Lição 13 As marcas de Jesus

Transcrição

1 8575 Lição 13 As marcas de Jesus Texto bíblico: Gálatas Texto áureo Nos anos que se seguiram à morte de Jesus, dizer-se cristão representava real risco de perseguição, açoites e, em muitos casos, morte (At 22.19; Rm 16.7; 2Co 4.11a). Nas cartas que eram dirigidas às igrejas cristãs, refletia-se bastante acerca do significado dessa identidade, no perigoso mundo romano. Uma epístola não canônica, endereçada aos cristãos em Roma, escrita pelo bispo Inácio de Antioquia registra um testemunho marcante: Pedi em meu favor unicamente a força interior, a fim de não apenas falar, mas também querer, de não apenas dizer-me cristão, mas de me manifestar como tal. Pois, se me manifestar como tal também posso chamar-me assim e ser fiel, na hora em que já não for visível para o mundo [isto é, na hora do seu martírio]. A força desse testemunho faz-nos perceber a seriedade e o comprometimento dos primeiros líderes cristãos, que traziam consigo as marcas de Cristo. Paulo, desde sua conversão, assumiu para si esse depoimento: Daqui em diante ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus (Gl 6.17). Nesta lição, identificaremos as marcas deixadas por Jesus em nós, os que cremos. Não sinais físicos, de rituais e de atos cerimoniais exteriores. Esses denotam apenas a aparência na carne (Gl 6.12) e a glória na carne (Gl 6.13). Interessam-nos as evidências espirituais que resultam da presença de Cristo em nossa vida, que passamos a considerar: A primeira marca: RADICAL TRANSFORMAÇÃO

2 Ninguém é mais a mesma pessoa depois de um verdadeiro encontro com Cristo (Gl 6.15). Na epístola aos gálatas, são apresentados dois excelentes exemplos: a) Paulo, que antes de sua conversão era temido por todos e zeloso perseguidor dos primeiros cristãos (Gl 1.13,14), foi transformado em um dos maiores mensageiros da verdade do evangelho de todos os tempos, segundo a misericórdia do nosso Deus (1Tm 1.16); b) os cristãos da Galácia não mais se envolviam com a sociedade pagã de seu tempo, que era marcada pela idolatria e pela licenciosidade moral. Não deviam submeter-se aos rituais da lei, em busca de salvação. A transformação ocorrida representa a conversão das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus (At 26.18) e resulta em mudanças no caráter e no comportamento (Ef ). Você, querido leitor, e todos os que creem em Jesus constituem, hoje, o padrão da mudança que Deus está propondo na salvação. Assim, pela transformação ocorrida, servos fiéis proclamam Cristo ao mundo. A segunda marca: LIBERDADE RESPONSÁVEL Entre as várias imagens bíblicas para essa libertação espiritual, muito chama a atenção aquela que Paulo usa em Gálatas: Portanto, não és mais servo [do pecado], mas filho... [e livre herdeiro!] (Gl 4.7a). Na expiação, Jesus ofereceu-se em sacrifício por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau... (Gl 1.4a). Essa liberdade é uma qualidade de nossa nova natureza, e a mera possibilidade de abrir mão dela é algo abominável (Gl 1.8,9). Não é fácil viver a liberdade cristã. Ela exige uma atitude responsável para, entre outras ações: 1) Não se deixar vitimar por falsos ensinos e retroceder

3 na fé (Gl 4.9,19); 2) ter como alvo o serviço cristão, pois, não mais submetidos ao domínio escravizador do pecado, os salvos estão, verdadeiramente, livres para buscar as coisas do alto (Jo 8.36; Cl 3.1). A terceira marca: SALVO-CONDUTO DIANTE DE DEUS Uma lição inteira foi dedicada a esse tópico (estudo 6 A justificação pela fé). Em suma, Deus é o fundamento de toda e qualquer justiça (Jó 37.23) e ele efetivou sua perfeita justiça na história humana de maneira graciosa (1Jo 2.12; 3.5;4.10):... temos crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo... (Gl 2.16). Na cruz foi reparado o dolo do pecado e oferecido ao pecador o salvo-conduto, com os efeitos seguintes: a confiança absoluta na irrevogável sentença proporcionada pelo perdão divino (1Jo 1.9b); a consciência inculpável diante de Deus, geradora de saúde espiritual e física (1Ts 3.13); o direito total à bênção da vida eterna prometida aos justificados (1Jo 5.13). A quarta marca: CONSOLO ESPIRITUAL CONTÍNUO Em Gálatas, Paulo afirma que Cristo nos resgatou da maldição da lei... a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito (Gl 3.13a,14b). A esse recebimento, Paulo chamou batismo EM Cristo, o revestimento DE Cristo (Gl 3.27). Para nós, batistas, o revestimento do Espírito é o novo nascimento, a regeneração (Tt 3.5). Ele ocorre no ato da fé, como infere Paulo, ao perguntar pela experiência batismal dos coríntios (At 19.2a). Ligadas à experiência da regeneração, temos as seguintes ocorrências: a) a multiplicidade de dons, que são disponibilizados à igreja pelo Espírito, a fim de que ela realize sua missão (1Co 12);

4 b) a unidade espiritual da igreja, em que o Espírito é vínculo que nos une em torno de Cristo (Ef ). Ninguém pode tornar-se cristão sem a experiência do novo nascimento! Assim, pela habitação do Espírito Santo em nós, somos revestidos da graça salvadora, dos dons espirituais e do caráter de Cristo. A quinta marca: O VIVER SANTO A santidade é o objetivo a ser alcançado: como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento (1Pe 1.15). Na metáfora que Paulo usa para a santificação do crente andar pelo Espírito (Gl 5.25) o viver santo exprime o comportamento contrário aos desejos carnais (Gl 5.16,18). A ausência de santidade traz problemas sérios. Isso pode ser percebido no exemplo de Josué, que foi derrotado diante dos habitantes da cidade de Ai, em razão da impureza espiritual (Js 7). Muitas de nossas frustrações são resultado de um viver carnal (Gl 5.17), ou seja, de um viver em que somos vencidos por nossos desejos pecaminosos. O preço da vitória contra a cobiça da carne é a renúncia, pois a santidade também resulta em perdas consideráveis. Ficam para trás amigos ligados com as paixões desse mundo; ficam para trás nossos projetos de satisfação pessoal, em detrimento da obra de Deus e tantas outras coisas. A sexta marca: APREÇO PELOS MINISTROS DO EVANGELHO Pastores e líderes são gratos, de coração, pelos votos de saúde, paz e prosperidade que recebem. É uma lembrança que cada pastor leva consigo para toda a vida. Paulo faz menção a isso, ao dizer: o que está sendo instruído na palavra, faça participante em todas as coisas boas aquele que o instrui (Gl 6.6).

5 A frase faz-me recordar o exemplo de vida de uma diaconisa, a irmã Lídia, ovelha de meu primeiro ministério, na década de 90. Hoje, dez anos são passados. Ainda recebo seus telefonemas, notícias de suas vitórias, dos episódios passados vividos entre ela e seu ex-pastor. Lembranças dos bolos que fazia, do carinho com meus filhos e dos gostos pessoais deles, das relações fraternas que tínhamos. Atitudes assim dão conta da gratidão, do carinho, da atenção que toda a igreja cristã deve demonstrar por seus pastores. Outra lembrança que muito me marcou (não sei dizer se positiva ou negativamente...) foi uma frase que ouvi: Pastores passam, ovelhas ficam! Mesmo constatando a veracidade desse raciocínio, não importa tanto a duração do ministério, mas a qualidade dos relacionamentos vividos nele. O que torna especial o ministério são as memórias... os encontros... as pessoas que, unidas em torno de Cristo, são livres para amar, respeitar e prosseguir com o seu líder espiritual. Você guarda memórias de seu líder espiritual? Já compartilhou isso em algum momento? O que está esperando? Conselhos úteis A pergunta, para todos aqueles que congregam sob qualquer liderança pastoral, é: podemos afirmar, como Paulo e Inácio, que trazemos no corpo as marcas de Jesus? Ou seja, podemos dizer que, a partir da liberdade em Cristo, vivemos de uma maneira nova, diferente e melhor? Estamos dispostos a enfrentar o mundo e, inclusive, o risco de morte, por Jesus? Como vimos, as marcas de Cristo estão em nós porque somos guiados pelo Espírito e não estamos mais debaixo da lei. Se, antes de nossa conversão a Cristo, vivíamos escravizados pelo pecado e fazíamos coisas que não agradavam a Deus e sem ter consciência plena disso, hoje, o Senhor Jesus deixa em nós marcas indeléveis de sua presença, pela orientação de seu Santo Espírito.

6 Quanto maior a dependência do Espírito Santo, melhor será a nossa qualidade de vida. Lembremos também que obedecer à orientação do Espírito não é algo simples como um dispositivo de piloto automático. Implica, antes, uma relação íntima com a Palavra de Deus, uma relação de confiança e de compromisso, o que nos impedirá de retornar à antiga condição. Toda a glória seja dada a Deus, nosso libertador! Leituras Diárias segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-feira sexta-feira sábado domingo

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