UMA ANÁLISE MULTIVARIADA DOS PRINCIPAIS INDICADORES DAS CONDIÇÕES SÓCIO- ECONÔMICAS DA POPULAÇÃO DA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA.

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 4ª Semana do Servidor e 5ª Semana Acadêmica 2008 UFU 30 anos UMA ANÁLISE MULTIVARIADA DOS PRINCIPAIS INDICADORES DAS CONDIÇÕES SÓCIO- ECONÔMICAS DA POPULAÇÃO DA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA. Sabrina Faria de Queiroz Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Economia (UFU/IE) Av.: João Naves de Ávila, Uberlândia Minas Gerais CEP: sfsqueiroz@yahoo.com.br Thaís Guimarães Alves 1 Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Economia (UFU/IE) Av.: João Naves de Ávila, Uberlândia Minas Gerais CEP: alvesthais@bol.com.br Resumo Este trabalho propõe-se a analisar como o desenvolvimento diferenciado da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba afeta as condições sociais e econômicas da população dos municípios dessas duas regiões, exclusivamente no ano Para verificar e mostrar as divergências de cada município, como ela ocorre e em que aspectos esta diferenciação é mais marcante, foi imprescindível empregar algumas técnicas de Análise Multivariada, particularmente a Análise de Componentes Principais, ACP, e a Análise de Cluster; e, a partir da Análise dos Componentes Principais, foram identificadas as dimensões principais das condições sociais e econômicas da população, enquanto, através da Análise de Cluster, em conjugação com a ACP, foram obtidos grupos de municípios que apresentam níveis semelhantes de desenvolvimento em termos das condições sociais (estrutura e bens dos domicílios educação estrutura de ocupação dos indivíduos) e econômicas (renda) da população. Palavras-chave: análise multivariada, indicadores sócio-econômicos, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. I. INTRODUÇÃO Sejam pelos elevados níveis de produtividade, como pela expressiva utilização de insumos modernos e de mecanização, o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é, indubitavelmente, uma das regiões agrícolas mais desenvolvidas do país. Contudo, o grande empecilho, ao analisar o progresso econômico, demográfico e social para o conjunto dos municípios desta região, é a existência de um padrão de desenvolvimento heterogêneo. Mais especificamente, embora a região do Triângulo 1 As alunas doutorandas em economia (IE/UFU), Sabrina Faria de Queiroz e Thaís Guimarães Alves, agradecem a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) quanto ao apóio financeiro dado para o desenvolvimento desse artigo. 1

2 Mineiro e Alto Paranaíba seja uma das regiões agrícolas mais desenvolvidas do país, constata-se que a dinâmica desse desenvolvimento, para o conjunto de seus municípios, não é tão homogênea e nem a região é tão uniformemente desenvolvida. Neste contexto, este trabalho propõe-se a analisar como o desenvolvimento diferenciado da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba afeta as condições sociais da população dos municípios dessas duas regiões, exclusivamente no ano Pretende-se mostrar que, mesmo em uma das regiões mais desenvolvidas do país nem todos os seus municípios são modernizados e desenvolvidos e, portanto, essa heterogeneidade se traduz em uma diferenciação das condições sociais em cada município. Para verificar e mostrar as diferenças nas condições sociais e econômicas da população de cada município, como ela ocorre e em que aspectos esta diferenciação é mais marcante, foi imprescindível empregar algumas técnicas de Análise Multivariada, particularmente a Análise de Componentes Principais, ACP, e a Análise de Cluster; e, a partir da Análise dos Componentes Principais, foram identificadas as dimensões principais das condições sociais e econômicas da população, enquanto, através da Análise de Cluster, em conjugação com a ACP, foram obtidos grupos de municípios que apresentam níveis semelhantes de desenvolvimento em termos das condições sociais (estrutura e bens dos domicílios educação estrutura de ocupação dos indivíduos) e econômicas (renda) da população. Quanto à fonte de dados, utilizou-se a base de dados do último Censo Demográfico realizado em 2000 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, foram empregadas diversas informações obtidas a partir de tabulações especiais do mesmo Censo. No tocante a estruturação do trabalho, é empreendida uma análise empírica de vários indicadores das condições sócio-econômicas da população do conjunto dos municípios da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a partir da qual será construído um esboço das diferentes condições de cada município. II. NOTAS METODOLÓGICAS São os objetivos desta segunda seção: a) Apresentar a delimitação geográfica escolhida como objeto de análise; b) Descrição das variáveis, análise empírica e fontes de informação empregadas para a constituição dos agrupamentos dos municípios com níveis semelhantes de desenvolvimento. II.I Delimitação Territorial O estudo toma como unidade de análise todos os municípios da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, conforme a divisão geográfica do IBGE para o ano de Mais especificamente e, de acordo com a Tabela 1 abaixo, serão analisados um total de 66 municípios, a partir dos quais será possível verificar a diferenciação do desenvolvimento econômico e demográfico da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Tabela 1: Municípios que compõem o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba Patrocínio Patos de Minas Araxá Ituiutaba Araguari Prata Perdizes Nova Ponte Coromandel Matutina Tapira Carneirinho Cachoeira Dourada Delta Estrela do Sul Douradoquara Arapuá Indianópolis 2

3 Conceição das Alagoas Monte Alegre de Minas Campina Verde Sacramento Capinópolis Campos Altos Santa Vitória Tupaciguara Lagoa Formosa Planura Centralina Cascalho Rico Gurinhata Comendador Gomes Água Comprida Rio Paranaíba Pedrinópolis União de Minas Tiros Campo Florido Santa Juliana Santa Rosa da Serra Cruzeiro da Fortaleza Conquista Guimarânia Serra do Salitre Pirajuba Fronteira Canápolis Limeira do Oeste Romaria Veríssimo Irai de Minas Pratinha Grupiara Abadia dos Dourados Ipiaçú São Francisco de Sales Itapagipe Araporã Uberaba Uberlândia Iturama Frutal Monte Carmelo Carmo do Paranaíba Ibiá São Gotardo II.II Metodologias Utilizadas A) Análise fatorial: o Método das Componentes Principais Para visualizar a existência da diferenciação entre os municípios da Região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, em termos de variáveis importantes para caracterização do desenvolvimento demográfico e social, foi utilizada a Análise das Componentes Principais (ACP), como já foi anunciado anteriormente. Por esse método, pretende-se identificar as principais dimensões do desenvolvimento sócio-econômico na região a partir de variáveis representativas. No entanto, anteriormente a prática da ACP, é fundamental descrever as variáveis escolhidas tanto para a ACP quanto para a Análise de Cluster. A.I) As variáveis escolhidas para a ACP e Análise de Cluster Para os propósitos e adequação aos objetivos deste trabalho selecionou-se 29 variáveis (Tabela 2) extraídas do IBGE, particularmente do Censo Demográfico de Minas Gerais de 2000 para todos os municípios da região. A partir destes dados construiu-se uma matriz de 66 municípios (linhas) por 29 variáveis (colunas). Tabela 2: Variáveis selecionadas - ACP e análise de Cluster Variáveis Munic numpesscom numpessdomic propdompropio Descrição das Variáveis Município. Número de pessoas por cômodo. Número de pessoas por domicílio. Proporção de domicílios próprios. 3

4 propdomabast propdomcanal banheirosdom escoadoudom lixodom eletricadom Qtvdom radiodom gelfreedom videodom maqlavdom microondom telefdom computdom qautmpartdom qarconddom renddompar razaodep taxaanalf escomed taxapart rendaperca taxades propobres intenspobr Proporção de domicílios com rede abastecimento geral. Proporção de domicílios com canalização de água em pelo menos um cômodo. Número de banheiros por domicílio. Número de domicílios com escoadouro via rede ou fossa séptica. Numero de domicílios com destino do lixo coletado por serviço de limpeza ou colocado em caçamba de serviço de limpeza. Número de domicílios com iluminação elétrica. Quantidade existente de televisores por domicílio. Existência de rádio por domicílio. Existência de geladeira ou freezer por domicílio. Existência de videocassete por domicílio. Existência de máquina de lavar roupa por domicílio. Existência de forno microondas por domicílio. Existência de linha telefônica instalada por domicílio. Existência de microcomputador por domicílio. Quantidade existente de automóveis para uso particular por domicílio. Quantidade existente de aparelhos de ar condicionado por domicílio. Renda de domicílio particular. Razão de dependência. Taxa de analfabetismo. Escolaridade média. Taxa de participação. Renda per capita. Taxa de desocupação. Proporção de pobres. Intensidade da pobreza. Nesse contexto, serão retratados e analisados os indicadores das condições sociais dos domicílios priorizando, nesse estudo, a variável monetária (renda per capita) da população da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Além disso, serão apresentadas as principais conclusões obtidas, para essa região, a partir das técnicas de Análise Multivariada, quais sejam, Análise de Clusters e ACP (com as quais foi possível obter agrupamentos de municípios com características semelhantes, em termos de condições sociais e econômicas dos seus domicílios e de sua população). A.II) Resultados Empíricos dos Principais Indicadores Sociais Ao realizar uma investigação das condições domiciliares e da população, em termos de renda, educação e emprego, em cada um dos 66 municípios da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, constata-se que, em relação ao número de pessoas por cômodo de cada domicílio, empiricamente, seu resultado não ultrapassou 0,723 (Araporã) e nem caiu abaixo de 0,49 (em Douradoquara). Além disso, o número de pessoas por domicílio oscilou entre 3 e 4 o que também não é uma situação de uma condição de moradia ruim. Nesse mesmo sentido, Cruzeiro da Fortaleza e Santa Rosa, municípios bastante pequenos, destacaram-se por apresentar as maiores proporções de domicílios próprios, 83,89% e 83,53% respectivamente. Nenhum município retratou um percentual abaixo de 52,37%, como o registrado 4

5 em Veríssimo. Vale ressaltar que, o fato de possuir domicílio próprio, ao invés de alugado, por exemplo, é um importante fator quando se pretende caracterizar as condições sociais de uma população, uma vez que moradia é, de acordo com SEM, (2000), uma das capacitações básicas a que qualquer indivíduo deve ter direito. Ainda assim, quanto à proporção de domicílios com abastecimento de água, percebe-se que os indicadores encontram-se acima de 92,25% (Pratinha), pior indicador, sendo que nos municípios de Delta, Grupiara e Abadia dos Dourados esse indicador chega a 100%. Tais estimativas são bastante razoáveis e indicam que existem poucas pessoas que ainda estão desprovidas do recurso - água tratada. Também, em relação às condições de abastecimento de água, nota-se que dentre todos os municípios a proporção daqueles que possuem água canalizada não ficou abaixo de 91,96%, sendo que o valor mínimo observado foi no município de Perdizes. Em relação às características estruturais ainda dos domicílios, a quantidade de banheiros (por domicílio) foi outro indicador considerado na análise. Apenas em um pequeno número de municípios esta variável ficou abaixo de uma unidade. Nesse caso, sobressaem os seguintes municípios: Abadia dos Dourados, Ipiaçú, Limeira do Oeste, Carneirinho, Santa Rosa da Serra, União de Minas e Cascalho Rico. Por outro lado, Uberaba e Uberlândia, os maiores municípios da região analisada, apresentaram a melhor posição em termos desse indicador, isto é, possuem o maior número de banheiros por domicílio. No que tange a variável domicílio com escoadouro de lixo, percebe-se que sua variação foi bastante expressiva, diferentemente de todas as anteriores que vinham sendo mais uniformes entre os municípios. Grupiara foi o município com menor proporção de domicílios com escoadouro, apenas 0,06%. Todavia, em outro extremo, analisando essa mesma variável, Uberlândia e Araporã apresentaram 96,97% e 95,79%, respectivamente. Este é um fator preocupante que merece muita atenção por parte de políticos dos pequenos municípios, desde que o não tratamento adequado do lixo pode causar diversas doenças e mazelas à população. Ainda em relação a estrutura dos domicílios é importante considerar a disponibilidade de instalação de energia elétrica. Assim, ao analisar essa variável - energia elétrica no domicílio - constata-se que, excepcionalmente Tapira, Pratinha e Abadia dos Dourados (76%, 80% e 86%), todos os outros municípios possuem esse bem (instalação elétrica) em mais de 90% de seus domicílios. Tal proporção parece bastante razoável e, mais uma vez, confirma a tendência de que em municípios maiores a infra-estrutura dos domicílios parece estar em melhores condições (em Uberaba, Uberlândia, Ituiutaba e Araxá essa proporção fica acima de 98%). Ao estudar os domicílios de cada um dos 66 municípios considerados, quanto à existência de alguns bens de consumo duráveis como, eletrodomésticos, verifica-se que nas cidades maiores, como Uberlândia, Uberaba e Araxá, mais uma vez, o número de domicílios que contêm esse tipo de bem é maior (em percentual). Uma explicação plausível pode ser encontrada pela existência de um maior número de lojas, portanto, maior concorrência, o que oferece aos consumidores facilidades de adquirirem seus bens (maior e mais fácil acesso ao crédito). Dessa forma, na maioria dos municípios, seus domicílios apresentam mais do que um televisor. Exceção de uma pequena amostragem de onze municípios, dentro da população dos 66 municípios que abrangem o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Quando se observa a proporção de domicílios que possuem rádios em cada município, nota-se que todos eles (os municípios) apresentam mais que 74%. O município com menor índice foi Tapira (74,38%). Da mesma forma, mais de 65,98% de domicílios têm geladeira ou freezer. Diferentemente, a proporção de domicílios que tem aparelho de vídeocassete não ultrapassou os 51,4% em Uberaba, o qual também é o município com maior proporção de domicílios contendo máquina de lavar roupas (33,95%). A proporção de domicílios com microondas é ainda menor e diminui bastante quando se analisa o total de microcomputadores, que não ultrapassa 12% dos domicílios no município com melhor indicador; isso porque, tais bens (máquinas de lavar, vídeocassete e computadores) têm um valor unitário maior que televisores e rádios e podem não ser considerados tão essenciais como esses últimos. 5

6 Os municípios nos quais foi evidenciada maior razão de automóveis para uso particular por domicílio também provaram ser Uberaba e Uberlândia (0,65 e 0,62). Nos outros menores municípios esse valor chega a cair ao nível de 0,19 (Cachoeira Dourada). No tocante aos indicadores relacionados às condições do indivíduo, como por exemplo, a razão de dependência (variável que expressa a razão do número de pessoas dependentes sobre o número de indivíduos não-dependentes em cada município, ou seja, em idade ativa) de cada município do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, percebeu-se que esse indicador oscila entre pouco mais de 25% e 42% (valor mínimo em Pratinha e valor máximo em Cachoeira Dourada), e, nesse caso, os municípios maiores como Uberlândia e Uberaba registraram 28,7% e 26,5% respectivamente. Um outro indicador social que merece destaque é a taxa de analfabetismo. Calculado neste trabalho como o percentual de pessoas que não sabem ler nem escrever e tem idade igual ou superior a 15 anos em cada município. Em Uberaba e Uberlândia esse índice situa-se ao redor de 6% e 5%, respectivamente. Os municípios com piores índices de analfabetismo são Carneirinho e Cachoeira Dourada (19,8% e 21, 9% de analfabetos). Portanto, mais uma vez, verificam-se, nos municípios maiores, melhores condições de acesso a serviços como educação. Um indicador que reforça essa característica dos grandes municípios é o número médio de anos de estudo acima de 7,5 tanto em Uberaba quanto em Uberlândia (porém, Araxá e Araguari tem média maior que 7 de anos de estudo). Já nos municípios menores esse indicador oscila entre 4 e 6. Será que essa posição mais confortável em relação aos indicadores de anos de estudo e de taxa de analfabetismo conferem aos municípios maiores uma menor proporção de pessoas desocupadas, mas que estão em idade ativa para o trabalho? A taxa de desocupação calculada não indica isso; ao contrário, Uberaba e Uberlândia que até então tinham os melhores indicadores em relação às condições de habitação e condições educacionais, apresentam-se, contudo, entre os municípios com as maiores taxas de desocupação (13,39% e 15,10%, respectivamente). As menores taxas de desocupação são encontradas em Arapuã e Santa Rosa da Serra (1,32% e 1,18% de desocupados). Esse fator pode estar associado ao fato de que, nos municípios menores, as relações de emprego mesclam-se às relações familiares mais do que em municípios maiores (isto é, na situação em que os filhos trabalham com os pais, ou mesmo primos) Ademais, nos maiores municípios, as possibilidades de emprego são menores e as exigências quanto à qualificação profissional são elevadas, já que as pessoas têm mais anos de estudo e são mais qualificadas, e, por isso, um ambiente com mais concorrência por emprego. Por último, resta analisar os indicadores de pobreza unidimensionais, ou seja, aqueles que estimam o percentual de pessoas pobres de um dado município a partir da variável renda. Em outras palavras, trata-se de uma análise monetária da pobreza em que foram definidos como pobres as pessoas com renda per capita abaixo da linha da pobreza estipulada por ROCHA, (2000). Nesse sentido, o primeiro indicador calculado para cada município refere-se à proporção de pobres. Grupiara aparece na primeira posição com a maior proporção de pobres (36%), seguida por Gurinhatã (34,43%), ambos os municípios bastante pequenos. Ao contrário, Uberaba e Uberlândia apresentaram-se entre aqueles municípios com as menores proporções de pobres (10,48% e 11, 17%) dentre todos os municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. A intensidade de pobreza pode ser interpretada como um indicador do déficit de pobreza, ou seja, reflete o quanto de recursos são necessários para elevar a renda de todos os pobres ao nível da linha de pobreza mediante uma perfeita focalização das transferências de renda. Esse índice reforça as indicações feitas pela proporção de pobres, sendo que as mesmas conclusões podem ser efetivadas. Mais especificamente, a pobreza apresenta-se menos intensa, ou seja, menos renda é necessária para retirar os pobres da condição de pobreza em municípios maiores como Uberaba, Uberlândia e São Gotardo (3,78%, 4,17%, e 3,32%, respectivamente) e, em outro extremo, mais renda em municípios como Grupiara, Estrela do Sul e Gurinhatã (com intensidade de pobreza de 16%,14,56% e 12,21%). A.III) Resultados obtidos a partir da Análise de Componentes Principais 6

7 A partir da Análise das Componentes Principais e com base em variáveis representativas de população e domicílio, que são importantes constituintes do bem-estar social, pôde-se identificar duas principais dimensões quanto as condições sócio-econômicas dos municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Como já foi referenciado, o software utilizado foi o STATA, versão 10.0, sendo possível obter o gráfico1 logo abaixo: Gráfico 1: Dimensões obtidas a partir da ACP Dimension Biplot qautmpartdom propdompropio rendaperca propdomcanal maqlavdom microondom escomed computdom videodom qtvdom radiodom numpessdomic banheirosdom taxapart telefdom escoadoudom gelfreedom lixodom propdomabast razaodep numpesscom eletricadom qarconddom taxades proppobres intenspobr taxaanalf Dimension 1 A dimensão 1 é composta por um conjunto de variáveis representativas das condições estruturais do domicílio em razão da correlação verificada entre a disponibilidade de diversos eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos como também do número de banheiros, número de pessoas por domicílio, entre outros. Em contraste, as características relacionadas aos aspectos das condições dos moradores, principalmente a ocupação (emprego) da população, em geral, constitui o conjunto de variáveis representativas da segunda dimensão. Mais especificamente, esta dimensão apresenta alta correlação com as variáveis razão de dependência e taxa de desocupação. De acordo com a teoria da Análise das Componentes Principais, estas dimensões descritas acima devem ser ortogonais entre si, indicando que as dimensões do desenvolvimento sócioeconômico não se correlacionam no conjunto dos municípios considerados. Este resultado indica que nem sempre os municípios com, por exemplo, elevado grau de condições de infraestrutura domiciliares e disponibilidade de eletrodomésticos (primeira dimensão) são necessariamente aqueles nos quais os indivíduos possuem melhores condições de emprego, ocupação e razão de dependência (segunda dimensão). A.IV) - Resultados obtidos a partir da Análise de Cluster Com base nas conclusões referentes à análise da ACP, as quais foram explicitadas acima, é fundamental avaliar os resultados concernentes à Análise de Cluster, visto que, somente a partir da conjunção dessas duas técnicas de Análise Multivariada é que, de fato, será possível obter os agrupamentos de municípios com características semelhantes, em termos de condições sociais e econômicas dos domicílios e da população dos municípios que compõem o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Vale ressaltar que, para esse fim, foi utilizado o software STATA, versão A partir das variáveis selecionadas na Tabela 2 e de acordo com a Tabela 3 abaixo, dos 66 municípios que compõem a população da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, verificou-se que, no tocante a distribuição dos clusters, enquanto o cluster 1 é composto por 5 municípios com características semelhantes, em termos de condições sociais e econômicas dos 7

8 domicílios e da população dos municípios que compõem o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, o cluster 2 tem 13 municípios, o cluster 3 contém 40 municípios, o cluster 4 apresenta 2 municípios e, finalmente, o cluster 5 é composto por 6 municípios (de modo que, cada cluster, 1, 2, 3, 4 e 5, apresenta características semelhantes em termos de condições sociais e econômicas dos domicílios e da população dos municípios que compõem o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba). Tabela 3 Distribuição dos clusters Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Patrocínio Prata Planura Uberaba Iturama Patos de Minas Perdizes Centralina Uberlândia Frutal Araxá Nova Ponte Cascalho Rico Monte Carmelo Ituiutaba Coromandel Gurinhata Carmo do Paranaíba Araguari Conceição das Alagoas Comendador Gomes Ibiá Monte Alegre Água Comprida São Gotardo de Minas Campina Verde Rio Paranaíba Sacramento Capinópolis Campos Altos Santa Vitória Tupaciguara Lagoa Formosa Pedrinópolis União de Minas Tiros Campo Florido Santa Juliana Santa Rosa da Serra Cruzeiro da Fortaleza Conquista Matutina Tapira Carneirinho Cachoeira Dourada Delta Estrela do Sul Douradoquara Arapuá Indianópolis Guimarânia Serra do Salitre Pirajuba Fronteira Canápolis Limeira do Oeste Romaria Veríssimo Irai de Minas Pratinha Grupiara 8

9 Abadia dos Dourados Ipiacu São Francisco de Sales Itapagipe Araporã III. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em síntese, a análise realizada ao longo dessa seção comprova a heterogeneidade do desenvolvimento econômico, demográfico e social para o conjunto dos municípios que compõem a região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Ou seja, mesmo em uma das regiões mais desenvolvidas do país nem todos os seus municípios são modernizados e desenvolvidos e, portanto, essa heterogeneidade se traduz em uma diferenciação das condições econômicas, demográficas e sociais em cada município. Para verificar e mostrar as diferenças nas condições sociais e econômicas da população de cada município, como ela ocorre e em que aspectos esta diferenciação foi mais marcante utilizou-se de algumas técnicas de Análise Multivariada, especialmente, a Análise de Componentes Principais: ACP e a Análise de Cluster. Mais especificamente, a partir da análise dos principais indicadores sócio-econômicos de 66 municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba em conjunção com a ACP, pôde-se reconhecer algumas características que são específicas e vitais a cada grupo de municípios (nesse caso, municípios abaixo de habitantes e municípios acima de habitantes). Nesse contexto, Araxá, Uberaba e Uberlândia, por exemplo, estão inclusos na segunda categoria (os municípios com mais de habitantes) e apresentam as melhores condições de habitação, pois a maior proporção dos domicílios contam com geladeiras ou freezers, máquina de lavar roupa, entre outros, como também maiores rendas per-capita vis-a-vis os menores municípios menores (enquadrados na primeira categoria). Por outro lado, municípios como, Santa Rosa da Serra e Tapira, apresentam as menores taxas de desocupação, e, portanto, melhores condições de emprego. Ao contrário, Uberlândia e Uberaba estão entre os municípios com maior proporção de pessoas desocupadas em idade ativa. Ou seja, nos municípios maiores as condições para conseguir emprego parecem ser piores que em municípios menores, por isso apresentam uma taxa de desocupação maior. Tal aspecto também pôde ser percebido na ACP. Isto é, ao tentar separar a amostra em dois grupos a partir de características que fossem distintivas de cada um, foram obtidos dois agrupamentos de municípios com características semelhantes: a variável taxa de desocupação apresentou-se bastante correlacionada com a segunda dimensão, indicando que esta poderia ser uma característica distintiva desse grupo. Com base nessas conclusões (referentes à análise da ACP), os resultados concernentes à Análise de Cluster também comprovam que Uberaba e Uberlândia, os maiores municípios em termos de contingente demográfico da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, estão, de fato, no mesmo cluster, ou seja, ambos os municípios apresentam características semelhantes em termos de condições econômicas, demográficas e sociais. IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ROCHA, S., Opções Metodológicas para a Estimação das Linhas de Indigência e de Pobreza no Brasil. Texto para Discussão N. 720, Rio de Janeiro. Disponível em < SEN, A.K., Desenvolvimento como Liberdade. Ed.: Companhia das Letras. São Paulo. 9

10 SEN, A.K., Desigualdade Reexaminada. Rio de Janeiro:Record. STATA., Statistical software components. StataCorp LP, 4905 Lakeway Drive, College Station, TX USA. Disponível em < 10