O USO DA NANOTECNOLOGIA EM FOTOPROTETORES

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1 O USO DA NANOTECNOLOGIA EM FOTOPROTETORES Jessica de Andrade Drevnovski 1, Neiva Lubi 2 1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Farmacêutico, Profa. Msc. Universidade Tuiuti do Paraná Endereço para correspondência: Jessica de Andrade Drevnovski, jessicadrevnovski@hotmail.com RESUMO: Este artigo é uma revisão de literatura sobre o uso de nanotecnologia em fotoprotetores, analisando seus benefícios e formas de uso. Fotoprotetores são considerados um dos cosméticos mais utilizados do mundo, por sua função protetora contra a radiação solar, sendo divididos entre filtros físicos e químicos, devendo permanecer sobre a pele, espalhando-se de forma uniforme. Estes devem proteger contra os raios UVA e UVB. Atualmente, o uso da nanotecnologia em fotoprotetores, promete melhorar sua estética e eficácia dos mesmos. Apesar dos benefícios da nanotecnologia terem sido observados, ainda não se tem estudos que explorem os riscos de sua utilização Palavras-chave: Fotoprotetores, Nanotecnologia, Nanocosméticos. ABSTRACT: This study is a literature review of the use of nanotechnology in sunscreens, analyzing its benefits and ways of use. The sunscreens is considered one of the most used cosmetics in the world, for its protective function against solar radiation, being divided between physical and chemical filters, it must remain on the skin and spreading evenly. It should protect from UVA and UVB rays. Currently, the use of nanotechnology in sunscreens, promises to improve the aesthetics and effectiveness. Despite the benefits of nanotechnology have been observed, there is not enough studies exploring the risks of using it. Keywords: Sunscreens, Nanotechnology, Nanocosmetics. 1

2 INTRODUÇÃO Os principais efeitos da radiação na pele são causados principalmente pelos raios da radiação ultravioleta (UV). Os raios UVA, são mais penetrantes, atingindo a derme profunda e sendo responsável pelo fotoenvelhecimento. No caso dos raios UVB, eles penetram até a derme papilar, sendo mais nocivos, pois são eles que provocam as queimaduras, sensações de ardência, cataratas e câncer de pele (CABRAL et al, 2013). No Brasil 30% dos diagnósticos feitos de câncer, são os de pele. Normalmente comuns em lugares onde há maior incidência solar, e em pessoas de fototipo baixo, que acabam se expondo ao sol com frequência, aumentando seus riscos de desenvolver o câncer de pele. Isso acontece devido à falta de proteção adequada (FARIAS, 2010). Segundo Baillo e Lima (2012), a exposição solar também pode trazer benefícios como sensação de bem-estar e aumento da produção de vitamina D. Farias (2010) diz que os fotoprotetores devem agir na superfície da pele, por isso sua absorção deve ser mínima nas camadas internas, diminuído seu potencial toxico e irritável. Isso dependerá do tamanho das partículas, veículos utilizados e suas características hidrofóbicas. A nanotecnologia é a manipulação de átomos e moléculas em nanoescala, sendo a bilionésima parte de um metro. Por isso tem sido utilizada pela indústria de cosméticos, com o objetivo de diminuir as moléculas, sem que as mesmas percam seu potencial ativo (ROSA, 2012). O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso de nanotecnologia nas formulações de fotoprotetores. Fotoprotetores Para Baillo e Lima (2012) os fotoprotetores são classificados como cosméticos de grau de risco 2, pois tem certas indicações como o modo de uso, eficácia e restrições. Sendo também indicado na prevenção de efélides, pigmentações, vasodilatação e degradação de colágeno, causados pela radiação UV (TEIXEIRA 2012). Os filtros solares são classificados em: Filtros físicos ou inorgânicos, químicos e naturais. Os filtros solares físicos têm função de barreira, onde são 2

3 impermeáveis à radiação, pois quando a luz incide sobre as partículas inorgânicas, a mesma é refletida (CABRAL et al, 2013). O mecanismo de ação dos filtros físicos é feito pela transmitância ou a atenuação da luz, fazendo uma reflexão dos raios UV, esta atenuação é o resultado da soma da absorção com a difração dos feixes luminosos (SURMAN et al, 2008). Segundo Surmann (2008) os principais filtros inorgânicos são o dióxido de titânio e o oxido de zinco microfinos, eles demostram grande proteção contra a radiação UV. Essas substancias são hipoalérgicas, por isso são muito utilizadas em peles sensíveis. O índice de refração de um filtro solar é responsável pela sua aparência branca e opaca. O dióxido de titânio tem seu índice de refração em 2,6 este acaba sendo mais aparente que o oxido de zinco com seu 1,9. O oxido de zinco é tido como filtro inorgânico de largo espectro, tem sua proteção principalmente de raios UVA, diferente do dióxido de titânio, que é tão eficaz aos UVA, quanto aos UVB, porém este pode fazer a indução de radicais livres, através da foto reativação (TEIXEIRA 2012). Baillo e Lima (2012) citaram que os filtros físicos são considerados esteticamente desagradáveis, pois deixam o aspecto esbranquiçado sobre a pele, isso deve-se ao tamanho das partículas. Com o intuito de melhorar esse aspecto, pesquisadores tem desenvolvido nano partículas insolúveis, que tem apresentado um toque mais suave e mantém o filtro nas camadas externas da pele por mais tempo em atividade, isso tem sido bem aceito pelos consumidores. Os filtros químicos ou orgânicos absorvem a radiação UV de alta energia, convertendo para uma energia baixa, que não é prejudicial à pele. Eles podem absorver até 95% da radiação de ondas de 290 à 320nm. Na sua estrutura todos os representantes deste grupo devem apresentar um núcleo benzênico em sua composição (CABRAL et al, 2013). As moléculas dos filtros químicos por absorverem as altas energias e transformarem em energias não nocivas, passam de um estado de repouso à um estado excitado, quando em contato com a energia, e depois ao estado de repouso novamente após a dissipação da mesma (BAILLO; LIMA, 2012). 3

4 Os filtros solares naturais tem baixa absorção da radiação, tanto UVA quando UVB, por isso normalmente é usado como coadjuvante dos outros filtros. São originados de óleos vegetais e extratos glicólicos (CABRAL et al, 2013). Em 1928, nos EUA, foi comercializado o primeiro protetor solar, sendo uma emulsão tendo benzil-cinamato e benzil-salicilato. Seu uso foi restringido, pois não lhe foi dada atenção suficiente. Mas apenas nos anos 70 o primeiro filtro solar à ser patenteado foi o ácido para-amino benzoico (PABA), que se popularizou, tendo a introdução de filtros UVA e UVB em cremes e loções (BAILLO; LIMA, 2012). Os filtros solares também podem ser classificados quanto a sua resistência à agua, onde esta ação irá depender de substancias hidrofóbicas e hidro-repelentes, além de agentes filmógenos, que fixam os filtros na pele (CABRAL et al, 2013). Há quatro etapas à serem seguidas para a formulação de um fotoprotetor: estabelecimento de metas para concepção do produto; seleção dos filtros solares; escolha do veículo; otimização do produto. Após definir as características do produto, vem a escolha dos ativos fotoprotetores, onde devese levar em conta a irritabilidade, o custo e a compatibilidade com a pele. Ao definir o veículo tem que avaliar o grau de viscosidade e polaridade, para que o produto forme um filme sobre a pele, para que haja a proteção contra a radiação, par esse fim, normalmente são usados loções e cremes (SURMAN et al, 2008). Para Cabral et al (2013) os ativos utilizados na formulação de protetores devem ser estáveis á luz e calor, não mudar de cor, manchar tecidos ou até mesmo a pele, ser solúveis em solventes, não serem comedogênicos e terem uma boa fixação e duração. No caso dos veículos e excipientes mais utilizados nos fotoprotetores, estes são os não-iônicos, emulsões, géis não-iônicos que dão a sensação de lubrificação da pele e o carbômero iônico que possui toque seco. As emulsões têm função hidratante e emoliente, isso ajuda a diminuir a agressão feita pelo sol. Após o filtro solar ser desenvolvido, deve-se calcular seu fator de proteção solar (FPS), que mede a proteção contra a radiação UVB e o tempo de exposição que uma pessoa pode ficar até reaplicar o produto (CABRAL et al, 2013). 4

5 O FPS é considerado as doses eritematosas mínimas que uma pessoa pode ter enquanto se expõe ao sol, antes de formar um eritema, ou seja, para se calcular um FPS deve-se analisar a razão entre o tempo de exposição com a pele protegida e o tempo de exposição com a pele desprotegida. Portanto se uma pessoa ira permanecer por 10 minutos em exposição solar, se ele usar um fotoprotetor de FPS 15, isso significa que este tempo pode ser multiplicado por 15 vezes, sem que o indivíduo tenha um eritema (BAILLO; LIMA, 2012). De acordo com Teixeira (2012), para um fotoprotetor ser eficaz, este deve apresentar absorção de ondas UV de 290 a 400 nm, resistência à agua e suor, ser hipoalérgico e estável, não ser volátil ou absorvido pela pele, não variar a cor ou manchar roupas, ser incolor e de boa aceitação no ramo cosmético. Por isso, deve-se escolher um veículo que não faça alterações nem no FPS e nem na estabilidade do mesmo. Os mais comuns são vistos em formulas heterofásicos, como emulsões, géis, sticks e sprays, mas também pode-se encontrar em formulas simples de óleos. Nanotecnologia A nanotecnologia visa a manipulação de átomos e moléculas em nano escala, onde um nanômetro é a bilionésima parte de um metro, ou seja, equivale a 10 9 m. Esta ciência pode trazer novas possibilidades, onde estes materiais podem se tornar mais eficientes ou mais resistentes, tonando-se nano partículas, nano compostos, etc (ALVES, 2005). Na escala nanométrica, as propriedades dos materiais apresentam os efeitos quânticos, onde os átomos podem adquirir novas características com: condutividade elétrica, elasticidade, aumento da reatividade química, aumento da resistência, diversificação de cores, etc (BARIL et al, 2012). Para Gonçalves L. de S. (2014) um nanômetro é equivalente a dez vezes o tamanho de um átomo de hidrogênio. Por isso manusear os arranjos de átomos e moléculas, pode abrir varias possibilidades, como a produção de materiais que apresentam maior leveza, resistência, pureza e precisão. Estes nano materiais são considerados a alta tecnologia do futuro. Em 1959, Richard Feynman, um físico americano, já relacionava o futuro com a criação de novos materiais, em escala nanométrica, a partir da manipulação de moléculas e átomos. Em 2011 a nanotecnologia já 5

6 movimentava no mundo todo, mais de 147 bilhões de dólares por ano, onde mais de mil produtos fazem uso dessa nanotecnologia. Além de terem feito previsões para 2015, onde passaria de trilhões e que pelo menos 15% dos produtos seriam usuários de nanotecnologia (GONÇALVES, L. de S; 2014). Em 1995 surgiu o primeiro nanocosmético, um creme antienvelhecimento transportado por nanocapsúlas de vitamina E, lançado pela Lancôme em parceria com a Universidade de Paris. Já no Brasil, apenas em 2005, foi lançado um Nanoserum pela Boticário, tratava-se de um creme antisinais para a área dos olhos e contorno dos lábios. Atualmente as industrias tem focado na nanotecnologia no desenvolvimento de vitamonas, ceramidas, antioxidantes, hidratantes, antitranspirantes e fotoprotetores (BAILLO; LIMA, 2012). Segundo Nunes (2008) os produtos cosméticos são considerados nanocosméticos quando suas estruturas são menores que 999 nanômetros. No caso de nanocosméticos que tem função de chegar a uma camada abaixo da pele, é preciso partículas de até 100 nanômetros, para que haja a quantidade necessária do ativo. A maioria dos folículos tem o tamanho de 30 nm, ou seja, estruturas menores que 100 nm tem a possibilidade de chegar à corrente sanguínea, pois quando atingem a epiderme, esta pode se auto reconstruir, mas após ultrapassar a hipoderme, elas entrarão em contato com a corrente sanguínea, onde nesta não se tem a certeza de como serão eliminadas pelo organismo. Portanto os produtos devem ser testados e ser considerados seguros. Além disso, há poucos estudos que comprovam os riscos de curto à longo prazo dos mesmos. Esses estudos devem ser supervisionados por uma legislação, mas a mesma não consegue acompanhar a quantidade e velocidade com que esses produtos são produzidos, pois não há a obrigatoriedade para as indústrias de informar a presenças de nano partículas nos cosméticos. Entretanto, a nanotecnologia possui varias vantagens, elas são um ótimo veiculo para se utilizar nas formulações de cosméticos, pois podem cobrir uma ótima área da pele, melhorando a absorção do mesmo. Durante a estocagem diminuem a aderência ou sedimentação (GONÇALVES, L. de S; 2014). 6

7 Gonçalves (2014) cita que a produção de nano partículas pode ser feita por 2 processos. No primeiro ocorre é a adição de átomos e moléculas, até estes se organizarem formando uma estrutura, ou seja, do básico para o complexo. O outro processo utilizado a estrutura é obtido a partir da redução do material até o mesmo chegar ao tamanho de escala nanométrica. Em 2007, a fim de diferenciar os riscos das nano partículas, o Comitê Cientifico de produtos para Consumo da União Européia criou um divisão onde as nanopartículas usadas na cosmética são divididas entre lábeis e insolúveis. As lábeis, como os lipossomas e as nano partículas biodegradáveis, são aquelas que após a aplicação na pele se dissolvem de forma física ou química. No caso das partículas insolúveis não há a degradação, essas são representadas por pontos quânticos e carbono nanoestruturado (BAILLO; LIMA, 2012). Segundo Pereira (2010) as nanopartículas poliméricas são divididas entre nano cápsulas e nanoesferas. As nanocápsulas são polímeros, onde o núcleo é constituído por óleo. Estas são mais utilizadas como carreadores de ativos lipofílicos, por causa de seu núcleo oleoso e o teor polimérico baixo, isso inibe a irritação do tecido, protege da degradação pelo ph e pela luz, além de evitar que a liberação do ativo seja rápida. No caso das nanoesferas, estas são formadas apenas pela matriz polimérica. O ativo que estará presente nestas nano partículas sob as paredes poliméricas, pode estar dissolvido, adsorvido ou disperso. O processo de liberação é feito por difusão ou erosão. No caso das nano cápsulas este processo se da por apenas por difusão (GONÇALVES, 2014). Farias (2010) diz que na elaboração de nano cápsulas, o tamanho das partículas esta relacionada na escolha do tensoativo, com a concentração do polímero, a velocidade de agitação e a quantidade de solvente orgânico. Uma das melhores utilidades da nanotecnologia em cosméticos é a proteção do ativo contra a degradação enzimática ou química, a maior permanência sobre a camada córnea, liberação controlada, além de ser menos irritantes (BARIL et al, 2012). 7

8 Nanotecnogia na Fotoproteção Um fototoprotetor eficaz, é aquele que absorve a radiação e que possuem uma concentração de ativos proporcional á essa absorção, onde essa deve ser de nível máximo (BAILLO; LIMA, 2012). Segundo Teixeira (2012) a utilização de nanotecnologia em fotoprotetores pode ser feita por nano encapsulação dos filtros UV, orgânicos ou inorgânicos, em material biodegradável, que ira fazer a liberação o ativo, espalhando-se pela pele; ou transformando os ativos em escala nanométrica e incorporando os mesmos nas formulações. Estes filtros nanométricos, podem aumentar o FPS, melhorando a proteção contra os raios UV, além de ser hipoalérgicos. A aparência esbranquiçada dos fotoprotetores normais deve-se às grandes moléculas dos ativos que fazem o bloqueio da radiação. Para que essa aparência seja melhorada as industrias tentam melhorar seus produtos de escala micrométrica para nanométrica, sem que haja diminuição de sua eficácia. Esta aparência do produto é uma das principais características que explicam o uso da nanotecnologia em fotopretores, além da facilidade de função e processo da formulação. Portanto as nano partículas insolúveis de dióxido de carbono e oxido de zinco são as mais utilizadas por sua proteção contra radiação UV, toque suave, sua aparente transparência e sua facilidade de se dispersar e incorporar na pele. As formas micronizadas do dióxido de titânio e do oxido de zinco, precisam de um revestimento que pode ser de sílica ou dimeticone, isso deve-se as reações físico-químicas, que podem causas danos no material genético e alteração da homeostase celular. O dióxido de titânio tem melhor desempenho no que se trata de reflexão dos raios UV, com partículas de 60 a 120nm. No caso do oxido de zinco, sua partículas vão de 30 a 200nm (BAILLO; LIMA, 2012). Balogh et al (2006) diz que a eficácia do uso da nanotecnologia usada em filtros solares, irá depender do tamanho das partículas, por exemplo o dióxido de titânio deve ser utilizado nano partículas de 60 à 120 nm e o oxido de zinco, 30 à 200 nm de diâmetro. Este tamanho também é responsável pelo potencial toxico dos mesmos. A nanoestrutura utilizada no cosmético determinara a profundidade e velocidade da penetração do ativo, quando esse ativo é liberado 8

9 constantemente nas camadas da pele, o grau de toxicidade é baixo. Por isso menores doses tem maior eficácia. Os lipossomas, ciclo dextrinas, microesferas poliméricas e nano esferas, são utilizados como veículos, onde eles mantêm o produto sobre o extrato córneo, controlando a liberação e proporcionando maior eficácia e melhor proteção (BAILLO; LIMA, 2012). Segundo Gonçalves (2014) as nano partículas solidas lipídicas tem sido muito utilizada em fotoprotetores por seu potencial oclusivo, hidratante, proteção contra radiação UV, liberação constante e prolongada, evita a degradação de alguns ativos e apresenta uma cor límpida. Quando um filtro solar orgânico é incorporado à uma matriz lipídica, para que absorção cutânea seja amenizada e ele faça o bloqueio contra os raios UV. As nanopartículas lipídicas solidas, após ocorrer a evaporação da agua, formam uma camada oclusiva na pele onde o filtro UV se mantém por um tempo maior que os fotoprotetores normais. O revestimento das partículas é o mais indicado para amenizar o potencial foto reativo dos filtros físicos. As nano partículas lipídicas solidas de cera de carnaúba, utilizadas para encapsular o dióxido de titânio, andam sendo indicadas, pois apresentam uma melhor textura, fixando melhor o produto, além de aumentar o FPS (TEIXEIRA 2012). A capacidade de um filtro solar não se degradar durante a exposição à radiação, luz e calor, é chama de fotoestabilidade, esta é muito importante para que o mesmo mantenha sua ação contra a radiação. Durante a formulação dos filtros também deve-se evitar que haja contato com células epiteliais, pois pode ocorrer uma fotoreatividade. A fotoinstabilidade do metoxinamato de octila, filtro solar UVB, é diminuída com sua nanoencapsulação, além de ter uma melhora em permanecer no extrato córneo. Apesar das suspensões nanoencapsuladas apresentarem alta estabilidade física, podem ser contaminadas por estarem em suspensão aquosa (SANTOS, 2014). Para Baillo e Lima (2012), as principais preocupações com o uso das nano partículas em fotoprotetores e sua toxicidade, é sua capacidade de absorção, pois podem chegar a corrente sanguínea, interferirem no organismo e não serem expelidos pela defesa imunológica, podem formar complexos com as proteínas e impulsionar a produção de radicais livres. Os requisitos de segurança têm de ser seguidos antes da utilização nos cosméticos. Essas matérias-primas são analisadas de acordo com suas funções sendo físicas, 9

10 químicas e físico-químicas. A segurança dos nano cosméticos é dada por testes como permeação in vitro e in vivo, estudos de nano toxicidade, tendo objetivo de certificar a inocuidade dos materiais. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com publicações entre os anos de 2005 a 2014, por meio do site da Bireme para consulta de seus acervos de dados como Lilacs, Medline, PubMed e Scielo. Descritores: Fotoprotetores, Nanotecnologia, Nanocosméticos. DISCUSSÃO A nanotecnologia em cosméticos tem sido cada vez mais implantada, pois as industrias vem investindo muito em pesquisas para a criação de novas formulações e também o aprimoramento daquelas já presentes no mercado. Elas buscam uma maior absorção, hidratação e fotoproteção, que os cosméticos convencionais, melhorando a qualidade e benefícios para o consumidor (GARVIL et al, 2012). Esta área tem sido promissora por suas diversas vantagens que potencializam os efeitos do mesmo, ajudando os ativos à serem melhor veiculados e tendo melhor eficácia. Entretanto os riscos pela absorção sistêmica, fazem necessária uma regulamentação sanitária (GONÇALVES, L. de S; 2014). Segundo Fronza (2006) os nanocosméticos deveriam ser considerados produtos de Grau de Risco II, devendo informar em seu registro sobre a segurança de uso e matérias primas utilizando nanotecnologia, esta ultima também sendo apresentada na embalagem do produto. Além de apresentar advertências sobre a aplicação do produto sob área lesionada ou irritada. Farias (2010) declarou que a utilização de nanotecnologia em fotoprotetores tem sido uma estratégia, que tem acarretado muitos benefícios, onde as nano cápsulas tem trazido uma melhor opção como carreador. Nanocapsulas poliméricas, sendo biodegradáveis, biocompatíveis, além de terem propriedades físico-químicas, manifestadas através de seu uso na pele, faz delas mais eficientes quando relacionadas a filtros orgânicos oleosos, tendo um toque mais suave e melhorando sua fotoestabilidade. Estas nanocápsulas 10

11 significam uma melhoria nos cosméticos utilizados para fotoproteção. As nanopartículas de dióxido de titânio e oxido de zinco são melhores absorvidas, mas podem chegar à corrente sanguínea, sendo indesejável, entretanto elas tem a função de formar um filme sobre a pele, tendo uma total cobertura, que irá refletir muito melhor a radiação (Gonçalves, 2014). O uso de veículos para uma liberação controlada, como as nanoencapsulação de fotoprotetores, tem tido ótimos resultados, ultrapassando os problemas dos mesmos, melhorando a foto estabilidade, retenção cutânea, a divergência entre outros filtros, bloqueio da radiação e diminuindo a quantidade de ativo nas formulações (TEIXEIRA 2012). Baillo e Lima (2012) acreditam que os fotoprotetores que utilizam nanotecnologia, tem um futuro promissor, pelos mesmo tem um ótimo potencial, no que se trata de melhor aparência, maior eficácia, melhor sensorial e serem hipoalérgicos. Entretanto deve-se obter novos estudos sobre a segurança dos mesmos à saúde e a necessidade de uma legislação quanto à esses cosméticos usuários de nanotecnologia. Para Gonçalves (2014), mesmo com os benefícios da nanotecnologia ja terem sido observados, ela também pode ser considerada uma ilusão, pois seus riscos e limitações não são bem explorados, fazendo com que esse tema não seja uniforme e bem esclarecido aos consumidores. De acordo com Baril et al (2012) o setor cosmético tem utilizado a nanotecnologia por suas vantagens, mas esquecem que essa tecnologia é nova ainda e há poucos estudos sobre a segurança desses produtos, pois os mesmos podem ser tóxicos ou apresentar a falta de biocompatibilidade entre os materiais. Portanto num futuro, serão melhor avaliados os reais benefícios da nanotecnologia em cosméticos. Mesmo com a pouca informação e procedência desses nano cosméticos, os consumidores continuam adquirindo os mesmos, em busca pela boa saúde e aparência que eles podem apresentar, isso faz com que os nano cosméticos acabem se inserindo no mercado entre os cosméticos convencionais (NUNES, 2008). 11

12 CONCLUSÃO Os recursos tecnológicos na produção de cosméticos têm aumentado consideravelmente. O uso da escala nanométrica é um destes recursos, ela promete aumentar a eficácia e qualidade dos cosméticos, através do seu uso nos ativos. Entretanto, ainda há muitas duvidas quanto à sua possibilidade de penetrar na corrente sanguínea, dependendo do tamanho das partículas, há hipóteses sobre os riscos, mas nada confirmado. Sua utilização em foto protetores, tem sido satisfatório, pois podem apresentar uma aplicação mais uniforme, de toque agradável, aspecto transparente, além de melhorar o fator de proteção dos ativos, a irritabilidade e a biodegradação dos mesmos. Há a importância de novos estudos e legislações para estes cosméticos, pois seu conhecimento ainda é muito limitado, fazendo que os consumidores os utilizem sem saber as precauções e benefícios corretos. 12

13 REFERÊNCIAS ALVES, O. L Nanotecnologia e Desenvolvimento. Disponível em:< ecnologia_desenvolvimento.pdf > Acesso em 11 mai 2015 BAILLO, V. P; LIMA, A. C Nanotecnologia Aplicada à Fotoproteção. Disponível em: < > Acesso em 3 out BALOGH, T. S; VELASCO, M. V. R; PEDRIALI, C. A; et al Proteção à Radiação Ultravioleta: Recursos Disponíveis na Atualidade em Fotoproteção. Disponível em:< > Acesso 3 out BARIL, M. B; FRANCO, G. F; VIANA, R. S; et al Nanotecnologia Aplicada aos Cosméticos. Disponível em:< > Acesso em 3 out CABRAL, L. D. da S; PEREIRA, S. de O; PARTATA, A. K Filtros Solares e Fotoprotetores Uma Revisão. Disponível em: < =447&path%5B%5D=433 > Acesso em 3 out FARIAS, P. F Nanocápsulas poliméricas como estratégia para aumentar a eficácia de fotoprotetores. Disponível em: < ce=1 > Acesso em 3 out FRONZA. T Estudo Exploratório de Mecanismos de Regulação Sanitária de Produtos Cosméticos de Base Nanotecnológica no Brasil. Disponível em: < ce=1 > Acesso em 3 out

14 GARVIL, M. P; ARANTES, D. E; GOLVEIA, C. A Nanotecnologia em Cosméticos e Dermocosméticos. Disponível em: < > Acesso em 3 out GONÇALVES, J. C Nanotecnologia Aplicada à Pele. Disponível em: < %20J_Gon%C3%A7alves.pdf > Acesso em 3 out GONÇALVES, L. de S O uso da Nanotecnologia na Formulação de Cosméticos. Disponível em: < > Acesso em 3 out NUNES, D. M Beleza Nanoestruturada, A Carência de Debates Envolvendo Seus Riscos e Benefícios no Contexto Brasileiro. Disponível em: < > Acesso em 3 out PEREIRA, L. N Estudos de Fotoestabilidade de Fármacos e Ativos Cosméticos Nano e Microencapsulados. Disponível em: < ce=1 > Acesso em 3 out ROSA, A. B; COSTA, M. C. D Nanotecnologia e Cosmética: Utilização, Conceitos, Efeitos, Benefícios e Cuidados Necessários. Disponível em: < g.pdf > Acesso em 21 de mai SANTOS, J. S Desenvolvimento de formulações fotoprotetoras contendo filtros solares nanoencapsulados. Disponível em:< nce=1 >Acesso em 3 out

15 SURMAN, L. L; BARBOSA, L. M. Q; SIQUEIRA, S. D. V. S; et al Potencialidades de Veículos Microemulsionados para Fotoprotetores Físicos. Disponível em: < > Acesso em 3 out SURMANN, L. L Desenvolvimento de Microemulsões Contendo Fotoprotetores Inorgânicos Nanoparticulados. Disponível em: < ISSERT_PARCIAL.pdf > Acesso em 3 out TEIXEIRA, M. M. C. G Veiculação de Filtros Solares Utilizados na Fotoproteção. Disponível em:< 20filtros%20solares%20utilizados%20na%20fotoprote%c3%a7%c3%a3o.pdf > Acesso em 3 out