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1 ISSN: BOLETIM DE CONJUNTURA NERINT volume 1 número 4 janeiro 2017

2 BOLETIM DE CONJUNTURA NERINT FOCO E ESCOPO As Relações Intrernacionais têm conhecido notável aceleração nos anos e, inclusive, meses mais recentes. Acontecimentos impactantes estão se sucedendo já a um ritmo semanal. Assim, as pesquisas de longo prazo desenvolvidas no NERINT (Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais) passaram a necessitar de uma análise qualificada de curto prazo que se enquadre em suas linhas de pesquisa. Deste modo, damos início à publicação do Boletim de Conjuntura, que abrangerá, sucessivamente, os temas de Ásia e Oriente Médio, Brasil (e seu entorno estratégico) e Sistema Mundo. O boletim será publicado bimestralmente, estando a cargo dos pós-graduandos e pesquisadores de IC do NERINT, sob supervisão de seus professores. A análise de conjuntura, mais do que uma apreciação jornalística dos fatos, pode ser um elemento valioso para acompanhamento das pesquisas permanentes do Núcleo, contribuindo para confirmar ou rejeitar certas hipóteses. Assim, o NERINT busca contribuir para a qualificação dos estudos internacionais no Brasil. FOCUS AND SCOPE The field of International Relations has experienced remarkable accelaration in the recent years and even months. Impactful events are occurring in a weekly rhythm. Thus, long-term research carried out by NERINT (Brazilian Center of Strategy and International Relations) now requiers qulified and short-term analysis that can properly fit its lines of research. With that in mind, we decided to publish a periodic Conjuncture Bulletin covering, successively, the topics of Asia and the Middle East, Brazil (and its strategic surroundings) and the World System. It will be published every two months by graduate and undergraduate students and researchers of NERINT, under the supervision of its professors. The conjuncture analysis, rather than a journalistic assessment of the facts, can be a valuable tool for monitoring NERINT s on-going research, contributing to confirm or reject certain hypothesis. Therefore, NERINT seeks to contribute to the qualification of international studies in Brazil. EDITOR/Editor Paulo Visentini (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) CONSELHO EDITORIAL/Editorial Board Analucia Danilevicz Pereira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) Carlos Schmidt Arturi (Universidade Federal do Rio Grande Sul, Brasil) Chirs Landsberg (University of Johannesburg, South Africa) Eduardo Migon (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Brasil) Érico Esteves Duarte (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) Fabio Morosini (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) Gladys Lechini (Universidad Nacional de Rosario, Argentina) Immanuel Wallerstein (Yale University, United States of America) José Miguel Quedi Martins (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) Marcelo Milan (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) Marco Cepik (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) Ruchita Beri (Institute for Defence Studies and Analysis, India) EDITOR ASSISTENTE/Assistant Editor Guilherme Thudium (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) ASSISTENTE DE EDIÇÃO/Edition Assistant Maria Gabriela Vieira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) CAPA E LAYOUT/Covering and Layout Marcela Quintela Trujillo CONTATO/Contact: CONTATO/Contact Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Faculdade de Ciências Econômicas Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais Av. João Pessoa, 52, sala 12A - Mezanino - CEP Centro - Porto Alegre/RS - Brasil Tel: nerint@ufrgs.br Bol. Conj. Nerint Porto Alegre v.1 n.4 p jan/2017

3 EDITORIAL: TRUMP & PUTIN A vitória eleitoral do candidato Republicano Donald Trump surpreendeu aqueles que estavam acostumados a pensar o sistema internacional como um mecanismo consolidado e estável. Durante a campanha, chamou atenção como os grandes atores políticos, inclusive do statu quo, atacaram Trump, assim, apoiando sua adversária. Mas a vitória de Trump não deveria surpreender tanto, na medida em que nos últimos anos vêm se acumulando tensões, contradições e problemas não resolvidos em todos os campos. É possível que sua agenda anti-obama seja mitigada ou que seu governo sofra percalços que o obriguem a mudar de rumo. Mas a Casa Branca agora muito se parece com a que surgiu após a Primeira Guerra Mundial e durou até Um dos elementos desse debate foi a suposta cartada russa do amigo Putin, que teria a capacidade de definir uma eleição dos Estados Unidos. Para os grandes especialistas, entretanto, a política do Kremlin é cautelosa e etapista, dada as debilidades do país, especialmente com as atuais sanções econômico-diplomáticas. Assim, mais do que qualquer coisa, a russofobia ou Putinfobia, revelam os elementos intrínsecos à política das grandes potências Ocidentais: a crise interna das nações e os difíceis realinhamentos diplomático-militares. Apenas frente a uma Rússia ameaçadora se lograria enfrentar tais dificuldades. A política externa brasileira da gestão Michel Temer-José Serra, por sua vez, teve um brevíssimo período de afirmação por oposição ao discurso da anterior, mas logo teve que fazer frente a problemas reais e urgentes, especialmente no campo econômico. Os elementos de crise doméstica e internacional só têm se agravado. E a ascensão de Donald Trump apenas complicou a situação, havendo a necessidade de reformular a linha diplomática, que já demonstra sua preocupação com determinadas medidas da Casa Branca. Se é verdade que os Republicanos são predominantemente bilateralistas, a política externa brasileira se encontra num vácuo conjuntural, porque ninguém sabe exatamente qual será a postura de Trump em relação a países como o Brasil. Da mesma forma, o processo de pacificação na Colômbia, o relativo arrefecimento da crise venezuelana e a normalização das relações EUA-Cuba podem estar ameaçados. O caso mexicano é quase um problema de política interna norte-americana. Mas o triângulo Cuba-Colômbia-Venezuela pode ser um determinante para a formação de uma política latino-americana pelos Estados Unidos. Ela poderá tender a buscar reverter as tendências atuais, ou pode vir a distanciar-se das complicações latino-americanas. Mais do que nunca, as análises de conjuntura precisam estar afinadas com a realidade. *** Agradecemos aos Pesquisadores Assistentes do Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais, em particular ao Editor Assistente Guilherme Thudium, à Assistente de Edição Maria Gabriela Vieira e à designer Marcela Quintela Trujillo. Agradecemos também a participação dos Pesquisadores do NERINT Marcelo Milan e Sonia Ranincheski, e da Pesquisadora Associada Cristina Soreanu Pecequilo, pela colaboração e orientação temática dos artigos desta quarta edição. Paulo Fagundes Visentini Coordenador 1 1 Editor, Professor Titular de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Coordenador do Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT) e Pesquisador do CNPq. 3

4 EDITOR S NOTE: TRUMP & PUTIN The election of Republican candidate Donald Trump to the United States presidency surprised those who were accustomed to think the international system as a consolidated and stable mechanism. During the campaign, it was interesting to note the main political figures, including the status quo, attack Trump, thus, supporting his adversary. But Trump s victory should not be so surprising, as tensions, contradictions, and unresolved issues have accumulated in recent years. It is possible that his anti-obama agenda will be mitigated or that his government will suffer setbacks that force him to change course. But the White House now very much resembles the one after World War I, which lasted until One of the elements of this debate was the so-called Russian card by the friend Putin, who could supposedly be able to define the election in the United States. For some experts, however, Kremlin has a cautious and well calculated foreign policy given the weaknesses of the country, especially with the current economic and diplomatic sanctions. So, more than anything, Russophobia or Putinphobia, as addressed here, reveal intrinsic elements of great Western powers politics: their internal national crises and the difficult diplomatic and military realignments. It was only in the face of a threatening Russia that such difficulties could be dealt with. The Brazilian foreign policy of the Michel Temer-José Serra administration, by its turn, had a very brief period of affirmation by opposing the previous government s diplomacy, but soon had to face real and urgent problems, especially in the economic field. The domestic and international crisis have only worsened, and the rise of Donald Trump only complicated the situation. There is a need to reformulate the new foreign policy approach, which already demonstrates concerns with certain measures by the White House. If it is true that the Republicans have a predominantly bilateral approach to international relations, Brazilian foreign policy finds itself in a temporary vacuum, because no one knows exactly what Trump s stance will be towards Brazil and South America. In this sense, the pacification process in Colombia, the relative cooling of the Venezuelan crisis and the normalization of US-Cuba relations may be threatened. The Mexican case is almost a domestic US policy problem. But the triangle Cuba-Colombia-Venezuela can be a determinant for the formation of a Latin American policy by the United States. Washington may want to reverse current trends, or even refrain from Latin American complications. More than ever, conjuncture analysis need to be in tune with the reality. *** We thank the Research Assistants of the Brazilian Center of Strategy & International Relations (NERINT), in particular Assistant Editor Guilherme Thudium, Edition Assistant Maria Gabriela Vieira and the designer Marcela Quintela Trujillo. We also thank the participation of the Researchers Marcelo Milan and Sonia Ranincheski, and Associate Researcher Cristina Soreanu Pecequilo, for the collaboration and thematic orientation of the articles in this fourth edition. Paulo Fagundes Visentini Coordinator 1 1 Editor, Full Professor of International Relations at the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), Coordinator of the Brazilian Center of Strategy and International Relations (NERINT) and Researcher for CNPq. 4

5 SUMÁRIO A Ascensão de Donald Trump: perspectivas para a política externa e de segurança dos Estados Unidos Guilherme Thudium e João Paulo Alves Com a colaboração de Cristina Soreanu Pecequilo A Russofobia Contemporânea: quem tem medo de Moscou? Douglas de Quadros Rocha e Francine Juchem Salerno Com a colaboração de Paulo Fagundes Visentini A Política Externa Brasileira de Temer-Serra: retração política e subordinação econômica Raul Cavedon Nunes e Vitória Gonzalez Rodriguez Com a colaboração de Marcelo Milan 30 Colômbia, Cuba e Venezuela: importância do triângulo para a estabilidade latino-americana Diego Luís Bortoli e Katiele Rezer Menger Com a colaboração de Sonia Ranincheski 41

6 SUMMARY The Rise of Donald Trump: perspectives for the United States foreign and security policies Guilherme Thudium and João Paulo Alves With the colboration of Cristina Soreanu Pecequilo The Contemporary Russophobia: who is afraid of Moscow? Douglas de Quadros Rocha and Francine Juchem Salerno With the colaboration of Paulo Fagundes Visentini The Brazilian Foreign Policy of the Temer-Serra administration: political retraction and economic subordination Raul Cavedon Nunes and Vitória Gonzalez Rodriguez With the colaboration of Marcelo Milan Colombia, Cuba, and Venezuela: importance of the triangle for Latin American stability Diego Luís Bortoli and Katiele Rezer Menger With the colaboration of Sonia Ranincheski 82

7 A ascensão de Donald Trump: perspectivas para a política externa e de segurança dos Estados Unidos * Guilherme Thudium 1 e João Paulo Alves 2 Após uma polêmica campanha eleitoral, Donald Trump ascendeu à Presidência dos Estados Unidos da América prometendo desenvolver novas diretrizes diplomáticas para o país. As perspectivas levantadas para a administração Trump apontam para uma retomada do nacionalismo e do unilateralismo na esfera internacional, bem como de um relativo isolacionismo. As relações bilaterais com a China prometem passar por um processo de deterioração econômico-diplomático, porém uma guerra comercial seria contraproducente para ambos os países. Apresentação No dia 20 de Janeiro de 2017, Donald J. Trump tomou posse como 45º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA). O bilionário do mercado imobiliário de Nova Iorque, que nunca assumira um cargo público até então, venceu a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, como sucessor do presidente Barack Obama (2009/2016). Para fazer uma análise das possíveis vertentes diplomáticas do governo Trump, mostra-se necessário olhar brevemente para a singular trajetória que o levou a ocupar o mais alto cargo da única superpotência do sistema mundial contemporâneo. Em um primeiro momento, nesse prisma, buscamos traçar um panorama da trajetória de Trump à presidência dos EUA, abordando a campanha eleitoral iniciada em Junho de A seguir, cientes da dificuldade de se fazer projeções de curto prazo no cenário atual e da característica por vezes demagógica e, portanto, de difícil predição da nova administração, buscamos apontar as principais linhas que podem vir a ser adotadas em política externa e de segurança. Ao mesmo tempo, utilizamos análises recentes de consolidados acadêmicos de relações internacionais, muitos deles americanos, para este fim. Assume-se, como hipótese, que as possíveis abordagens da nova política externa da administração Trump buscam redefinir o papel dos EUA no sistema mundial em transformação, e trazem consigo inevitáveis consequências para outras grandes potências do sistema. Antes das 1 Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na linha de pesquisa Política Internacional e Defesa. Pesquisador Assistente do Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT). Contato: guilherme.thudium@ufrgs.br 2 Graduando em Relações Internacionais pela UFRGS em mobilidade acadêmica na University of Texas at Austin. Pesquisador Assistente do NERINT. Contato: joaop.ma22@gmail.com * Com colaboração de Cristina Soreanu Pecequilo, Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e Pesquisadora Associada do NERINT. 7

8 considerações finais, nesse sentido, o artigo apresenta perspectivas para as relações bilaterais com a China, atentando para as dimensões econômica, política e securitária envolvidas. A ascensão de Trump Analisando a eleição de Donald Trump, o atual presidente é o primeiro na história dos EUA a chegar à Casa Branca sem qualquer experiência política ou serviço militar anterior. Trump foi o 19º Presidente eleito pelo Partido Republicano, porém deixou claro desde o início da sua campanha que suas visões políticas, sejam elas domésticas ou externas, não necessariamente se alinham às vertentes ideológicas majoritárias entre republicanos. Muito por essa razão, Trump teve de superar não só a agenda democrata, como também, de certa forma, a própria doutrina política republicana. Ted Cruz, Senador pelo estado do Texas e principal adversário nas primárias, se recusou a apoiálo, mesmo depois de derrotado. Movimentos como Never Trump (ou Stop Trump Movement), organizados durante as primárias por figuras políticas republicanas, incluindo o ex-candidato à presidência em 2012, Mitt Romney, e demais organizações conservadoras, evidenciam a forte divisão que prevaleceu. O pleito eleitoral que levou os republicanos à presidência foi, ainda, marcado por fortes divergências com o Presidente da Câmara dos Representantes, uma das principais lideranças do Partido Republicano, Paul Ryan. Trump, dessa forma, construiu sua campanha apoiado em uma retórica extremamente crítica ao establishment, incluindo o seu partido. O atual presidente sempre fez questão de se manter à margem da política tradicional, e comporta-se, desde que se tornou pré-candidato, como em um reality show (Pecequilo 2016a). Trump sintetizou a imagem de um outsider assim como Bernie Sanders, adversário de Hillary Clinton nas primárias do Partido Democrata, porém ideologicamente dessemelhante que levará ordem e prosperidade à Washington, gerindo o país como uma empresa (Pecequilo 2016a). As eleições de 2016 foram marcadas por disputas polarizadas e visões divergentes sobre os EUA e o seu papel no sistema mundial pós-guerra Fria. Ainda que o país se encontre em um processo de recuperação econômica, deixando para trás a recessão de 2007/2008, os pré-candidatos de ambos partidos à exceção de Hillary Clinton, que defendia a continuidade do legado de Barack Obama majoritariamente apontaram a existência de um país em profunda crise econômica, política e estratégica (Pecequilo 2016a). E, embora já exista uma ofensiva que coloca em xeque as previsões de declínio da hegemonia americana, com medidas de contenção de nações como China, Rússia, Brasil e Índia (Pecequilo 2016a), os próprios slogans dos candidatos refletiram essa tendência reativa: Make America Great Again (Trump), ou A New American Century (Rubio), por exemplo, podem ser vistos, por si só, como manifestações hegemônicas e de política externa. É inegável, contudo, que os EUA possuem problemas sociais e econômicos. Assim, Trump concentrou seu discurso para atingir o eleitorado trabalhador de classe média, prometendo trazer empregos de volta e mobilizando uma fatia negligenciada do eleitorado, empurrando sua agenda para o topo das prioridades do país (Fukuyama 2016). Ao fazer isso, apontou problemas reais: a crescente desigualdade, que atingiu em cheio a antiga classe média, e a captura do sistema político por grupos de interesse organizados para este fim (Fukuyama 2016), além da questão da violência, do crime e 8

9 das drogas o que Trump chegou a denunciar como uma carnificina em andamento no país. Nos últimos 20 anos, os EUA experimentaram uma maciça desindustrialização, com a evasão de ativos e capitais para o México e para a China. Fora isso, a crescente automatização da indústria, que acompanha os experimentos asiáticos nesse campo, e as políticas ambientais de Barack Obama, principalmente em seu segundo mandato, traçam um cenário no qual será extremamente difícil para Trump manter suas promessas para a economia e redução do desemprego. Em política externa, apesar do discurso aparentemente retrativo, Trump defende a retomada do protagonismo das forças armadas. Tal disposição, contudo, se somada às políticas de redução tributária que pretende implementar, pode acarretar mais problemas econômicos, como aumento da inflação. Políticos e jornalistas, todavia, criticam Trump quase que unicamente em função de sua personalidade, e acabam cometendo o erro de desacreditar qualquer profundidade e consistência ao seu discurso, principalmente sobre política externa. A gênese da política externa do novo presidente está baseada em uma crítica às diretrizes de defesa e projeção tomadas pelos EUA desde o epílogo da Guerra Fria, bem como na noção de uma América enfraquecida no plano internacional, tema já há muito explorado pelos neoconservadores norte-americanos e um discurso corrente desde a campanha presidencial de George W. Bush em Trump argumenta que muitos países aliados aos EUA estão há décadas se aproveitando da liderança norte-americana, que gasta bilhões de dólares para proteger navios que não são seus e transportar recursos que não necessita a aliados que não retribuem esses esforços. Ele defende a imposição de uma espécie de imposto global às nações ricas que se aproveitam da presença militar, com o objetivo de reduzir os déficits e desonerar o crescimento econômico do país. Em 1987, Trump desembolsou US$ 100,000 para publicar um comentário de página inteira em três dos principais jornais dos EUA New York Times, Washington Post e Boston Globe no qual já sintetizava suas principais críticas à política externa e de defesa estadunidense (Wright 2016a). Nota-se que, ao contrário do que se possa presumir, algumas posições de Trump não são novas ou efêmeras e o mesmo pode ser dito das suas aspirações à presidência. No mesmo ano de 1987, Trump cogitou concorrer com George H. W. Bush pela candidatura republicana nas eleições de 1988, e, em 1999, Trump foi persuadido pelo governador de Minnesota, Jesse Ventura, a concorrer pelo Partido Reformista dos EUA nas eleições de 2000, naquela que foi a sua primeira campanha presidencial oficial. Trump, todavia, retirou sua candidatura no dia 14 de Fevereiro de 2000, criticando a falta de coesão ideológica do partido. Dentre todas as opiniões controversas do bilionário no curso da campanha eleitoral de 2016, entretanto, algumas das mais polêmicas ficam por conta das restrições migratórias que pretende implementar. O presidente americano planeja construir uma muralha na fronteira com o México cujo custo pretende impor ao governo mexicano, principal parceiro econômico dos EUA. Trump também sinalizou que irá proibir, por tempo indeterminado, a entrada de muçulmanos no país 3. Tal disposição encontra escopo em políticas promovidas por fundações e think tanks norte-americanos, como o Center for Security Policy, liderado pelo ex-oficial de defesa da administração Reagan, Frank Gaffney, apontado como membro da equipe de transição do governo Trump. De acordo com a politóloga 9

10 Cristina Pecequilo (2016a), Trump externaliza os problemas do país, não culpando só os políticos, mas também os imigrantes, os terroristas, os mexicanos e os chineses. A eleição presidencial de 2016 foi realizada no dia 8 de Novembro, uma terça-feira, como preconiza a legislação eleitoral americana desde Contra todas as previsões e pesquisas que apontavam a vitória de Hillary Clinton Moody s (CNN 2016a), Nate Silver (FiveThirtyEight 2016), The New York Times (2016) etc., Donald Trump venceu na maioria dos principais estados que compõem o colégio eleitoral americano, totalizando 304 delegados contra 227 de Hillary Clinton. Clinton, todavia, ganharia a eleição pelo voto popular, totalizando votos contra de Trump. A margem de diferença, que passa de 2.8 milhões, é a maior da história do país Donald Trump perdeu, em número de votos, pela maior margem que qualquer presidente dos Estados Unidos da América (The Independent 2016). A inauguração de Donald Trump como 45º Presidente dos EUA ocorreu no dia 20 de Janeiro de 2017, e pouco após a posse já iniciou a implementação de sua política de América em primeiro lugar (America First), seja domesticamente ou em política externa. A seguir, buscaremos traçar algumas perspectivas e tendências que apontam para a retomada do nacionalismo e do unilateralismo durante seu mandato presidencial. Perspectivas para a política externa e de segurança Nos últimos vinte e cinco anos, os EUA praticaram uma política externa e de segurança fundamentada na hegemonia liberal e na promoção da democracia, derrubando regimes e reconstruindo nações (nation-building) (Mearsheimer 2016). Igualmente, debates sobre se os EUA devem ou não fazer uso do seu poder para intervir e modelar eventos ao redor do globo já são eternos na história americana (Kaplan 2017). Trump, nessa lógica, desafia os próprios pilares da poderosa comunidade de política externa norte-americana, prometendo desenvolver novas diretrizes diplomáticas (Mearsheimer 2016). O recém-empossado presidente critica os gastos e os esforços demandados pela política de policial do mundo (world policeman), bem como seus efeitos colaterais, algo já reconhecido pelo ex-presidente Barack Obama em seu último Discurso sobre o Estado da União, em Para Mearsheimer (2016), a hegemonia liberal é uma estratégia falida, e Trump pode deixar um legado positivo em termos de política externa caso adote uma abordagem realista para as relações internacionais do país. Muito se falou que a presidência de Trump pode ser marcada por práticas isolacionistas. Seu discurso America First, no entanto, sugere uma abordagem nacionalista, que busca promover os interesses da nação que se encontram ameaçados, ao mesmo tempo em que restringe práticas intervencionistas a uma abordagem isolacionista, no sentido histórico do termo (Kaspi e Tolouse 2016). Para Robert Kaplan (2017), uma política exageradamente intervencionista é tão absurda quanto uma isolacionista no século XXI. Os EUA, nesse sentido, possuem uma necessidade histórica de projetar seu poder e não devem se abster das responsabilidades globais que detêm na qualidade de potência marítima (Kaplan 2017). As visões políticas de Trump já foram comparadas inclusive às posições políticas protecionistas e mercantilistas utilizadas no século XIX nos EUA (Wright 2016a); para André Kaspi (2016), porém, Trump é, basicamente, um pragmático que pouco 10

11 se importa com reflexões doutrinárias. Como forma de melhor entender o caráter ideológico e as linhas diplomáticas que podem ser adotadas no decorrer da administração Trump, examinaremos brevemente a seguir os principais nomes escolhidos para chefiar as pastas de política externa, segurança e defesa. Durante toda sua campanha, Trump entrou em choque com as agências de inteligência e segurança, especialmente a CIA, criando uma situação de descrédito nessas e em outras instituições que Fukuyama (2016) atribui como um dos principais sintomas do declínio da política americana. A candidatura de Trump, contudo, teve respaldo de nomes de peso de outra importante agência de inteligência dos EUA, a DIA (Defense Intelligence Agency), especializada em defesa e inteligência militar. Michael Flynn, general aposentado que serviu como Diretor da DIA entre 2012 e 2014, chegou a ser cogitado, inclusive, como seu possível vice-presidente. Trump acabou optando pelo Governador do estado de Indiana, Mike Pence, e apontando Flynn como Assessor de Segurança Nacional. Como forma de reforçar ainda mais o elo com as forças armadas, nomeou o general aposentado linha-dura do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Jim Mattis, como Secretário de Defesa, bem como o ex-militar e deputado republicano membro do Tea Party, Mike Pompeo, para chefiar a CIA. Para o principal cargo de política externa, Trump escolheu Rex Tillerson, empresário e diretor executivo da multinacional americana de petróleo e gás, ExxonMobil. Trump foi criticado por analistas e republicanos que argumentam que estes nomes não preenchem de forma capacitada os importantes cargos que devem ser nomeados pelo Presidente, gerando um impacto negativo na organização das estruturas de segurança nacional do país (Boot 2017). Além disso, estas escolhas dão margem para uma série de disputas políticas em sua administração em termos de política externa. O governo Trump, argumenta-se, tomará forma a partir de duas perspectivas em ascendente a versão de Trump de America First; e aqueles que ainda querem travar uma guerra total contra o islamismo radical (Wright 2016b). Para Thomas Wright (2016b), enquanto que o discurso pragmático e de traço neoisolacionista de Trump, compactuado pelo Secretário de Estado Rex Tillerson, defende o revisionismo de acordos comerciais e alianças securitárias, o grupo comandado por Michael Flynn vê na administração Trump um meio de voltar a expandir a atuação americana na Guerra ao Terror. Também defende a reestruturação e o aumento das capacidades nucleares, sinalizando para uma nova corrida armamentista. A escolha de Tillerson como Secretário de Estado, por sua vez, foi duramente criticada em função da relação próxima que o executivo e suas empresas mantêm com a Rússia, o segundo maior país produtor de petróleo do mundo, e com o próprio presidente Vladimir Putin. Em 2013, Tillerson foi homenageado por Putin com a Ordem de Amizade da Federação Russa, reforçando os laços entre o empresário e Moscou. Trump parece não partilhar da automática indisposição ocidental para com o país russo e sua assertiva política externa, o que incomoda estrategistas em Washington. Uma relação diplomática menos conflituosa, no entanto, pode ser benéfica para, por exemplo, que se chegue a um acordo sobre o conflito sírio, o que não foi possível durante o segundo mandato do governo Obama. Nessa linha, Mearsheimer (2016) e Brzezinski 11

12 (2017) concordam que foram as equivocadas políticas ostensivas dos EUA contra a Rússia que perturbaram a paz no Leste europeu, provocando uma série de reações por parte de Moscou. Se, por um lado, existem perspectivas que apontam para uma melhora nas relações bilaterais com a Rússia, analisaremos a seguir os indícios que sugerem uma relação mais turbulenta, seja do ponto de vista econômico ou diplomáticosecuritário, com outra grande potência do sistema, a China. Trump e a China 4 Um dos aspectos mais marcantes das posições de Donald Trump diz respeito à China, uma constante em seus discursos durante todo o processo eleitoral. Nesse sentido, tem-se a continuação da orientação Ásia-Pacífico, porém mais agressiva, através do balanceamento via Burden-Sharing 5. A seguir, buscaremos aplicar, de forma sintética, algumas das perspectivas já introduzidas sobre as visões econômica, política e securitária de Trump às relações bilaterais entre os EUA e a China. Na dimensão econômica, Trump segue sua diretriz majoritariamente heterodoxa e crítica do sistema, focando nos problemas domésticos, e utilizando-os como balizadores para as suas respectivas ações internacionais em suas palavras: Americanismo, não globalismo, será a nossa crença [...] Tudo começa com uma nova e justa política comercial que protege nossos empregos e mantém nossa postura firme ante a países que trapaceiam e são muitos [...] Nossos terríveis acordos comerciais com a China e tantos outros países serão totalmente renegociados 6 (Washington Post 2016). O seu discurso anti-globalização aproveita-se de uma tendência mundial nesse sentido para criticar iniciativas como o NAFTA, o TPP e o TTIP acordos de livre comércio entre os EUA e a América do Norte, a Ásia Pacífico e a Europa, respectivamente. Surpreendentemente, manteve-se em concordância com Hillary Clinton em suas críticas a algumas dessas iniciativas, como o TPP, pela facilitação à entrada de produtos concorrentes, e advogando em favor de acordos comerciais bilaterais com clara indicação de preferência por opções protecionistas. Logo em sua primeira semana como presidente, Trump assinou uma ordem executiva que tira os EUA do TPP, acordo que não havia nem sido ratificado pelo Legislativo, interrompendo o processo político. A retórica do então presidenciável seguiu em direção à República Popular da China, com as suas alegações de que a entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, iniciou uma guerra comercial entre China e EUA, a qual os estadunidenses estariam perdendo. Nessa mesma linha, um dos principais assessores políticos de Trump, Peter Navarro, estabeleceu três pilares centrais desse conflito econômico, direcionando as suas críticas à postura chinesa: primeiro, as políticas de desvalorização cambial forçadas; segundo, as práticas ilegais de dumping para expansão das fatias de mercado; e terceiro, as alegadas operações de roubo de propriedade intelectual estadunidense. As violações do país, cada vez piores e mais institucionalizadas, seriam responsáveis por déficits comerciais e pela desaceleração do crescimento nacional (The Guardian 2016; Navarro 2016). Em termos concretos, as práticas desleais de comércio supracitadas seriam as verdadeiras responsáveis ao contrário da tradicional atribuição à mão-de-obra barata pelas vantagens comparativas chinesas no mercado global. De acordo com suas avaliações, os efeitos 12

13 domésticos dessa situação incluíam o aumento do desemprego, a queda das receitas e a perda de aproximadamente US$ 300 bilhões em patentes. Como resposta, Trump e Navarro argumentaram em favor da adoção de políticas econômicas protecionistas (supostamente defensivas ) no comércio EUA-China, nominalmente através de 45% em tarifas sobre as importações chinesas, apontando para a eventual deterioração de suas relações bilaterais (Navarro 2016). No Fórum Econômico Mundial em Davos, 2017, o Presidente Chinês Xi Jinping criticou indiretamente sem nem ao menos citar os EUA ou Donald Trump as posturas protecionistas indicadas recentemente, postando-se como um líder comunista, campeão da globalização e do livre-mercado (The Economist 2017). Já enquanto presidente-eleito, Trump ultrapassou as questões econômicas, passando a abordar questões políticas e diplomáticas de maior impacto nas relações internacionais. Em dezembro de 2016, Trump realizou uma ligação telefônica de alguns minutos para Tsai Ing-Wen, presidente de Taiwan eleita em Maio de 2016, rompendo com um protocolo de décadas, e abrindo espaço para uma abordagem triangular na região. Em seguida, declarou: Por acaso a China perguntou aos EUA se estamos confortáveis com a sua desvalorização cambial (que torna mais difícil para as nossas companhias competirem), com a sua taxação sobre nossos produtos (sendo que os EUA não taxa seus produtos) ou com a sua construção massiva de complexos militares no Mar do Sul da China? Acredito que não! 7. As atitudes evidenciam a chamada Taiwan Card como artifício diplomático de pressão de Washington sobre Pequim, em contraste com a One China Policy adotada pelos EUA desde a reaproximação bilateral em Considerando Taipei como ponto significativo da estratégia chinesa, percebe-se o intuito de estabelecer um espaço de incertezas, mas que garantem certa margem de manobra para os estadunidenses (Baker 2016). A controversa ligação repercutiu em análises de veículos de mídia e institutos de pesquisa em todo o globo, resultando em opiniões distintas quanto à sua eficácia em termos diplomáticos. Por um lado, autores conservadores como Marc A. Thiessen (2016) defendem a tese de que a ligação foi uma ação minuciosamente planejada e, em última análise, brilhante. Isso porque tratar-se-ia de uma mensagem simultânea ao establishment chinês e estadunidense, enquanto primeiro passo de um esforço mais amplo de enrijecimento das relações sino-americanas. Por outro, autores liberais criticam a posição alegando inexperiência na condução das relações exteriores. Segundo essa visão, a ligação e a quebra do status quo diplomático, especialmente por tratar-se de uma matéria tão sensível quanto Taiwan, pode vir acompanhada de retaliações a médio e longo prazo. A ação impactou significativamente a postura chinesa, sinalizando para eventuais movimentos de resposta ou retaliação. Em termos amplos, a nova abordagem pode ser prejudicial aos EUA por criar um espectro de imprevisibilidade enquanto parceiro (político e comercial) na região, com a China aproveitando-se dessa brecha para expandir a sua estratégia de expansão de influência regional através do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX) e da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP). Mais diretamente, analistas do HSBC e da JPMorgan apontam que as ações podem afetar as relações bilaterais por incitarem uma retaliação tarifária chinesa sobre bens e serviços estadunidenses, prejudicando as companhias que operam dentro 13

14 e fora do país. de patrulha e monitoramento (Sputnik 2016). Por fim, a dimensão securitária é vista como essencial para a defesa dos interesses estadunidenses na região, sendo fundamental a retomada do processo de militarização direto e indireto. Assim, Trump ressalta o seu comprometimento em trabalhar com o Congresso para reestruturar e incrementar as Forças Armadas dos EUA, especialmente a U.S. Navy e a U.S. Air Force para 350 embarcações e 1200 aeronaves (essenciais para a condução das Freedom of Navigation Operations): Nós vamos reconstruir completamente as nossas Forças Armadas [...] A história mostra que quando os EUA não estão preparados, é quando eles correm os maiores riscos. Nós queremos dissuadir, evitar e prevenir conflitos através da nossa inquestionável dominância militar 8 (CNN 2016). Portanto, o presidente recém-eleito buscará trabalhar de forma conjunta e coordenada com os seus tradicionais parceiros militares no Leste Asiático, como Coréia do Sul, Índia, Japão, Mianmar e Vietnã além de cooptar novamente países afastados como Filipinas, Tailândia e até Taiwan (Gray e Navarro 2016). Esse aspecto adquire importância primária na medida em que há uma alusão clara às capacidades de A2/AD (Anti-Access/Area-Denial) da China. Esse conceito refere-se às capacidades militares chinesas de controle e defesa de seu entorno estratégico nominalmente, o Mar do Leste da China e, principalmente, o Mar do Sul da China em contraposição ao acesso indiscriminado de marinhas estrangeiras. Nesse ponto, Trump tem mostrado um discurso rígido, criticando a ameaça latente de interferência chinesa sobre a presença e navegação estadunidense na região, seja através da construção das ilhas artificiais com sistemas de armas defensivos, seja através das atividades Em resposta às recentes articulações da nova administração, o Global Times, veículo de política externa da mídia estatal chinesa, direcionou duras críticas a Donald Trump em artigo intitulado Trump overestimates U.S. capability to dominate the world. Em sua matéria, o jornal critica, de forma extraordinariamente direta e incisiva, distinta do tradicional modus operandi chinês, a maneira como Trump falha em compreender as limitações do poder dos EUA, ao mesmo tempo em que despreza a importância estratégica da China. A crítica, igualmente provocativa, resume-se no seguinte trecho: Após décadas de desenvolvimento, os interesses vitais chineses pouco se expandiram, mas a sua capacidade de controlar os riscos no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China cresceu significativamente [...] Será uma batalha decisiva para Pequim salvaguardar seus interesses vitais. Se Trump quer jogar duro, a China não falhará 9 (Global Times 2016). Donald Trump parece apontar para o planejamento de uma importante inflexão na estratégia para a região da Ásia-Pacífico, mas que se mostra como um paradoxo em termos de inserção efetiva. As ações de Trump nos três campos das relações internacionais guardam suas respectivas reações. Por um lado, podem colocar o país em significativa vantagem estratégica nesta atual queda de braço caso funcionem de fato como mecanismos de barganha para retração das posições chinesas nesses campos. Por outro, podem afetar negativamente a sua imagem frente aos demais países asiáticos especialmente com o cancelamento do TPP e o arrefecimento das negociações do TTIP de forma a aproximá-los da contraparte chinesa. 14

15 Considerações finais Independente do que foi dito no curso da sua campanha, Donald Trump chega ao poder de forma legítima e como um produto tanto das contradições da era Barack Obama como da fragmentação partidária republicana gerada por George W. Bush (Pecequilo 2016). Grande parte do próprio legado político de Obama, nesse sentido, pode ser revertido por Trump através de ordens executivas. O choque, contudo, não deverá ser completo, mas espera-se mais protecionismo e unilateralismo (Pecequilo 2016b), dentro de um quadro global de triunfo de políticas neonacionalistas sobre o neoliberalismo (Blyth 2016) e as tendências globalizantes. O isolacionismo de Trump, todavia, é relativo, pois a ideia de America First implica uma determinada presença global econômico-militar-estratégica da qual não se abrirá mão, seja pelo desejo de proteção dos interesses hegemônicos, seja pela pressão dos grupos de interesse do complexo industrial militar e do setor energético (Pecequilo 2016b). No âmbito interno, será importante atentar para as políticas migratórias que Trump pretende implementar, que prometem gerar fortes impactos sobre a grande parcela de imigrantes que vivem nos EUA e às relações bilaterais com o México. Em política externa e defesa, deve-se observar cuidadosamente a retomada de uma estratégia para conter o islamismo radical, uma das perspectivas securitárias levantadas. Além disso, Trump já sinalizou que irá reequipar as forças armadas norte-americanas, inclusive aumentando suas capacidades nucleares, e parece ter pouca tolerância para lidar com ameaças desse porte, como as que vêm do Irã e da Coreia do Norte. As relações bilaterais com a China prometem passar por uma eventual deterioração, porém uma guerra comercial com Pequim seria contraproducente para ambos os países, cujas economias são complementares. Do ponto de vista diplomático, Trump parece estar aplicando a doutrina Nixon ao contrário, como apontou Henry Kissinger: Nixon fez um acordo com a China para enfraquecer a Rússia, ao passo que Trump parece estar fazendo um acordo com a Rússia para enfraquecer a China (Wallerstein 2017). Nem a China e nem a Rússia, todavia, dão sinais de que vão abandonar suas políticas atuais a Rússia é, novamente, uma grande potência no Oriente Médio e na sua vizinhança próxima (o ex-mundo soviético), e a China, aos poucos, está afirmando uma posição dominante no Nordeste e no Sudeste Asiático, ao mesmo tempo em que cresce seu papel no sistema mundial (Wallerstein 2017). Os EUA, nesse sentido, precisam repensar algumas das suas percepções sobre poder russo e chinês no sistema mundial. A eleição de Trump e a disputa entre os EUA e a China também podem apresentar uma brecha para a América Latina (Stuenkel 2016). O Brasil, contudo, no mundo geopolítico de Donald Trump, parece já estar reenquadrado como um país secundário. A nova diplomacia brasileira, nesse sentido, erra no plano internacional ao perseguir uma política de alinhamento com a superpotência em detrimento de sua autonomia. Por fim, conclui-se que Trump, apesar de tudo, não é um ponto tão fora da curva. O fenômeno Donald Trump, mais do que mistificado, deve ser examinado e entendido dentro de uma nova forma de se fazer política, a qual está inserida em um contexto global de desconfiança e insatisfação geral com as engrenagens do sistema tradicional. 15

16 Notas 3 Tais promessas foram cumpridas na sua primeira semana como presidente de facto. No dia 27 de Janeiro, Trump assinou uma polêmica ordem executiva que proíbe a entrada de refugiados de qualquer parte do mundo nos EUA por 120 dias, bem como de imigrantes oriundos de sete países do Oriente Médio e da África: Irã, Iraque, Síria, Sudão, Líbia, Iêmen e Somália. O presidente, nesse sentido, parece já ter estabelecido sua própria versão expandida do Eixo do Mal de George W. Bush. 4 Agradecemos aqui as contribuições feitas pelo professor e Pesquisador Associado do NERINT, Diego Pautasso, durante palestra intitulada Trump e a China: perspectivas para as relações bilaterais, realizada pelo Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE) em parceria com o Núcleo de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul (NEE/CMS) no dia 15 de Dezembro de A noção de Burden-Sharing (ou Divisão de Responsabilidades) diz respeito a um conceito das Relações Internacionais que corresponde a uma estratégia estatal de balanceamento - contra potências hegemônicas regionais - via divisão de responsabilidades e custos com parceiros locais. 6 Tradução dos autores. 7 Donald Trump, Twitter post, 4 de Dezembro, 2016 (14:23 BRST), Tradução dos autores. 8 Tradução dos autores. 9 Tradução dos autores. Referências Baker, Rodger Taiwan, Trump and a Telephone: How a Simple Act Called Out a Contradiction in U.S. Stratfor. source=googleplus&utm_medium=social&utm_campaign=article Blyth, Mark Global Trumpism. Foreign Affairs. Boot, Max The National Security Hole at the Heart of the Trump Transition. Foreign Policy. com/2017/01/18/the-national-security-hole-at-the-heart-of-the-trump-transition-political-appointments/ Brzezinski, Zbigniew. How To Address Strategic Insecurity In A Turbulent Age. Huffington Post. com/entry/us-china-russia-relations_us_586955dbe4b0de3a08f8e3e0 CNN Trump Calls for Military Spending Increase. CNN Politics. Global Times Trump overestimates US capability to dominate the world. Global Times. content/ shtml Friedman, George Trump, Taiwan and Uproar. GPS Geopolitical Futures. 16

17 taiwan-and-an-uproar/fukuyama, Francis Trump and American Political Decay. Foreign Affairs. foreignaffairs.com/articles/united-states/ /trump-and-american-political-decay Gray, Alexander e Peter Navarro. Donald Trump s Peace Through Strength Vision for the Asia-Pacific. Foreign Policy. foreignpolicy.com/2016/11/07/donald-trumps-peace-through-strength-vision-for-the-asia-pacific/ Kaplan, Robert D Why Trump Can t Disengage America From the World. The New York Times. com/2017/01/06/opinion/sunday/why-trump-cant-disengage-america-from-the-world.html?_r=0 Kaspi, André e Anne Tolouse Le trumpisme reste une page blanche. L Express. anne-toulouse-et-andre-kaspi-le-trumpisme-reste-une-page-blanche_ html Mearsheimer, John Donald Trump Should Embrace a Realist Foreign Policy. The National Interest. nationalinterest.org/feature/donald-trump-should-embrace-realist-foreign-policy Navarro, Peter Trump s 45% tariff on Chinese goods is perfectly calculated. Los Angeles Times. com/opinion/op-ed/la-oe-navarro-trump-trade-china-tariffs snap-story.html Pecequilo, Cristina. 2016a. As Eleições Primárias nos EUA: Rumo a Novembro. Mundorama. net/2016/03/04/as-eleicoes-primarias-por-cristina-soreanu-pecequilo/ Pecequilo, Cristina. 2016b. Por Que Trump? Revista Princípios. k2/item/508-por-que-trump Sputnik Chinese Seizure of US Drone was a Signal to Trump Not to Mess With Beijing. Sputnik. com/politics/ us-drone-seizure-signal-to-trump/ Stuenkel, Oliver Uma brecha para a América Latina na disputa entre os EUA de Trump e a China. El País. elpais.com/brasil/2016/12/13/opinion/ _ html The Economist Xi Jinping portrays China as a rock of stability. The Economist. china/ does-he-really-want-be-global-leader-xi-jinping-portrays-china-rock-stability The Guardian Trump escalates economic tirade against free trade, China and globalism. The Guardian. theguardian.com/us-news/2016/jun/28/donald-trump-foreign-policy-speech-tpp-china-free-trade The Independent Donald Trump has lost popular vote by greater margin than any US President. The Indepependent. Thiessen, Marc A. Trump s Taiwan call wasn t a blunder. It was brilliant. Washington Post. opinions/trumps-taiwan-call-wasnt-a-blunder-it-was-brilliant/2016/12/05/d10169a2-bb00-11e6-ac85-094a21c44abc_ story.html?utm_term=.5edfd7ce84b1 Washington Post Donald Trump s dark speech to the Republican National Convention, annotaded. Washington Post. Wallerstein, Immanuel. The World in the Era of Trump: What May We Expect?. Iwallerstein. Wright, Thomas. 2016a. Trump s 19th Century Foreign Policy. Politico. donald-trump-foreign-policy

18 Wright. Thomas. 2016b. Trump s Team of Rivals, Riven by Distrust. Foreign Policy. trumps-team-of-rivals-riven-by-distrust/ Recebido em 27 de janeiro de Aprovado em 31 de janeiro de

19 A Russofobia Contemporânea: quem tem medo de Moscou?* Douglas de Quadros Rocha 1 e Francine Juchem Salerno 2 Após o redirecionamento de sua política externa em direção ao Oriente Médio, a Rússia se configura atualmente como um ator essencial para a geopolítica da região. A adoção de uma política externa assertiva por Moscou é uma resposta a expansão das organizações ocidentais (OTAN e União Europeia) em direção aos países do entorno estratégico russo. Em razão da política ocidental russofóbica de contenção a Rússia, Moscou tem buscado novos aliados e consumidores entre os países da Ásia. Apresentação Um aforismo bastante conhecido afirma que aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la. Do ímpeto eurpeizante da dinastia Romanov, no século XVII, à referência de Michail Gorbatchev à casa comum europeia, em 1987, a história russa deve ser compreendida a partir de suas relações com o mundo ocidental. A memória recente do colapso da União Soviética que rejeitou veementemente os valores ocidentais em quase todos seus aspectos não deve ocultar o fato de que a Rússia sempre buscou ser aceita no concerto de nações. A sistemática negação de seu status de potência pela Europa e, posteriormente, pelos Estados Unidos, constitui um fator fundamental para compreendermos eventos aparentemente tão distantes entre si como a Guerra da Crimeia ( ) e sua anexação pela Rússia em A outra face desta moeda constitui a histórica rejeição do Estado russo pelo Ocidente e a disseminação de uma nova forma de russofobia em anos recentes diversa do sentimento antissoviético existente ao longo da Guerra Fria, mas igualmente útil ao projeto geoestratégico de Washington. Nos anos que se seguiram ao colapso da União Soviética, a grave desestruturação que assolou a Rússia deixou o país absorto em sua própria crise, incapaz de oferecer resistência às investidas norte-americana e europeia em seu entorno estratégico. A expansão da OTAN e da União Europeia em direção ao leste do continente encontrou resistência efetiva e não apenas retórica de Moscou somente a partir do início do século XXI, quando a ascensão de líderes políticos engajados em executar um projeto de inserção internacional autônomo permitiu a recuperação 1 Graduando em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisador Assistente do NERINT. Contato: douglasqrocha@gmail.com 2 Aluna de Pós-Graduação Lato Sensu em Estratégia e Relações Internacionais Contemporâneas na UFRGS. Bacharel em Direito pela UFRGS. Contato: francinesalerno@hotmail.com * Com colaboração de Paulo Gilberto Fagundes Visentini, Pós-Doutorado em Relações Internacionais pela London School of Economics e Coordenador do Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT). 19

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