PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COMARCA DE BELO HORIZONTE. 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte

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1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COMARCA DE BELO HORIZONTE 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte Avenida Augusto de Lima, 1549, Barro Preto, BELO HORIZONTE - MG - CEP: PROCESSO Nº CLASSE: RECUPERAÇÃO JUDICIAL (129) ASSUNTO: [Recuperação judicial e Falência] AUTOR: RBO ENERGIA S.A., SANTA HELENA ENERGIA S/A, JAMBO ENERGIA S/A RÉU: RBO ENERGIA S/A, SANTA HELENA ENERGIA S/A, JAMBO ENERGIA S/A SENTENÇA I Relatório RBO ENERGIA S.A, SANTA HELENA ENERGIA S.A e JAMBO ENERGIA S.A, qualificadas na inicial, ajuizaram o presente pedido de RECUPERAÇÃO JUDICIAL informando que constituem um só grupo econômico, sendo a segunda e a terceira autoras subsidiárias integrais da RBO Energia S.A, possuindo a mesma estrutura gerencial. Afirmam que a primeira requerente foi constituída e iniciou suas atividades empresariais em 21 de fevereiro de 2011, cujo objeto social é articular a implantação, expansão e exploração de fontes de energia elétricas, bem como proporcionar a eficiência energética dessas instalações; prestação de serviços a consumidores de energia elétrica e proprietárias das instalações de geração de energia na elaboração de estudos, planos, gerenciamento de implantação, pré-operação e operação desses sistemas e/ou instalações e participar do capital social de outras sociedades, na qualidade de sócio, ou por investimento, desde que em atividades afins com o seu objeto social. Alegam que a segunda requerente foi constituída e iniciou suas atividades em 09/06/2011 e tem como objeto social a execução de estudos e projetos, construção, instalação, operação e exploração da Pequena Central Hidrelétrica PCH Santa Helena,

2 localizada no Córrego Corrente, em regime de concessão autorizada da Agência Nacional de Energia Elétrica, assim como a comercialização de energia elétrica entre terceiros, participação como agente de comercialização de energia elétrica junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), representação de terceiros junto à CCEE, implantação e operação de sistemas de transmissão associado, bem como serviços correlatos que lhe venham a ser concedidos ou autorizados por qualquer título de crédito e a participação em outras sociedades que desenvolvam o mesmo objeto. Aduzem que a terceira requerente também foi constituída em 09/06/2011 e tem objeto social semelhante ao da Santa Helena Energia S.A, mas atrelado à exploração a Pequena Central Hidrelétrica PCH Jambo, localizada no Rio Grande, na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Informam que se destacam no segmento de geração de energia renovável a partir do desenvolvimento e construção de um portfólio de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH`s), para a venda da energia gerada no mercado livre (ACL) e/ou no mercado regulado (ACR). Alegam que em julho de 2014 a primeira PCH da Companhia, Santa Helena, entrou em operação comercial com capacidade instalada de 5,345 MW, que a construção da usina prevista para 15 meses acabou sendo concluída com 20 meses devido à dificuldade financeira enfrentada por uma das empresas contratadas para a construção da linha de transmissão do empreendimento. Afirmam que tal atraso obrigou a Santa Helena Energia a comprar energia no mercado livre para honrar um contrato de compra e venda de energia celebrado anteriormente. Aduzem que em 2012 o projeto da PCH da JAMBO já se encontrava em uma fase bastante avançada do ponto de vista regulatório, estando pendente somente a renovação da Licença de Instalação que se encontrava em processo junto ao órgão ambiental competente. Desta forma, a Companhia optou por comercializar a energia futura a ser gerada pela usina entre janeiro de 2014 e dezembro de 2022 com fins de viabilizar o financiamento necessário para construção do empreendimento. Asseveram que a renovação da Licença de Instalação da PCH Jambo se estendeu por um período muito superior ao projetado, sendo renovada somente em julho de 2014, razão pela qual foi necessária a compra de energia no mercado livre em um momento extremamente desfavorável, em que os preços praticados se encontravam em um dos mais altos patamares já praticados pelo mercado, razão pela qual foram observados altos prejuízos ao caixa da Companhia. Informam que o setor elétrico passou por um período de grandes instabilidades e turbulências, com destaque para: a) mudança na legislação do setor fortemente impactada pela Medida Provisória nº 579/02; b) atrasos crônicos no processo de licenciamento ambiental; e c) crise hídrica e alta volatilidade dos preços de energia.

3 Afirmam que tais eventos inesperados acabaram por gerar uma demanda por aportes dos acionistas significativamente superior ao originalmente estimado, além de financiamento bancário utilizado para a construção das PCH`s de seu portfólio. Por fim, alegam que apesar de assoberbadas e literalmente impotentes para arcar com os compromissos iminentes, aliados à falta de capital de giro para liquidar dívidas originalmente a curto prazo, as autoras são suficientemente viáveis para superar tal situação, bastando dar-lhes a chance de tomar fôlego e retornar com um pouco de tranquilidade os seus negócios. Assim sendo, requerem o processamento de sua recuperação judicial, com vistas à apresentação do respectivo plano e sua concessão, para, assim, tornar viável o pagamento de todos os credores. Juntaram documentos com a inicial. Relatado, decido. II Fundamentação O novel instituto da recuperação judicial destina-se a viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica, como prevê o artigo 47, da Lei n /2005. Para tanto, torna-se imprescindível que a empresa devedora demonstre, já inicialmente, a capacidade técnica e econômica de se reorganizar, com vistas ao efetivo cumprimento da faculdade que lhe é legalmente outorgada, o que se demonstra pelo imediato atendimento dos requisitos previstos pelos artigos 48 e 51 da lei em comento. Anota-se, neste aspecto, que as sociedades empresariais autoras comprovam o exercício regular de suas atividades há mais de 2 anos, Id nº , sem jamais ter sido declarada falida ou ter obtido a concessão de recuperação judicial, bem como não ter sido seus administradores condenados por crimes falimentares. Observa-se, também, que os documentos trazidos pela autora, ao demonstrarem objetivamente a sua situação patrimonial, denotam, à primeira vista, ser passageiro o estado de crise econômico-financeira pelo qual atravessa e também retratam a perspectiva de que ela possa se soerguer. Dessa forma, a sociedade autora merece ter preservado o exercício de suas atividades empresariais, a fim de que possa continuar a cumprir a função social que lhe incumbe. I Dispositivo

4 Ante o exposto, DEFIRO O PROCESSAMENTO da recuperação judicial de RBO ENERGIA S.A, inscrita no CNPJ sob o número / , SANTA HELENA ENERGIA S.A, inscrita no CNPJ sob o número / e JAMBO ENERGIA S.A, inscrita no CNPJ sob o número / , todas com sede na Rua Padre Marinho, nº 49, sala 1002-parte, Belo Horizonte/MG. Assim sendo: A) Nomeio administrador judicial o escritório Inocêncio de Paula Advocacia e Consultoria Empresarial, estabelecido na Rua Tomé de Souza, 830, Savassi, Belo Horizonte/MG, CEP , Tel. (31) , tendo como profissional responsável pelo feito o Dr. Dídimo Inocêncio de Paula (OAB/MG ), o qual deverá ter seu nome incluído no SISCOM, para efeito de intimação das publicações, e ser convocado para firmar termo de compromisso nos autos em 48 (quarenta e oito) horas, caso aceite a nomeação, com imediata assunção de suas funções e deveres, observando-se as disposições previstas no artigo 22, I e II, da Nova Lei de Recuperação e Falências. B) Dispenso a sociedade devedora da apresentação de certidões negativas para o exercício de suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público e para o recebimento de benefícios e incentivos fiscais e creditícios. C) Ressalvadas as ações previstas pelo artigo 6º, 1º, 2º e 7º e pelo artigo 49, 3º e 4º, da Lei n /2005, ordeno a suspensão, pelo prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias, contados da publicação da presente decisão, de todas as ações e execuções contra a sociedade devedora, cabendo a esta comunicá-la aos Juízos competentes. D) Determino à devedora a apresentação de contas demonstrativas mensais, enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores e também a apresentação do plano de recuperação no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, contados da publicação da presente decisão, sob pena de convolação em falência, na forma dos artigos 53, 71 e 73, inciso II, da Lei n /2005. E) Intimem-se da presente decisão o Ministério Público e, por carta com A. R. a Fazenda Pública Federal, Estadual e Municipal desta cidade, sede da devedora. F) Expeça-se edital com os requisitos do artigo 52, 1º, da Lei n /2005, devendo a devedora comprovar a sua publicação no Diário Oficial de Belo Horizonte/MG, em dez dias. G) Informe ao Registro Público de Empresas (JUCEMG) os termos da presente decisão. H) Determino, por ora, a proibição da retirada dos estabelecimentos da sociedade autora de todos os bens necerrários para o desenvolvimento de suas atividades.

5 I) Os credores, na falência e na recuperação judicial, têm o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou divergências quanto aos créditos relacionados ( 1º, art. 7º, da Lei /2005), não havendo prejuízo se apresentarem-nas ao Juízo (TJMG, Apelação Cível /001, DJe. 19/12/2008). Para evitar tumulto processual e agilizar as decisões, fica determinado que as habilitações e divergências de crédito devem ser autuadas em apenso, a cargo dos requerentes; como se trata de procedimento a ser adotado por orientação deste Juízo, não haverá imposição de qualquer ônus sucumbencial (despesas processuais e honorários advocatícios) às partes por esta forma de proceder. J) Intime-se a recuperanda para apresentar a relação de credores de forma eletrônica e editável através do vempresarial1@tjmg.jus.br. Custas na forma da lei. Publicar, registrar e intimar. BELO HORIZONTE, 15 de julho de Christyano Lucas Generoso Juiz de Direito Assinado eletronicamente por: CHRISTYANO LUCAS GENEROSO seam