NOTA TÉCNICA. Rua 1129, nº 710, Setor Marista Fone/Fax: (62)

Transcrição

1 NOTA TÉCNICA Foi publicada hoje (17/01/2014) a Lei Estadual nº , de 30/12/2013 que Prorroga o prazo de fruição dos incentivos dos Programas FOMENTAR e PRODUZIR, cria obrigações para a empresa beneficiária e dá outras providências. De fato trata a novel Lei da prorrogação do prazo dos programas de incentivo goianos para 2040, desde que o interessado faça o recolhimento de contribuição ao PROTEGE de 4% sobre o valor de sua parcela incentivada pelo prazo de 30 meses consecutivos. Como é sabido o prazo máximo de fruição do Produzir e do Fomentar é 2020, ocorre que, seja porque para as novas empresas que aqui se instalarem não terão prazo suficiente para tornar vantajoso seu investimento, seja porque, com a iminência de mudança na sistemática do incentivos fiscais conduzido pela União, há uma clara necessidade do Governo de Goiás de manter a atratividade e uma segurança mínima quanto ao direito adquirido dos atuais beneficiários, daí porque atendendo a um pedido de ADIAL, editou se então a Lei em questão. A Lei não goza de um rigor ou primor técnico que seja ressaltado, o que faz que tenhamos que ter a confirmação do quanto ora entendido via o Decreto regulamentador que dela advirá como, aliás, consta de seu art. 5º e da parte final do art. 2º. O primeiro destaque é que a Lei fala que ficam prorrogados, ou seja, ele dá um comando efetivo, uma ordem. Isto será importante no futuro, quando e se tivermos que buscar

2 nossos direitos em defender que quem a esta aderir tem um claro direito adquirido, pois como dito, a Lei impõe e garante a prorrogação dos programas até Em reforço, veja que há ainda a contrapartida, isto é, não foi mais um benefício, mas sim a necessidade de se contribuir com um fundo de combate a pobreza, tal qual preceitua o art 82 da ADCT. Este é, a nosso sentir, o principal e mais positivo ponto desta legislação. Adiante ainda no art. 1º a Lei estabelece a condicionante, de que o interessado deverá contribuir com 4% sobre o valor do incentivo ao Fundo Protege. Aqui vale um alerta, nas minutas iniciais o Governo sinalizava como sendo 4% sobre a parcela incentivada e também sobre benefícios fiscais (como se um novo Protege fosse). Após negociações ficou claro ao Governo de seriam 4% sobre a parcela incentivada, ou seja, só sobre incentivos fiscais do Produzir/Fomentar, e não sobre demais benefícios. Porém, como alguns sub programas do Produzir utilizam a sistemática do crédito outorgado, o texto legal fala no único do art 1º sobre o valor do incentivo. No Decreto regulamentador, cremos, a redação ficará mais clara, de que incidirá apenas sobre a mesma base de cálculo que hoje incide o percentual dos incentivos, de forma que, quem aderir a esta prorrogação pagará normalmente seus 27% (parcela não incentivada) mais 4% (contrapartida a prorrogação), totalizando 31% (em guias separadas). A sistemática ao Fomentar será a mesma (30% mais 4%). Destaque se que as antecipações de ambos os programas continuam as mesmas, e a parcela de 4% não as afeta em nada, nem reduzindo nem as aumentando. De igual modo ocorre com a atual contribuição ao Protege, permanece exatamente igual a que se encontra hoje em vigor.

3 De destacar que ao contrário da atual contribuição ao Protege, a falta de pagamento de pagamento da contrapartida prevista na presente Lei não acarreta nenhuma penalidade fiscal, apenas e tão somente a exclusão do direito a prorrogação (desde que haja a inadimplência de 3 meses consecutivos ou 5 intercalados, como consta do inc. I do art 3º). A contrapartida dos 4% deve ser paga durante 30 meses consecutivamente, iniciando seu prazo a partir do mês subsequente ao da aprovação da solicitação por parte do Conselho do respectivo programa (art. 3º). Para adesão o interessado deverá encaminhar solicitação ao CD/Fomentar ou a CE/Produzir (conforme for o caso) em até 90 dias contados da publicação em Diário Oficial do Decreto regulamentador da presente Lei, onde, como já dito, as demais condições operacionais serão melhor destacadas, como por exemplo, a necessidade de nova contratação junto ao agente financeiro (Goiás Fomento) para adequação do saldo devedor, considerando a nova data possível de vencimento dos programas. Ao final, resta a pergunta que não quer calar: minha empresa deve aderir ou não? Vale a pena arriscar? A resposta tem que passar pela análise individual de cada um, e dada as imensas particularidades que cercam o caso, além da política interna e a estratégia empresarial particularmente consideradas, a análise de tais perguntas deve ser feita caso a caso. De outra monta, no início do atual governo a ideia trazida era outra, a de que quem quisesse prorrogar seus incentivos até 2040 deveria abrir mão de seus atuais incentivos (ou seja, 100%!) por um prazo de 2 anos. Agora, a contrapartida foi fixada em 4% por um prazo de 30 meses, o que já é bem mais razoável.

4 O cenário nacional sobre a validação dos incentivos só traz uma certeza, a de que a incerteza sobre presente, futuro e mesmo sobre o passado, ainda continuará a ocorrer. Muitas hipóteses e equações precisam ser feitas, muitos acordos e conveniências políticas precisam ser atendidas. Na realidade, não existe uma solução fácil para um problema complexo. Por se tratar de 2014 de ano eleitoral, agravado por ser o ano da Copa do Mundo em nosso país, não há uma única que possa afirmar que o ambiente político possa favorecer a um acordo ou ao conflito iminente, o que nos autoriza a concluir que a solução, se vier, sem dúvida necessitará de outra composição política que não a atual, daí porque com novos governantes e com a força natural de início de mandato a partir de 2015; aí sim poderemos avaliar com mais precisão o ambiente nacional e os cenários sobre os incentivos fiscais. Com relação a possibilidade do Supremo editar uma Súmula Vinculante sobre o assunto, ainda que o perigo exista, o próprio STF sabe que uma decisão desta tem reflexos tão variados e diversos com potencial tão explosivo, que não ficam a vontade os ministros para uma decisão deste perfil neste momento, e isto podemos perceber ao acompanhar a visita que 10 governadores fizeram a Corte em outubro passado. Ademais, a Proposta de Súmula Vinculante 69 sequer iniciou sua tramitação naquela casa. A última Súmula Vinculante aprovada pelo STF foi a de nº 32 há mais de 3 anos, de lá para cá, nenhuma outra foi ou está em vias de ir a Plenário para votação. Este é, então, nossa análise sobre a legislação recém publicada, que, como já dito, necessitará de regulamentação, onde teremos condições de melhor avaliar as condições

5 operacionais de adesão, e, ao menos com o fito da presente Nota Técnica, deixamos a questão de oportunidade e conveniência da adesão a análise individual de cada caso. RODOVALHO ADVOGADOS Flávio Rodovalho Eléia Alvim