1º DE SETEMBRO DE
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- Mariana Molinari Ramalho
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1 Ambiência e qualidade de ovos em instalações não climatizadas para poedeiras comerciais Ambience and quality of eggs in non climatiezed facilities for laying hens ÉRIK DOS SANTOS HARADA*¹;LEDA GOBBO DE FREITAS BUENO²; SÍLVIA REGINA LUCAS DE SOUZA³; DANILO FLORENTINO PEREIRA 4 ; VANESSA KODAIRA 5. ¹ Graduando em Zootecnia- Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas/FCAT- Unesp Dracena; ² Docente na Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas/ FCAT- Unesp Dracena; 3 Docente na Faculdade de Ciências Agronômicas/ FCA-Unesp Botucatu; 4 Docente na Faculdade de Ciências e Engenharia/ FCE-Unesp Tupã; 5 Mestre em Ciência e Tecnologia Animal. * erik_harada@hotmail.com RESUMO A avicultura de postura tem sido um setor da atividade econômica do Brasil que tem crescido a cada ano, sendo o estado de São Paulo responsável por mais de 30% da produção nacional, tendo um grande destaque nesse seguimento. A cidade de Bastos-SP se localiza em uma região que é propensa a altas temperaturas durante o ano todo, especialmente no verão, um fator preocupante, pois as aves são animais sensíveis ao calor e isso também afeta a qualidade do ovo. Desta forma esse estudo teve como objetivo analisar a ambiência de duas instalações distintas e sem climatização para galinhas poedeiras, verificando qual proporciona melhores variáveis bioclimáticas e qualidade do ovo. Verificou-se que a instalação piramidal A1 tem uma pior qualidade do ovo quando comparada com o A2 (vertical sem climatização), e a instalação A2 proporciona melhor ambiência e bem-estar para as aves. INTRODUÇÃO A produção de ovos é uma importante atividade econômica no Brasil, sendo que o estado de São Paulo responde por 31,6% da produção nacional, seguido pelo estado de Minas Gerais com 11,8% (UBA, 2009). Salgado & Nääs (2010) apontaram que os municípios do oeste do estado de São Paulo são os mais suscetíveis a apresentarem perda na produção avícola devido as altas temperaturas ambientais, sendo recomendado maior cuidado com o excesso de calor nos alojamentos das granjas. Nesta região paulista, situa-se o município de 173
2 Bastos que responde por 35% da produção do estado de São Paulo (IEA, 2009). Na região de Bastos, as instalações para poedeiras são construídas de forma empírica, necessitando desta maneira de um conhecimento científico sobre o desempenho de cada sistema de produção. Desta forma o objetivo deste estudo foi avaliar dois galpões de poedeiras e verificar sua eficiência bioclimática e sua relação com a qualidade do ovo. Como hipótese pressupõe-se que a utilização do galpão tipo vertical oferecerá as poedeiras um melhor ambiente térmico e consequentemente melhores parâmetros zootécnicos, proporcionando ao produtor maior qualidade aos ovos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em dois galpões de poedeiras comerciais, sendo um do tipo vertical e outro piramidal. Os galpões pertencem a mesma granja, localizada no município de Bastos-SP (latitude 21º55'19" sul e longitude 50º44'02" oeste, altitude de 445 metros). O clima da regia o e subtropical Cwa (invernos brandos e secos seguidos de vero es muito quentes). Os galpões são diferentes em relação à tipologia, material de construção, denominados respectivamente A1, A2. O galpão A1 era do tipo piramidal e possuía apenas um corredor, o aviário A2 era do tipo vertical sem climatização e tinha 3 corredores. O ciclo analisado foi na estação de verão e as aves tinham 57 semanas de vida, denominado como 3 o ciclo. O monitoramento do ambiente externo foi realizado através da coleta de dados meteorológicos da estação instalada na Faculdade de Ciências e Engenharia-FCE/Unesp Campus de Tupã (que dista 20 km do local). Foram distribuídos, em cada um dos galpões, dataloggers HOBO U12012 (Onset,, Rondonópolis/MT) com canal externo para sensor de temperatura/tmc50-hd para o registro das variáveis bioclimáticas. Através destas medições conheceu-se o comportamento termodinâmico, dentro de cada galpão, por altura de gaiola, além de divisões efetuadas virtualmente com cortes transversais e longitudinais dos mesmos. Estes dados foram correlacionados com a produção e qualidade de ovos. A partir das variáveis coletadas pelo aparelho, calculou-se o índice de conforto térmico ITGU (Índice de temperatura de globo e umidade). QUALIDADE DO OVO 174
3 Os ovos foram coletados no último dia do 3 ciclo, sendo analisados no mesmo dia da coleta. Foram coletados noventa ovos por galpão, dividido por alturas e corredores, e o local de retirada destes ovos foram identificados para a análise. As análises foram feitas na cidade de Bastos. Para esta, foi usada uma máquina modelo DET 6000 da fabricante NABEL, a qual fornece valores precisos dos parâmetros: peso, resistência da casca, espessura da casca, altura do albúmen, coloração da gema e Unidade Haugh. A análise da qualidade do ovo foi realizada para saber se havia diferença entre as diferentes regiões dos aviários, pois os ovos coletados e identificados estarão em alturas, setor e corredores diferentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Aviário Piramidal A1 Variáveis bioclimáticas As variáveis relacionadas à qualidade dos ovos são apresentadas na Tabela 1. Para este galpão a análise foi realizada verificando se existe relação entre as duas alturas distintas neste galpão, estudando o índice ITGU. Tabela 1 Variação do ITGU entre as alturas do galpão A1. ITGU Baixo 77,30a Alto 58,99b DMS 3,98 CV (%) 15 Letras diferentes entre colunas: diferença significativa (Tukey 5%) DMS: Diferença Mínima Significativa CV: Coeficiente de Variação Os valores apresentados para o galpão A1 (Tabela 1) mostram que existe diferença significativa entre as alturas, que se explica pelo fato de que se trata de um galpão piramidal, o ar circula mais fácil pelas gaiolas do alto e menos pelas baixas, fazendo que as alturas altas tenham um ambiente de conforto melhor comparadas as alturas baixas, porém ambas se encontram em faixas de termo neutralidade (Tinoco, 1998) e entre os diferentes ciclos temos diferenças por se tratar de diferentes épocas do ano. 175
4 Variáveis produtivas Na Tabela 2 são apresentadas as variáveis produtivas. Tabela 2 Variáveis produtivas Peso do ovo (g) Cor da gema Unidade Haugh Resistência da casca (kff) Espessura da Casca (mm) Alto 60,39 a 6,04a 86,25a 3,27a 0,37a Baixo 62,17a 6,02a 87,21a 3,74a 0,37a DMS 2,84 0,25 4,08 0,50 0,01 CV(%) Letras diferentes entre colunas: diferença significativa (Tukey 5%) CV: Coeficiente de Variação DMS: Diferença Mínima Significativa Verifica-se (Tabela 2) que não foi encontrada diferença estatística para peso do ovo. Com a idade das aves, sabe-se pela literatura que os ovos tendem a aumentar de tamanho. Nesta avaliação encontrou-se média inferior ao recomendado pelo manual Dekalb White, os quais são de 64,8 e 65,7 respectivamente. A cor da gema mostra-se semelhante entre as alturas analisadas. Sabe-se que a cor da gema tem íntima relação com a dieta da ave. Quanto maior a UH melhor a qualidade do ovo. Neste galpão mostra que não há diferença significativa entre as alturas para cada ciclo respectivamente. Nota-se que mesmo em temperaturas elevadas (Verão) este galpão conseguiu manter a qualidade do ovo. Aviário Vertical-A2 Variáveis bioclimáticas A Tabela 3 apresenta as análises para interação entre alturas e corredores e comparação de médias entre os corredores e também entre as alturas para ITGU. Tabela 3 - Interação do ITGU entre corredor e altura no galpão A2 Corredor * 2 3 Média Baixo 78,05A 79,08aA 66,96aB 72,85b Alto * 78,06aA 79,75bA 74,56a Média 78,05A 78,57A 72,95B CV (%): 7 DMS : 176
5 2,49 1,62 CV: Coeficiente de Variação DSM: Diferença Mínima Significativa *: Problema no datalogger do corredor 1 altura Alto Este galpão (Tabela 3), por não ter nenhum tipo de sistema de climatização, está dependente da variação da temperatura externa. Desta forma, nota-se uma maior variação no ITGU em seu interior. Observa-se uma interação entre altura e o corredor 3. Verifica-se que este ponto apresenta um menor valor de ITGU na altura Baixo. Este local é o único, neste galpão, que apresenta o valor de ITGU dentro do recomendado por Tinoco (1998). Os outros corredores e alturas tem seus valores de ITGU superior a 75, chegando em alguns pontos próximo ao valor de emergência relatado por Salgado & Naas (2010). Em relação as alturas percebe-se que o Baixo apresentou o ITGU menor que o Alto, porém ambos estão dentro do recomendado por Tinoco (1998). Ao se avaliar a média dos corredores, percebe-se uma influencia da altura Baixo no corredor 3. A média deste corredor foi a única no valor recomendado por Tinoco (1998), todavia deve-se ressaltar que sua altura alta estava acima do recomendado. Variáveis Produtivas Tabela 4 - Peso do Ovo (g) Baixo 60,72 58,63 56,92 58,84a Alto 57,16 61,75 60,55 59,82a Média 58,94A 60,19A 58,86A CV (%): 6 3,18 DMS :2,16 Os ovos das aves mais velhas (57 semanas) tendem a ter um tamanho maior. Todavia observa-se (Tabela 4) que em todos os corredores e alturas, o peso do ovo está aquém do recomendado no manual da Dekalb White para 57 semanas de vida que é de 64,8g. Não foi observado interação entre altura e corredor e as médias foram semelhantes para as diferentes alturas e diferentes corredores. 177
6 Tabela 5- Cor da Gema Baixo 6,18 6,18 5,97 6,12a Alto 6,33 6,28 6,13 6,25a Média 6,26A 6,23A 6,06A CV (%): 6 0,34 DMS : 0,23 Não foi observado interação entre altura e corredor e as médias foram semelhantes para as diferentes alturas e diferentes corredores para cor da gema (Tabela 5). Tabela 6 - Unidade Haugh Baixo 85,73 84,32 81,21 83,87a Alto 84,65 83,87 80,73 83,08a Média 85,19A 84,10A 80,96A CV (%): 9 7,11 DMS :4,82 Não foi observado interação entre altura e corredor (Tabela 6) e as médias foram semelhantes para as diferentes alturas e diferentes corredores pra a unidade Haugh. Podem ser classificados como AA, segundo Egg-Grading Manual (2000). Tabela 7 - Resistência da Casca (kgf) Baixo 3,53 3,69 3,59 3,60a Alto 3,13 4,24 3,31 3,56a Média 3,33A 3,97A 3,14A 178
7 CV (%): 26 0,83 DMS :0,56 As médias para resistência da casca do ovo foram semelhante neste galpão para altura e para corredores. Não observou-se interação entre as alturas e para os corredores (Tabela 7). A espessura da casca é apresentada na Tabela 8. Tabela 8 - Espessura da Casca (mm) Baixo 0,37 0,38 0,38 0,38a Alto 0,36 0,40 0,37 0,38a Média 0,37A 0,39A 0,37A CV (%): 10 0,03 DMS :0,02 As médias para espessura da casca do ovo foram semelhante neste galpão para altura e para corredores. Não se observou interação entre as alturas e para os corredores (Tabela 8). CONCLUSÃO A utilização do galpão vertical proporcionou um ambiente bioclimático melhor que o galpão piramidal. Este fato aliado a maior população de aves e a melhor qualidade de ovos valida para este estudo a utilização deste tipo de instalação zootécnica. REFERÊNCIAS UBA, União Brasileira de Avicultura. Relatório Anual p. Disponível em:< Acesso em: 25 nov SALGADO, D.D; NÄÄS, I.A. Avaliação de risco à produção de frango de corte do estado de São Paulo em função da temperatura ambiente. Revista Engenharia Agrícola. v.30, n.3, p , jun
8 INSTITUTO DE ECONÔMIA AGRÍCOLA. IEA. Valor de produção Acesso em 20 abril Disponível em < TINÔCO, I. F. F. Ambiência e instalações para a avicultura industrial. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 27, e Encontro Nacional de Técnicos, Pesquisadores e Educadores de Construções Rurais, 3, 1998, Poços de Caldas. Anais... Lavras: UFLA/SBEA, 1998, p
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