLANDI, 2007). Compreendemos com Orlandi que recortes são feitos na (e pela) situação de interlocução, aí compreendido um contexto (de interlocução) menos imediato: o da ideologia (ORLANDI, 1984, p.14). Os recortes deste trabalho são postagens da comunidade Língua Portuguesa e comentários de internautas às postagens que formam o arquivo, postados entre os meses de agosto de 2012 e fevereiro de Analisamos, nesses recortes, sequências discursivas que se inscrevem nas memórias da colonização e da descolonização. Com Courtine, definimos sequências discursivas como as seqüencias orais ou escritas de dimensão superior à frase (COURTINE, 2009, p.57), que deixam marcas do interdiscurso no intradiscurso. Em nosso gesto de interpretação, articulamos dispositivos teóricos e analíticos da AD associados à História das Ideias Linguísticas (HIL) para chegarmos à compreensão dos efeitos da memória discursiva da colonização e da descolonização na constituição de sujeitos e sentidos na comunidade Língua Portuguesa na rede social Facebook. Lembrando que interpretar não é atribuir sentido, mas expor-se à opacidade do texto, ou seja, é explicitar como o texto produz sentidos (ORLANDI, 2010, p. 24). O que denominamos de

9 compreensão, neste trabalho, é, como Orlandi propõe, a explicitação do modo como o discurso produz sentido (ORLANDI, 1994b, p. 58). Entendemos, com Orlandi, que há uma determinação histórica do sentido, ele não está fixado, preso às palavras, no espaço que vai da constituição dos sentidos (o interdiscurso) à sua formulação (o intradiscurso) intervêm a ideologia e os efeitos imaginários (Ibidem, p. 57). Analiticamente, partimos da superfície linguística, considerando, assim, no intradiscurso, os vestígios que formações discursivas e relações de sentido deixam no texto, desfazendo a ilusão de que aquilo que está dito só poderia ser dito daquela forma. Desse modo, construímos nosso objeto discursivo, estabelecendo relação do dizer com outros dizeres. Por essa via, buscamos compreender o processo discursivo, observando os deslizamentos, a historicidade, permitindo, pela depreensão das formações discursivas, nas quais se inscrevem o dizer das postagens, compreender a formação ideológica dominante (ORLANDI, 1994a, p. 303; ORLANDI, 2008a, p. 51; ORLANDI, 2012, p ). 3.1 Língua e Discursos da colonização De acordo com Mariani (2004), a noção de colonização remete ao contato de povos com histórias e línguas diferentes, em um dado momento histórico, produzindo sentidos diferentes no discurso do colonizador e no discurso do colonizado. No discurso do colonizador silenciam-se as lutas, os confrontos e valorizam-se as ações do colonizador. Este é um discurso que se impõe com a força institucionalizadora de uma língua escrita gramatizada que já traz consigo uma memória, a memória do colonizador sobre sua própria história e sobre a sua própria língua (MARIANI, 2004, p. 24). Mariani explica os efeitos da colonização como acontecimento discursivo, e define que a Colonização lingüística resulta de um processo histórico de encontro entre pelo menos dois imaginários lingüísticos, constitutivos de povos culturalmente distintos línguas com memórias, histórias e políticas de sentidos desiguais, em condições de produção tais que uma dessas línguas chamada de língua colonizadora visa impor-se sobre a(s) outra(s), colonizada(s). (Ibidem., p. 28).

10 Como efeito da memória da colonização, produz-se o imaginário de unidade linguística entre Portugal e os países por ele colonizados; imaginário de que a língua falada nos países colonizados é uma cópia falha da língua falada em Portugal. Para compreendermos o funcionamento da memória da colonização, recortamos uma das respostas à postagem: Dois países, duas histórias, a mesma língua, em que figuram as bandeiras do Brasil e de Portugal. Um português comenta, a partir da postagem, que: Sd1 - Não são dois países, são oito Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste. É interessante observar que a negação incide na formulação são dois países, não incide sobre o restante da sequência: duas histórias, a mesma língua. Seriam então somente duas histórias, mesmo considerando que sejam oito os países? Na formulação da (Sd1), a negação incide somente no fato da postagem não se referir aos oito países, mantém-se o sentido de que apenas o Brasil e Portugal têm história. Apagam-se, desse modo, as diferentes histórias dos países africanos em que a Língua Portuguesa é, também, língua oficial. Pela paráfrase, podemos observar a relação entre diferentes [sentidos], tanto no interior das mesmas formações discursivas, como entre distintas formações discursivas, pois são todas elas relações de paráfrase (ORLANDI, 2008b, p. 48). Assim, parafraseando o comentário na (Sd1), temos: (1) Oito países, oito histórias, a mesma língua, ou ainda, (2) Oito países, oito histórias, oito línguas. Na paráfrase (1), formula-se o sentido de que há unidade em torno da mesma língua que seria falada nos oito países. Essa unidade imaginária constitui a memória da colonização, unindo os países lusófonos em torno de uma mesma língua. Na paráfrase (1), o imaginário linguístico de unidade se inscreve no discurso da colonização pela formulação mesma língua. A diferença entre a paráfrase (1) e o comentário analisado está em que na paráfrase (1), diferentemente do comentário, formula-se o sentido de que há oito países, cada um com sua história. Mantém-se, contudo, o sentido de que estão unidos pela língua.

11 Na paráfrase (2), produz-se o sentido de que as histórias e as línguas dos oito países citados são diferentes entre si. Contudo, produz-se o apagamento das histórias e línguas nacionais desses países. Produz-se, na paráfrase (2), o silenciamento da diversidade linguística, o que poderíamos denominar de diversidade interna aos países. Funciona na paráfrase (2) a ilusão de unidade de história e de língua dos países referidos na postagem. Por essa paráfrase, considera-se que esses países têm uma única história e uma única língua falada em seu território, colaborando para a ideia de identidade nacional. 3.2 Língua e Discursos da descolonização Quanto aos discursos da descolonização, Orlandi afirma que o processo da descolonização linguística pode ser definido como o imaginário social no qual se dá um acontecimento linguístico sustentado no fato de que a língua faz sentido em relação a sujeitos não mais submetidos a um poder que impõe uma língua sobre sujeitos de uma outra sociedade, de um outro Estado, de uma outra nação (ORLANDI, 2009, p. 213). A descolonização é, assim, o processo pelo qual os países colonizados resistem à colonização. O processo de descolonização linguística não se inicia quando a colonização termina, ou seja, quando é declarada a Independência. Desde que os portugueses chegaram ao Brasil, por exemplo, os sentidos para a fauna, flora e geografia da terra desconhecida organizaram-se a partir da representação linguística para termos indígenas, misturados a termos da língua do colonizador. Conforme Mariani, são elas que ficam nas gramáticas portuguesas como vestígio possível da presença do que havia sido excluído (MARIANI, 2004, p. 30). Assim, desde a colonização já se iniciou o processo de descolonização linguística. Com Orlandi, entendemos que o processo de descolonização é a construção de um sujeito nacional, de um cidadão brasileiro com sua língua própria, estável, capaz de unidade e visível na gramática. O país, seu saber, seu sujeito político-social e suas instituições se individualizaram (ORLANDI, 2009, p. 218). A descolonização linguística ganhou mais visibilidade depois da Independência, em 1822, quando, segundo Orlandi (2009), o Estado brasileiro se estabeleceu, garantindo a diferença em relação a Portugal. No entanto, foi a gramatização, a produção de gramáticas do português brasileiro, um dos fatores mais

12 importantes para que o processo de descolonização ganhasse força. Para compreendermos o funcionamento da memória da descolonização, recortamos uma das respostas à postagem: Língua Brasileira. Um brasileiro comenta, a partir da postagem, que: Sd2 - Ta faltando dar o grito de independência da nomenclatura, em vez de língua Portuguesa, lingua Brasileira. Quem daria o grito de independência da nomenclatura hoje? Os linguistas? Os políticos? Como analisa Guimarães (1996), na década de 1940 se discutiu a denominação da língua falada no Brasil. Um grupo de intelectuais brasileiros defendeu que a língua fosse nomeada como brasileira; outro grupo, formado por intelectuais e políticos, defendeu a referência à Portugal, ao português da antiga metrópole; e a comissão jurídica nomeada para decidir concluiu que o nome da língua oficial brasileira é Língua Portuguesa. Segundo Silva Sobrinho (2009), essa denominação remete à história de origem do país, à colonização, tendo uma relação de referência com o colonizador. Na (Sd2), formula-se que ta faltando dar o grito de independência da nomenclatura, substituindo a denominação oficializada em 1946 pela denominação língua brasileira. Mudar a nomenclatura significaria mudar a referência. Se falta apenas a independência da nomenclatura, significa que já temos, além de uma nação independente, uma língua independente, que só não é assim reconhecida por ter em sua denominação a relação com a Língua Portuguesa de Portugal, ou seja, com sua história de colonização. Esses sentidos formulados na (Sd2) se inscrevem na discursividade que, descolonizando a teoria, compreende que a evidência da semelhança faz desconhecer a distinta materialidade histórica, ou seja, é porque a Língua Portuguesa do Brasil e a Língua Portuguesa de Portugal são semelhantes em alguns aspectos, que não se percebem as diferenças históricas e se tomam as duas línguas como sendo uma só (ORLANDI, 2002). Na (Sd2) se produz o sentido de que há duas línguas diferentes, independentes, e que a nomeação Língua Brasileira daria conta de mostrar que a referência da língua falada no Brasil não é mais Portugal.

13 Considerações finais Nos discursos da colonização funciona um arquivo em que se pensa a unidade dos países lusófonos em torno de uma mesma língua, apagando histórias e línguas, mantendo o colonizador como a referência dos colonizados. Nos discursos da descolonização percebemos o reconhecimento das diferenças entre a(s) língua(s) do colonizador e a(s) língua(s) dos colonizados, considerando-se as diferenças históricas num mesmo país e entre diferentes países. É pelos modos de funcionamento da memória que compreendemos aos discursos da colonização e da descolonização no material de análise e como sujeitos e sentidos se constituem na relação com a(s) língua(s). Da posição sujeito relativa ao discurso da colonização, produz-se o imaginário de unidade linguística dos países que foram colonizados por Portugal. Da posição sujeito relativa ao discurso da descolonização, a diversidade linguística é significada como diferença, produzindo a necessidade de uma nomeação para a língua que desfaça os laços com o ex-colonizador. Referências COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Paulo: EdUFSCar, DELA-SILVA, Silmara; LEANDRO-FERREIRA, Maria Cristina; ROMÃO, Lucília Maria Sousa. Arquivo. In: MARIANI, Bethania; MEDEIROS, Vanise; DELA-SILVA, Silmara. (orgs.) Discurso, arquivo e... Rio de Janeiro: 7Letras, p HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Traduzido do original francês La Mémoire collective por Laurent Léon Schaffter (2.ed.). Presses Universitaires de France. Paris, França, GUIMARÃES, Eduardo. Sinopse dos Estudos do Português no Brasil: A Gramatização Brasileira. In: GUIMARÃES, Eduardo; ORLANDI, Eni P. Língua e Cidadania: o português no Brasil. Campinas, SP: Pontes, 1996, p INDURSKY, Freda. A memória na cena do discurso. In: INDURSKY, Freda; MITTMANN, Solange; FERREIRA, Maria Cristina Leandro (organizadoras). Memória e história na/da análise do discurso. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011, p LE GOFF, Jacques. História e Memória. 5.ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

14 MARIANI, Bethania. Colonização Linguística: Línguas, política e religião no Brasil (séculos XVI a XVIII) e nos Estados Unidos da América (século XVIII). Campinas, SP: Pontes, ORLANDI, Eni P. Segmentar ou recortar? In: Lingüística: questões e controvérsias. Uberaba, Fiube, ORLANDI, Eni P. O lugar das sistematicidades lingüísticas na Análise de Discurso. D.E.L.T.A, São Paulo, v.10, n.2, p , 1994a. ORLANDI, Eni P. Discurso, imaginário social e conhecimento. Em Aberto, Brasília, ano 14, n.61, jan./mar. 1994b. ORLANDI, Eni P. Discurso: Fato, dado, exterioridade. In: CASTRO, Maria Fausta Pereira de. O método e o dado no estudo da linguagem. Campinas, SP: Unicamp, p ORLANDI, Eni Puccinelli. Língua e conhecimento linguístico: para uma história das ideias no Brasil. São Paulo: Cortez, ORLANDI, Eni Puccinelli. Ler a Cidade: o Arquivo e a Memória. In: ORLANDI, Eni Puccinelli (org.). Para uma Enciclopédia da Cidade. Campinas, SP: Pontes, Labeurb/ Unicamp, 2003, p ORLANDI, Eni Puccinelli. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 5. ed., Campinas, SP: Pontes Editores, ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas, SP: 3. ed. Pontes Editores, 2008a. ORLANDI, Eni Puccinelli. Terra à vista - discurso do confronto: velho e novo mundo. 2.ed. Campinas: Unicamp, 2008b. ORLANDI, Eni Puccinelli. Processo de descolonização lingüística: as representações da língua nacional. In: GALVES, Charlotte; GARMES, Helder; RIBEIRO, Fernando Rosa. (orgs.). África-Brasil: caminhos da língua portuguesa. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009, p ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do discurso: princípios e procedimentos. 10 ed. Campinas, SP: Pontes, PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 4. ed. Tradução de Eni Puccinelli Orlandi... [et al]. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009.

15 PÊCHEUX, Michel. Papel da memória. In: ACHARD, Pierre et al. (org.). Papel da Memória. Tradução e introdução: José Horta Nunes. 3.ed., Campinas, SP: Pontes Editores, 2010, p PÊCHEUX, Michel. Leitura e memória: projeto de pesquisa. In: ORLANDI, Eni (org.). Análise de Discurso: Michel Pêcheux. Campinas, SP: Pontes, 2011, p SILVA SOBRINHO, J. S. Os nomes da língua do Brasil no Museu da Língua Portuguesa: uma questão política. Sínteses (UNICAMP, Online), v. 14, p , 2009.

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