A JUSTIFICAÇÃO DE ABRAÃO ROMANOS 4

Transcrição

1 A JUSTIFICAÇÃO DE ABRAÃO ROMANOS 4 De acordo com a Palavra de Deus, Abraão é o pai tanto dos judeus como dos gentios que creem (Rm 4.11, 12, 16, 17; Gl 3.7-9, 29). Todo aquele que é da fé, seja gentio ou judeu, é descendente de Abraão. Assim, Paulo toma Abraão como o exemplo de justificação pela fé. 7.1 ABRAÃO COMO EXEMPLO DE JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ Pelo menos quatro eventos da vida de Abraão podem ser tomados para mostrar a questão da fé acima das obras. 1. O chamado de Abraão (Gn ) Ao lermos Josué , ficamos sabendo que Abraão veio de uma família que adorava ídolos. É fascinante ver que Deus escolheu uma pessoa assim. Não havia nada de especial em Abraão; foi o chamado de Deus que o fez diferente. Precisamos entender a soberania de Deus. Foi Deus quem escolheu Abraão, e não o contrário. A primeira lição que Abraão precisou aprender é que tudo é iniciado por Deus. Atos 7.2 diz que o Deus da glória apareceu a Abraão ainda em Ur dos Caldeus. E, uma vez que alguém veja a glória de Deus, nunca mais será o mesmo. Estêvão respondeu: Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei. (At 7.2-3) Sabemos que Abraão creu e obedeceu a Deus. No primeiro

2 chamado, Deus disse para sair da sua casa e parentela, mas apesar de Abraão crer e sair, ele obedeceu apenas pela metade. Ele foi para Harã, ou seja, parou no meio do caminho, e ainda levou consigo seus parentes. Como resultado, seus dias em Harã foram dias perdidos, dias de atraso, dias inúteis. Isso mostra que sua resposta foi pela metade, e que a fé de Abraão cresceu gradualmente e não foi forte desde o princípio. O chamamento de Abraão não era uma questão de salvação e sim de ministério; por isso Deus mandou que ele saísse da sua casa e da sua parentela. O chamamento de Noé foi para salvação e livramento, por isso incluiu toda a família. Mas quando a questão é o ministério, a ordem de prioridade muda. Em Gênesis 12, Deus chamou Abraão pela segunda vez. A primeira vez foi em Ur, mas desta vez foi em Harã. O primeiro chamamento levou-o até á metade do caminho, mas o segundo o levou até Canaã, porque Deus nunca desiste de nós! Abraão não somente recebeu a aparição de Deus, mas foi incumbido da vontade de Deus. Apesar da iniquidade ter se multiplicado na Terra desde de Adão, Deus agora estava Se movendo para restaurar e salvar o homem. Tudo isso começa com o dia em que o Deus da Glória apareceu a Abraão em Ur dos Caldeus. E o seu segundo chamado nos mostra que, uma vez que Deus estabeleceu fazer algo, nada poderia impedi-lo. Não houve mérito humano no chamado de Abraão: ele era parte de uma família idólatra e, mesmo depois de chamado, não respondeu a Deus de forma absoluta. Abraão precisou crer em Deus para responder ao chamado. Deus o chamara, mas não dissera onde ele deveria ir. Cada dia era na dependência de Deus. Isso fez que Abraão fosse um com Deus, pois teria de confiar no Senhor momento a momento, passo a passo. 1. A promessa de uma posteridade como as estrelas do céu (Gn )

3 Em sua conversa com Deus, em Gênesis , foi Abraão quem falou primeiro sobre a necessidade de ter um filho. Naturalmente, Deus sabia que havia a necessidade de um filho, mas o Senhor se agrada quando nós percebemos o Seu coração e a Sua mente. Nos versos 4 a 6, Deus responde a Abraão que não seria o seu servo o herdeiro, mas alguém gerado das suas próprias entranhas. O Senhor mandou que ele contasse as estrelas, pois assim seria sua descendência. Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado para justiça. Essa é a primeira vez que se menciona que alguém creu em Deus, na Bíblia. O propósito de Deus não é atingido pelas muitas pessoas que Ele ajunta, mas por aqueles que Ele gera. Os que não são gerados por Deus não são contados, pois não podem cumprir o propósito de Deus. Alguém pode questionar que Abraão poderia se gloriar da sua própria fé diante de Deus. Mas, este não é o caso. Em Romanos, por várias vezes se lê que a fé de Abraão, assim como a nossa, é a fé de Jesus e não a fé em Jesus. Isso significa que a fé é do Senhor. Quando ouvimos a Sua palavra e nos abrimos, essa fé ecoa dentro de nós como se viesse de nós, mas vem dele mesmo. Nossa fé é apenas o eco da voz de Deus dentro de nós e nisso não há mérito algum nosso. As montanhas que ecoam são absolutamente mudas. Uma vez que Cristo é o som e é também o próprio eco dentro de nós, Deus pode imputarnos justiça por causa de nossa fé, pois esta fé é o próprio Cristo e Cristo é a justiça de Deus. Assim que essa justiça, que é Cristo, é vista em nós na fé, então somos justificados. Precisamos entender ainda que o pecado não é mencionado em Gênesis 15. A justificação aí não está relacionada com a redenção, e sim com o cumprimento do propósito de Deus.

4 Deus queria ter uma nação como as estrelas do céu para representá-lo na Terra e, para isso, Abraão precisava ser justificado. Precisamos entender que a redenção é apenas uma correção de rumo para que sejamos aptos para o cumprimento do propósito de Deus, o qual é ter Seu reino sobre a Terra. 1. A circuncisão (Gn ) Abraão foi justificado antes de ser circuncidado. Ele recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda era incircunciso (Rm 4.11). E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que creem, embora não circuncidados, a fim de que lhes fosse imputada a justiça. (Rm 4.11) A circuncisão é um selo exterior, de uma realidade interior. Se não temos a realidade, deveríamos esquecer a aparência exterior. Assim, Abraão tornou-se o pai daqueles que creem, seja judeu ou gentio (Rm 4.16; Gl 3.79, 29). Mas a circuncisão foi dada numa circunstância bem específica: depois de Abraão gerar a Ismael. Abraão já recebera a justiça pela fé, mas essa justiça agora precisava de ser transformada em estilo de vida. O grande teste para a nossa fé é o tempo. À medida que o tempo passava, Abraão e Sara resolveram fazer algo por iniciativa própria para colaborar com o plano de Deus. Abraão creu que Deus lhe daria um filho, mas não percebeu que precisava também abandonar toda a sua capacidade humana. A questão já não era se Abraão teria um filho e sim por meio de quem o filho seria gerado. É certo gerar filhos, mas a questão de Deus é quem os está gerando e com qual força. Para Deus, a origem do que fazemos é tão importante quanto

5 o que estamos fazendo. Se fazemos algo por intermédio de nós mesmos, isso é Ismael, mas se fazemos algo por meio de Deus, isso é Isaque. Sabemos que Deus rejeita sempre a Ismael. A obra de Deus precisa estar livre do pecado e também de nossa força natural, para cumprirmos o propósito de Deus. A circuncisão, da qual os judeus se gabavam, foi dada, na verdade, para mostrar a Abraão que ele era carnal e que não deveria confiar nessa carne. Naturalmente é também um sinal de aliança. Quando fazemos morrer nossa natureza carnal, somos reconhecidos pelos homens como tendo uma aliança com Deus. 1. O sacrifício de Isaque (Gn ) Agora precisamos ver o tipo de fé que Abraão teve. Romanos 4.17 diz que Abraão creu no Deus que vivifica os mortos e que chama à existência as coisas que não existem. Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem. (Rm 4.17) Os maiores problemas para o homem são a inexistência e a morte. Abraão enfrentou a inexistência quando olhou para as estrelas no céu. Mesmo quando não havia nem sequer um descendente, ele creu que eles seriam incontáveis porque creu no Deus que traz à existência as coisas inexistentes. Mas Abraão ainda precisava avançar e, pela fé, teve de vencer a morte, ao oferecer Isaque sobre o altar. Ele cria que Deus era poderoso para trazer seu filho de volta da morte. Todos nós precisamos manifestar esse tipo de fé, pois é o único que vence e manifesta o propósito de Deus. Quando pediu a Abraão para oferecer Isaque, Deus queria que Abraão cumprisse um princípio espiritual muito sério: de

6 semeadura e colheita. Uma vez que ele semeasse sua única semente, poderia colher as incontáveis estrelas do céu. Dessa forma, o propósito de Deus em ter o Seu reino com muitos filhos estaria se cumprindo. Para que o propósito de Deus se cumpra hoje, precisamos semear o Isaque que temos em nossas mãos. 7.2 ABRAÃO NÃO FOI JUSTIFICADO POR OBRAS RM Gálatas diz que Sara e Hagar representam dois princípios de vida. Sara representa a graça e Hagar, a lei. Se Abraão, que representa a fé, se une com Hagar, a lei, o resultado é Ismael, que simboliza a carne. Lembre-se de que a lei sempre aponta para as obras do esforço humano. Mas se Abraão, que representa a fé, se une com Sara, que simboliza a graça, então o resultado é Isaque, que aponta para Cristo, a justiça de Deus. Quando Abraão creu em Deus, sua fé lhe foi imputada como justiça. Ou seja, Deus o reconheceu como tal, passou a tratálo dessa forma e isso o fez aceitável. Mas, quando Abraão gerou Isaque e o ofereceu no altar, ele foi feito justo diante de Deus. Na salvação temos a justiça imputada, não nos tornamos justos, mas na santificação somos feitos justos. A justiça que nos é imputada na salvação não é realmente nossa e sim de Cristo, mas no processo de santificação, a justiça de Cristo passa a ser, gradualmente, nossa. 7.3 ABRAÃO NÃO FOI JUSTIFICADO PELA CIRCUNCISÃO RM Abraão foi justificado pela fé, muito antes de ser circuncidado. A circuncisão foi o sinal visível da sua justificação. Com tal sinal, Abraão não poderia se esquecer de sua posição diante de Deus.

7 É o mesmo que acontece com o batismo. Ele é o sinal exterior da nossa justificação diante de Deus. Com o batismo, não podemos nos esquecer de nossa posição diante de Deus. 7.4 ABRAÃO NÃO FOI JUSTIFICADO PELA LEI RM Paulo agora mostra que a justificação de Abraão nada teve a ver com a Lei. Deus fez a promessa de uma descendência a Abraão, baseado unicamente em Sua graça. Nenhuma exigência foi feita a Abraão. E, porque ele creu nessa promessa graciosa, tal fé lhe foi imputada como justiça. Se fosse pela Lei, Deus diria: Abraão, obedeça minha Lei e eu abençoarei você, mas como é pela graça, Deus disse: Abraão, eu vou lhe dar uma descendência; creia em minha promessa. 7.5 ABRAÃO FOI JUSTIFICADO PELA FÉ GN A nossa fé depende inteiramente do poder de Deus e de ser Ele inteiramente confiável. Assim foi a fé de Abraão; ele esperou contra a esperança porque ele creu no Deus que traz à existência as coisas inexistentes e vida do meio da morte. O Deus da criação e da vida. Mas ele também creu contra a esperança por causa da fidelidade e da confiabilidade de Deus. Ele é inteiramente confiável porque é fiel A RELAÇÃO DA FÉ DE ABRAÃO COM A NOSSA FÉ RM Ao concluir o capítulo, Paulo mostra que a experiência de Abraão é a mesma que temos. Se ele foi justificado ao crer, podemos estar certos de que, se crermos na cruz de Cristo, teremos a mesma experiência,. E assim nos tornamos parte de linhagem de Abraão, a linhagem daqueles que creem e

8 são justificados por Deus.