CÁLCULO DO CUSTO DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE CE

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1 CÁLCULO DO CUSTO DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE CE Patrícia Frota Macêdo 1 Marcos José Timbó Lima Gomes 2 RESUMO: A acidentalidade no trânsito é um problema que assola todo o Brasil. Em Juazeiro do Norte, por sua vez não é exceção, foram registrados acidentes de trânsito nos anos de 2011 e 2012, dentre eles, acidentes com vítimas fatais, com vítimas feridas e sem vítimas. Esses acidentes custaram para o município por volta de trinta e dois milhões de reais, dinheiro este que foi gasto com perdas de produção para a sociedade, custos médico-hospitalares, aposentadorias precoces e custos policiais e judiciários. Faz-se então necessário uma abordagem mais severa por parte de políticas públicas de forma a combater esse problema. Palavras chave: acidente de trânsito; custo; vítimas INTRODUÇÃO Os acidentes de trânsito são um grave problema no mundo contemporâneo. Atualmente, morrem cerca de 1,3 milhão de pessoas por ano em razão da acidentalidade no trânsito e aproximadamente 50 milhões sofrem algum tipo de lesão, muitos ficando com sequelas físicas, mentais e/ou psicológicas que impedem uma vida normal. Esse cenário se tornará ainda mais trágico se políticas adequadas não forem colocadas em prática. A previsão é que os números de acidentes irão crescer ainda mais, podendo atingir 1,9 milhão de óbitos no ano de 2020 (FERRAZ et al.,2012). No Brasil, os acidentes de trânsito têm assumido números elevados, registrando uma grande quantidade de feridos e danos materiais. Isso ocorre, dentre outros motivos, devido ao aumento progressivo da ocupação das vias urbanas por causa do aumento do número de viagens realizadas por carros e motocicletas. (SIMÕES, 2001apud VIEIRA, 2013). Na cidade de Juazeiro do Norte foram registrados acidentes de trânsito nos anos de 2011 e 2012, sendo 905 em 2011 e em Esses valores representam um aumento de aproximadamente 16% comparando-se o ano de 2011 com o de 2012 (VIEIRA, 2013). Avaliando essa quantidade de acidentes no município compreende-se a grande necessidade de uma abordagem mais crítica por parte de políticas públicas que gerem medidas mais voltadas para redução dos acidentes. Nos países menos desenvolvidos não há uma cultura técnica sobre segurança viária e a população, em geral, se encontra distante do problema. Dados obtidos através de estudo do IPEA retratam bem a questão: 75% dos proprietários de veículos no país não estão dispostos a pagar qualquer acréscimo na taxa de IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) para que sejam aumentados os investimentos visando à redução dos acidentes de trânsito. Assim, esse trabalho tem como objetivo principal determinar os custos dos acidentes de trânsito de acordo com a severidade, para o município do Juazeiro do Norte, utilizando dados de 1 Graduanda em Engenharia Civil, UFCA, Juazeiro do Norte, Ceará, patriciafrotamacedo@gmail.com 2 Mestre em Engenharia de Transportes, UFCA, Juazeiro do Norte, Ceará, timbo@ufc.br

2 dos anos de 2011 e 2012, de modo a permitir maior conhecimento sobre a problemática local com relação aos acidentes de trânsito. MATERIAIS E MÉTODOS De acordo com o IPEA (2003), a pesquisa denominada Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras, o custo total dos acidentes nas cidades brasileiras é de R$ 5,1 bilhões por ano. Os parâmetros utilizados para a determinação desse custo são: perdas materiais, custos médico-hospitalares, perda de produção para a sociedade, aposentadorias precoces, custos policiais e judiciários, ou seja, não se tem só um custo direto do acidente em relação ao veículo colidido e as despesas médicas diretas que o acidente causou, há muito mais envolvido em cada acidente. Os custos de acidentes variam de acordo com a faixa etária das vítimas sendo computadas as perdas à sociedade quando um dos seus membros morre ou fica incapaz de forma definitiva ou temporária. Essas perdas vão muito além dos custos médicos atrelados a cada acidente, há um sentimento de dor e angustia experimentado por cada família que perde um ente querido que é impossível de ser computado. Ainda, tendo como foco a idade, as pesquisas mostram que 59% das vítimas encontram-se na faixa etária produtiva, de 18 a 59 anos (DENATRAN, 2001). Contar os custos de acidentes viários mais precisos e adequados à realidade possibilita a elaboração de análises do tipo custo-benefício que procurem avaliar a necessidade de uma maior segurança viária, evitando-se assim a quantificação da perda de uma vida. Neste trabalhou quantificou-se os números de acidentes de trânsito nos anos 2011 e 2012, obtidos do trabalho de Vieira (2013), no qual realizou uma caracterização e análise dos acidentes de trânsito no município do Juazeiro do Norte. Em seguida, através do estudo do IPEA (2003) determinou-se os custos dos acidentes de trânsito de acordo com a severidade: acidentes com vítimas fatais, com vítimas feridas ou sem vítimas para o ano de A tabela 1 ilustra o número desses acidentes de trânsito de acordo com a severidade no município e a tabela 2 o custo de cada acidente de trânsito, conforme pesquisa do IPEA. Tabela 1 Número de Acidentes de Trânsito nos Anos de 2011 e Total de Acidentes por Ano Tipo de Acidente Com Vítimas Fatais 14 8 Com Vítimas Feridas Sem Vítimas Total de Acidentes Fonte: VIEIRA, 2013.

3 Tabela 2 Custo de Acidentes de Trânsito no Brasil por tipo de Acidente para o Ano de Fonte: IPEA, Com os dados dos custos de acidentes para o ano de 2003, foi realizada uma atualização dos preços desse ano para os anos de 2011/2012, ano dos dados de acidentes da cidade. Nessa atualização utilizou-se o Índice Nacional do Preço do Consumidor Amplo (IPCA), obtido a partir de informações no site do Banco Central do Brasil. Esse índice é calculado desde 1980, e atualmente é considerado como índice oficial de inflação do Brasil. Para simplificação do cálculo do índice de correção do período de 2003 a 2011/2012, adotou-se um valor médio para cada ano sendo este a média acumulada do índice para os meses de junho/julho de cada ano. De posse desse índice de correção do período, determinou-se o custo médio atualizado do acidente de trânsito por severidade. Em seguida, a partir da quantidade de acidentes por ano, calculou-se o custo médio global dos acidentes de trânsito para o município em questão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tipo de Acidentes Valor do Custo de Acidentes Com Vítimas Fatais R$ ,44 Com Vítimas Feridas R$ ,00 Sem Vítimas R$ 3.262,00 Com base na variação do índice de correção para o período Junho/Julho para os anos 2011 e 2012, tabela 3, atualizaram-se os valores do custo dos acidentes de trânsito no Brasil para o ano de 2003, trazendo para o ano 2011/2012 como mostra a tabela 4. Tabela 3 Índice de Correção para o período de Junho/Julho nos Anos 2011/2012. Ano Índice de Correção no Período (Junho/Julho) , , Fonte: Banco Central do Brasil, Tabela 4 Valor Atualizado do Custo de Acidente de Trânsito por Tipo de Acidente para os Anos 2011/2012. Tipo de Acidentes Custo Médio Unitário de Acidentes Com Vítimas Fatais R$ ,18 R$ ,79 Com Vítimas Feridas R$ ,18 R$ ,13 Sem Vítimas R$ 5.053,52 R$ 5.309,09 Fonte: O autor.

4 Através do valor médio de um acidente de trânsito para os anos 2011 e 2012 e do número de acidentes para esses mesmos anos, obtiveram-se os valores globais desses acidentes que são os valores reais de quanto custaram os acidentes para o município. A tabela 5 abaixo ilustra bem esses valores. Tabela 5 Custo Global dos Acidentes de Trânsito nos anos 2011/2012 para o Município de Juazeiro do Norte. Tipo de Acidentes Custo Médio Unitário de Acidentes Total Com Vítimas Fatais R$ ,52 R$ ,32 R$ ,84 Com Vítimas Feridas R$ ,66 R$ ,78 R$ ,44 Sem Vítimas R$ ,08 R$ ,42 R$ ,50 TOTAL R$ ,26 R$ ,52 R$ ,78 Fonte: O autor. Diante dos valores expostos na tabela 5 pode-se observar o valor espantoso do quanto se gasta na cidade com acidentes de trânsito. Foram R$ ,78 gastos com perdas materiais, custos médico-hospitalares, perda de produção para a sociedade, aposentadorias precoces, custos policiais e judiciários, os quais poderiam ser remanejados para setores da educação, melhorias no atendimento da saúda da população, investimentos na infra-estrutura viária, fiscalização e engenharia de tráfego, entre outros. CONCLUSÕES Em Juazeiro do Norte ainda há muito que melhorar com relação a acidentalidade no trânsito, e isso se dá devido ao pequeno investimento na área, sendo que a implantação de um programa de melhoria na segurança viária poderia trazer reduções significativas no número de acidentes e consequentemente na redução dos custos. Na verdade, colocar em prática ações apropriadas, mesmo que impopulares, e convencer a população da importância dessas medidas constitui um grande desafio para as autoridades e técnicos da região. AGRADECIMENTOS Deixo expressos meus sinceros agradecimentos à Universidade Federal do Cariri, que favoreceu a realização desse trabalho através da Bolsa Voluntária de Monitoria em Topografia Aplicada a Engenharia Civil. REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL. Calculadora do Cidadão. Disponível em < birformcorrecaovalores>. Acesso em 27 set

5 CALCULADOR. IPCA (Índice Nacional do Preço do Consumidor Amplo). Disponível em < Acesso em 27 set DENATRAN (2000). Manual de Procedimentos do Sistema Nacional de Estatísticas de Acidentes de Trânsito SINET. Ministério da Justiça, Departamento Nacional de Trânsito, Brasília, DF. FERRAZ, Coca, RAIA JR., Archimedes, BEZERRA, Barbara, BASTOS, Tiago, RODRIGUES, Karla. Segurança Viária. São Carlos: Suprema Gráfica e Editora LTDA, p. IPEA (2003). Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, Brasília, DF. SIMÕES. F. A (2001). SEGTRANS: Sistema de Gestão da Segurança no Trânsito Urbano. Tese de Doutorado, 220p. Programa de Pós Graduação em Transportes. Escola de Engenharia de São Carlos, universidade de São Paulo, São Carlos, SP. VIEIRA, Maria Soares. Caracterização e Análise dos Acidentes de Trânsito do Município de Juazeiro do Norte/CE f. Monografia Universidade Federal do Ceará, Juazeiro do Norte, 2013.