Tribunal Superior do Trabalho

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1 Tribunal Superior do Trabalho RR A C Ó R D Ã O RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI Nº /2007. NULIDADE DA DECISÃO DO TRT POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 1) A v. decisão ora embargada foi publicada na vigência da Lei nº /2007, que emprestou nova redação ao artigo 894 da CLT, pelo que estão os presentes embargos regidos pela referida lei. E, nos termos da atual sistemática processual, o recurso de embargos só se viabiliza se demonstrada divergência entre arestos de Turmas desta Colenda Corte, ou entre arestos de Turmas e da SDI. Nesse passo, afigura-se imprópria a invocação de ofensa a dispositivo legal ou preceito constitucional a justificar o conhecimento dos embargos, pelo que não cabe o exame da alegada violação dos artigos 5º, LIV e LV, e 93, IX, da Constituição Federal. 2) Nos termos da Lei nº /2007, o recurso de embargos só se viabiliza se demonstrada divergência entre arestos de Turmas desta Corte, ou entre arestos de Turmas e da SBDI. Assim, somente por violação do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho é que seria possível o conhecimento de embargos quando se fundassem em contrariedade a súmula ou orientação jurisprudencial de direito processual. Assim, considerando que não cabem mais embargos por violação de dispositivos de lei, ante a nova sistemática processual, não se pode conhecer destes embargos por contrariedade à Súmula/TST nº 297, salvo se do conteúdo da própria decisão embargada se verificar afirmação divergente do teor da súmula/orientação jurisprudencial de natureza processual indicada pela parte, o que não ocorreu na presente hipótese. 3) Os arestos transcritos às fls. 368/370 das razões de recurso de embargos são inservíveis à demonstração do dissenso, porquanto inespecíficos, eis que partem do pressuposto da existência de omissão, do TRT, em relação a aspectos fáticos essenciais para o julgamento da lide, e, portanto, não abordam a questão sob o enfoque da constatação, por aquele órgão jurisdicional, de que as supostas omissões diziam respeito a matéria eminentemente jurídica, nos termos da Súmula/TST nº 297, III. Incidência da Súmula/TST nº 296. Recurso de embargos não conhecido. RECURSO ORDINÁRIO - DESERÇÃO - INEXISTÊNCIA - SENTENÇA ANULADA - INEXIGIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE NOVO DEPÓSITO RECURSAL. O depósito recursal deve ser efetuado uma vez a cada recurso, havendo necessidade de novo recolhimento apenas nas hipóteses em que haja alteração de instância, o que não ocorreu na situação dos autos, em que foi acolhida a preliminar de nulidade invocada pela reclamada no primeiro recurso ordinário. Assim, era absolutamente inadmissível exigir-se novo depósito recursal quando da interposição de novo recurso ordinário, até mesmo porque o TRT reconhecera o erro perpetrado pelo juízo de primeiro grau, o qual ocorrera em prejuízo da própria recorrente. Ademais, na

2 presente hipótese a reclamada adotou todas as medidas que a prudência lhe exigia, tendo, inclusive, complementado o valor depositado de forma a atingir o novo teto atribuído pela Presidência do TST mediante o Ato nº 371/2004. Inegável, portanto, a inocorrência de deserção de seu segundo recurso ordinário. Recurso de embargos conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de Revista n TST-E-ED-RR , em que é Embargante VILLARES INDÚSTRIA DE BASE S.A. - VIBASA e Embargado A.L.K.. A 6ª Turma desta Corte, pelo acórdão de fls. 335/338-v, não conheceu do recurso de revista da reclamada quanto ao tema da deserção do recurso ordinário e julgou prejudicada a análise do tema relativo à negativa de prestação jurisdicional, por verificar se tratar de matéria puramente de direito, nos termos da Súmula/TST nº 297, III. Opostos embargos de declaração pela reclamada, a Turma, às fls. 357/360, os rejeitou. A reclamada interpõe embargos à SBDI-1, às fls. 362/374. Pugna pela reforma do acórdão da Turma no que tange aos seguintes temas: 1)nulidade da decisão do TRT por negativa de prestação jurisdicional, por violação dos artigos 5º, LIV e LV, e 93, IX, da Constituição Federal, contrariedade à Súmula/TST nº 297 e divergência jurisprudencial; 2) recurso ordinário - deserção - inexistência - sentença anulada - inexigibilidade de realização de novo depósito recursal, por violação dos artigos 5º, II, da Constituição Federal e 899, 1º e 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho, contrariedade às Súmulas/TST nºs 128, I, e 245 e divergência jurisprudencial. Não foi apresentada impugnação, conforme certidão de fls Sem remessa dos autos a Procuradoria-Geral do Trabalho, nos termos do artigo 83, 2º, inciso II, do Regimento Interno do TST. É o relatório. V O T O Recurso tempestivo (acórdão publicado em 04/02/2011, conforme certidão de fls. 361, e recurso de embargos protocolizado às fls. 362, em 11/02/2011), subscrito por procurador habilitado (fls. 54/56, 303 e 376) preparo correto (fls. 378), cabível e adequado, o que autoriza a apreciação dos pressupostos específicos de admissibilidade. RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI Nº / NULIDADE DA DECISÃO DO TRT POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

3 CONHECIMENTO A reclamada sustenta que, não obstante a oposição de embargos de declaração, o TRT mantevese omisso em relação a aspectos indispensáveis para o julgamento da lide. Aponta violação dos artigos 5º, LIV e LV, e 93, IX, da Constituição Federal, contrariedade à Súmula/TST nº 297 e divergência jurisprudencial. A 6ª Turma, ao tratar da questão, deixou consignado, in verbis: -1 - PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Conhecimento A recorrente argúi a preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional sob o argumento de que, não obstante a oposição de embargos declaratórios, o Tribunal Regional não se manifestou sobre os seguintes temas: o fato de que a sentença objeto do primeiro recurso ordinário, como todos os atos praticados a partir da fl. 150 foram anulados pelo TRT; que o segundo recurso ordinário não se trata de um novo recurso, mas sim do primeiro recurso ordinário interposto após a sentença validamente prolatada; demonstração do depósito recursal; contrariedade à Súmula 245 do TST; aplicação da Súmula 128, I, do TST. Aponta violação dos arts. 93, IX, da Constituição Federal; 832 da CLT e 458, do CPC. Colaciona arestos para confronto jurisprudencial. Sem razão. Não se verifica a alegada nulidade, uma vez que a matéria supostamente omitida, qual seja, deserção do recurso ordinário, é exclusivamente de direito, e seu exame nesta esfera recursal estão autorizados pela Súmula 297, III, do TST, já que prequestionada na petição de embargos declaratórios. Prejudicada a análise.- (fls. 335-v) Esclareça-se, inicialmente, que a v. decisão ora embargada foi publicada na vigência da Lei nº /2007, que emprestou nova redação ao artigo 894 da CLT, pelo que estão os presentes embargos regidos pela referida lei. E, nos termos da atual sistemática processual, o recurso de embargos só se viabiliza se demonstrada divergência entre arestos de Turmas desta Colenda Corte, ou entre arestos de Turmas e da SDI. Nesse passo, afigura-se imprópria a invocação de ofensa a dispositivo legal ou preceito constitucional a justificar o conhecimento dos embargos, pelo que não cabe o exame da alegada violação dos artigos 5º, LIV e LV, e 93, IX, da Constituição Federal.

4 Por outro lado, a decisão ora embargada foi publicada na vigência da Lei nº /2007. E, nos termos da lei em regência, o recurso de embargos só se viabiliza se demonstrada divergência entre arestos de Turmas desta Corte, ou entre arestos de Turmas e da SBDI. Assim, somente por violação do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho é que seria possível o conhecimento de embargos quando se fundassem em contrariedade a súmula ou orientação jurisprudencial de direito processual. Assim, considerando que não cabem mais embargos por violação de dispositivos de lei, ante a nova sistemática processual, não se pode conhecer destes embargos por contrariedade à Súmula/TST nº 297, salvo se do conteúdo da própria decisão embargada se verificar afirmação divergente do teor da súmula/orientação jurisprudencial de natureza processual indicada pela parte, o que não ocorreu na presente hipótese. Por fim, os arestos transcritos às fls. 368/370 das razões de recurso de embargos são inservíveis à demonstração do dissenso, porquanto inespecíficos, eis que partem do pressuposto da existência de omissão, do TRT, em relação a aspectos fáticos essenciais para o julgamento da lide, e, portanto, não abordam a questão sob o enfoque da constatação, por aquele órgão jurisdicional, de que as supostas omissões diziam respeito a matéria eminentemente jurídica, nos termos da Súmula/TST nº 297, III. Incidência da Súmula/TST nº 296. Não conheço. 2 - RECURSO ORDINÁRIO - DESERÇÃO - INEXISTÊNCIA - SENTENÇA ANULADA - INEXIGIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE NOVO DEPÓSITO RECURSAL CONHECIMENTO A reclamada sustenta que não há que se falar em deserção de seu segundo recurso ordinário, que foi interposto em razão do acolhimento de nulidade sustentada no primeiro recurso, o qual fora provido para determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho. Afirma que, nestas hipóteses, basta a complementação do depósito recursal, de forma a atingir o valor atualizado previsto em norma regulamentar. Assevera que -não houve a interposição de um 'novo recurso' pela empresa, mas sim do único recurso ordinário interposto após a sentença validamente proferida, e, portanto, não há que se falar em novo depósito recursal, no valor do teto-. Aponta violação dos artigos 5º, II, da Constituição Federal e 899, 1º e 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho, contrariedade às Súmulas/TST nºs 128, I, e 245 e divergência jurisprudencial. A 6ª Turma, ao tratar da questão, deixou consignado, in verbis:

5 -2 - INTERPOSIÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA. NOVO RECURSO ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL. COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO. DESERÇÃO DESCARACTERIZADA Conhecimento Restou consignado no acórdão regional: 'Não conheço do recurso interposto, por deserto. Isso porque o valor da condenação, - como se verifica a fls. 250, - foi arbitrado em R$ ,00. Desse modo, por ocasião da interposição do recurso, 26 de janeiro de 2005, o valor do depósito recursal correspondia a R$ 4.401,76, conforme Ato n. º 371, de 3 de agosto de 2004, do C. TST. A recorrente, por sua vez, comprovou, às fls. 282, o depósito no valor de R$ 1.205,66, apenas. Aplicável, pois, ao caso, a disposição contida no inciso I, Súmula n. º 128, do C. TST, que assim, dispõe: 'É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso'. Decorre, do anteriormente exposto, que não há previsão legal para complementação do valor do depósito recursal, entre o recurso ordinário anterior e o atual, como procedeu a recorrente. Daí porque a deserção.' (fl. 297). A reclamada interpôs recurso de revista às fls. 308/323. Alega que a sentença objeto do primeiro recurso ordinário, como todos os atos praticados a partir da fl. 150 foram anulados pelo TRT, logo, o segundo recurso ordinário não se trata de um novo recurso, mas sim do primeiro recurso ordinário interposto após a sentença validamente prolatada. Aduz que na interposição do primeiro recurso ordinário efetuou o depósito recursal devido à época no valor de R$ 3.196,10, conforme fl Argumenta que ao interpor o segundo recurso ordinário realizou a complementação do depósito recursal no valor de R$ 1.205,66, fl. 281, totalizando o valor do depósito recursal relativo ao recurso ordinário de R$ 4.401,76. Sustenta ser inaplicável, in casu, a Súmula 128, I, do TST. Aponta violação dos artigos 248 do CPC, 899, 1º e 6º, da CLT, 7º da Lei 5.584/1970, bem como contrariedade à Súmula 245 do TST. Traz aresto para o cotejo. Sem razão. Para uma melhor compreensão da discussão, importa consignar algumas considerações.

6 A reclamada, às fls. 175/193, interpôs o primeiro recurso ordinário, efetuando o depósito recursal no valor de R$ 3.196,10 (fl. 194), em observância ao Ato GP 278/2001 vigente à época da interposição do recurso. O TRT mediante o acordo de fls. 206/209 acolheu a preliminar de cerceamento do direito de defesa suscitada pela reclamada para anular os atos praticados à partir da fl. 150 e determinou o retorno dos autos à Vara de origem para reabertura da instrução processual com a oitiva de testemunha, prosseguindo-se o feito como entender de direito. Contra a nova sentença de fls. 248/250, a reclamada interpôs novo recurso ordinário às fls. 268/280. Quando da interposição do segundo recurso ordinário, estava em vigência o Ato GP 371/2004, o qual estabelecia o valor do depósito recursal relativo ao apelo ordinário a quantia de R$ 4.401,76. Assim, a reclamada depositou tão-somente a diferença do valor vigente com a quantia realizada quando da interposição do primeiro recurso ordinário, ou seja, depositou R$ 1.205,66 (fl. 281). Em resumo, incontroverso que o valor atribuído à condenação da reclamada foi de R$ ,00 (cinqüenta mil reais) e que à época da interposição do primeiro recurso ordinário a reclamada depositou o valor de R$ 3.196,10, referente ao depósito mínimo legal para interposição de recurso ordinário. Quando da interposição do segundo recurso ordinário, a reclamada depositou apenas R$ 1.205,66, ou seja, a diferença do deposito anterior com o valor vigente à época do novo recurso a fim de totalizar a quantia estipulada pelo Ato n. 371/2004, de 05/08/2004, da Presidência do TST, que na data da interposição do novo recurso era de R$ 4.401,76. Esta Corte tem entendido que, caso o valor depositado não tenha alcançado a totalidade da condenação, os depósitos, isoladamente, precisam ser realizados em observância ao limite mínimo fixado para cada um dos recursos. Nesse sentido os seguintes precedentes: 'AGRAVO DE INSTRUMENTO. DEPÓSITO RECURSAL. RECURSO DE REVISTA. VALOR INSUFICIENTE. COMPLEMENTAÇÃO. DESERÇÃO. SÚMULA Nº 128, ITEM I. NÃO PROVIMENTO. 1. Para o cumprimento do requisito de admissibilidade dos recursos relativo ao preparo, deve a parte efetuar o depósito recursal no limite previsto na norma, em cada apelo interposto, salvo se o montante depositado alcançar o valor total da condenação. 2. O depósito recursal efetuado por ocasião da interposição de um recurso de revista anterior - que tinha por finalidade afastar a intempestividade do recurso ordinário - não pode apenas suprir as diferenças da atualização dos valores quando da apresentação da nova revista. Com efeito, os

7 depósitos, isoladamente, deverão observar os limites fixados para o respectivo recurso, sob pena de deserção. 3. Incidência do item I da Súmula nº Agravo de instrumento a que se nega provimento. Processo: AIRR Data de Julgamento: 10/08/2010, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 20/08/2010.' 'RECURSO DE REVISTA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NULIDADE NÃO VERIFICADA. Diante da devida motivação do julgado recorrido, não há se falar em nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional. Recurso de revista não conhecido. RECURSO ORDINÁRIO DESERTO. DEPÓSITO INSUFICIENTE. DESERÇÃO NO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. Dispõe a Súmula nº 128 do C. TST ser 'é ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção', limitado ao valor da condenação. Comprovada a ausência de depósito recursal no valor mínimo legal, este se mostra deserto. Recurso de revista não conhecido. Processo: RR Data de Julgamento: 03/03/2010, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 12/03/2010.' 'DESERÇÃO - NOVO RECURSO DE REVISTA - SOMATÓRIO DE VALORES DEPOSITADOS NÃO ALCANÇA O MONTANTE TOTAL DA CONDENAÇÃO, TAMPOUCO ISOLADAMENTE REPRESENTA O LIMITE LEGAL VIGENTE À DATA DA INTERPOSIÇÃO. Inviável é o conhecimento do recurso de revista quando não se deposita o valor total da condenação ou o limite legal para a interposição de recurso. No caso, o Regional, modificando a sentença que havia julgado improcedentes os pedidos de progressões funcionais dos Autores, arbitrou à condenação o valor de R$ ,00 e fixou as custas em R$ 2.000,00. Ao interpor o primeiro recurso de revista, a Reclamada efetuou, corretamente, o recolhimento das custas fixadas e do depósito recursal no limite fixado pelo Ato GP n 294/03, no importe de R$ 8.338,66. O referido recurso continha preliminar de nulidade do julgado que foi acolhida por esta Turma, oportunidade em que se reputou prejudicada a análise do outro tema do apelo (progressões funcionais). Após o retorno dos autos ao TRT, este julgou os embargos de declaração, mantendo a conclusão adotada no acórdão embargado, ou seja, não houve alteração do valor fixado à condenação no primitivo acórdão. Contra essa decisão, a Reclamada interpôs novo recurso de revista, efetuando o pagamento do depósito recursal no montante de R$ 1.278,63, acreditando que seria possível o somatório daquele valor depositado no anterior recurso de revista, porque atingiria a cifra de R$ 9.617,29, limite legal vigente à época da sua interposição, conforme previsto no Ato GP nº 215/06. Todavia, o somatório de todos os valores não atinge o montante total da condenação, tampouco representa, isoladamente, o limite legal previsto para o recurso revisional à época de sua interposição, que era de R$ 9.617,29, conforme antes referido. Olvidou-se a Recorrente que o acolhimento da preliminar de nulidade no recurso de revista anterior, reputando-se prejudicados (e não sobrestados) os demais temas, impunha a veiculação de nova revista, com os ônus processuais pertinentes, caso não satisfeita a Parte com a nova decisão. Nesse compasso, resta desatendida a exigência preconizada pela alínea 'b' do

8 item II da Instrução Normativa nº 3/93 do TST, que trata do depósito recursal. Em arremate, assinale-se que a Orientação Jurisprudencial nº 139 da SBDI-1 do TST não deixa mais dúvidas quanto ao depósito recursal devido, na medida em que expõe que a parte recorrente está obrigada a efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção, sendo certo que, depositado o valor total da condenação, nenhum depósito é mais exigido, o que não ocorreu in casu. Recurso de revista não conhecido. Processo: RR Data de Julgamento: 29/11/2006, Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, 4ª Turma, Data de Publicação: DJ 02/02/2007.' 'AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DEPÓSITO RECURSAL. COMPLEMENTAÇÃO - HIPÓTESE DE CABIMENTO. INTELIGÊNCIA DA I.N. 3/TST E DA O.J. 139/SDI-1. O item II, alínea b, da I.N. 3/TST estatui que 'se o valor constante do primeiro depósito, efetuado no limite legal, é inferior ao da condenação, será devida complementação de depósito em recurso posterior, observado o valor nominal remanescente da condenação e/ou os limites legais para cada novo recurso'. A O.J. 139 da SDI-1, por seu turno, interpretando a norma, pontua que 'está a parte recorrente obrigada a efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso' Deixando a Parte de comprovar o recolhimento do depósito recursal, no prazo a que alude o art. 7º da Lei nº 5.584/70, impõe-se a deserção do recurso. Inteligência do Enunciado nº 245/TST. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. Processo: AIRR Data de Julgamento: 28/05/2003, Relator Juiz Convocado: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DJ 20/06/2003.' Logo, a decisão regional mostra-se em consonância com a Súmula 128, I, do TST, in verbis: 'DEPÓSITO RECURSAL. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SBDI-1) - Res. 129/ DJ I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-súmula nº 128, redação dada pela Res. 121/2003, DJ , que incorporou a OJ nº Inserida em )' Dessa forma, incide o teor da Súmula 333 do TST e do artigo 896, 4º, da CLT. Não conheço.- (fls. 336/338-v) (g.n.) Esclareça-se, inicialmente, que a v. decisão ora embargada foi publicada na vigência da Lei nº /2007, que emprestou nova redação ao artigo 894 da CLT, pelo que estão os presentes embargos regidos pela referida lei. E, nos termos da atual sistemática processual, o recurso de

9 embargos só se viabiliza se demonstrada divergência entre arestos de Turmas desta Colenda Corte, ou entre arestos de Turmas e da SDI. Nesse passo, afigura-se imprópria a invocação de ofensa a dispositivo legal ou preceito constitucional a justificar o conhecimento dos embargos, pelo que não cabe o exame da alegada violação dos artigos 5º, II, da Constituição Federal e 899, 1º e 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho. Por outro lado, ao que se verifica, a decisão embargada discrepa do teor do aresto transcrito às fls. 373 das razões de recurso de embargos, originário da 1ª Turma desta Corte e publicado no DJ de 20/08/2010, a saber: -AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - DESERÇÃO - DEPÓSITO RECURSAL - SENTENÇA ANULADA - COMPLEMENTAÇÃO DO VALOR DO DEPÓSITO EFETUADO ANTERIORMENTE QUANDO A PARTE INTERPÕE NOVO RECURSO ORDINÁRIO - ALTERAÇÃO DO VALOR DO DEPÓSITO RECURSAL - SÚMULA Nº 128, I, DO TST. Não se exige novo depósito somente quando já alcançado o valor total da condenação, o que não foi o caso dos autos sub examine, porquanto a condenação foi no valor de R$ ,14 e a recorrente recolheu o valor de R$ R$4.808, a título de depósito recursal, por ocasião da interposição do primeiro recurso ordinário. Considerando que, na data da interposição do segundo recurso ordinário, o teto atribuído para o recurso ordinário fora majorado pelo ATO.GP nº 251/2007, competia à parte recolher a diferença faltante para complementar o valor do depósito recursal e, desta forma, preencher o requisito de admissibilidade correspondente ao preparo do recurso ordinário, o que não se verificou. Agravo de instrumento desprovido.- Ante o exposto, conheço do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial. MÉRITO A questão discutida nos autos cinge-se em saber se o reclamado tem que efetuar novo depósito recursal ao interpor, pela segunda vez, recurso ordinário, após ter logrado êxito no julgamento do primeiro recurso, no qual fora acolhida sua preliminar de cerceamento de defesa para determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho. No julgamento do RR , na sessão da 2ª Turma realizada no dia 03/10/2011 (ocasião em que fiquei vencido), exarei entendimento no sentido de que o depósito recursal deve ser efetuado uma vez a cada recurso, havendo necessidade de novo recolhimento apenas nas hipóteses em que haja alteração de instância, o que não ocorreu na situação dos autos, em que foi acolhida a preliminar de nulidade invocada pela reclamada no primeiro recurso ordinário. Assim, era absolutamente inadmissível exigir-se novo depósito recursal quando da interposição de novo recurso ordinário, até mesmo porque o TRT reconhecera o erro perpetrado pelo juízo de primeiro grau, o qual ocorrera em prejuízo da própria recorrente.

10 Note-se, inclusive, que na presente hipótese a reclamada adotou todas as medidas que a prudência lhe exigia, tendo, inclusive, complementado o valor depositado de forma a atingir o novo teto atribuído pela Presidência do TST mediante o Ato nº 371/2004. Inegável, portanto, a inocorrência de deserção de seu segundo recurso ordinário. Neste sentido, cito os seguintes precedentes desta Corte: -SENTENÇA ANULADA. NOVO RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. DESNECESSIDADE DE REPETIÇÃO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS. COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL. POSSIBILIDADE. 1. A anulação da sentença não acarreta a invalidade do pagamento das custas efetuado por ocasião da interposição do recurso ordinário. Prolatada nova sentença e interposto novo recurso ordinário, sem majoração do valor das custas, nada mais é devido a esse título. 2. De outro lado, o depósito recursal efetuado na oportunidade da interposição do primeiro recurso ordinário e complementado por ocasião do segundo, até atingir o limite legal, revela-se suficiente à satisfação do requisito de admissibilidade relativo ao preparo. Recurso de revista conhecido e provido.- (RR , Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data de Publicação: DJ 01/08/2008) -RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. DESERÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL. SENTENÇA ANULADA. INEXIGIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DO VALOR DO DEPÓSITO EFETUADO ANTERIORMENTE QUANDO A PARTE INTERPÕE NOVO RECURSO ORDINÁRIO. Quando o Regional anula a sentença e a parte interpõe recurso ordinário contra a nova decisão de primeiro grau, não há necessidade de complementar o valor do depósito recursal, porque não cabe atualização monetária, salvo quando o valor da condenação tenha sido majorada. Desse modo, estando garantido o Juízo por meio de recolhimento anterior, dentro do limite existente à época da interposição do primeiro recurso, e, não se tendo notícia de majoração do valor da condenação na nova sentença prolatada, a exigência de novo depósito recursal viola o art. 5º, inciso II, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido.- RR , Relator Ministro: Vantuil Abdala, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/05/2009) -AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA. ANULAÇÃO DO ACÓRDÃO REGIONAL PROFERIDO EM SEDE DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS. NOVO RECURSO DE REVISTA - POSSIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL. O depósito recursal recolhido na interposição do primeiro recurso de revista e complementado por ocasião do segundo, até atingir o limite legal atualizado, atende ao requisito de admissibilidade relativo ao preparo. Agravo de instrumento conhecido e provido.- (RR , Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/12/2010)

11 -AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. SENTENÇA ANULADA. NOVO RECURSO ORDINÁRIO. DESERÇÃO. DESNECESSIDADE DE REPETIÇÃO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS. COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL. POSSIBILIDADE. A anulação da sentença não acarreta a invalidade do pagamento das custas, efetuado por ocasião da interposição do recurso ordinário. Prolatada nova sentença e interposto novo recurso ordinário, sem majoração do valor das custas, nada mais é devido a esse título. De outro lado, o depósito recursal efetuado na oportunidade da interposição do primeiro recurso ordinário e complementado por ocasião do segundo, até atingir o limite legal, é suficiente para a satisfação do requisito de admissibilidade relativo ao preparo. Agravo de instrumento a que se nega provimento.- (AIRR , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/10/2008.). -RECURSO DE REVISTA - DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. nova sentença. novo recurso ordinário. possibilidade de complementação do depósito recursal. O depósito recursal efetuado quando da interposição do primeiro recurso ordinário e complementado por ocasião do segundo, até atingir o limite legal, é suficiente para a satisfação do requisito de admissibilidade relativo ao preparo. Recurso de Revista conhecido e provido.- (RR , Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/10/2010) Ante o exposto, dou provimento ao recurso de embargos para determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional do Trabalho a fim de que, superada a deserção do recurso ordinário de fls. 268/280, prossiga no seu julgamento, como entender de direito. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de embargos apenas quanto ao tema da deserção, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional do Trabalho a fim de que, superada a deserção do recurso ordinário de fls. 268/280, prossiga no seu julgamento, como entender de direito. Brasília, 15 de março de Renato de Lacerda Paiva Ministro Relator