Quedas no idoso com tontura
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- Alana Dreer Osório
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1 40 Eliane Fernandes Rodrigues 1 Daniela Gabrile Rovigatti de Souza 2 Juliana Maria Gazzola 3 Quedas no idoso com tontura Falls in the dizzy elderly Resumo À medida que o ser humano envelhece, os sistemas responsáveis pelo equilíbrio corporal são afetados e o risco de cair aumenta significativamente. A avaliação do equilíbrio corporal é fundamental para o planejamento da reabilitação do equilíbrio corporal. Objetivo: pesquisar quedas e tontura em pessoas idosas. 1 Fisioterapeuta. Mestre pelo Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil). 2 Fisioterapeuta. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil). Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN-Brasil). 3 Fisioterapeuta. Doutora em Ciências Otorrinolaringológicas pela Universidade Federal de São Paulo. Docente do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil). Autor para correspondência: Eliane Fernandes Rodrigues Rua Honório Emiliano Bueno, 109 Ponte Rasa São Paulo, CEP: elianefernandes77@hotmail.com Palavras-chave: Idoso, Acidentes por quedas, Tontura. A crescente expectativa de vida e a melhoria das condições de saúde proporcionaram o crescimento da população idosa e consequentemente o aumento da prevalência de doenças crônicas relacionadas a esse período de vida. A incidência de quedas também aumenta com a idade, ocorrendo em 34% dos idosos com idade entre 65 e 80 anos, 45% na faixa etária entre 80 e 89 anos e 50 % acima dos 90 anos. É mais prevalente entre mulheres até os 75 anos (45%), chegando a um risco duas vezes maior do que entre os homens 1,2. O evento queda pode ocorrer em qualquer idade; estima-se que idosos acima de 65 anos sofram quedas ao menos uma vez ao ano³. A queda é definida como resultado da mudança de posição do individuo para um nível inferior em relação à sua posição inicial, mesmo que não tenha havido fator intrínseco determinante 4. O controle postural é primordial para a habilidade em desempenhar ou cumprir as demandas de tarefas simples e desafiadores e com o avançar da idade pode sofrer influências decorrentes das alterações fisiológicas do envelhecimento, de interações farmacológicas, disfunções específicas e alterações sociais sejam por doenças crônicas ou estilo de vida 5. A integração funcional no sistema nervoso central das informações de estruturas sensoriais dos sistemas vestibular (constituído pelo labirinto, nervo vestibular, vias, núcleos e inter-relações no sistema nervoso central), visual e somatossensorial desencadeia reflexos vestíbulooculares e vestíbulo-espinais para estabilizar o campo visual e manter a postura ereta. Entretanto, quando há conflito na integração dessas informações ocorrem sintomas e sinais de perturbação do equilíbrio corporal 6. Os pré-requisitos biomecânicos para o equilíbrio corporal referem-se ao alinhamento de segmentos, à amplitude de movimento, flexibilidade, condições da base de sustentação e força muscular 7. Segundo Chandler 8, com o processo de envelhecimento todos esses sistemas podem apresentar alterações, o visual sofre com a diminuição da acuidade e do campo visual, diminuição na velocidade de adaptação
2 41 ao escuro e ao aumento de limiar de percepção luminosa, o sistema somatossensorial perde fibras proprioceptivas relacionadas à sensibilidade cinestésica e no sistema vestibular ocorrem alterações sinápticas no nervo vestibular, degeneração dos receptores vestibulares, aumento do atrito das fibras nervosas do nervo vestibular e alterações eletrofisiológicas no nervo vestibular. Em um estudo realizado na região metropolitana de São Paulo sobre a prevalência de quedas e de quedas recorrentes na população idosa encontrou-se 30% e 11%, respectivamente 9. Gazzola et al.¹º encontraram 50% de quedas e 28,8% de quedas recorrentes em idosos com disfunção vestibular crônica. As quedas decorrem de um somatório de fatores intrínsecos e/ou extrínsecos e podem ter conseqüências diretas e/ou indiretas na saúde das pessoas, sendo que as principais são fraturas (64%) e o medo de cair (44%), além da perda significativa da independência funcional (25%) e mortes acidentais 2,11. A tontura pode ser definida como uma percepção errônea, ilusão de movimento, uma sensação de desorientação espacial ou perturbação do equilíbrio corporal. Pode ser do tipo rotatório (vertigem) ou não rotatório (instabilidade, desequilíbrio, flutuação, oscilopsia, oscilação). As tonturas são decorrentes de distúrbios funcionais primários ou secundários do sistema vestibular, em aproximadamente 85% dos casos. A vertigem é o principal tipo de tontura de origem vestibular, pode ser objetiva (o indivíduo sente os objetos rodarem em torno de si) ou subjetiva (quando tem a impressão de estar girando no ambiente). Até os 65 anos de idade, é considerado o segundo sintoma de maior prevalência mundial; a partir dessa idade é o sintoma mais comum, com 80% de prevalência em indivíduos com idade superior a 75 anos 12,13. A disfunção vestibular assume particular importância, pois o aumento da idade é diretamente proporcional à presença de múltiplos sintomas otoneurológicos associados tais como vertigem e outras tonturas, perda auditiva, zumbido, restrição do movimento, insegurança psíquica na locomoção, alterações do equilíbrio corporal, distúrbios da marcha e quedas ocasionais 14. Tinetti et al. 15 consideraram a tontura como uma síndrome geriátrica que imputa aos idosos maior vulnerabilidade aos desafios circunstanciais, pois ocorre do efeito acumulativo dos déficits nos múltiplos sistemas. Herdman et al. 16 comentaram que a tontura de origem vestibular pode ser um fator desencadeante de quedas e quedas recorrentes, pois as disfunções vestibulares limitam o controle postural, predispondo à instabilidade e ao desalinhamento corporal e, conseqüentemente, elevam o numero de quedas em idosos com tontura em relação aos idosos da comunidade. Testes funcionais e laboratoriais que simulam a habilidade de controle do equilíbrio corporal são úteis para verificar o acometimento dos sistemas envolvidos, gerarem hipóteses quanto aos determinantes da limitação funcional observada e como uma forma de triagem na identificação de pacientes que apresentam risco para quedas. Há vários instrumentos empregados atualmente para avaliação de equilíbrio funcional, que podem ser empregados em ambientes clínicos e de pesquisa: Balance Scale, Timed Up and Go Test, Functional Reach, Clinical Test for Sensory Interaction in Balance e o Dynamic Gait Index 17.
3 42 Entre os testes laboratoriais empregados na avaliação do equilíbrio corporal estão incluídos a posturografia, a eletromiografia e os sistemas de fotofilmagens. Esses exames medem, principalmente, as oscilações corporais, área do limite de estabilidade e ativação muscular, e são valorosos no acompanhamento da evolução clínica de pacientes com disfunção vestibular submetidos às diferentes opções terapêuticas para o tratamento da tontura 18. Segundo Aratani et al. 19, a maioria dos idosos com tontura crônica apresenta limitação na capacidade funcional, com dificuldade na realização das atividades físicas e instrumentais de vida diária. As atividades físicas de vida diária que apresentaram maior prevalência de serem realizadas com dificuldade foram: cortar unha dos pés (69,8%), andar no plano (44,2%), vestir-se (44,2%) e deitar / levantar-se da cama (37,2%). As atividades instrumentais de vida diária que apresentaram maior prevalência de serem realizadas com dificuldade foram: subir escada (74,4%), fazer compras (55,8%), sair com condução (55,8%) e fazer limpeza de casa (51,2%). O estudo da Ganança et al. 12, mostrou que para muitos idosos as quedas ocorrem no período da manhã (51,6%), o que sugere que este fato pode estar relacionado com a diminuição ou abolição dos sintomas e/ou sinais vestibulares, mediada por exposição repetitiva aos estímulos sensoriais que pode ocorrer no decorrer do dia. As quedas apresentadas pelos vestibulopatas neste estudo ocorreram principalmente fora do domicílio, em lugar conhecido (36,1%). A restrição das atividades de vida diária após a última queda ocorreu em 21,9% dos idosos avaliados. Os fatores intrínsecos e extrínsecos podem determinar queda como um evento multifatorial, sendo difícil restringir um evento de queda a um único fator de risco ou a um agente causal nos idosos. Imobilidade e incapacidade funcional para realizar as atividades de vida diária, diminuição de força muscular de membros inferiores, equilíbrio corporal deficiente, tontura, efeitos colaterais de medicações psicotrópicas, alterações cognitivas, visuais e/ou auditivas, hipotensão postural, distúrbios da marcha e doenças crônicas são fatores de risco intrínsecos. Os fatores extrínsecos são os riscos ambientais, comportamentos de risco e tarefas desempenhadas no momento 20. Ganança et al. 12 ressaltaram a importância da prevenção de quedas relacionadas aos fatores extrínsecos, pois observaram que o escorregamento foi o motivo de queda com maior incidência (84,6%) em idosos com uma única queda, no período referido de um ano. O programa de prevenção de quedas inclui avaliação e orientação médica; exercícios individualizados tais como fortalecimento de membros inferiores (quadríceps e dorsiflexores de tornozelo); treinamento do equilíbrio corporal com integração de informações sensoriais, controle dos limites de estabilidade, controle da rotação de tronco e estratégias motoras; treino de transferências posturais e de marcha, adaptação de dispositivo de auxílio à marcha; adequação de lentes corretivas; prescrição e adaptação de aparelhos de amplificação sonora; modificação ambiental e tratamento específico farmacológico e fisioterapêutico das doenças crônico-degenerativas, entre outros.
4 43 Como a queda é um evento que pode comprometer a qualidade de vida do idoso, destaca-se a importância da prevenção e da terapêutica voltada ao idoso com tontura, visando à recuperação do equilíbrio corporal e melhora de outros sintomas vestibulares. Abstract As human beings get older, the systems responsible for body balance are affected and the risk of falling significantly increases. The assessment of body balance is essential for planning rehabilitation of balance disorders. Purpose: to research fall and dizziness in elderly people. Key-Words: Aged, Accidental falls, Dizziness. Referências [1]Pereira SEM, Buksman S, Perracini M, Py L, Barreto KML, Leite, VMM. Quedas em idosos. Projeto diretrizes. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção São Paulo [2]Fabrício SCC, Rodrigues RAP, Costa Junior ML. Causas e consequências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev Saúde Publica 2004; 38(1):93-9. [3]Campbell AJ, Borrie MJ, Spers GF. Risk factors for falls in a community based prospective study of people 70 years and older. J Gerontology 1989; 44:M [4]Tinetti ME, Speechley M, Ginter SF. Risk factors for falls among elderly persons living in the community. N Engl J Med. 1988;319(26): [5]Gazzola JM, Ganança FF, Perracini MR, Aratani MC, Dorigueto RS, Gomes CMC. O envelhecimento e o sistema vestibular. Fis Movimento Curitiba 2005 Jul/Sep 18(3): [6] Ganança MM. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos; p.302. [7] Horak FB. Clinical assessment of balance disorders. Gait Posture. 1997;6: [8] Chandler JM. Equilíbrio e Quedas no Idoso: Questões sobre a Avaliação e o Tratamento. In: Guccione AA. Fisioterapia Geriátrica. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara; p [9]Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública 2002; 36(6): [10] Gazzola JM, Ganança FF, Aratani MC, Perracini MR, Ganança MM. Clinical evaluation of elderly people with chronic vestibular disorder. Braz J Otorhinolaryngol. 2006;72(4):
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