Análise Quantitativa da Arborização Urbana em São João do Rio do Peixe PB
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- Heloísa Amorim Candal
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1 Análise Quantitativa da Arborização Urbana em São João do Rio do Peixe PB Lyanne dos Santos Alencar (1) ; Patrícia Carneiro Souto (2) ; Francisco Tibério de Alencar Moreira (3) ; Cheila Deisy Ferreira (4) ; Jacob Silva Souto (5) (1) Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, PB; Endereço eletrônico: lyanne.florestal@hotmail.com; (2) Professora do PPGCF/ Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, PB; Endereço eletrônico: pcarneirosouto@yahoo.com.br ; (3) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, PB; Endereço eletrônico: tiberio.florestal@gmail.com; (4) Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, PB; Endereço eletrônico: cheiladeisy@yahoo.com.br; (5) Professor do PPGCF/ Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, PB; Endereço eletrônico: jacob_souto@yahoo.com.br. RESUMO Os benefícios ambientais proporcionados pela presença de árvores nas cidades são os mais variados, refletindo positivamente na qualidade de vida da população urbana. O presente estudo teve como objetivo realizar o inventário dos indivíduos arbóreos presentes no perímetro urbano de São João do Rio do Peixe PB. A avaliação quantitativa das espécies foi realizada no período de março a abril de 2012, contabilizando-se todos os indivíduos arbóreos, inclusive em fase juvenil. Foram identificados 2008 indivíduos arbóreos e 137 indivíduos em fase juvenil distribuídos em 16 espécies e 15 gêneros, distribuídos em 09 famílias botânicas. Quanto à origem das espécies 96,74% são exóticas e apenas 3,26% são nativas do Brasil. A espécie Azadirachta indica predominou com 52,59% dos indivíduos avaliados. Concluiu-se que a maioria das espécies que compõem a arborização da cidade é de origem exótica, contribuindo para a homogeneização da paisagem, sendo as espécies nativas pouco utilizadas, principalmente as do Bioma Caatinga. Palavras-chave: paisagismo urbano, levantamento censitário, áreas verdes. INTRODUÇÃO A arborização desempenha um papel importante nos centros urbanos, sendo responsável por inúmeros benefícios ambientais e sociais que melhoram a qualidade de vida nas cidades e a saúde física e mental da população (RIBEIRO, 2009). De acordo com Dantas & Souza (2004) a arborização urbana vem merecendo uma atenção especial não apenas pelos benefícios proporcionados, mas também pelos problemas que se apresentam em função do mau planejamento urbano. Para Ribeiro (2009) os planejadores devem incluir a vegetação como componente necessário ao espaço urbano. - Resumo Expandido - [112] ISSN:
2 O conhecimento da distribuição das árvores e as condições em que se encontram auxiliam programas de monitoramento. Entretanto, essas informações somente podem ser levantadas por meio de recenseamento, ou por amostragem de todas as árvores existentes (população), cujos resultados permitem avaliar as condições gerais da população de árvores (GONÇALVES & ROCHA, 2003). Em regiões semiáridas, como no Nordeste brasileiro, onde as condições climáticas são caracterizadas por longos períodos de estiagem, altas temperaturas e elevada incidência da radiação solar, a preocupação com a arborização deve ser ainda maior, com intuito de melhorar o conforto térmico, refletindo na qualidade de vida e saúde da população. O presente estudo teve como objetivo realizar o inventário da arborização urbana na cidade de São João do Rio do Peixe PB. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na cidade de São João do Rio do Peixe (06 43' 44" S e 38 26' 56" O), mesorregião do Sertão Paraibano. O clima da região segundo a classificação de Köppen (1996) é do tipo BSh semiárido, quente e seco, com precipitação média anual em torno de 431,8 mm. A cidade possui cinco bairros, com uma população urbana estimada em em um total de habitantes em todo município (IBGE, 2010). O inventário foi realizado nos seguintes bairros: Centro, Populares, Gruta, Estação e Santo Antônio, abrangendo 46 ruas da cidade. A avaliação quantitativa das espécies foi realizada no período de março a abril de 2012, avaliando-se todos os indivíduos arbóreos e em fase juvenil, seguindo a metodologia utilizada por Salvi et al. (2011). Para coleta de dados em campo foi utilizada planilhas, pranchetas, trena, fita adesiva, máquina digital, sendo os dados registrados na planilha de acordo com a espécie e realizado o registro fotográfico das espécies componentes da arborização da cidade. A identificação das espécies foi realizada no momento da coleta de dados, e na impossibilidade de identificação, foram coletados ramos com material vegetativo e encaminhados ao Herbário da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB para identificação por meio de comparação com exsicatas e literatura especializada. A lista de espécies e famílias foi organizada de acordo com o sistema Angiosperm Phylogeny Group (APG III, 2009). Os dados quantitativos referentes aos indivíduos inventariados foram digitalizados em planilha específica, utilizando-se o Microsoft Office Excel. As espécies encontradas foram classificadas de acordo com seu nome cientifico, família botânica e origem (exótica ou nativa), determinando a frequência relativa e a frequência absoluta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram inventariados 2008 indivíduos arbóreos distribuídos em 16 espécies e 15 gêneros, que correspondem a 09 famílias botânicas, sendo as famílias Meliaceae, Fabaceae e Moraceae as que mais se destacaram em relação ao número de indivíduos (Tabela 1). Tabela 1 Lista das espécies com os seus respectivos nomes populares, nomes científicos, famílias botânicas, origem e frequências encontradas na cidade de São João do Rio do Peixe PB. Nome Popular Nome Científico Família Origem Fa Fr (%) NIM Azadirachta indica A. Juss Meliaceae Exótica ,59 FICUS Ficus benjamina L. Moraceae Exótica ,87 ACÁCIA Senna siamea L. Fabaceae Exótica ,47 MATA FOME Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. Fabaceae Nativa 51 2,54 - Resumo Expandido - [113] ISSN:
3 ALGAROBA Prosopis juliflora (Sw.) DC Fabaceae Exótica 41 2,04 CASTANHOLA Terminalia catappa L Combretaceae Exótica 31 1,54 BRASILEIRINHO Erythrina indica picta Fabaceae Exótica 12 0,60 OLIVEIRA Syzygium cumuni (L.) Skeels Myrtaceae Exótica 8 0,40 ALGODÃO BRAVO Ipomoea carnea Jacq. Convolvulaceas Exótica 6 JUREMA PRETA Mimosa tenuiflora (Wild) Poir. Fabaceae Nativa 4 0,20 MAMOEIRO Caricapa paya L. Caricaceae Exótica 3 0,15 CRAIBEIRA Tabebuia aurea Benth. Bignoniaceae Nativa 2 0,10 CHUVA DE OURO Cassia fistula L. Fabaceae Nativa 1 0,05 COLA Cordia myxa L. Boraginaceae Exótica 1 0,05 ESPONJA Calliandra brevipes Benth. Fabaceae Exótica 1 0,05 IPÊ MIRIM Tecoma stans (L.) Juss. Bignoniaceae Exótica 1 0,05 Total ,00 *Fr: Frequência Relativa, Fa: Frequência Absoluta Quanto à origem das espécies, dos 2008 indivíduos encontrados na arborização de São João do Rio do Peixe, 97,11% são exóticos e apenas 2,89% são nativos do Brasil. Atualmente, o aumento na utilização das espécies exóticas é um fato preocupante, pois apresentam um alto risco da perda da biodiversidade, limitando o desenvolvimento de outras espécies. De acordo com Medeiros & Lira Filho (2007) a maioria das espécies implantadas nas cidades é de origem exótica. Seu rápido crescimento, sombreamento e a facilidade ao acesso das mudas faz com que a população da cidade realize seu próprio plantio, sem nenhuma orientação e planejamento por parte dos órgãos públicos. A pouca utilização das espécies nativas na cidade de São João do Rio Peixe ocorre devido à falta de conhecimentos e valorização da população pelas espécies nativas, principalmente as espécies do Bioma Caatinga, atraídos por algumas vantagens que as espécies exóticas apresentam como o rápido crescimento, proporcionando sombra em um menor período de tempo, quando comparados com algumas espécies nativas que apresentam comportamento decíduo, presença de espinhos, crescimento lento, copa rala, entre outras características. É sabido que a arborização diversificada promoverá floração e frutificação diferenciada que irá atrair a avifauna adaptada ao meio urbano, proporcionando notável beleza pelo seu colorido e encantamento do seu canto. A espécie Azadirachta indica predominou com 52,59% dos indivíduos avaliados (Tabela 1). No entanto esses dados não estão de acordo com as recomendações de Calixto Júnior et al. (2009), quando sugerem que cada espécie não deve ultrapassar 10 a 15% do total de indivíduos da população. A utilização de um mesmo indivíduo na arborização de São João do Rio do Peixe põe em risco a cobertura vegetal na cidade, uma vez que pode favorecer o ataque de pragas e doenças interferindo drasticamente em um dos objetivos da arborização que é o fornecimento de sombra e consequentemente, aumentando o desconforto térmico nas cidades. O que se percebe é que a introdução de um grande número de indivíduos de uma espécie na arborização urbana, decorrente da falta de planejamento onde os gestores públicos não se preocuparam com esse setor, permite que a população se encarregue de implantar indivíduos sem nenhum conhecimento técnico, mas, apenas por influência de terceiros. O modismo na arborização foi detectado nesta pesquisa, onde a imitação é o critério escolhido, e essa é uma situação que deve ser combatida. - Resumo Expandido - [114] ISSN: ,30
4 As espécies Ficus benjamina e a Senna siamea apresentaram uma percentagem total de indivíduos de 18,87% e 18,47%, respectivamente. Essas espécies são bastante comuns na arborização urbana das cidades do Nordeste brasileiro. Resultados semelhantes aos ora encontrados foram observados por Calixto Júnior et al. (2009) na cidade de Lavras de Mangabeira - CE, em que as espécies Azadirachta indica, Acacia mangium e Ficus benjamina corresponderam a 92,95% das árvores, apontando uma grande homogeneidade na arborização urbana e ainda, evidenciando a prevalência de exóticas com relação às nativas da flora brasileira. Ao se fazer a relação número de indivíduos arbóreos (2008) indivíduos com a população urbana de São João do Rio do Peixe (6.885 habitantes) obteve-se 0,3 individuo arbóreo/habitante, sendo abaixo do recomendado pela UNESCO que é de 2,0 árvores por habitante. Foi identificado também um importante número de indivíduos em fase juvenil, mas exclusivamente espécies exóticas e a Azadirachta indica se destacou com cerca de 97,08% dos indivíduos avaliados (Tabela 2). Tabela 2 Frequência absoluta (Fa) e Frequência relativa (Fr%) dos indivíduos em fase juvenil das espécies avaliadas na cidade de São João do Rio do Peixe-PB Nome Popular Nome Científico Família Fa Fr (%) NIM Azadirachta indica A. Juss Meliaceae ,08 ACACIA Senna siamea L. Fabaceae 2 1,46 FICUS Ficus benjamina L. Moraceae 2 1,46 Total Esse grande número de indivíduos jovens evidencia uma arborização recente, em que a própria população realiza seu plantio. Em algumas situações retira-se uma espécie já existente para implantação de um novo indivíduo, seguindo o padrão de outras cidades do semiárido da Paraíba, onde ocorre a troca de individuo arbóreo já estabelecido e que beneficiava a população por muitos anos sendo esta uma prática comum, sem restrição e orientação técnica. CONCLUSÕES A espécie predominante na arborização da cidade de São João do Rio do Peixe-PB é Azadirachta indica. A maioria das espécies que compõem a arborização da cidade é de origem exótica, contribuindo para a homogeneização da paisagem. As espécies nativas são pouco utilizadas, principalmente as do Bioma Caatinga, o que caracteriza o pouco interesse da população em manter a flora regional contribuindo para sua conservação e embelezamento da cidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APG III. Anup date of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 161, p CALIXTO JÚNIOR, J.T; SANTANA, G.M; LIRA FILHO, J.A. Análise quantitativa da arborização urbana de Lavras da Mangabeira, CE, Nordeste do Brasil. Revista Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.4, n.3, p , Resumo Expandido - [115] ISSN:
5 DANTAS, I. C.; SOUZA, C. M. C. Arborização urbana na cidade de Campina Grande - PB: Inventário e suas espécies. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 4, n. 2, p.18, GONÇALVES, S.; ROCHA, F.T. Caracterização da arborização urbana do bairro de Vila Maria Baixa. ConSCIENTIAE SAÚDE, v.2, p , IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n 5 (R. PR-5/02). Acessado em 05 agosto KÖPPEN, W. Climatologia. Com un studio de los climas de la tierra. México. Buenos Aires, Fundo de Cultura Econômica, p. CORREIA, A.C.B. (Trad.) Sistemas Geográficos dos Climas. UFPE, Recife PE p. MEDEIROS, M. A. S.; LIRA FILHO, J. A. Indicação de espécies arbóreas adaptadas ao semiárido brasileiro, para o paisagismo urbano. In: REUNIÃO NORDESTINA DE BOTÂNICA, 30º. Crato de 04 a 07 de julho de Anais... Crato, CE: SBB, URCA, p. 26. RIBEIRO, F. A. B. S. Arborização urbana em Uberlândia: percepção da população. Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1,p. 14,2009. SALVI, L.T; HARDT, L.P. A; ROVEDDER, C.E; FONTANA, C.S. Arborização ao longo de ruas túneis verdes em Porto Alegre, RS, Brasil: Avaliação Quantitativa e Qualitativa. Revista Árvore, Viçosa MG, v.35, n.2, p , Resumo Expandido - [116] ISSN:
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