O e. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio do v. acórdão às fls , deu parcial provimento ao recurso

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1 A C Ó R D Ã O 3ª Turma GMAAB/obc/ct/ems RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DO V. ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Prefacial não analisada nos termos do art. 249, 2º, do CPC. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. QUADRO DE CARREIRA QUE NÃO CONTEMPLA A HIPÓTESE DE PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO. Nos termos do art. 461, 2º e 3º, da CLT, a existência de quadro de carreira constitui óbice à equiparação salarial, desde que observado o critério de alternância nas promoções, por merecimento e por antiguidade. No caso dos autos, a Corte Regional registrou expressamente que, "o PCCS da reclamada é válido para todos os efeitos legais, ainda que não contenha previsão expressa de promoções por merecimento e antiguidade, de forma alternada".com isso, afastou a aplicabilidade do 2º do art. 461 da CLT como óbice à equiparação salarial pretendida pelo autor. Todavia, nos termos da notória, atual e iterativa jurisprudência do Tribunal superior do Trabalho, a ausência de critério de promoções por antiguidade e merecimento afasta a validade do Plano de Cargos e Salários da empresa. Recurso de revista conhecido por divergência jurisprudencial e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente FERNANDO SÁVIO LOPES PINHEIRO e Recorrida TELEMAR NORTE LESTE S.A. O e. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio do v. acórdão às fls , deu parcial provimento ao recurso

2 fls.2 ordinário interposto pela Telemar quanto ao tema "EQUIPARAÇÃO SALARIAL. QUADRO DE CARREIRA QUE NÃO CONTEMPLA A HIPÓTESE DE PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO". O autor interpõe recurso de revista (fls ). Alega, em síntese, que faz jus à equiparação salarial. Insiste que o plano de cargos de salários da empresa não contempla a promoção por antiguidade e merecimento e, por isso, não pode constituir óbice ao deferimento da equiparação salarial. Denuncia violação dos artigos 7º, XXVI, XXIX, XXX e XXXI, da Constituição Federal; 461 da CLT e 128, 129, 130, 131, 300, e 397 do CPC e da Portaria nº 3.095/79, contrariedade à Súmula nº 6 do TST e transcreve arestos para cotejo. A revista foi admitida pelo r. despacho às fls Sem contrarrazões (certidão à fl. 727-verso) e sem remessa dos autos ao d. Ministério Público do Trabalho, nos termos do artigo 83, II, 2º, do Regimento Interno deste c. Tribunal. É o relatório. V O T O O recurso de revista é tempestivo (fls. 651 e 652) e está subscrito por advogado devidamente habilitado (fl. 18). Dispensado o preparo (fl. 486). 1 - CONHECIMENTO 1.1 PRELIMINAR DE NULIDADE DO V. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL do CPC. Prefacial não analisada nos termos do art. 249, 2º,

3 fls EQUIPARAÇÃO SALARIAL - QUADRO DE CARREIRA QUE NÃO CONTEMPLA A HIPÓTESE DE PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO O e. TRT da 3ª Região deu provimento ao recurso ordinário interposto pela Telemar, por considerar que o Plano de Cargos e Salários dessa empresa atende ao preceito contido no art. 461, 2º, da CLT como óbice ao reconhecimento da equiparação salarial, uma vez que o referido plano de cargos foi reconhecido pelo sindicato de classe. Consignou o seguinte fundamento, verbis: "RECURSO DA RECLAMADA Equiparação salarial A recorrente afirma que o seu PCCS constitui óbice para o deferimento da equiparação salarial. Sustenta, ainda, que a prova dos autos não demonstra a real identidade de funções. Com razão a recorrente. Conforme tenho decidido reiteradamente, a reclamada possui Plano de Classificação de Cargos e Salários aprovado pelo CISE (Conselho Interministerial de Salários de Empresas Estatais) que sucedeu o CNPS (Conselho Nacional de Política Salarial), o que é suficiente para afastar a pretensão formulada pelo reclamante, aplicando-se à espécie o Em. 231/TST: anexados. É eficaz para efeito do art. 461, 2º., da CLT, a homologação do quadro organizado em carreira pelo Conselho Nacional de Política Salarial. Observe-se que o PCCS foi recepcionado pelos instrumentos coletivos Aliás, esta matéria já foi decidida por esta Eg. Turma, nos autos do TRT/RO/12089/02, voto de lavra do Exmo. Juiz José Miguel de Campos, cujos fundamentos, por refletirem também minha posição, peço vênia para transcrever em parte, mutatis mutandis:...a partir do momento em que os próprios representantes dos trabalhadores anuíram, expressamente, através de negociação coletiva, acerca do Plano de Cargos e Salários apresentados pela ré, inadmissível se pretender a sua nulidade. Se a própria entidade sindical lhe confere validade é porque ele satisfaz as exigências da categoria, sendo certo que o recorrente

4 fls.4 e paradigmas dele se beneficiaram já que obtiveram promoções e reenquadramentos em decorrência de sua aplicabilidade, vide documentos de fls. 460/468. Desse modo, tendo o próprio órgão de classe dos trabalhadores reconhecido a validade e eficácia do PCCS, não há como adentrar ao mérito das promoções, pena de restar malferida a regra insculpida no art. 7º., XXVI, vigente Carta Política. Se as partes, legitimamente representadas, negociaram matéria do seu interesse, não cabe ao judiciário imiscuir-se no assunto, pena de desestímulo à negociação direta e esvaziamento das fontes normativas autônomas. Válido o Plano de Cargos e Salários da ré, torna-se inviável o reconhecimento da equiparação salarial.... Dou provimento. (...) RECURSO DO RECLAMANTE O recorrente pretende que também Eugênio Chaves Moreira figure na relação de paradigmas entre os quais se vai apurar o maior salário. Prejudicado o a recurso do autor, em virtude do que restou decidido no julgamento do recurso da reclamada. Nada a prover. A decisão foi aditada pelo decidido nos embargos de declaração: EMBARGANTE: FERNANDO SÁVIO LOPES PINHEIRO ADMISSIBILIDADE O col. TST, mediante o acórdão de fls. 345/351 (autos do agravo de instrumento colacionado na contracapa destes), conheceu do recurso de revista interposto pelo reclamante quanto ao tema nulidade negativa de prestação jurisdicional, por violação ao artigo 832 da CLT, e, no mérito, deu-lhe provimento para, anulando o acórdão de fls. 250/251 (fls. 579/580 destes autos), prolatado nos segundos embargos de declaração, determinar que este Regional se pronuncie sobre a previsão do critério de promoção por antiguidade no PCCS da reclamada, prejudicada a análise do tema recursal remanescente. FUNDAMENTOS

5 fls.5 O PCCS da reclamada não possui previsão expressa de promoções por merecimento e antiguidade, de forma alternada. Pelo contrário, os documentos de fls. 188 e 199 fazem prova que foram estipulados apenas os critérios de desempenho individual e mérito para que ocorram as promoções. Mas, ainda assim, tendo em vista os fundamentos constantes dos acórdãos de fls. 550/553 e 567/568, aos quais aqui nos reportamos, esta eg. Turma entendeu que sobre o artigo 461, 2º, da CLT, falam mais alto os artigos 7º, XXVI, e 8º, III, ambos da Constituição da República, nos quais consta estipulação de que ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas, e, mais, de que o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho constitui um direito dos trabalhadores urbanos e rurais. Nesse raciocínio, tendo em vista que recepcionado pelo ACT 93, o PCCS é valido, por ter contado com a chancela do Sindicado. Esse é o entendimento da Eg. Turma, como bem explicado no r. acórdão (fls. 551/552). O parágrafo sétimo do ACT 93 (fl. 288) não torna precária a aceitação do PCCS, mas, ao revés, demonstra que o sindicato teve ciência de seu conteúdo e a ele não se opôs. Ademais, este não foi o único argumento no r. acórdão para validar o PCCS. À fl. 551 também constou que o referido Plano foi aprovado pelo CISE, que sucedeu o CNPS, o que é suficiente para afastar a pretensão formulada pelo reclamante. Neste contexto, conclui-se que a eg. Turma entendeu que o PCCS da reclamada é válido para todos os efeitos legais, ainda que não contenha previsão expressa de promoções por merecimento e antiguidade, de forma alternada. Provimento para prestar esclarecimentos sem, contudo, alterar o resultado do julgado. CONCLUSÃO Diante da determinação do col. TST no acórdão de fls. 345/351-autos do agravo de instrumento colacionados na contracapa destes, procedo a novo exame dos embargos de fls. 570/572, sobretudo sobre a previsão do critério de promoção por antiguidade no PCCS da reclamada, e dou-lhes provimento apenas para prestar os esclarecimentos constantes da fundamentação, sem, contudo, alterar o resultado do julgado".

6 fls.6 Dessa decisão o autor interpõe recurso de revista alegando, em síntese, que não houve reconhecimento da validade do PCCS da empresa pelo sindicato e que não há previsão de promoção alternada por antiguidade e merecimento. O aresto à fl. 683, oriundo do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, contém tese específica e divergente. Naquele julgado decidiu-se que é ineficaz, para efeitos de equiparação salarial, o plano de cargos e salários que não contemple as promoções por antiguidade e merecimento. Ante o exposto, conheço do recurso de revista por divergência jurisprudencial. 2 - MÉRITO 2.1 EQUIPARAÇÃO SALARIAL - QUADRO DE CARREIRA QUE NÃO CONTEMPLA A HIPÓTESE DE PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO Nos termos do art. 461, 2º e 3º, da CLT, a existência de quadro de carreira constitui óbice à equiparação salarial, desde que observado o critério de alternância nas promoções, por merecimento e por antiguidade. No caso dos autos, a Corte Regional registrou expressamente que, "o PCCS da reclamada é válido para todos os efeitos legais, ainda que não contenha previsão expressa de promoções por merecimento e antiguidade, de forma alternada". Com isso, afastou a aplicabilidade do 2º do art. 461 da CLT como óbice à equiparação salarial pretendida pelo autor. Todavia, nos termos da notória, atual e iterativa jurisprudência deste c. Tribunal, a ausência de critério de promoções por antiguidade e merecimento afasta a validade do Plano de Cargos e Salários da empresa. Nesse sentido menciono os seguintes precedentes: RECURSO DE EMBARGOS. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. QUADRO DE CARREIRA. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS.

7 fls.7 NEGOCIAÇÃO COLETIVA. AUSÊNCIA DO CRITÉRIO DE PROMOÇÕES POR ANTIGUIDADE. A jurisprudência desta Corte, interpretando o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho, já firmou o entendimento de que a existência de quadro organizado de carreira é fato obstativo do pedido de equiparação salarial, desde que as promoções obedeçam aos critérios de antiguidade e merecimento, de forma alternada, ante a expressa previsão legal de tais critérios. Assim, estando aqueles critérios definidos em lei, os mesmos devem ser obrigatoriamente observados. No presente caso, o plano de cargos e salários da reclamada não contemplou plenamente o critério de promoções por antiguidade, requisito imposto pelos 2º e 3º do referido dispositivo legal. Por conseguinte, o plano de cargos e salários da reclamada não constitui óbice ao direito do obreiro à equiparação salarial, ainda que convalidado por norma coletiva. Precedentes desta SBDI1. Recurso de embargos conhecido e desprovido. (E-ED-RR , Relator Ministro: Renato de Lacerda Paiva, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 3/4/2012). RECURSO DE EMBARGO REGIDO PELA LEI /2007. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO QUANTO À ALTERNÂNCIA DE PROMOÇÕES POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO. De acordo com a jurisprudência desta Subseção Especializada, o quadro de pessoal organizado em carreira que não contém previsão de promoções alternadas por antiguidade e merecimento, conforme previsto no 2º do art. 461 da CLT, não constitui óbice à equiparação salarial, ainda que convalidado por norma coletiva. Recurso de embargos conhecido e provido. (E-RR , Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 23/9/2011). 'TELEMAR. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. ACORDO COLETIVO. AUSÊNCIA DE PROMOÇÕES POR ANTIGÜIDADE. Segundo o disposto no art. 461, 2º, da CLT, para que o

8 fls.8 quadro de carreira inviabilize a equiparação salarial é necessário que haja uma sistemática de promoções alternadas por merecimento e antiguidade. Nesse contexto, não obstante seja lícito o ajuste coletivo que exclui a promoção por antiguidade, validando o plano de cargos e salários que prevê a promoção apenas por merecimento, será inaplicável, na hipótese, a norma prevista no 2º do art. 461 da CLT. Assim, no caso, o plano de cargos e salários não constitui óbice à equiparação salarial, porquanto não atendido o requisito da alternância no critério de promoção.' (E-ED-RR /2001.8,Rel. Min. Brito Pereira, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais DJU de 30/6/08). EMBARGOS EQUIPARAÇÃO SALARIAL QUADRO DE CARREIRA SEM PREVISÃO DE PROMOÇÕES POR ANTIGÜIDADE HOMOLOGAÇÃO RECONHECIMENTO PELO SINDICATO 1. Conforme a previsão legal, a condição para que a existência de quadro de carreira constitua fato impeditivo do direito à equiparação salarial é que, além de prévia homologação, contenha critérios de promoção, de forma alternada, por antigüidade e merecimento. 2. Na espécie, o Eg. Tribunal Regional consignou que o Plano de Carreira da Reclamada, embora homologado e reconhecido pelo sindicato da categoria profissional, não previa promoções por antiguidade, não atendendo aos requisitos do art. 461, 2º, da CLT. 3. A previsão normativa não guarda o efeito jurídico pretendido pela Ré, tendo em vista que, na forma da lei, o fato impeditivo à equiparação salarial seria a alternância de critérios de promoção. Ademais, não se infere do acórdão regional que a norma coletiva que reconheceu o quadro de carreira tenha disposto sobre eventual impedimento ao direito à equiparação. Embargos não conhecidos.' (E-ED-RR /2001.3, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DJU de 14/12/2007). TELEMAR. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. QUADRO DE CARREIRA. INOBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DE ALTERNÂNCIA NA PROMOÇÃO. Nos termos do disposto no artigo 461, 2º e 3º, da

9 fls.9 Consolidação das Leis do Trabalho, a existência de quadro de carreira somente constitui óbice à equiparação salarial quando observado o critério de alternância nas promoções, por merecimento e por antiguidade. Evidenciada a ausência de alternância no critério das promoções, resulta afastada a validade do Plano de Cargos e Salários da empresa. Recurso de revista de que não se conhece. (RR , Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, DEJT 26/11/2010). Dessa forma, o Plano de Cargos e Salários da empresa não é óbice ao deferimento do pedido de equiparação salarial, uma vez que não contempla a hipótese de promoção por antiguidade e por merecimento. No caso, a Telemar, em seu recurso ordinário, impugnou a identidade de funções alegada pelo autor. E ele, em seu recurso ordinário, requereu que o Sr. Eugênio Chaves Moreira figurasse na relação de paradigmas entre os quais se vai apurar o maior salário pago pela empresa para idênticas funções. Assim, afastado o entendimento de que o Plano de Cargos e Salários da reclamada representa óbice ao reconhecimento da equiparação salarial, mostra-se necessário o retorno dos autos ao Tribunal Regional de origem, a fim de que prossiga no exame do recurso ordinário interposto por ela. Com esses fundamentos, dou provimento ao recurso de revista para determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional de origem a fim de que prossiga no exame do recurso ordinário interposto pelas partes, como entender de direito, superado o entendimento de que o Plano de Cargos e Salários seria óbice ao reconhecimento da equiparação salarial. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista apenas quanto ao tema "EQUIPARAÇÃO SALARIAL - QUADRO DE CARREIRA QUE NÃO CONTEMPLA A HIPÓTESE DE PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO", por

10 fls.10 divergência jurisprudencial e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional de origem a fim de que prossiga no exame do recurso ordinário interposto pelas partes, como entender de direito, superado o entendimento de que o Plano de Cargos e Salários seria óbice ao reconhecimento da equiparação salarial. Brasília, 4 de Dezembro de Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº /2006) ALEXANDRE AGRA BELMONTE Ministro Relator