CIP Sócio-Laboral em Destaque

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1 N.º 17 fevereiro a abril de Projetos de diploma apreciados pela CIP No período em análise, foram apreciados pela CIP vários projectos de diploma. Apresenta-se, de seguida, uma breve síntese da posição assumida pela CIP sobre alguns dos projetos: Projeto de Decreto-Lei que estabelece os princípios orientadores da oferta de educação e formação profissional, designada por ensino e formação profissional dual, de nível secundário, destinada a jovens, no que respeita à organização e gestão do currículo, bem como à avaliação da aprendizagem A CIP, na sua Nota Crítica ao Projeto de Decreto-Lei em epígrafe, referiu o seguinte: O Projeto de Decreto-Lei tem por objeto, nos termos do n.º 1 seu artigo 1º, estabelecer os princípios orientadores da oferta de educação e formação profissional, designada por ensino e formação profissional dual, de nível secundário, destinada a jovens, no que respeita à organização e gestão do currículo, bem como à avaliação da aprendizagem. Segundo o n.º 2 do mesmo artigo 1º, as disposições constantes do diploma a aprovar aplicar-se-ão aos cursos de nível 4 de qualificação do Quadro Nacional de Qualificações (doravante QNQ), que conferem o nível secundário e uma certificação profissional, visam uma inserção qualificada no mercado de trabalho e permitem o prosseguimento de estudos de nível superior.

2 A CIP concorda com tais objetivos, embora considere que a apresentação do projeto em apreço peca por bastante tardia. De facto, tal como se refere na nota preambular do projeto em apreço, O Governo assumiu, consequentemente, em sede da Comissão Permanente de Concertação Social, o reforço do ensino profissional e da ligação das escolas às empresas como uma das estratégias do Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego.. Ora, as medidas previstas no item G., relativas Aprofundamento do Sistema de Aprendizagem, da parte III, sobre POLÍTICAS ATIVAS DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL do Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego (doravante CCCE), entre as quais se encontra a matéria sobre a qual versa o projeto em apreço, deviam ter sido objeto de análise e definição, entre as Partes Subscritoras, no primeiro semestre de 2012 (v. pág. 37 do CCCE). Acresce que a produção de efeitos do diploma que ora se intenta aprovar ficará adiada para o ano letivo , conforme, aliás, resulta do artigo 15º do projeto. Há, ainda, dois aspetos credores de fortíssimo reparo crítico. Em primeiro lugar, os termos em que se encontra redigido o n.º 1 do artigo 16º do projeto, que consubstancia uma norma revogatória, serão fonte da maior incerteza e insegurança jurídicas. Dizer-se, como se diz nesse n.º 1 do artigo 16º do projeto, que São revogados, a partir do ano letivo , todos os artigos do Decreto- Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 91/2013, de 10 de julho, respeitantes às ofertas de educação e formação que conferem dupla certificação de nível secundário, bem como toda a legislação e regulamentação para as quais o referido decreto-lei se constitui como norma habilitante (sublinhados nossos), sem se referir quais são esses artigos, legislação e regulamentação, é inaceitável e tecnicamente reprovável. Deve, assim, o Governo deixar bem explícito quais os normativos concretos que se terão como revogados a partir do ano letivo , para que dúvidas não subsistam quanto ao âmbito de aplicação do diploma que ora se intenta aprovar. Em segundo lugar, a CIP tem bem presente o disposto no n.º 2 do artigo 18º do Decreto-Lei n.º 396/2007, de 31 de dezembro, que estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Qualificações e define as estruturas que regulam o seu funcionamento, segundo o qual os Parceiros Sociais 2

3 intervêm na coordenação do Sistema Nacional de Qualificações na qual se integrará a educação e formação dual, objeto do projeto de diploma em análise através da sua participação em vários organismos (alguns dos quais já extintos, como, por exemplo, o Conselho Nacional da Formação Profissional). Todavia, cumpre explicitar a qual desses organismos, em concreto, competirá monitorizar, controlar e avaliar os resultados deste novo sistema, por forma a salvaguardar uma correta e efetiva coordenação e participação dos Parceiros Sociais. Projeto de Portaria que regula a prestação de cuidados de saúde primários do trabalho através dos Agrupamentos de Centros de Saúde Na sua Nota Crítica, a CIP realçou os seguintes aspetos: 1. O projeto de portaria em epígrafe tem por objeto, nos termos da sua nota preambular, bem como do seu artigo 1º, regular a prestação de cuidados de saúde primários do trabalho através dos Agrupamentos de centros de saúde (ACES) visando assegurar a promoção e vigilância da saúde a grupos de trabalhadores específicos, de acordo com o previsto no artigo 76.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, e suas alterações.. Nos termos do artigo 2º do mesmo projeto, o diploma que intenta aprovar terá como âmbito de aplicação os grupos de trabalhadores indicados no n.º 1 do artigo 76.º da Lei n.º 102/2009, com as respetivas alterações, e que requeiram cuidados primários de saúde do trabalho ao ACES da sua área de residência ou, em alternativa, ao ACES onde o trabalhador esteja inscrito.. 2. O projeto dá, finalmente, resposta a uma antiga reclamação da CIP, que remonta a 1994, no sentido de operacionalizar, de forma efetiva e eficaz, a garantia da promoção da vigilância e saúde dos trabalhadores através das instituições e serviços integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), designadamente no caso de trabalhadores de microempresas, que não exerçam atividades de risco elevado (ver o citado artigo 76º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, alterada pela Lei n.º 42/2012, de 28 de agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro, e retificada pela Declaração de Retificação n.º 20/2014, doravante LSST). 3

4 O bloqueio, desde 1994 ano em que foi criada, da garantia da promoção da vigilância e saúde através das instituições e serviços integrados no SNS, mormente no caso de trabalhadores de microempresas que não exerçam atividades de risco elevado, prevista no n.º 1 do artigo 76º da LSST, tem sido e continua a ser fonte de maiores despesas para as empresas, desestabilizando, consequentemente, o equilíbrio das soluções consensualizadas no Acordo de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, de Daí a antiga insistência da CIP, na necessidade de operacionalizar, de forma efetiva e eficaz, a referida garantia, restabelecendo o equilíbrio das soluções consensualizadas no referido Acordo unanimemente obtido em sede de Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) e que ainda hoje carece de ser aplicado, devido a uma total inércia estatal. A apresentação do Projeto de diploma em apreço constitui, assim, um claro sinal no sentido de uma evolução positiva nesta situação. 3. Há, todavia, três aspetos que devem ser clarificados. Assim: 3.a) Nos termos do n.º 2 do artigo 6º do projeto, O empregador ou o trabalhador independente que não obtenha, por razões excepcionais e devidamente justificadas pelo ACES, informação sobre a data de realização da consulta de cuidados de saúde primários do trabalho nos prazos estipulados no artigo seguinte, deve organizar o serviço de segurança e saúde no trabalho de acordo com as modalidades previstas no artigo 74.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro e suas alterações. (sublinhados nosso). No n.º 1 do referido artigo seguinte do projeto, ou seja, do artigo 7º, estipula-se que O ACES deve informar, no prazo de 48 horas a contar da entrega do requerimento constante do anexo 1, sobre a data de realização do exame de admissão do trabalhador ou do trabalhador independente (sublinhados nossos). Ora, a conjugação das duas normas supratranscritas coloca no mesmo plano o empregador e o trabalhador independente, o que causa dois tipos de situações absurdas. Por um lado, o contrário do que de tais normas resulta, o trabalhador independente não carece de exames de admissão. 4

5 Por outro lado, obrigar-se-ia o trabalhador independente que não obtivesse, por parte do ACES, informação sobre a data de realização da consulta de cuidados de saúde primários do trabalho, a ter que organizar serviço de segurança e saúde no trabalho interno, externo ou comum (cfr. Artigo 74º da LSST), o que também não tem sentido. Assim sendo, deve ser claramente explicitado o plano em que se encontra o trabalhador independente, através da formulação de preceitos adequados que reflitam a sua situação específica. 3.b) Ainda nos termos do supratranscrito n.º 2 do artigo 6º do projeto, verificase que o ACES, por razões excepcionais e devidamente justificadas poderá negar ao empregador ou ao trabalhador independente a obtenção de informação sobre a data de realização da consulta de cuidados de saúde primários do trabalho. A previsão em causa é inaceitável, face o desmesurado nível de discricionariedade que encerra. A ser aprovada, tal previsão permitiria aos ACES recusar aos empregadores de microempresas que não exerçam atividades de risco elevado a realização de consultas aos trabalhadores destas por motivos relacionados, por exemplo, com a falta de capacidade do serviço, indisponibilidade do médico de família ou qualquer outra. Ora, o que a lei exige, para promoção da vigilância da saúde dos trabalhadores por parte do SNS, é que se tratem de microempresas que não exerçam atividades de risco elevado (v. o citado artigo 76º da LSST), pelo que a recusa fundamentada por parte dos ACES só poderá ter como fundamento a dimensão da empresa ou o grau de risco das suas atividades. O preceito em apreço, deve, assim, ser aletrado em conformidade com o exposto. 3.c) Tendo em conta que, nos termos do artigo 9º, o pagamento de exames complementares de diagnóstico, para efeitos de cuidados de saúde primários do trabalho, será da responsabilidade do empregador ou do trabalhador independente, deve ficar igualmente explicitado que a realização de tais exames terá que ser fundamentada pelo médico com base em motivos relacionados com a atividade profissional do trabalhador ou do trabalhador independente. 5

6 - Outras iniciativas Acordo dos Parceiros Sociais Europeus relativo aos Mercados de Trabalho Inclusivos Relatório final conjunto A CIP, na sequência de negociação com os parceiros sociais nacionais (CEEP - Portugal, UGT e CGTP), remeteu à BUSINESSEUROPE o Relatório final conjunto sobre a implementação, em Portugal, do Acordo dos Parceiros Sociais Europeus relativo aos Mercados de Trabalho Inclusivos. Nesse mesmo Relatório enuncia-se, sinteticamente, as principais iniciativas desenvolvidas pelos parceiros sociais bem como as principais dificuldades na implementação do mesmo. Outras intervenções da CIP Comemoração do Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho 28 de abril de 2014 No âmbito Comemoração do Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho, a CIP interveio na Mesa Redonda sobre Riscos Químicos: o Papel das organizações de Trabalhadores e Empregadores. A Confederação, na sua intervenção, referiu, em síntese, que o papel das organizações de trabalhadores e empregadores, seja no âmbito dos riscos químicos ou de qualquer outro no domínio da segurança e saúde no trabalho, passa, em grande medida, pela promoção de uma cultura de prevenção. Referiu, ainda, que a redução dos acidentes de trabalho e doenças profissionais passa em grande medida, como já se referiu, pela criação de uma cultura de prevenção, a qual exige uma intervenção e congregação de esforços, por parte do Estado, empregadores e sindicatos. - Legislação publicada (seleção) Declaração de Retificação n.º 5/2014 (D.R. n.º 23, Série I de ) - Retifica a Portaria n.º 17/2014, de 27 de janeiro, do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, que procede à primeira alteração à Portaria n.º 286-A/2013, de 16 de setembro que cria a 6

7 medida Incentivo Emprego, publicada no Diário da República n.º 18, 1.ª série, de 27 de janeiro de 2014 Lei n.º 5/2014 (D.R. n.º 30, Série I de ) - Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 260/2009, de 25 de setembro, simplificando o regime de acesso e exercício da atividade das agências privadas de colocação de candidatos a empregos Resolução do Conselho de Ministros n.º 15/2014 (D.R. n.º 38, Série I de ) - Cria as agências nacionais para a gestão do Programa Erasmus+ em Portugal Resolução do Conselho de Ministros n.º 18/2014 (D.R. n.º 47, Série I de ) - Adota medidas tendo em vista a promoção da igualdade salarial entre mulheres e homens Portaria n.º 59-C/2014 (D.R. n.º 47, Suplemento, Série I de ) - Procede à primeira alteração da Portaria n.º 74-A/2013, de 15 de fevereiro, que estabelece as normas de organização, funcionamento, avaliação e certificação dos cursos profissionais ministrados em estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo, que ofereçam o nível secundário de educação, e em escolas profissionais Declaração de Retificação n.º 20/2014 (D.R. n.º 61, Série I de ) - Declaração de Retificação à Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro, que «Procede à segunda alteração à Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, e à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 116/97, de 12 de maio, que transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 93/103/CE, do Conselho, de 23 de novembro, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde no trabalho a bordo dos navios de pesca», publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 19, de 28 de janeiro de 2014 * * * Para saber mais ou obter outras informações poderá contactar a CIP, através do seu Pólo de Atendimento, presencialmente, na sede da CIP, sita na Praça das Indústrias, , Lisboa, ou através dos seguintes meios: dajsl@cip.org.pt Telefone Fax Portal da CIP (no campo próprio) 7