Superior Tribunal de Justiça

Transcrição

1 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº PR (2010/ ) RELATOR RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO PROCURADOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES : SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DE LONDRINA E REGIÃO SINDIPOL : AUGUSTO JONDRAL FILHO E OUTRO(S) : ESTADO DO PARANÁ : AUDREY SILVA KYT E OUTRO(S) EMENTA ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. ESCOLTA E GUARDA DE PESSOA SOB A CUSTÓDIA DO ESTADO (PRESO). EXPRESSA PREVISÃO LEGAL. RECURSO ORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. O Sindicato impetrante sustenta, em síntese, que os policiais civis do Estado do Paraná não podem desempenhar as funções de carcereiros, pois a Lei Complementar n. 14/82 do Estado proíbe o desempenho de atribuições diversas das pertinentes à classe a que pertencem, entre as quais a de carcereiro. 2. Em sua atividade legislativa concorrente, os entes federativos têm regulado de maneira diversa o tratamento dado à segurança pública, especificamente no que tange às atribuições das polícias militar e civil (RMS 19269/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ ). Tais competências estão condicionadas ao que estabelecem a Constituição e as leis de cada Estado-membro. 3. No âmbito do Estado do Paraná, os arts. 2º da Lei Complementar n. 69, de 14 de julho de 1993, e 2º da Lei Complementar n. 14, de 26 de maio de 1982, que tratam do Estatuto da Polícia Civil do Estado, assim definem: Lei Complementar n. 69/93 Art. 2º. A carreira de Detetive passa a denominar-se Investigador de Polícia e absorverá os direitos, deveres, prerrogativas e atribuições das carreiras de Carcereiro e Agente de Segurança. Lei Complementar n. 14/82 Art. 2º. São incumbências da Polícia Civil, em todo território estadual, a preservação da ordem pública e o exercício da Polícia Judiciária, Administrativa e de Segurança, com a prevenção, repressão e apuração das infrações penais e atos anti-sociais, na forma estabelecida pela legislação em vigor. 4. Da leitura dos dispositivos, não há como afastar do âmbito de atribuições da Polícia Civil do Estado do Paraná a função de escolta e guarda de pessoa sob a custódia do Estado, seja em decorrência da expressa absorção das funções de carcereiro e agente de polícia (Lei Complementar n. 69/93), seja pela previsão de que incumbe à polícia civil o exercício da polícia judiciária (Lei Complementar n. 14/82), determinações que estão em harmonia com as Constituições Estadual, de 1989, e Federal, de Recurso ordinário em mandado de segurança não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque." Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 1 de 10

2 Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins (Presidente) e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 17 de maio de MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 2 de 10

3 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº PR (2010/ ) RELATOR RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO PROCURADOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES : SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DE LONDRINA E REGIÃO SINDIPOL : AUGUSTO JONDRAL FILHO E OUTRO(S) : ESTADO DO PARANÁ : AUDREY SILVA KYT E OUTRO(S) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Trata-se de recurso ordinário interposto com fundamento no art. 105, II, b, da Constituição da República, contra acórdão do TJPR, assim ementado: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRANSFORMAÇÃO DE PRESÍDIO PROVISÓRIO EM PENITENCIÁRIA. TRANSFERÊNCIA DOS PRESOS PROVISÓRIOS A DISTRITOS POLICIAIS. ATO LÍCITO. INVESTIGADORES DE POLÍCIA. ATRIBUIÇÕES. GUARDA DE PRESOS. 1. A decisão administrativa de transformar um presídio provisório em penitenciária, com a conseqüente transferência dos presos provisórios que lá se encontravam para distritos policiais, tem natureza discricionária, competindo ao ocupante do cargo público com o poder de tomar essa decisão exercer o juízo de conveniência e oportunidade. 2. Estando entre as atribuições dos investigadores de polícia a guarda de presos custodiados, a alegação de que policiais civis, ao exercerem essa atribuição, estariam fora das suas funções legais, não tem procedência. SEGURANÇA DENEGADA. O writ foi impetrado em face de atos praticados pelo Secretário de Estado da Segurança Pública do Estado do Paraná e pelo Diretor do DEPEN, consistentes na desativação da Prisão Provisória de Londrina e na determinação de que policiais civis efetuassem a custódia de presos provisórios nas delegacias de polícia. O Sindicato impetrante afirma que, com a anexação do Presídio Provisório de Londrina à Penitenciária Estadual de Londrina, não mais puderam nele ser inseridos presos provisórios, mas apenas aqueles que já tivessem condenação definitiva. Narra que, em razão disso, os presos provisórios que lá estavam foram transferidos para distritos policiais, competindo aos investigadores o exercício das funções de carcereiros. Argumenta que os policiais civis não podem desempenhar as funções de carcereiros, já que a Lei Complementar n. 14/82 do Estado do Paraná (Estatuto da Polícia Civil) proíbe Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 3 de 10

4 que desempenhem atribuições diversas das pertinentes à classe a que pertencem, entre as quais a de carcereiro. Em seu parecer, o Ministério Público manifesta-se pelo não-provimento do recurso ordinário (fls. 367/371). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 4 de 10

5 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº PR (2010/ ) EMENTA ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. ESCOLTA E GUARDA DE PESSOA SOB A CUSTÓDIA DO ESTADO (PRESO). EXPRESSA PREVISÃO LEGAL. RECURSO ORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. O Sindicato impetrante sustenta, em síntese, que os policiais civis do Estado do Paraná não podem desempenhar as funções de carcereiros, pois a Lei Complementar n. 14/82 do Estado proíbe o desempenho de atribuições diversas das pertinentes à classe a que pertencem, entre as quais a de carcereiro. 2. Em sua atividade legislativa concorrente, os entes federativos têm regulado de maneira diversa o tratamento dado à segurança pública, especificamente no que tange às atribuições das polícias militar e civil (RMS 19269/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ ). Tais competências estão condicionadas ao que estabelecem a Constituição e as leis de cada Estado-membro. 3. No âmbito do Estado do Paraná, os arts. 2º da Lei Complementar n. 69, de 14 de julho de 1993, e 2º da Lei Complementar n. 14, de 26 de maio de 1982, que tratam do Estatuto da Polícia Civil do Estado, assim definem: Lei Complementar n. 69/93 Art. 2º. A carreira de Detetive passa a denominar-se Investigador de Polícia e absorverá os direitos, deveres, prerrogativas e atribuições das carreiras de Carcereiro e Agente de Segurança. Lei Complementar n. 14/82 Art. 2º. São incumbências da Polícia Civil, em todo território estadual, a preservação da ordem pública e o exercício da Polícia Judiciária, Administrativa e de Segurança, com a prevenção, repressão e apuração das infrações penais e atos anti-sociais, na forma estabelecida pela legislação em vigor. 4. Da leitura dos dispositivos, não há como afastar do âmbito de atribuições da Polícia Civil do Estado do Paraná a função de escolta e guarda de pessoa sob a custódia do Estado, seja em decorrência da expressa absorção das funções de carcereiro e agente de polícia (Lei Complementar n. 69/93), seja pela previsão de que incumbe à polícia civil o exercício da polícia judiciária (Lei Complementar n. 14/82), determinações que estão em harmonia com as Constituições Estadual, de 1989, e Federal, de Recurso ordinário em mandado de segurança não provido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): A irresignação não merece provimento. Para a correta delimitação fática da controvérsia, transcrevo o voto do acórdão ora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 5 de 10

6 recorrido (fls. 237/239) O presente mandado de segurança, em que pese o respeito devido aos argumentos expostos pelo impetrante, não pode ser deferido. Diz-se isso porque, além de a decisão administrativa de transformar um presídio provisório em penitenciária, com a conseqüente transferência dos presos provisórios que lá se encontravam para distritos policiais, ter natureza discricionária, e, portanto, estar na esfera de escolha, dentro de um juízo de conveniência e oportunidade, da autoridade que detém o poder de tomar essa decisão, os policiais civis, ao contrário do sustentado pelo sindicato impetrante, podem sim desempenhar a função de guarda de presos custodiados nos distritos policiais. O Decreto Estadual nº 4.884/78 estabelece quais são as atribuições dos policiais civis. Quanto ao cargo de agente de segurança, que atualmente corresponde ao cargo de investigador de polícia, constam no mencionado decreto as seguintes funções: "Art. 5º - Aos Agentes de Segurança compete: VI - Comparecer a serviço de plantão, rondas, guarda de presos, custodiados e vigilância de unidades policiais, segurança de pessoas e outros para os quais tenha sido escalado; XIII - Participar do esquema de segurança da unidade policial, na vigilância externa e interna, bem como concorrendo para a conservação das instalações e salvaguarda da integridade física de presos e custodiados; XVII - Assumir encargos suplementares de motoristas e carcereiros quando as circunstâncias ou ordens superiores o determinar, desde que devidamente habilitados" Não bastasse isso, a Lei Estadual Complementar nº 69/93, que, alterando a Lei Complementar nº 14/82, com a redação que lhe foi dada pela Lei Complementar nº 19/83, criou o cargo de investigar de polícia, em seu art. 2º, expressamente, estabeleceu que esse cargo "absorverá os direitos, deveres, prerrogativas e atribuições das carreiras de Carcereiro e Agente de Segurança" (sublinhou-se). Diante do conteúdo dessa regra, não há dúvida, em que pese o respeito devido ao entendimento exposto pelo impetrante, que os policiais civis podem sim exercer funções de guarda de presos. Não bastasse isso, estando previsto no art. 144, 4º, da constituição Federal, que às polícias civis compete a apuração de infrações penais, ressalvada a competência da União, e podendo a prisão ser decretada durante as investigações criminais - prisão preventiva e temporária - e, em algumas hipóteses, mostrar-se a prisão necessária à própria investigação policial - fato que se dá, por exemplo, com a prisão temporária -, não há dúvida de que as polícias civis podem exercer a guarda de presos provisórios, até porque, muitas vezes terão que interrogá-los, proceder a acareações, reconstituições etc, para o que mostra-se muito mais fácil já estar com o investigado detido na própria delegacia de polícia. Partindo da premissa de que também compete aos policiais civis a guarda de presos, resta claro que o fundamento de que se vale o sindicado impetrante, qual seja, de que seus associados, ao velarem pela custódia de presos, estariam exercendo atribuições que não lhes compete, não tem procedência. Por fim, mostra-se oportuna a transcrição de parte do parecer de douta Procuradoria Geral de Justiça, de lavra do eminente Procurador de Justiça Reinaldo Prado, que refuta as alegações do sindicato impetrante, verbis: "A tese apresentada pelo impetrante, da existência de desvio de função, não Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 6 de 10

7 convence, tampouco impressiona. É que consoante legislação pertinente, a função espinhosa de cuidas de presos, pertence mesmo aos policiais civis do Estado. Aliás, a exposição contida nas informações noticiam informando que o questionado atuar da Administração tem respaldo legal. Indo adiante, provando a aparente regularidade legal da situação formal, bem sabido não se permitir à Justiça rever o ato administrativo. Somente no aspecto legal, não o da oportunidade e conveniência. Basta, cotejar o pedido expresso na inicial do writ, para se concluir, em cotejo com a L.M.S., que à Justiça não compete interferir no caso." (fls. 115 e 116). Certo é, portanto, que a denegação da segurança é medida que se impõe. Diante do exposto, ACORDAM os integrantes da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Estado Paraná, em composição integral, por unanimidade de votos, denegar a segurança. Participaram do julgamento o Desembargador Ruy Fernando de Oliveira, Presidente com voto, o Desembargador Rosene Arão de Cristo Pereira, o Desembargador Leonel Cunha e o Desembargador José Marcos de Moura. O Sindicato impetrante sustenta, em síntese, que os policiais civis do Estado do Paraná não podem desempenhar as funções de carcereiros, pois a Lei Complementar n. 14/82 do Estado do Paraná, proíbe o desempenho de atribuições diversas das pertinentes à classe a que pertencem, entre as quais a de carcereiro. A respeito da organização das Polícias Militar e Civil dos Estados-Membro, a Constituição Federal de 1988 dispõe que Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. Art A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 7 de 10

8 Em sua atividade legislativa concorrente, os entes federativos têm regulado de maneira diversa o tratamento dado à segurança pública, especificamente no que tange ao âmbito de atribuições das polícias militar e civil, conforme bem observou a Exma. Min. Eliana Calmon, no voto em que proferiu no RMS n /MG, que parcialmente transcrevo: Examinando-se a legislação de regência, a partir da Constituição Federal, temos como dispositivo primeiro o art. 144, que estabelece ser dever do Estado a segurança pública, consubstanciada na manutenção da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos órgãos que menciona, dentre os quais a polícia civil e a polícia militar, o que indica, de logo, que têm elas atribuições distintas. Tanto que o 4º do mesmo artigo estabelece: " 4º. Ás polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares". As atribuições das polícias, militar e civil ficam na dependência do que estiver estabelecido na Constituição ou em lei local de cada Estado. Pesquisei e constatei que cabe à Polícia Militar a guarda de cadeias e escolta de presos nos Estados de São Paulo, Paraíba, Rondônia e Bahia. Diferentemente, no Distrito Federal e em Goiás, tal atribuição insere-se no âmbito da Polícia Civil. (RMS 19269/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ ) Portanto, as competências das polícias militar e civil estão condicionadas ao que estabelecem a Constituição e as leis de cada Estado-membro. define que: No âmbito do Estado do Paraná, a Constituição Estadual, de 5 de outubro de 1989, Art. 45. São servidores militares estaduais os integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar. (Redação dada pela Emenda Constitucional 7 de 24/04/2000) 6º. A lei disporá sobre os direitos, os deveres, as garantias e as vantagens dos militares estaduais, bem como sobre as normas de ingresso, acesso à carreira, estabilidade, limites de idade, condições de transferência para a inatividade e outras situações peculiares. (Redação dada pela Emenda Constitucional 7 de 24/04/2000) Art. 46. A segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos é exercida, para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, pelos seguintes órgãos: (Redação dada pela Emenda Constitucional 10 de 16/10/2001) I - Polícia Civil; II - Polícia Militar; III - Polícia Científica. (Incluído pela Emenda Constitucional 10 de 16/10/2001) Parágrafo único: O Corpo de Bombeiros é integrante da Polícia Militar. (Revigorado pela Emenda Constitucional 10 de 16/10/2001) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 8 de 10

9 Art. 47. A Polícia Civil, dirigida por delegado de polícia, preferencialmente da classe mais elevada da carreira, é instituição permanente e essencial à função da Segurança Pública, com incumbência de exercer as funções de polícia judiciária e as apurações das infrações penais, exceto as militares. Art. 48. À Polícia Militar, força estadual, instituição permanente e regular, organizada com base na hierarquia e disciplina militares, cabe a polícia ostensiva, a preservação da ordem pública, a execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos, o policiamento de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais, além de outras formas e funções definidas em lei. Em nível infraconstitucional, merecem relevo os arts. 2º, da Lei Complementar n. 69, de 14 de julho de 1993, e 2º da Lei Complementar n. 14, de 26 de maio de 1982, ambas do Estado do Paraná, que tratam do Estatuto da Polícia Civil do Estado: Lei Complementar n. 69/93 Art. 2º. A carreira de Detetive passa a denominar-se Investigador de Polícia e absorverá os direitos, deveres, prerrogativas e atribuições das carreiras de Carcereiro e Agente de Segurança. Lei Complementar n. 14/82 Art. 2º. São incumbências da Polícia Civil, em todo território estadual, a preservação da ordem pública e o exercício da Polícia Judiciária, Administrativa e de Segurança, com a prevenção, repressão e apuração das infrações penais e atos anti-sociais, na forma estabelecida pela legislação em vigor. Da leitura dos dispositivos acima citados, não há como afastar do âmbito de atribuições da Polícia Civil do Estado do Paraná a função de escolta e guarda de pessoa sob a custódia do Estado, seja em decorrência da expressa absorção das funções de carcereiro e agente de polícia (Lei Complementar n. 69/93), seja pela previsão de que incumbe à polícia civil o exercício da polícia judiciária (Lei Complementar n. 14/82), determinações que estão em harmonia com as Constituições Estadual, de 1989, e Federal, de Com essas considerações, NEGO PROVIMENTO ao recurso ordinário. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 9 de 10

10 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2010/ RMS / PR Números Origem: PAUTA: 17/05/2011 JULGADO: 17/05/2011 Relator Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO PROCURADOR AUTUAÇÃO : SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DE LONDRINA E REGIÃO SINDIPOL : AUGUSTO JONDRAL FILHO E OUTRO(S) : ESTADO DO PARANÁ : AUDREY SILVA KYT E OUTRO(S) ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque." Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins (Presidente) e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2011 Página 10 de 10