PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 45, DE 2007

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Mario Paixão Bergler
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1 PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 45, DE 2007 Altera o inciso III do 4º do art. 103-B da Constituição Federal, para dispor sobre nova competência do Conselho Nacional de Justiça de determinar perda do cargo de membros do Poder Judiciário. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do 3 do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional: Artigo único. O inciso III, do 4º, do art. 103-B da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 103-B º III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a perda do cargo, nos termos de lei ordinária, a remoção, determinar a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;" (NR) JUSTIFICAÇÃO Na ocasião da tramitação da Proposta de Emenda à Constituição da Reforma do Judiciário, o assunto foi longa e amplamente debatido, tanto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, quanto no Plenário do Senado Federal. O texto acima proposto fora aprovado na Câmara dos Deputados e posteriormente alterado no Senado Federal, com a supressão da expressão "determinar a perda do cargo" dentre as competências do então nascente Conselho Nacional de Justiça.

2 A argumentação naquele momento baseou-se fundamentalmente na insegurança de estabelecer tal poder para um órgão que ainda sequer estava criado e que, portanto, seria necessário aguardar sua consolidação para então avaliar se foi capaz de atingir os objetivos de si esperados. Entretanto, vale frisar, entendia-se desde então que seria importante a existência de um órgão que pudesse, de forma justa e célere, garantido o direito de defesa, presentes os elementos necessários, julgar e determinar o afastamento de membros do Poder Judiciário do cargo, administrativamente, preservando-lhes o direito constitucional de recorrer à justiça. O Senado, entretanto, naquele momento, concluiu pela retirada de tal competência. Passados mais de dois anos da criação do Conselho Nacional de Justiça, diante de decisões marcantes como as relacionadas ao nepotismo e tetos salariais, não restam mais dúvidas da seriedade e respeitabilidade adquiridos por esta instituição, de forma que a competência não atribuída em razão da dúvida e insegurança quanto ao papel institucional do órgão, não mais se sustenta. Assim, acreditando que o momento demanda a alteração que apresento, espero contar com o apoio dos ilustres membros dessa Casa para sua aprovação. Sala das Sessões, Senador ALOIZIO MERCADANTE

3 PARECER N, DE 2009 Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre a Proposta de Emenda à Constituição n 45, de 2007, que altera o inciso III do 4 do art. l03-b da Constituição Federal, para dispor sobre nova competência do Conselho Nacional de Justiça de determinar perda do cargo de membros do Poder Judiciário. RELATOR: Senador ALVARO DIAS I RELATÓRIO A Proposta de Emenda à Constituição n 45, de 2007, que tem como primeiro signatário o Senador Aloizio Mercadante, modifica a redação do inciso III do 4 do art. 103-B da Constituição Federal, para ampliar a competência do Conselho Nacional de Justiça. O 4 do art. 103-B da Constituição Federal atribui ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) competência para exercer o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Conforme dispõe o inciso III do referido 4, no exercício dessa competência cabem ao CNJ, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, a de receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa. De acordo com o texto da proposta, caberia também ao CNJ, nesses casos, determinar a perda do cargo, nos termos de lei ordinária. Os autores argumentam que o assunto foi amplamente debatido durante a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição da Reforma do Judiciário e que o texto da proposta, depois de aprovado na Câmara dos Deputados, foi alterado no Senado Federal, que suprimiu a expressão determinar a perda do cargo dentre as competências do então nascente Conselho Nacional de Justiça. Segundo afirmam, a retirada dessa competência foi justificada pelo temor de atribuir esse poder a um órgão que ainda não estava criado e pela necessidade de avaliar sua consolidação para verificar de que forma atingiria seus objetivos.

4 Após mais de dois anos da criação do Conselho Nacional de Justiça os autores consideram que já é possível avaliar seu desempenho e se adiantam ao elogiar decisões relacionadas ao nepotismo e tetos salariais, que atestariam, no seu entendimento, a seriedade e respeitabilidade da instituição. A proposição não recebeu emendas. II ANÁLISE Compete a esta Comissão examinar a matéria quantos aos aspectos de constitucionalidade, juridicidade, regimentalidade e mérito, nos termos dos arts. 101, I e II, e 356 do Regimento Interno do Senado Federal. O excelente desempenho do CNJ no cumprimento de seus deveres constitucionais vem demonstrando a importância da ampliação de suas atribuições. Todavia, a proposta afronta a Constituição Federal quando atinge uma garantia da magistratura, a vitaliciedade, em razão da qual o magistrado só perde o cargo em decorrência de sentença judicial transitada em julgado. O juiz de primeiro grau adquire a vitaliciedade depois de dois anos de exercício, durante os quais só perderá o cargo após deliberação do tribunal a que estiver vinculado (conforme estabelece a Constituição Federal, no inciso I do art. 95). A determinação da perda do cargo pelo CNJ estaria, portanto, ferindo uma garantia constitucional. Ademais, a proposta ainda remete a regulamentação da nova competência a uma lei ordinária. Conforme dispõe o mesmo art. 103-B da Constituição, na parte final do 4, o CNJ poderá ter outras atribuições, que lhe serão conferidas pelo Estatuto da Magistratura, lei complementar. Assim, se o Estatuto da Magistratura conferir outras atribuições ao Conselho, dentro dos limites constitucionais, não será necessária uma emenda constitucional. Registre-se, finalmente, que no julgamento da ADI DF, em que se questionava, entre outras matérias, exatamente a supressão, pelo Senado Federal, da expressão perda do cargo, no dispositivo em exame, o Supremo Tribunal Federal reafirmou o entendimento de que o CNJ é órgão de natureza exclusivamente administrativa e possui competência relativa apenas aos órgãos e juízes situados hierarquicamente abaixo do STF. Em seu extenso voto, o relator, Ministro Cezar Peluso destaca a inconstitucionalidade da introdução daquele dispositivo, ao afirmar que a inclusão do poder de ordenar a perda do cargo de magistrado vitalício dentre as atribuições do CNJ é de total inconstitucionalidade, porque fere o inciso I do art. 95, que restringe taxativamente as hipóteses em que poderá ocorrer a perda do cargo.

5 III VOTO Em razão do exposto, o voto é pela inconstitucionalidade, da Proposta de Emenda à Constituição n 45, de 2007, e, consequentemente, pela sua rejeição. Sala da Comissão, Presidente Relator senador ALVARO DIAS

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