SOFTWARES DE SIMULAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
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- Geraldo Bugalho Bentes
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1 Análise Comparativa de VTCD em um Sistema Elétrico Real: ANAFAS versus EASYPOWER K. M. Canuto 1, R. S. H. de Oliveira 1, J. G. Silveira 1, J. V. Q. Jucá 1, F. F. D. Montenegro 2, R. P. S. Leão 2, F. Sales 2, F. R. Leite 2, F. D. L. Silva 2, M. C. S. Junior 2 1 Companhia Energética do Ceará-Coelce 2 Universidade Federal do Ceará, Departamento de Engenharia Elétrica klendson@yahoo.com.br, renatosampaio@endesabr.com.br, giordane@coelce.com.br, jvictor_qj@hotmail.com, montenegro@ifce.edu.br, rleao@dee.ufc.br, fernando.fsica@yahoo.com.br, fabricioleite@ufc.br, fdanielce@yahoo.com.br, moacirjrufc@gmail.com Resumo - A qualidade da energia elétrica tem sido objeto de preocupação por parte de agências de regulação, concessionárias de energia elétrica bem como de seus clientes. Além da preocupação com a continuidade no fornecimento de energia há também a preocupação com a qualidade da tensão de suprimento. Atualmente, a grande maioria das cargas contém circuitos digitais, que as tornam sensíveis às variações de tensão no suprimento. Para avaliar a qualidade da tensão suprida as concessionárias fazem uso de programas computacionais. Neste contexto, este trabalho apresenta, de forma comparativa, os recursos e a resposta de dois softwares computacionais, ANAFAS e EASYPOWER, usados para simulações de variações de tensão de curta duração em um sistema elétrico de potência. O artigo avalia o desempenho do sistema elétrico à luz de cada um dos softwares, e apresenta um estudo de caso real com respeito à solução encontrada para problemas de múltiplas faltas, resultando em elevação de tensão e atuação indevida da proteção. I. INTRODUÇÃO É comum a preocupação com a qualidade da energia quando os consumidores se deparam com interrupções no fornecimento da energia elétrica. Com a mudança das características das cargas, de elétrica para eletro-eletrônicadigital, a qualidade da onda de tensão, de responsabilidade da concessionária, e a qualidade da onda corrente, de responsabilidade do consumidor, tornaram-se importantes aspectos para a operação adequada e eficiente das cargas. A qualidade da energia é, portanto, condição necessária para assegurar a compatibilidade entre suprimento e consumo. A rede elétrica está sujeita a perturbação de ordem interna e externa. As perturbações podem resultar em distúrbios que provocam alterações no perfil da tensão de suprimento, de natureza permanente ou transitória. Para cada alteração de perfil de tensão está associado um tipo de distúrbio, que pode ser: desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão, harmônicos, afundamento de tensão, elevação de tensão, interrupção de tensão de curta e longa duração, etc. [1]. A solução para o problema dos distúrbios elétricos tem início no estudo da compatibilidade entre o equipamento e o fornecimento de energia. Para isso, necessita-se conhecer a qualidade da tensão suprida e a tolerância do equipamento à tensão de suprimento [2], [3]. Com o objetivo de avaliar a qualidade da tensão suprida o presente trabalho fez uso dos softwares ANAFAS e EASYPOWER para modelar e analisar um sistema de potência real quando submetido a diferentes tipos de falta, em diferentes barras e linhas de transmissão do sistema. O programa de simulação Anafas é amplamente utilizado pelas concessionárias distribuidoras de energia elétrica no Brasil, e o EasyPower é um software comercial de abrangência internacional. O sistema elétrico avaliado (Regional Delmiro Gouveia - DMG, Fortaleza-CE) é parte da rede elétrica da Companhia Energética do Ceará - Coelce. O desempenho da rede elétrica, quanto a afundamentos de tensão, interrupções e elevações de tensão, foi avaliado a partir da resposta dos softwares de análise empregados. Uma comparação entre os softwares, dos recursos, interatividade e dos resultados das análises, é apresentada no artigo. Por fim, um estudo de caso real é discutido, relacionado a múltiplas faltas, com elevação de tensão de curta duração, atuação indevida da proteção, e mudança da função de proteção para solução do problema. II. SOFTWARES DE SIMULAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA Devido a complexidade, tamanho e dificuldades de avaliação in situ, existem no mercado várias ferramentas de simulação computacional para auxiliar no planejamento e operação dos sistemas elétricos de potência, dentre elas os programas Anafas e EasyPower. As características básicas dos softwares Anafas, desenvolvido no Brasil, e do software EasyPower, desenvolvido por empresa americana, usados para avaliação das frequências de ocorrência das variações de tensão de curta duração (VTCD) do regional DMG são apresentadas a seguir. A. ANAFAS - Análise de Faltas Simultâneas Desenvolvido pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica CEPEL, com o patrocínio da Eletrobrás e de suas concessionárias, o Anafas é um programa computacional, desenvolvido em Windows, na versão a partir de 2004, dedicado à análise de curtos-circuitos, inclusive deslizantes, e resultados orientados a pontos de falta ou de monitoração [5]. Esforços têm sido empreendidos no sentido de dotar o Anafas com facilidades condizentes com as novas necessidades de compartilhamento de dados, análise e visualização de resultados. A modernização de aplicações computacionais para operação e planejamento de sistemas elétricos de potência é uma alternativa para contornar os altos
2 custos de recodificação e preservar investimentos de tempo e recursos já realizados [6]. B. EASYPOWER EasyPower é uma ferramenta computacional para Windows, com várias funções de estudo e análise de sistemas de potência, como fluxo de carga, curto-circuito, harmônicos, estabilidade dinâmica, coordenação da proteção, análise de arco elétrico e partidas de motor, desenvolvida pela Electrical System Analysis-ESA. Uma das grandes facilidades da ferramenta é dispor de uma base de dados integrada para todas as funções acima relacionadas, além de oferecer uma interface simples e amigável, permitindo, de maneira fácil e rápida, diversas execuções e alterações no sistema em estudo [7]. O software dispõe de uma área de trabalho com uma paleta de equipamentos e dispositivos elétricos, os quais são arrastados até a área de trabalho para construir o diagrama unifilar do sistema elétrico, além de uma rica biblioteca de equipamentos de mercado, como transformadores, disjuntores, chaves, motores, etc. O cálculo de curto-circuito segue padrão ANSI e IEC, e os resultados de tensões e correntes são mostrados no diagrama unifilar para todas as barras do sistema em estudo. A ferramenta permite mudanças de estados de chaves e de disjuntores (abrir e fechar) feitas com o clique do mouse sobre o dispositivo representado no diagrama unifilar da rede, o que resulta em cálculos rápidos de correntes e tensões para diferentes topologias e cenários, além de permitir estudo de sensibilidade de tensão. As definições e os métodos das simulações efetuadas para este trabalho encontram-se na seção que se segue. III. DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS UTILIZADAS Para a análise comparativa entre a resposta do Anafas e do EasyPower, para diversos tipos de curto em um sistema de potência, foram analisados os principais e mais presentes parâmetros de qualidade de energia, as variações de tensão de curta duração, como afundamentos, elevações e interrupções de tensão. A. Afundamentos de Tensão de Curta Duração Os afundamentos de tensão de curta duração são definidos como uma redução no valor eficaz da tensão, entre 10% e 90% da tensão nominal, na freqüência fundamental, com duração entre um ciclo e um minuto. Segundo a norma IEC , o afundamento de tensão em sistema trifásico tem início quando o valor rms de pelo menos uma das tensões cai abaixo da referência e termina quando todos os valores rms de tensão retornam a valores acima da referência. Normalmente a tensão de referência refere-se a um percentual da tensão nominal. Os afundamentos são normalmente associados a curtoscircuitos, causando inúmeros problemas a equipamentos e dispositivos, em particular àqueles que fazem uso de eletrônica digital. As conseqüências nestes equipamentos/dispositivos vão desde a perda de dados, processamento errôneo, ou até mesmo à total paralisação do processo, e, conseqüentemente, perdas de produtividade, na maioria das vezes com elevados prejuízos econômicos. Para isto, é importante que os agentes do setor elétrico (agências reguladoras, empresas de energia elétrica, consumidores e fabricantes de equipamentos) conheçam bem os fenômenos que afetam a qualidade da energia elétrica [1]. Os estudos envolvendo afundamentos de tensão são conduzidos a partir da monitoração das tensões do sistema elétrico ou através da utilização de metodologias de predição. Assim, a predição de afundamentos de tensão pode ser calculada levando-se em conta as principais características do afundamento que são a magnitude, a duração e a freqüência de ocorrência. B. Elevações de Tensão de Curta Duração De forma análoga aos afundamentos de tensão, a elevação de tensão caracteriza-se pelo aumento no valor eficaz da tensão fundamental, entre 110% e 180%, da tensão nominal, com duração entre um ciclo e um minuto. De acordo com a norma IEC , em um sistema trifásico a elevação de tensão começa quando o valor rms de pelo menos uma das tensões é maior que a referência e termina quando os três valores rms de tensão retornam abaixo da referência. Equipamentos sensíveis podem sofrer danos quando submetidos à elevação de tensão. O aumento de tensão acima dos níveis nominais suportáveis pode danificar componentes, causando indisponibilidade do equipamento, seja residencial, comercial ou industrial. Neste último caso, com chances de maiores prejuízos. C. Interrupções de Tensão de Curta Duração As interrupções de tensão são consideradas como o mais severo distúrbio, uma vez que pode levar à parada do equipamento. Uma interrupção de curta duração é definida como a incursão do valor rms da tensão para níveis inferiores a 10% da tensão nominal por um período de até 1 minuto. Segundo a norma IEC a interrupção começa quando os níveis de tensão rms das três fases caem abaixo de 0,1 pu e termina quando pelo menos uma das tensões é maior que 0,1 pu. D. Definições e Métodos das Simulações Inicialmente, foi modelado tanto no Anafas quanto no EasyPower o regional do sistema Coelce, composto por dezesseis barras e caracterizado por linhas curtas, o qual atende a subestações particulares de grandes clientes e subestações próprias da concessionária, conforme demonstrado na Fig. 1. As barras sinalizadas com asterisco * representam as subestações particulares de clientes. Visando manter a fidedignidade do estudo comparativo, na modelagem do sistema, todos os parâmetros que caracterizam a rede, tais como impedância, comprimento de linhas, cabos e potência de curto-circuito, foram igualmente representados nos dois programas: ANAFAS e Easypower..
3 Fig. 1. Sistema elétrico: Regional de Delmiro Gouveia - DMG, Fortaleza-CE. Após a modelagem, foram simulados nos dois softwares curtos-circuitos trifásicos e monofásicos, tanto nas linhas quanto nas barras. Para considerações do trabalho, foram utilizadas potências de curto-circuito à carga média e adotada uma distância de 50% para aplicação da falta nas linhas. Os curtos-circuitos trifásico e monofásico foram escolhidos pelo fato de que, historicamente, a grande maioria das faltas na distribuição de energia elétrica é do tipo monofásico temporário. Por outro lado, embora menos comuns, as faltas trifásicas, quando ocorrem, são as mais severas [2]. Os tipos e os locais das faltas foram simulados conforme a seguir: Curto trifásico na LT ; Curto monofásico na LT ; Curto trifásico na LT ; Curto monofásico na LT ; Curto trifásico na LT ; Curto monofásico na LT ; Curto trifásico na barra PAP; Curto trifásico na barra MCP. A escolha do local do curto-circuito foi efetuada conforme histórico da concessionária de doze faltas ocorridas durante um ano (dez/2008 a nov/2009) no Regional DMG, como pode ser visto na Tabela I, e especificidade da região escolhida, dada à grande poluição, como maresia, e dada à grande importância dos grandes clientes alimentados. TABELA I FREQÜÊNCIA DE FALTAS EM DELMIRO GOUVEIA DE DEZ/08 A NOV/09. Tipo/local da Falta Qtd de Faltas CC 3φ LT 1 CC 1φ LT 2 CC 3φ LT 1 CC 1φ LT 3 CC 3φ LT 1 CC 1φ LT 2 CC 3φ PAP 1 CC 3φ MCP 1 Após simulação dos distúrbios, foram capturadas, para cada tipo e local de curto aplicado, as tensões remanescentes geradas tanto pelo Anafas quanto pelo Easypower em cada uma das dezesseis barras. Para compor a freqüência de ocorrências de interrupções, afundamentos e elevações de tensão em cada barra do sistema foram utilizadas as taxas de falhas, apresentadas na Tabela I, e uma distribuição de tensão remanescente em faixas de 10%. IV. ANÁLISE COMPARATIVA ANAFAS X EASYPOWER Para comparar os resultados obtidos com os aplicativos Anafas e EasyPower, são apresentadas nas Tabelas II a V as faixas de tensões residuais em cada barra do sistema, resultantes dos curtos-circuitos trifásicos e monofásicos em três linhas (MDB/MCP, MCP/PBR e PAP/ADT) e curtoscircuitos trifásicos em duas barras do sistema (PAP e MCP). As tabelas II a V, nas primeiras linhas, mostram também o número anual de faltas para cada linha e barra do sistema, sendo possível estimar o tipo e frequência de ocorrência para cada variação de tensão de curta duração em cada barra do sistema. Inicialmente serão apresentadas as análises comparativas para as interrupções e afundamentos de tensão e depois as análises comparativas para as elevações de tensão verificados pelo Anafas e EasyPower. A. Análise Comparativa para as Interrupções e Afundamentos de Tensão: Anafas e EasyPower Como os curtos trifásicos são simétricos e os curtoscircuitos monofásicos foram aplicados na fase A, esta fase foi a que apresentou afundamentos de tensão mais severos como pode ser verificado nas Tabelas II (Anafas) e III (EasyPower). Diante deste fato, a Fase A foi escolhida para representar as tabelas e gráficos de ocorrências das
4 interrupções e afundamentos de tensão para posterior comparação entre os dois aplicativos trabalhados. Para facilitar a comparação dos resultados, as faixas de tensão nas Tabelas II e III assumem cores diferentes por faixa de tensão, ou seja, de 0-10% cor telha, de 10-20% cor laranja, etc. Comparando-se os resultados para ambos os aplicativos, verifica-se que, dos 96 pontos nas faixas de tensão consideradas (8 curtos por 12 barras), 24 não coincidiram (25%). Verifica-se uma divergência nos resultados para curtos-circuitos trifásico e monofásico na linha, com reflexos em todas as barras do sistema avaliado. Neste caso, o Anafas classifica a tensão residual numa faixa imediatamente inferior à considerada pelo EasyPower, p.ex., o Anafas classifica que para um curto-circuito na LT, quer trifásico ou monofásico, a barra ADT sofre uma interrupção, enquanto o EasyPower classifica como um severo afundamento de tensão. Pela visualização das duas tabelas, IV e V, nota-se a diferença de cor e, portanto, de resultado, para elevações de tensão em oito barras (PAP, MDB, MCP, AGF, PBR, MNF, DMC e MDD), decorrentes de curto-circuito na linha TAP/ADP. De um total de 36 pontos de faixas de elevação de tensão (03 curtos monofásicos por 12 barras), 08 não coincidiram (22%). O Anafas, desta feita, classifica a tensão residual ( %) numa faixa imediatamente superior à considerada pelo EasyPower ( %). TABELA II FAIXAS DE TENSÕES REMANESCENTES EM % NA FASE A PARA INTERRUPÇÕES E AFUNDAMENTOS DE TENSÃO NO ANAFAS PAP MCP TAP 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 10% a 20% 10% a 20% 60% a 70% 70% a 80% MGY 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 10% a 20% 10% a 20% 60% a 70% 70% a 80% ADT 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 0% a 10% 0% a 10% 60% a 70% 70% a 80% VRJ 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 10% a 20% 10% a 20% 60% a 70% 70% a 80% PAP 10% a 20% 10% a 20% 10% a 20% 10% a 20% 30% a 40% 20% a 30% 0% a 10% 10% a 20% *MDB 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 30% a 40% 20% a 30% 0% a 10% 0% a 10% MCP 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 30% a 40% 20% a 30% 0% a 10% 0% a 10% AGF 50% a 60% 50% a 60% 50% a 60% 50% a 60% 30% a 40% 20% a 30% 40% a 50% 50% a 60% *PBR 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 30% a 40% 20% a 30% 0% a 10% 0% a 10% *MNF 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 30% a 40% 20% a 30% 0% a 10% 0% a 10% DMC 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 30% a 40% 20% a 30% 60% a 70% 70% a 80% *MDD 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 30% a 40% 20% a 30% 0% a 10% 0% a 10% TABELA III FAIXAS DE TENSÕES REMANESCENTES EM % NA FASE A PARA INTERRUPÇÕES E AFUNDAMENTOS DE TENSÃO NO EASYPOWER PAP MCP TAP 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 20% a 30% 20% a 30% 60% a 70% 70% a 80% MGY 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 20% a 30% 20% a 30% 60% a 70% 70% a 80% ADT 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 10% a 20% 10% a 20% 60% a 70% 70% a 80% VRJ 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 20% a 30% 20% a 30% 60% a 70% 70% a 80% PAP 10% a 20% 10% a 20% 10% a 20% 10% a 20% 40% a 50% 30% a 40% 0% a 10% 10% a 20% *MDB 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 40% a 50% 30% a 40% 0% a 10% 0% a 10% MCP 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 40% a 50% 30% a 40% 0% a 10% 0% a 10% AGF 50% a 60% 50% a 60% 50% a 60% 50% a 60% 40% a 50% 30% a 40% 40% a 50% 50% a 60% *PBR 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 40% a 50% 30% a 40% 0% a 10% 0% a 10% *MNF 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 40% a 50% 30% a 40% 0% a 10% 0% a 10% DMC 70% a 80% 60% a 70% 70% a 80% 60% a 70% 40% a 50% 30% a 40% 60% a 70% 70% a 80% *MDD 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 0% a 10% 40% a 50% 30% a 40% 0% a 10% 0% a 10%
5 TABELA IV FAIXAS DE TENSÕES REMANESCENTES EM % NA FASE B PARA ELEVAÇÕES DE TENSÃO NO ANAFAS TAP 110% a 120% 110% a 120% 130% a 140% MGY 110% a 120% 110% a 120% 130% a 140% ADT 110% a 120% 110% a 120% 130% a 140% VRJ 110% a 120% 110% a 120% 130% a 140% PAP 130% a 140% 130% a 140% 130% a 140% *MDB 130% a 140% 130% a 140% 130% a 140% MCP 130% a 140% 130% a 140% 130% a 140% AGF 110% a 120% 110% a 120% 130% a 140% *PBR 130% a 140% 130% a 140% 130% a 140% *MNF 130% a 140% 130% a 140% 130% a 140% DMC 110% a 120% 110% a 120% 130% a 140% *MDD 130% a 140% 130% a 140% 130% a 140% TABELA V FAIXAS DE TENSÕES RESIDUAIS EM % NA FASE B PARA ELEVAÇÕES DE TENSÃO NO EASYPOWER TAP 110% A 120% 110% A 120% 130% A 140% MGY 110% A 120% 110% A 120% 130% A 140% ADT 110% A 120% 110% A 120% 130% A 140% VRJ 110% A 120% 110% A 120% 130% A 140% PAP 130% A 140% 130% A 140% 120% A 130% *MDB 130% A 140% 130% A 140% 120% A 130% MCP 130% A 140% 130% A 140% 120% A 130% AGF 110% A 120% 110% A 120% 120% A 130% *PBR 130% A 140% 130% A 140% 120% A 130% *MNF 130% A 140% 130% A 140% 120% A 130% DMC 110% A 120% 110% A 120% 120% A 130% *MDD 130% A 140% 130% A 140% 120% A 130% Fig. 2. Fenômeno das Faltas Múltiplas para a região mais crítica do Regional Delmiro Gouveia da Coelce Após diversos estudos e análises da proteção, que apontavam para um sistema de proteção devidamente coordenado, optou-se pela alteração do tipo de proteção de linha e instalação de proteção diferencial de linha. A título comparativo dos diferentes tipos de proteção sobrecorrente (50/51), que é a proteção usual, e diferencial (67) - é mostrado, através dos gráficos das Fig. 3 e 4, que o tempo de atuação da proteção diferencial (curva em preto e vermelho) é bem mais rápido do que o das proteções de sobrecorrente (50/51). Fig. 3. Tempo de atuação das proteções 50, 51 e 67 para curto circuito trifásico na linha LT 02C1 PAP/*MDB. V. FENÔMENO DE FALTAS MÚLTIPLAS: ESTUDO DE CASO O estudo de caso real a seguir analisado trata de uma falta F1 ocorrida na barra MCP do regional Delmiro Gouveia, a qual provocou uma falta F2 na linha MDB/MCP, como ilustrado na Figura 2. A ocorrência caracteriza-se como uma falta múltipla dependente. A região em que estão localizadas as barras e linhas da Fig.2 sofre de deposição de alta salinidade em seus isoladores. A incidência de uma descarga atmosférica na barra MCP provocou a disrupção de arco elétrico (flashover) no isolador da barra estabelecendo-se um curto-circuito monofásico. Durante a ocorrência do curto, houve elevação de tensão em uma das fases do sistema, o que provocou ruptura de isolação por elevação de tensão nos isoladores da linha MDB/MCP. Fig. 4. Tempo de atuação das proteções 50, 51 e 67 para curto circuito na linha 02C2 PAP/MCP. O princípio de operação da proteção diferencial baseia-se no monitoramento das correntes I A e I B, como ilustradas na Fig.5. Quando o somatório dessas correntes é diferente de zero, há fuga de corrente, indicando curto ao longo da linha, do contrário, o sistema está são. Ao detectar a diferença de corrente, imediatamente os dois relés diferenciais são abertos para isolar a linha defeituosa de forma bastante ágil, evitando, assim, múltiplos defeitos.
6 Fig. 5. Princípio de funcionamento da proteção diferencial. Para solucionar o problema de falta múltipla, foi utilizada a Proteção Diferencial de Linha, que tem por finalidade isolar a linha de transmissão através da abertura de seus disjuntores terminais, quando ocorrer curto-circuito na linha defeituosa. A Fig. 6 apresenta as proteções de linha implantadas pela concessionária. Os resultados obtidos com a mudança da proteção foram satisfatórios, conforme pode ser constatado no gráfico da Fig. 7. Ressalta-se que a proteção diferencial foi instalada em julho de Sendo assim, até o primeiro semestre de 2008, ainda com a proteção usual, os resultados de atuação não foram 100% satisfatórios. Este resultado somente foi obtido analisando-se um período completo com a proteção diferencial, como se observa na última coluna do gráfico da Fig. 7. VI. CONCLUSÕES Dentre os distúrbios responsáveis pela degradação da qualidade de energia, as variações de tensão de curta duração têm destaque pelas inconveniências e prejuízos econômicos e são aqueles que mais preocupam concessionárias e consumidores de energia. Este trabalho apresentou comparações de simulações de curtos-circuitos monofásicos e trifásicos aplicados em um sistema real da Companhia Energética do Ceará - Coelce, para analisar as interrupções de curta duração, afundamentos de tensão e elevações de tensão nas barras, mediante dois programas computacionais comerciais, o Anafas, desenvolvido pelo CEPEL, e o EasyPower, empregado por várias empresas internacionais e que dispõe de uma interface gráfica bastante amigável e simples, produzido agilidade e economia de tempo na análise de sistemas de potência. Os resultados das simulações demonstraram coerência entre os dois programas, tendo sido verificado algumas divergências entre as respostas dos dois aplicativos. Das 132 faixas de variação de tensão obtidas para as 12 barras do sistema analisado, foram encontradas 32 divergências entre os dois aplicativos usados. Na análise de interrupções e afundamentos de tensão, houve 25% de divergências. O Anafas classificou a tensão residual numa faixa imediatamente inferior à considerada pelo EasyPower. Já na análise das elevações de tensão, 22% dos resultados não coincidiram. Desta feita, o Anafas, classificou a tensão residual numa faixa imediatamente superior à considerada pelo EasyPower. O resultado do Anafas foi mais conservador que o do EasyPower. Em um ambiente em que indicadores de desempenho em relação às VTCDs sejam usados pelas concessionárias, o software de análise exerce papel importante no cálculo dos indicadores. Por fim, o artigo também abordou um caso real de múltiplas falhas ocorrido no regional DMG - Coelce geradas por rupturas de isoladores devido a elevações de tensão provocadas por curto-circuito assimétrico na vizinhança. O problema das faltas múltiplas foi solucionado mediante alteração no tipo de proteção associada às linhas com maior poluição com a implantação da proteção diferencial de linha. REFERÊNCIAS Fig. 6. Implantação da Proteção Diferencial de Linha. Fig. 7. Resultados da instalação da Proteção Diferencial de Linha. [1] Edson Martinho, Distúrbios da Energia Elétrica, 2ª ed., Editora Erica. [2] M. H. J. Bollen, Understanding Power Quality Problems - voltage sags and interruptions, IEEE press. [3] M. R. Qader and M. H. J. Bollen, Stochastic prediction of voltage sags in a large transmission system, IEEE Trans. Ind. Appl., vol. 35, no. 1, pp , Jan [4] S.P.Roméro, J.I.Rossi, P.A.David e R. Rosa, ANAFAS - Análise de Faltas Simultâneas, V4.1-Manual do Usuário, Cepel, Rio de Janeiro, Brasil. Março de [5] acessada em 13/12/2009. [6] F.R.M. Alves, S.P. Roméro, C.F.P. Araújo, J.S.S. Assis, R.N. Martino, D.M.P. Gomes, M.S. Cauzin, e F.M. Ferreira, Incorporação do Programa de Análise de Faltas Simultâneas (ANAFAS) a um Ambiente Integrado de Interface Gráfica e Banco de Dados. [7] User's Manual EasyPower - Short Circuit Analysis. [8] Geraldo Kindermann. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência, 2ª ed. Editora UFSC, Florianópolis, 2005.
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