Estratégia da Comissão Europeia para uma Política Comunitária de Inovação
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- Felipe Assunção Bayer
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1 Estratégia da Comissão Europeia para uma Política Comunitária de Inovação Como fomentar os instrumentos de apoio à INOVAÇÃO? Enquadramento Comunitário para a inovação na construção e reparação naval vs Sistemas de Incentivos à Inovação do Quadro de Referência Estratégico Nacional 1
2 Índice 1 - Revisão da Política Comunitária de Inovação Uma estratégia de inovação abrangente Inovação vs deslocalização Melhorar a estrutura de governação dos programas Incentivar os financiamentos privados Reforçar as condições gerais para as empresas, nomeadamente PME 2 - Enquadramento dos auxílios estatais à construção naval 2.1 Objectivos do Enquadramento Revisão do Enquadramento 3 - Medidas para a aceleração de projectos QREN Nova legislação para os Sistemas de Incentivos Crítica do sector aos Sistemas de Incentivos à Inovação Projecto de Regime Especial e de Interesse Estratégico 2
3 1 - Revisão da Política Comunitária de Inovação Está em curso a "Revisão da política comunitária de inovação num mundo em mudança", que deverá ser concretizados no projectado "Plano de Acção para a Inovação". Aguarda-se com expectativa que o Plano de Acção europeu seja ambicioso e orientado para as empresas e que dote a UE de uma nova estratégia susceptível de acelerar a transformação da Europa num espaço económico competitivo à escala global, assente no conhecimento, inovador e social, bem como sustentável. Tanto a estratégia da EU para 2020 como o Plano de Acção para a Inovação devem proporcionar à UE os instrumentos necessários para fazer face aos grandes desafios com que se irão deparar no futuro em matéria social. A transformação da economia europeia numa economia sustentável deve conduzir ao aumento da competitividade das empresas europeias. Por outro lado, dos desafios económicos e ambientais advirão novas oportunidades para as nossas economias. 3
4 1.1 - Uma estratégia de inovação abrangente O Plano de Acção para a Inovação deve visar todas as formas de inovação, tanto no sector público como no privado, a fim de incluir igualmente as inovações que não sejam do domínio tecnológico. A fim de fazer face ao surgimento de novas desigualdades sociais, as inovações deverão, no futuro, ser avaliadas não só pelo seu valor ecológico e económico, mas também pela sua mais-valia social. Defende-se o ponto de vista defendido pela Comissão na sua Comunicação, nomeadamente que as tecnologias facilitadoras essenciais se revestem de importância fundamental para a consecução dos objectivos supramencionados. O PE chama a atenção da CE para que o Acto Europeu da Inovação avance em direcção a uma estratégia de inovação coerente, que inclua: Uma estratégia de inovação abrangente que tenha em conta as duas outras vertentes do triângulo do conhecimento (investigação e educação); 4
5 Uma política de inovação concebida numa perspectiva abrangente e que inclua todas as formas de inovação: Inovações tecnológicas (ao nível dos produtos e dos processos). Inovações administrativas e organizacionais. Inovações sociais e laborais. Novos modelos comerciais inovadores. Inovação no domínio dos serviços Inovação vs deslocalização A concorrência a nível global entre locais de produção tem conduzido a uma deslocalização crescente para países terceiros não só da produção, como também das respectivas capacidades de investigação e de desenvolvimento. Esta tendência coloca em perigo o próprio cerne da Europa enquanto pólo de instalação industrial, pelo que há que fazer face a esta ameaça fomentando, de forma coerente, os potenciais de inovação, antes que estes se tornem irreversíveis. 5
6 1.3 - Reforço e concentração dos meios comunitários consagrados à inovação Segundo declarações da Comissão, actualmente a percentagem do orçamento da União Europeia consagrada directamente a medidas inovadoras é inferior a 1%. À luz dos desafios sociais que se prevêem, esta percentagem não é suficiente, pelo que o PE solicita um reforço do orçamento da UE consagrado à inovação, aquando dos trabalhos preparatórios no âmbito das Perspectivas Financeiras para Por outro lado, atendendo nomeadamente à crise financeira e às restrições à concessão de crédito, a disponibilização acrescida de recursos financeiros, tanto a nível comunitário como nacional, e a criação de instrumentos financeiros adaptados será decisiva para a capacidade de inovação das empresas. De todas as formas, é imperativo fomentar a inovação de forma mais orientada para os objectivos. Assim sendo, há que criar, e reforçar, as sinergias entre os instrumentos de apoio à inovação. Os fundos devem fluir para onde houver o maior efeito de alavanca, sendo que, neste contexto, o critério decisivo deve residir no "valor acrescentado para a Europa". 6
7 1.4 - Melhorar a estrutura de governação dos programas Deve ser melhorada a eficácia da política de inovação, reforçando a coordenação dos vários instrumentos de apoio, melhorar a sua articulação e geri-los de forma mais estrita. Da perspectiva do utente, a multiplicidade de agentes implicados a nível comunitário é igualmente contraproducente. Por outro lado, estes necessitam de informações claras sobre que instrumentos de apoio se encontram disponíveis em que nível e para que medidas. Não deixa igualmente de ser necessário reforçar a coordenação entre os agentes a nível comunitário. A política de inovação deve constituir uma prioridade comunitária da Comissão, pelo que importa criar uma coordenação horizontal no seio desta instituição, de molde a assegurar uma cooperação estreita entre a DG Investigação e a DG Empresas. Isto reveste-se de interesse particular no contexto da distribuição de competências no interior da Comissão e da futura revisão dos programas-quadro. 7
8 1.5 - Incentivar os financiamentos privados A par dos apoios públicos há que incentivar e fomentar os investimentos privados. É precisamente o capital de risco que desempenha, nomeadamente numa primeira fase e na fase de expansão, um papel particular tendo em vista o êxito, não só das grandes empresas, aquando da criação de inovação. Se for concebido de forma correcta, o financiamento de capital de risco pode certamente constituir uma incitação à inovação, em complemento à concessão de apoios financeiros, inclusive para as pequenas empresas Reforçar as condições gerais para as empresas, nomeadamente PME Não obstante a criação de um regulamento geral de isenção por categoria já tenha trazido simplificações, convém, aquando da próxima revisão do quadro das ajudas, reforçar o potencial de inovação destes instrumentos, inclusive no que respeita às inovações não tecnológicas. No entanto, convém verificar se o actual regime de ajudas não constitui um obstáculo à nova estratégia de promoção das tecnologias facilitadoras essenciais. Assim, há que evitar que ocorra uma deslocalização de empresas na sequência das más condições gerais no domínio das ajudas. 8
9 O reforço dos auxílios à inovação para as PME deve ser acompanhado da redução dos encargos burocráticos. Para além dos problemas de ordem linguística, amiúde os maiores problemas são constituídos pelos processos de candidatura que implicam muito pessoal e uma elevada taxa de erro, acrescendo-se-lhe o elevado risco financeiro. A protecção da propriedade intelectual reveste-se igualmente de importância fundamental para a capacidade de inovação. Por outro lado, à luz da importância que a capacidade de inovação assume para a competitividade da UE, os investimentos na formação inicial e na formação contínua de pessoal qualificado revestem-se de importância fundamental, pelo que não podem ser reduzidos. O triângulo do conhecimento constituído pela investigação, inovação e educação deve ser visto como um todo e não pode ser desagregado, correndo-se o risco de prejudicar a sustentabilidade da inovação e, consequentemente, a durabilidade da produção. 9
10 2 - Enquadramento dos auxílios estatais à construção naval Desde o início da década de setenta, os auxílios estatais à construção naval têm sido objecto de uma série de regimes comunitários especiais. Em comparação com os sectores industriais não regidos por regras especiais, os regimes aplicáveis ao sector da construção naval incluíam algumas disposições mais rigorosas e outras mais flexíveis. O presente enquadramento prevê novas regras de apreciação dos auxílios estatais à construção naval, na sequência do termo de vigência, em 31 de Dezembro de 2003, do Regulamento (CE) n.o 1540/98 do Conselho, de 29 de Junho de 1998, que estabeleceu novas regras de auxílio à construção naval. 2.1 Objectivos do Enquadramento O enquadramento tem por objectivo, na medida do possível, suprimir as diferenças existentes entre as regras aplicáveis ao sector da construção naval e a outros sectores industriais, simplificando e tornando mais transparente a política da Comissão neste domínio, através da extensão das disposições horizontais de carácter geral ao sector da construção naval. 10
11 A Comissão reconheceu que certos factores específicos, que afectavam nessa altura o sector da construção naval, alguns dos quais ainda permanecem, deviam ser tomados em consideração na política da Comissão em matéria de controlo dos auxílios estatais. Tendo em conta estas características especiais, os objectivos previstos no enquadramento, para além da simplificação das regras aplicáveis, são os seguintes: a) Incentivar uma maior eficiência e competitividade dos estaleiros navais comunitários, em especial através da promoção da inovação; b) Facilitar a redução das capacidades sem viabilidade económica, quando necessário; e c) Respeitar as obrigações internacionais aplicáveis no domínio dos créditos à exportação e da ajuda ao desenvolvimento. A fim de atingir estes objectivos, o enquadramento prevê medidas específicas em relação aos auxílios à inovação, auxílios ao encerramento, créditos à exportação e ajuda ao desenvolvimento e auxílios regionais. 11
12 Algumas características da construção naval fazem desta indústria um sector único, que se distingue de outros sectores pela extensão limitada das séries de produção e pela dimensão, valor e complexidade das unidades produzidas, bem como pelo facto de os protótipos serem geralmente comercializados. Consequentemente, o sector da construção naval é o único sector elegível para auxílios à inovação. A caracterização da situação económica e financeira do sector, bem como do seu potencial valor estratégico, aliado ao esforço de reestruturação e modernização que alguns estaleiros já iniciaram, justificam o acompanhamento de medidas políticas que motivem e credibilizem o esforço privado, que criem as bases para uma política industrial para o sector, como por exemplo, a transposição para o regime nacional do Enquadramento dos auxílios estatais à inovação na construção naval, ou o reconhecimento do sector como de valor estratégico para o país Revisão do Enquadramento A Comissão Europeia lançou no passado dia 6 de Outubro uma consulta pública sobre o enquadramento dos auxílios estatais à construção naval, para decidir se mantém as regras inalteradas, se as revê ou revoga. O quadro actual entrou em vigor no início de 2004, foi prorrogado em 2006 e 2008 e irá expirar no final de
13 O Enquadramento apenas foi aplicado a sete Estados Membros. A AI Navais enviou um Memorando ao Senhor Secretario de Estado Adjunto, para a Indústria e Inovação, em Janeiro de 2006 a pedir a transposição para a legislação nacional. Este Memorando deu origem a um despacho do Senhor SEII para a Direcção Geral das Actividades Económicas, a que se seguiram várias reuniões e que culminou com uma proposta de diploma desta Direcção-Geral, de um Regime de Apoio à Inovação na construção naval, para entrada em vigor em 1 de Janeiro de Até hoje, ainda não houve uma resposta por parte da Secretaria de Estado ou do Ministério da Economia. A AIN defende condições de concorrência equitativas na Europa e no mercado global e, portanto, apoia a existência de regras relativas aos auxílios estatais. Contudo, os estaleiros portugueses de construção e reparação naval não podem concorrer a este regime de auxílios e, por outro lado, têm visto negada a candidatura projectos de inovação, no âmbito do QREN por existirem provisões específicas no Enquadramento Comunitário dos auxílios à construção naval. Nesta condição, pergunta-se: É do interesse para o sector a prorrogação do Enquadramento ou a plena abertura aos programas de incentivo horizontais do QREN? 13
14 3 - Medidas para a aceleração de projectos QREN Nova legislação para os Sistemas de Incentivos A investigação o desenvolvimento tecnológico e a inovação, são factores dominantes para o aumento do investimento privado e da competitividade das PME, constituindo factores decisivos para o relançamento da economia portuguesa. Neste contexto, o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) assume uma importância estratégica enquanto instrumento de dinamização da economia portuguesa. As alterações agora introduzidas visam criar condições transitórias até 31 Dezembro de 2011 para que os projectos aprovados possam adaptar-se às novas condições de mercado resultantes da crise económica e financeira internacional, definir novas medidas de simplificação dos processos de aprovação, acompanhamento e encerramento de projectos. São abrangidos pelo SI Inovação os projectos de investimento de inovação produtiva promovidos por Empresas, para promoverem a inovação no tecido empresarial, pela via da produção de novos bens, serviços e processos que suportem a sua progressão na cadeia de valor e o reforço da sua orientação para os mercados internacionais. 14
15 3.1 - Crítica do sector aos Sistemas de Incentivos à Inovação No âmbito do COMPETE nunca foram abertos concursos para a tipologia de investimento que mais interessava ao sector, tal como descrito no nº 2 e 3 do Artigo 5º: 2 São ainda susceptíveis de apoio os projectos de investimento de criação, modernização, requalificação, racionalização ou reestruturação de empresas, não previstos no n.º 1, desde que enquadrados em estratégias de eficiência colectiva, nos termos definidos no n.º 2 do artigo 7.º do enquadramento nacional (São ainda susceptíveis de apoio os projectos de investimento enquadrados em estratégias de eficiência colectiva de base territorial ou sectorial). 3 Para além das tipologias de investimento referidas nos números anteriores, podem ainda ser susceptíveis de apoio os investimentos considerados de interesse estratégico para a economia nacional ou de determinada região, nos termos definidos no n.º 5 do artigo 7.º do enquadramento nacional (Podem ainda ser susceptíveis de incentivos os investimentos considerados de interesse estratégico para a economia nacional ou de determinada região, como tal reconhecidos, a título excepcional, por resolução do Conselho de Ministros). 15
16 O nº 4 do Artigo 7º Âmbito Sectorial, exclui a construção naval: 4 Os projectos pertencentes a sectores sujeitos a restrições comunitárias específicas em matéria de auxílios estatais devem respeitar os enquadramentos comunitários aplicáveis. O Regime Comunitário de apoio à Inovação na Construção Naval nunca foi transposto para a legislação nacional. Este sector é assim impedido de recorrer a incentivos de inovação produtiva, através do sistema horizontal nacional, bem como. pela legislação especifica comunitária. Condições de elegibilidade do Promotor (Artigo 9º) Exige-se que as empresas possuem uma situação económico-financeira equilibrada quando apresentem, um rácio de autonomia financeira não inferior a 0,20, para o caso de grandes empresas, e de 0,15 para o caso de PME. A maioria das empresas do sector, no momento actual. não conseguem atingir este nível de autonomias financeira. Consideramos que durante a duração do regime transitório estes limites deviam ser reduzidos. 16
17 3.2 - Projecto de Regime Especial e de Interesse Estratégico A construção e reparação naval é um sector estratégico chave, por ser um sector pilar de outras actividades marítimas essenciais para o desenvolvimento do país no plano económico e social, na defesa e segurança, do transporte marítimo e das pescas, quer em áreas emergentes, ligadas ao offshore, ao turismo marítimo, à náutica de recreio e à energia do mar., O Artigo 15º do regulamento do novo Sistema de Incentivos à Inovação, diz no nº 1: 1 Podem ser considerados como projectos do regime especial os que se revelem de especial interesse para a economia nacional pelo seu efeito estruturante para o desenvolvimento, diversificação e internacionalização da economia portuguesa, e ou de sectores de actividade, regiões, áreas consideradas estratégicas, de acordo com os critérios definidos no n.º 5 do artigo 19º: a) Contributo do projecto para a inovação tecnológica ou protecção do ambiente; b) Efeito de arrastamento em actividades a montante e a jusante, principalmente nas PME; c) Impacte no desenvolvimento da região de implantação; d) Interesse estratégico para a economia portuguesa; e) Contributo para o aumento das exportações nacionais de bens ou serviços, com alta intensidade tecnológica; f) Contributo para a criação de novos postos de trabalho altamente qualificados. 17
18 2 Os projectos do regime especial e de interesse estratégico, previstos n.º 3 do artigo 5.º (de interesse estratégico para a economia nacional), devem cumprir as condições de elegibilidade e de selecção, sendo que os projectos do regime especial deverão corresponder a uma despesa mínima elegível de 25 milhões de euros ou de 3,5 milhões de euros no caso dos projectos previstos no n.º 5 do artigo 5.º (criação de empresa de elevada tecnologia). 3 Os projectos do regime especial e os projectos de interesse estratégico são sujeitos a um processo negocial específico precedido da obtenção de pré vinculação do órgão de gestão quanto ao incentivo máximo a conceder, em contrapartida da obtenção de metas económicas e obrigações adicionais, a assegurar pelos promotores no âmbito do correspondente contrato de concessão de incentivos. Face ao que foi dito e ao reconhecimento da importância do sector pelas mais altas figuras políticas nacionais, vamos defender junto das instituições políticas e civis, que a reestruturação/modernização do sector seja considerado como um Projecto de Regime Especial e de Interesse Estratégico. 18
19 Bibliografia WINKLER, Hermann - Revisão da política comunitária de inovação num mundo em mudança (2009/2227(INI)- Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia. Alteração do Regulamento do Sistema de Incentivos á Inovação - Portaria n.º 353-C/2009 de 3 de Abril. Enquadramento dos auxílios estatais à construção naval (2003/C 317/06) JOUE C 317/11
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