A Dormição de Nossa Senhora, sua Assunção ao céu e sua Glorificação como Rainha do céu e da terra

Transcrição

1 Missa do Dia Solenidade da Assunção de Nossa Senhora 20 de agosto de 2017 A Dormição de Nossa Senhora, sua Assunção ao céu e sua Glorificação como Rainha do céu e da terra Leituras: Apocalipse: 11, 19a; 12, 1.3-6a.10ab; Salmo 44 (45), 10bc ab.16; Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15, 20-26; Lucas 1, COR LITÚRGICA: Branca ou Dourada Animador: Nesta páscoa semanal de Jesus somos convidados a celebrar mais um mistério da vida de Maria: a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. É ocasião para pensarmos na ação divina, que nos torna homens e mulheres novos, enquanto caminheiros para a eternidade. Somos convidados a contemplar e render graças pela realização da Páscoa de Jesus Cristo na vida das pessoas vocacionadas para a vida consagrada: religiosos e religiosas, consagrados e consagradas seculares. 1. Situando-nos brevemente No século IX, uma crise acomete os teólogos gálicos, e estes se mantêm distantes as influências apócrifas da festa da Assunção embora não duvidassem da realidade do mistério mariano. Contudo, com a organização litúrgica instituída por Carlos Magno, o Concílio capitular de Aux-la-Chapelle assume a responsabilidade de estudar a festa e a omite no calendário litúrgico de Nossa Senhora. A festa só volta a aparecer depois do Concílio de Mogúncia em 813. Por influência de uma suposta homilia atribuída a São Jerônimo, conhecida como Cogitis me (Me impulsiona), um novo rumo é tomado em relação à festa e à doutrina da Assunção. Sabe-se que tal homilia não faz parte do corpo homilético de Jerônimo e sim uma homilia proferida pelo abade beneditino Pascásio Radberto (+865) aos seus monges de Corbie denominando-a como se fosse jerosolimitana. A intenção de Pascásio era boa, pois desejava em seu ardor elucidar as querelas da época. A influência desta homilia foi 1

2 tamanha que se estendeu até o século XVI, quando a reforma de Pio V a retirou do Breviário. Outra homilia atribuída a Santo Agostinho surge neste mesmo período, mas difere totalmente do conteúdo de Pascásio procurando em modo mais profícuo e escriturístico o sentido teológico da Assunção. Mais uma vez era uma homilia não do corpo homilético agostiniano, mas de outro monge beneditino, Ratramno de Corbie (+868), do mesmo mosteiro de Pascásio. Esta homilia repercutiu melhor entre os pregadores e teólogos do século XII, entre eles Alberto Magno, Boaventura e Tomás de Aquino. Assim, a festa e a convicção sobre a Assunção ficaram mais sólida. No século XVII, surgem algumas negações por não encontrarem fundamento bíblico, porém tais negações não se estenderam por não haver debates como no caso da Imaculada Conceição, que durou séculos de controvérsias. Os estudos marianos sob os papas Leão XII e Pio X desenvolveram e consolidaram o pensamento cristão sobre a Assunção, mas a Santa Sé se manteve prudente. O Século XX é o momento propício para se dar uma resposta ao povo de Deus que esperou da Igreja por cerca de doze séculos uma posição definitiva. O Santo Padre Pio XII elucida as controvérsias e dá à piedosa tradição da Assunção de Maria uma conotação dogmática pela bula Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de Com tal definição dogmática foi instituída uma nova liturgia, substituindo a do século XVI. 2. Recordando a Palavra O texto da primeira leitura é o texto litúrgico renovado para o dia da solenidade, pois a tradição aplica esta passagem do Apocalipse a Maria, contudo, o autor sagrado nos anos d.c não estava se referindo a Maria e sim à Igreja. Muitos exegetas são de acordo com este parecer. No entanto, o que é aplicável à Igreja também o é a Maria, exceto a condição do pecado. O texto nos aponta o céu como um santuário. A visão da Arca (Ap 11, 19a) supõe que seja um ambiente celeste. Como sabemos, Maria também é identificada como um santuário/tabernáculo, tenda/ templo (Bem-aventurada Virgem Maria, templo do Senhor, In: Missas de Nossa Senhora. Brasília. Edições CNBB, P.131), Santo dos santos, por uma série de autores eclesiásticos antigos e novos. Nele veio habitar o Senhor. Além do santuário, ainda o texto nos aponta a Arca da Aliança. Está já fora identificada com Maria em Lc 1, A figura da Arca, estando no santuário, isto é, na glória, vai como que elucidar seu desaparecimento depois da destruição de Jerusalém e escondida pelo profeta Jeremias no monte Nebo (2Mc 2,1-8) outra imagem sacra de lugar elevado e que é o lugar preferido onde Deus se revelava, assim, como Jesus (as Bem-aventuranças: Mt 5, 1-12; Monte Tabor: Mt 17, 1-9; Mc 9, 2-10; Lc 9,28b-36: Monte das Oliveiras: Mc 16, 15-20). Na continuação da visão apocalíptica só alguns textos podem ser direcionados a Maria quanto possa se referir à sua glória no céu: uma mulher vestida de sol (...) sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1). O restante do texto fica como que inaplicável, pois se fala de gravidez, parto, dores, nascimento do menino, e não pode se referir à Virgem 2

3 Maria, pois esta já havia dado à luz a Jesus e o seu parto foi misterioso, segundo Santo Inácio de Antioquia. Mas é justo que na solenidade da Assunção seja relembrada esta passagem bíblica e aplicada a Maria, pois, desde a antiga tradição, a Igreja contempla a Mãe de Cristo revestida e corada de glória pelo seu doar-se à causa do reino de Cristo. 3. Atualizando a Palavra As Escrituras em nenhum momento se preocupam em narrar a vida de quem quer que seja nos seus mínimos detalhes, principalmente os Evangelhos que são anúncio da Boa- Nova da salvação. Ora, tudo indica que ainda neste período da evangelização de Paulo, Maria era ainda viva, pois Paulo havia encontrado com Pedro e os outros apóstolos (At 9, 26-31); Gl 2,11), contemporâneos da Virgem Maria. Parece que a sobriedade da vida de Maria não estimulou o interesse de Paulo por ela, pois em suas cartas não encontramos nenhuma particularidade a respeito, fora em Gl 4,4. Mas Paulo afirma que Cristo é o primeiro ressuscitado, mas depois ressuscitado os que pertencem a Ele. Quem pode pertencer a Cristo serão em primeiro lugar a Serva do Senhor (Lc 1,38)? Pedro e os outros discípulos não poderiam ocupar os primeiros lugares à frente da maternidade divina, daquela feliz que acreditou (Lc 1,45). Mesmo que Jesus tenha prometido a eles que se sentariam em doze tronos para julgarem as doze tribos de Israel (Mt 19,28), Jesus tinha uma dívida humana para com sua mãe. Ele, o Pai e o Espírito Santo são os autores dos Dez Mandamentos, dentre eles: honrar pai e mãe (Ex 6,2; 20,12; Dt 5,16). Assim como em diversos momentos no anúncio da Boa- Nova. Jesus relembra a importância deste mandamento (Mt 15,5; 19,19; Mc 7,10; 10,9; Lc 18,20; Ef 6,2) e se revolta quando os fariseus criam normas e desprezam os pais na necessidade com o voto de Corban (Mc 7,11-13). 4. Ligando a Palavra com ação litúrgica O canto do Magnificat é quase sempre um canto de referimento para as festas marianas do calendário litúrgico, mas para a Assunção há uma conotação toda particular, pois a liturgia renovada para esta solenidade nos oferece particulares observações. No que se refere à centralidade da solenidade, o indicar do evangelista Lucas, em 1,39, sobre a subida de Maria a uma montanha, pode iluminar ao tema da assunção-elevação a um lugar sagrado, pois geralmente o substantivo montanha empregado na Bíblia recorda justamente espaços geográficos sagrados como o Horeb, o Sinai, Jerusalém etc. Particularmente a subida de Maria a uma cidade nas montanhas e à casa de dois justos de Israel, Zacarias e Isabel, também oferece sugestiva imagem do lugar santo para onde ela se dirigia. Ali, recebe as bênçãos de Isabel Bendita és tu entre as mulheres (Lc 1,42) que impulsiona Maria a cantar e sintetizar o que Deus operou em sua vida e na história de Israel. Longe de ser mero aspecto devocional na solenidade da Assunção, a celebração eucarística é o lugar propicio para que a assembleia celebrativa possa aprender e apreender o sentido exato da festa, de Maria e da ação salvífica de Deus nela e em nós. 3

4 Sim, a vida eucarística de uma comunidade sendo vida na graça se supõe a fé que corre ao encontro das promessas que o próprio Jesus nos deixou: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele (...) e viverá para sempre (Jo 6, 56-58). Pois bem, a solenidade da Assunção de Maria é o assumir na carne e na alma o futuro prometido. Na Eucaristia tudo é direcionado à glória dos céus, onde Maria reina/participa com Cristo. A Eucaristia é antecipação desta plena comunhão com Cristo em união com todos os que de boa vontade, venerando Maria, se irmanam. Na solenidade da Assunção de Maria a Igreja no Brasil dedica também o dia à vocação religiosa. Uma vocação sublime no seio da Igreja, por meio da qual homens e mulheres são chamados em diversas expressões de carismas a servir a Cristo e sua Igreja. Como ainda podemos constatar, o Espírito Santo está soprando e renovando as várias modalidades de como servir ao Senhor. Vemos novas expressões de serviço claustral e secular, nas quais não existem melhores expressões ou preferencias da Igreja nossa mãe, mas acolhimento de tantos homens e mulheres que querem dizer a Cristo deste modo ou daquele. Para a Igreja todos são bem-vindos, não tenham medo de servir a Cristo, pois é Ele que escolhe, e o dever da Igreja, sua Esposa, é de acolher, orientar, formar e consolidar esta entrega. Maria, modelo dos vocacionados, rogai por nós. Oração dos fiéis: Presidente: A festa da Assunção de Maria nos consola, porque, andando por entre as tribulações do tempo presente, erguemos os olhos ao céu e rezamos: Salve Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa salve! Ladainha de Nossa Senhora Senhor, que nascestes da Virgem, Tende piedade de nós! Ó Cristo, Filho de Maria/ Tende piedade de nós! Senhor, Senhor, /Piedade, piedade de nós! 1. Virgem do sim à Palavra, Rogai por nós! Virgem do risco do amor, / Virgem de toda alegria. /Rogai por nós, ó Maria. 2.Virgem das altas montanhas, /Virgem do entusiasmo, / Virgem do irmão caminheiro. 3.Virgem dos desamparados, / Virgem de todos os lares, /Virgem da paz para o mundo. 4.Virgem das mãos que se doam, / Virgem do amor tão fecundo, /Virgem do amor consagrado. 5.Virgem do amor verdadeiro, /Virgem Maria da Igreja, /Virgem do amém, do aleluia. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, /Tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, /Tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, /Dai-nos vossa paz, vossa paz! Amém! 4

5 Presidente: Ouvi, Senhor, a nossa prece, pois a fazemos por intercessão da Virgem Maria. Por Cristo, nosso Senhor Todos: Amém III. LITURGIA EUCARÍSTICA ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS: Presidente: Suba até vós, ó Deus, o nosso sacrifício, e, pela intercessão da Virgem Maria, elevada ao céu, acendei em nossos corações o desejo de chegar até vós. Por Cristo, nosso Senhor. ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO: Presidente Ó Deus, que nos alimentastes com o sacramento da salvação, concedei-nos, pela intercessão da Virgem Maria elevada ao céu, chegar à glória da ressurreição. Por Cristo, nosso Senhor. BÊNÇÃO E DESPEDIDA: Presidente: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós. Presidente: O Deus de bondade, que pelo Filho da Virgem Maria quis salvar a todos, vos enriqueça com sua bênção. Presid.: Seja-vos dado sentir sempre e por toda a parte a proteção da Virgem, por quem recebestes o autor da vida. Presid.: E vós, que vos reunistes, hoje para celebrar a sua solenidade, possais colher a alegria espiritual e o prêmio eterno. Presid.: (Dá a bênção). Presid.: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe. Todos: Graças a Deus. 5